quinta-feira, 1 de junho de 2017

Quem herdará a Terra, qual Terra?

Quem herdará a Terra, qual Terra?

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. (Mateus 5:5)

O Planeta Terra, conquanto de constituição maravilhosa, apesar do maltrato que recebe, as exigências exuberantes para a produção de sustentação de infindáveis gerações e para absorver a violência provocadas pelo homem também nas muitas gerações, perdurará por tempo sem conta, conquanto seja finita. Um dia terá cumprida todas as suas finalidades para que foi criada, extinguindo-se as suas forças, cessando suas atividades tal como qualquer outro organismo vivo, apagando-se definitivamente, voltando seus elementos à condição de elementos simples que integrarão outros corpos no Universo. Assim, quem herdará a Terra, qual Terra?

A bem-aventurança poetizada por Jesus estaria sem sentido? Ele trouxe ao Mundo somente verdades. Nem tudo foi possível encontrar o devido entendimento nos corações dos homens nos milênios transcorridos, em conta a persistência da fé cega, da comodidade emocional oferecida pelos dogmas que se tornaram uma barreira quase intransponível para libertação da fé, que precisa ser livre e dinâmica.

A verdade espiritual é definitiva, permanecerá para sempre, então não se poderá herdar a Terra conhecida, que é finita, não poderia sustentar o que é imperecível.

Jesus não tratou de heranças materiais, seria contrassenso, sendo que veio para mostrar o caminho para se salvar da materialidade da vida, objetivando que todos alcancem a plenitude espiritual, a pureza de Espírito.

O Senhor, que esforço ingente fez para trazer a mensagem salvadora da Humanidade e tirar o homem do apego, do terra a terra, que se voltando para Deus pudesse conscientizar-se de que é um ser perfectível e se faz necessário tomar as rédeas da vida crescendo em inteligência e moral, vez que são atributos do espírito e não da matéria.

Falta à Humanidade a compreensão de que o elemento Terra é uma atividade meio, com a finalidade precípua de proporcionar ao homem recursos de experiências, que geram necessidades de manutenção da constituição física, que exige conforto, facilidades, impulsionando a inteligência e esta levando o homem a desenvolver outras necessidades. O homem depende da relação inter-humana, facilitando a comunicação e a ocorrência de entendimento para se suprir as carências que não podem ser supridas pela própria competência, gerando natural permuta de gêneros e serviços, científicos, tecnológicos, industriais e comerciais, colaborando com o exercício da urbanidade entre os povos.

O estágio evolutivo atual do homem não permite a invasão pela força dos limites territoriais de terceiros para se buscar o necessário à sua subsistência, faz-se indispensável as transações com equilíbrio, pois, todos dependem de todos. Assim acontece com as Nações e dentro de suas fronteiras ocorre com as partes, e, no varejo, pessoa a pessoa, que além de se atenderem, desenvolvem os sentimentos: de respeito, honestidade, reconhecimento, dignidade... Que junto com a inteligência formam o patrimônio essencial da alma humana.

Essas duas asas, figura utilizada pelo Benfeitor Espiritual Emmanuel, para falar da necessidade de se crescer em inteligência e moral, para alçar voo aos altiplanos celestes.  Moral é a soma dos sentimentos nobres cultivados que constituem patrimônio permanente do espírito humano.  Sempre o homem no corpo físico ou fora dele agirá de acordo com a sua inteligência e os sentimentos que lhe pertencem.

Assim, com um entendimento mais elastecido, pode-se compreender que Jesus no verso que recitou: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”, não se referia ao Planeta Terra, mas ao terreno espiritual de cada indivíduo, onde a lavra do aprimoramento é bastante difícil, sendo a sua conquista a própria herança dos verdadeiros Cristãos. Os mansos são os que alcançaram a plenitude, a pureza espiritual, não necessitam mais retornar à matéria. Não existe conquista maior que a de não se precisar de nada. A verdadeira riqueza é a ausência de necessidades.

Jesus, O Cristo, mestre dos mestres...

                                                        Dorival da Silva

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A luz inextinguível

A luz inextinguível

“A caridade jamais se acaba.” - Paulo. (I Coríntios, 13:8.)
    Permaneces no campo da experiência humana, em plena atividade transformadora.
    Todas as situações de que te envaideces, comumente, são apenas ângulos necessários mas instáveis de tua luta.
    A fortuna material, se não a fundamentas no trabalho edificante e continuo, é patrimônio inseguro.
   A família humana, sem laços de verdadeira afinidade espiritual, é ajuntamento de almas, em experimentação de fraternidade, da qual te afastarás, um dia, com extremas desilusões.
  A eminência diretiva, quando não solidificada em alicerces robustos de justiça e sabedoria, de trabalho e consagração ao bem, é antecâmara do desencanto.
     A posição social é sempre um jogo transitório.
  As emoções da esfera física, em sua maior parte, apagam-se como a chama duma vela.
    A mocidade do corpo denso é floração passageira.
   A fama e a popularidade costumam ser processos de tortura incessante.
  A tranquilidade mentirosa é introdução a tormentos morais.
   A festa desequilibrante é véspera de laborioso reparo.
   O abuso de qualquer natureza compele ao reajustamento apressado.
  Tudo, ao redor de teus passos, na vida exterior, é obscuro e problemático.
    O amor, porém, é a luz inextinguível.
    A caridade jamais se acaba.
   O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.
    Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora.
    Ama, pois, em Cristo, e alcançarás a glória eterna.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 162, publicada em 1951.


Reflexão: Vive-se num oceano de circunstâncias, como que inseridos numa retorta laboratorial, onde se experimenta as diversas reações, sendo que os elementos não se misturam, sendo que cada elemento registra para si os resultados da convivência.  Nesse ambiente o elemento é a alma humana, que num Universo infinito não perde a sua individualidade, no entanto, acumula as experiências guardando os efeitos das reações no contato com todos os outros que estiveram nas suas experiências, como as suas em relação às experiências dos demais.

Nesse contexto, que enseja idas e vindas, são as reencarnações, desenvolve nas partículas humanas o fator extraordinário, o amor, o laço que ao mesmo tempo que une, liberta-se, ao tempo que serve, serve-se.

É o bem que se aprende fazer, consciente de que atendendo se é atendido; assim construindo em si mesmo edificação permanente, embora dinâmica, sempre crescente em seu aperfeiçoamento, pois se trata de construção atemporal, ocorre nos terrenos da alma, que mais se enriquece quanto mais se realiza.

Muitos desejam holofotes e pedestal de ilusórias evidências para o Mundo, exalça-se a vaidade e o orgulho, enrijecendo a máscara do egoísmo, não demorando para encontrar a frustração, numa construção carcomida e escurecida pela mágoa, revolta, desespero, que ficará no tempo à espera do arrependimento e do auto perdão, por deixar-se enceguecer pela miserabilidade das ilusões materiais.  

O amor, porém, é a luz inextinguível”, mas, não será de aparência, nem oriundo de exacerbação física no exercício das sensações; claramente o trabalho no campo material, quando na vida terrena, acionado pela motivação espiritual envolto em virtudes de servir, de doar-se; produzindo alento, conforto espiritual, esperança e renovação.  Quase sempre no anonimato.

Pelos caminhos do bem encontramos a caridade, como ensina o Espírito Emmanuel: “A caridade jamais se acaba.” A caridade tem infinitas aplicações e caminha construindo pela eternidade, acompanhando o seu benfeitor, pois, é desse foco que se irradia cada vez mais intensamente tornando-se inextinguível.

O Benfeitor, Emmanuel, revela para a Humanidade, com a grandeza que lhe é patrimônio: “O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.”  Não circunscreveu que é somente no Planeta Terra, é em toda parte no Universo, sendo o homem, viajor universal. 

 “Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora.” O melhor serviço a exercer no mundo é amar desinteressadamente, consciente que o mundo tem a qualidade de seus habitantes, o seu aprimoramento depende do aprimoramento de todos.

 “Ama, pois, em Cristo, e alcançarás a glória eterna.”


                                                                                             Dorival da Silva

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Vigiar e Orar, a que propósito?

Vigiar e Orar, a que propósito?


Cada indivíduo é um mundo em particular, que carrega no seu arcabouço íntimo um patrimônio gigantesco que acumulou nos milênios e milênios transcorridos para a sua formação. Sempre registrou em si mesmo todas as experiências que se deram conscientemente ou não, viveu-se muitas eras quase que como ser autômato, sem lucidez, até que a consciência começou a aparecer dando-lhe autonomia, que crescia lentamente.

No tempo que se corre, o homem avançou em inteligência e desenvolveu o estado moral, apesar deste se encontrar num estágio longe do ideal. Sendo a condição moral desenvolvida objeto primacial da existência na vida física. Existindo uma demora excessiva para se alcançar esse ideal, porque exige muito esforço para essa conquista. Grande parte dos indivíduos pensa alcançar a paz e a felicidade permanentes no mundo exterior com viagens extraordinárias, usos extravagantes e gastos exorbitantes com fantasias.

No seio do patrimônio extraordinário de cada um existem registros de vivências descabidas para os dias atuais, que quando se deram ofereceram satisfação pessoal, poder, ganhos de riquezas, evidência...  Geralmente satisfazendo em muito o estado egoístico individual ou coletivo à época.  Conquanto não se lembre, está no mundo interior de cada pessoa a sua experiência, refletindo na vida atual como pendor, como tendência.

Dessa forma, vê-se no mundo exterior com maior interesse o que ressoa na intimidade, no entanto, fixa-se na vantagem, satisfação, e outros sentimentos que poderão advir de tal ou tal ação, não necessariamente favorável ao aprimoramento moral, pois é a antecipação da busca de reviver àquilo que já usufruiu em algum tempo, que está registrado no mundo interior de cada indivíduo.

Aí se encontra a necessidade de vigiar, não vigiar o que está ao redor, o que nos chega de fora, mas vigiar o que surge da intimidade, desejos nem sempre claros, apesar de indicar um rumo para satisfazê-los. Grande parte deles instigados pelo movimento, cor, palavra, perfume, som, gesto, etc., observáveis em qualquer parte. Em conta disso, preciso é se conhecer, acautelar-se, aprender a meditar sobre os fatos e suas consequências correspondentes aos desejos surgidos da intimidade.

Ao mesmo tempo vem a oração, elemento essencial para o discernimento nos momentos decisivos da vida. Com a oração eleva-se a frequência vibratória da alma, alcançando faixa de pensamento acima do habitual, comungando com ideias mais claras que favorecem a lucidez, permitindo maior capacidade moral para contrariar as ideias surgidas que em grande parte são prejudiciais e levarão a nova falência moral, apresentando a repetição de desdobramento infeliz. Através da oração e a elevação vibratória que se entra em contato com os “Seres Espirituais”, também designados por Santos, Espíritos Superiores, conforme a designação religiosa, favorecendo a inspiração de pensamentos novos e nobres que sobrelevam os que estão engastados no mundo íntimo, fazendo que estes percam um pouco de sua influência sobre as novas escolhas.

A dificuldade na busca da melhoria moral reside naquilo que interessa muito, que precisa ser interrompido ou abandonado, mas custa sentimentos, que precisam ser contrariados e negados, e é ato voluntário, pois que tudo está em si mesmo. Aí está a razão de vigiar para se saber do surgimento do próprio indivíduo daquilo que se deve corrigir, porque não lhe convém; e a oração que proporciona a lucidez e a força moral suficiente para vencer-se a resistência da própria vontade surgida da profundidade da alma.

“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?”

“Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.” 1


                                                    Dorival da Silva



1.                             1. Questão 919 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Não as palavras

Não as palavras

“Mas em breve irei ter convosco, se o Senhor quiser, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude.” - Paulo. (I Coríntios, 4:19.)

   Cristo e os seus cooperadores não virão ao encontro dos aprendizes para conhecerem as palavras dos que vivem na falsa concepção do destino, mas sim dos que se identificaram com o espírito imperecível da construção evangélica.
      É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas.
   Muita vez, as criaturas menos favorecidas de faculdades orgânicas, qual o cego ou o aleijado, acreditam-se aniquiladas ou inúteis, ante conceituação dessa natureza.
    É que, comumente, se esquece o homem das obras de santificação que lhe compete efetuar no próprio espírito.
     Raros entendem que é necessário manobrar pesados instrumentos da vontade a fim de conquistar terreno ao egoísmo; usar enxada de esforço pessoal para o estabelecimento definitivo da harmonia no coração. Poucos se recordam de que possuem ideias frágeis e pequeninas acerca do bem e que é imprescindível manter recursos íntimos de proteção a esses germens para que frutifiquem mais tarde.
    É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade das vaidades”.
    Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.
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Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 72, publicado em 1951.

Reflexão:  O Apóstolo Paulo faz referência a circunstância que pode ser trazida para os dias atuais, como: “(...) não as palavras dos que andam inchados”.  Vê-se com frequência nos meios de comunicação se locupletarem dos ensinos Evangélicos, como se Jesus tivesse outorgado poder para quem se intitula representá-Lo pudesse torcer a essência dos ensinamentos a atender fins lucrativos, seja financeiro, de poder, de imagem... São os inchados de personalismo, o cristianismo a seu bel-prazer. “(...), mas a virtude”, a que Paulo de Tarso indica, onde está nesses tempos modernos? Há confusão sobre o que seja virtude, coloca-se neste prisma o falatório em torno das lições do Evangelho, os abundantes fatos miraculosos, que traem a atenção dos incautos, as exposições pessoais e coletivas a título de santidade...  Esquece-se que o verdadeiro virtuoso nem desconfia que o seja.

“É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas.”  O homem vê o ensinamento do evangelho como algo que norteia a materialidade de seus próprios feitos, no entanto, o trabalho de Jesus e de seus apóstolos e de todos os verdadeiros trabalhadores de Sua Vinha é para a espiritualização da Alma, com o desenvolvimento da inteligência e a conquista de virtudes, estas com a vivência do bem e da caridade, muitas vezes no silêncio e no anonimato. Como não se trata de construção material somente é possível se dar na intimidade espiritual.

Toda construção material é considerada na razão dos benefícios que poderá oferecer a muitos espíritos em evolução na vida de reencarnado para conquista também da sua espiritualização, dando oportunidade à conscientização da existência do Mundo Espiritual, tanto quando dos que através dela atende os mais enfraquecidos do caminho evolutivo, sendo o amor em ação.

“É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade das vaidades””. Para enunciar os ensinamentos de Jesus precisa respeitar a Sua autoria, Ele não veio trazer para o Mundo uma opinião, ou informação que poderá ser objeto de contradita, não!, Ele traz a verdade colhida na fonte que é Deus, em conta a sua grandiosidade intelectual e moral conquistada na esteira dos tempos, que se perde no infinito.

“Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.”  As construções externas que se observa nas comunidades, embora tenham o seu lugar, mas são materiais e passageiras, fáceis de se construir, no entanto, a mensagem do Evangelho de Jesus trata da construção interna do Espírito, àquela que permanecerá, proporcionando a paz e a felicidade permanentes.

Palavras são a expressão das qualidades da Alma que se manifesta, demonstrando um estado de consciência sublimado, ou não.

                                                  Dorival da Silva

quinta-feira, 4 de maio de 2017

O capacete

O capacete

“Tomai também o capacete da salvação” - Paulo. (Efésios, 6:17.)
Se é justa a salvaguarda de membros importantes do corpo, com muito mais propriedade é imprescindível defender a cabeça, nos momentos de luta.
Aliás, é razoável considerar que os braços e as pernas nem sempre são requisitados a maiores dispêndios de energia.
A cabeça, porém, não descansa.
A sede do pensamento é um viveiro de trabalho incessante.
Necessário se faz resguardá-la, defendê-la.
Nos movimentos bélicos, o soldado preserva-a, através de recursos especiais.
Na luta diária mantida pelo discípulo de Jesus, igualmente não podemos esquecer o conselho do apóstolo aos gentios.
É indispensável que todo aprendiz do Evangelho tome o capacete da salvação, simbolizado na cobertura mental de ideias sólidas e atitudes cristãs, estruturadas nas concepções do bem, da confiança e do otimismo sincero.
Teçamos, pois, o nosso capacete espiritual com os fios da coragem inquebrantável, da fé pura e do espírito de serviço. De posse dele enfrentaremos qualquer combate moral de grandes proporções.
Nenhum discípulo da Boa Nova olvide a sua condição de lutador.
As forças contrárias ao bem, meu amigo, alvejar-te-ão o mundo íntimo, através de todos os flancos. Defende a tua moradia interior. Examina o revestimento defensivo que vens usando, em matéria de desejos e crenças, de propósitos e ideias, para que os projéteis da maldade não te alcancem por dentro.

Conteúdo extraído da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 140, ano 1951.

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Reflexão: A mensagem acima inspirada na anotação de Paulo, o apóstolo dos Gentios, “Tomai também o capacete da salvação”, leva-nos a entender a grandiosidade do alerta de Emmanuel, quanto a “defesa da moradia interior”“Todos os flancos” por onde poderemos ser atingidos somente existirão de acordo com a nossa permissão, se fraquejarmos diante das vicissitudes que a trajetória pela vida no corpo enseja. A resistência é um estado moral lúcido que deveremos construir a nosso favor. É para isto que o Evangelho de Jesus está disponível no Mundo.

   “Teçamos, pois, o nosso capacete espiritual com os fios da coragem inquebrantável, da fé pura e do espírito de serviço. De posse dele enfrentaremos qualquer combate moral de grandes proporções.”

Esse recurso de defesa é íntimo, portanto, individual, depende do estado de entendimento próprio. É trabalho intenso de reflexão sobre o resultado de nossas atitudes. A única ferramenta capaz de acessar o fulcro de atitude infeliz é o pensamento através da reflexão, daquilo que conhecemos de nós, por isso a necessidade do autoconhecimento. Corrigido esse polo irradiador é nossa melhor defesa sobre esse ponto moral, porque não encontraremos ressonância de mesma qualidade no ambiente de convivência que mais nos contaminaria, em conta a similitude.  
        
         “Examina o revestimento defensivo que vens usando, em matéria de desejos e crenças, de propósitos e ideias, para que os projéteis da maldade não te alcancem por dentro.”

O que se origina em nossa intimidade, o que alimentamos, o que buscamos na nossa vida? Fortalecemo-nos com esses recursos, defendendo-nos com os propósitos e ideias no bem, ou aceitamos as influências do meio, do que está fora, indo ao encontro do que não convém ao nosso interesse moral?

Somente seremos atingidos por investidas negativas se frequentarmos a mesma faixa vibratória, para isso precisaremos estar desejando, pensando e comprazendo com as mesmas coisas. Muitas vezes ocorre por nossa invigilância.  Tornamo-nos presas dóceis, por que estamos iludidos, somamos com o mal até que a dor consiga nos despertar. Dessa forma, o mal não nos atacou, o convidamos. Não estávamos preparados para a defesa, não havíamos construído um arsenal moral, embasado no conhecimento, na vivência do bem, na reflexão profunda sobre a vida.

“Tomai também o capacete da salvação”, da nossa malignidade. Somente nós poderemos adoecer a nossa alma e da mesma forma curá-la. A salvação é a alma sadia e sábia. Assim é o grande projeto de Jesus, que o anunciou, e compromissou-se com o Criador de que: “das ovelhas que o Pai lhe confiou nenhuma se perderá¹. Jesus trabalha incansavelmente, arregimentando os recursos possíveis à nossa condição, através da grande falange de benfeitores que sob suas orientações conduz a Humanidade da Terra, àquela que se arrasta ao peso da materialidade, para que desperte do pesadelo que ela mesma se impôs. Ele não poderá fazer a parte que nos compete no nosso progresso espiritual, respeita o livre-arbítrio.

“A cada um segundo as suas obras”.

¹Obra: Caminho, Verdade e Vida, capítulo. 2, Emmanuel, psicografia: Francisco Cândido Xavier.


                                                       Dorival da Silva

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Dissertação de Além-Túmulo: A INFÂNCIA

Dissertação de Além-Túmulo: A INFÂNCIA -- Comunicação espontânea do Sr. Nélo, Médium, lida na Sociedade em 14 de janeiro de 1859 -- REVISTA ESPÍRITA (fevereiro de 1859)

Não conheceis o segredo que, na sua ignorância, escondem as crianças. Não sabeis o que são, nem o que foram, nem em que se tornarão. E, contudo, as amais e as prezais como se fossem uma parte de vós mesmos, de tal sorte que o amor de uma mãe pelos filhos é reputado como o maior amor que um ser possa ter por outro ser. De onde vem essa doce afeição, essa terna benevolência que os próprios estranhos sentem por uma criança? Vós o sabeis? Não. É isso que vos quero explicar.

As crianças são seres que Deus envia em novas existências; e, para que elas não possam queixar-se de sua grande severidade, dá-lhes toda a aparência da inocência; mesmo numa criança de natureza má seus defeitos são cobertos pela inconsciência de seus atos. Essa inocência não é uma superioridade real sobre aquilo que foram antes; não, é a imagem do que deveriam ser; e, se não o são, unicamente sobre elas recairá a culpa.

Mas não foi apenas por elas que Deus lhes deu esse aspecto; foi também e sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à sua fraqueza; e esse amor seria singularmente enfraquecido à vista de um caráter intolerante e impertinente, ao passo que, supondo os filhos bons e meigos, dão-lhes toda a sua afeição e os cercam das mais delicadas atenções. Mas quando as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi prodigalizada durante quinze ou vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: permanece bom, se for fundamentalmente bom, mas se irisa sempre de matizes que se ocultavam na primeira infância.

Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores e que, quando se tem puro o coração, fácil é conceber a explicação.

Com efeito, imaginai que o Espírito das crianças que nascem entre vós pode vir de um mundo onde adquiriu hábitos completamente diferentes. Como quereríeis que estivesse em vosso meio esse novo ser, que vem com paixões completamente diversas das que possuís, com inclinações e gostos inteiramente opostos aos vossos? Como quereríeis que se incorporassem em vossas fileiras de modo diferente do que Deus o quis, isto é, pelo crivo da infância? Aí se vêm confundir todos os pensamentos, todos os caracteres, todas as verdades de seres engendrados por essa multidão de esferas onde se desenvolvem as criaturas. Vós mesmos, ao morrer, vos encontrais numa espécie de infância, em meio a novos irmãos. E, em nova existência fora da Terra, ignorais os hábitos, os costumes e as relações desse mundo tão novo para vós; manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais viva do que o vosso pensamento atual.

A infância tem ainda outra utilidade. Os Espíritos não entram na vida corporal senão para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A fraqueza da tenra idade os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir. É então que podemos reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores. Tal é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual hão de responder.

Assim, não somente a infância é útil, necessária e indispensável, mas, ainda, é a consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.


Observação – Chamamos a atenção de nossos leitores para esta notável dissertação, cujo elevado alcance filosófico é facilmente compreensível. Que há de mais belo, de mais grandioso que essa solidariedade que existe entre todos os mundos? Que de mais apropriado para nos dar uma ideia da bondade e da majestade de Deus? A Humanidade cresce por tais pensamentos, ao passo que se avilta se a reduzimos às mesquinhas proporções de nossa vida efêmera e de nosso imperceptível mundo entre os demais mundos.

                                       (Observação de Allan Kardec)

-- A página acima também poderá ser acessada através do endereço:

/nobilta.com.br/mkt/campanhas/2017/nobilta-2017-marco.pdf?utm_campaign=nobilta_news_marco__2017&utm_medium=email&utm_source=RD+Station 

terça-feira, 18 de abril de 2017

160 Anos de Espiritismo

160 Anos de Espiritismo

A Codificação da Doutrina Espírita foi levada a público em 18.04.1857, com a publicação da primeira obra basilar: O Livro dos Espíritos, que completa cento e sessenta anos do seu aparecimento no Planeta Terra.

O trabalho de organização da Doutrina pertence a Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo: Allan Kardec.

Com o advento da Doutrina Espírita muitas elucidações se deram no contexto da vida no Planeta, oferecendo melhoria substancial à sua condução.  Há uma compreensão ampla das razões porque se está vivendo uma realidade de tantas exigências, a começar pela da subsistência, salubridade, saúde, alimentação, escolaridade, trabalho, formação de família, a organização social e política, as especializações nas diversas áreas, a tecnologia que se desenvolve vertiginosamente... Fica mais fácil o entendimento das razões de tudo isso, das complexidades no meio social, das distâncias evolutivas entre diversos grupos, além das diversidades de pessoa a pessoa, inclusive dentro do próprio lar.

Traz-nos o Espiritismo pontos que abrem os horizontes da Alma Humana, um farol que aclara as perspectivas para o futuro e outro que amplia o entendimento do que se passou ou o que está se passando com o homem, coletiva ou individualmente, através da revelação da reencarnação, da preexistência e pós-existência do Ser Espiritual à presente vida corporal, da comunicabilidade dos espíritos, da pluralidade dos mundos habitados...

Compreendida a Lei Divina da reencarnação várias situações inibidoras de maior progresso deixam de ter sentido a sua permanência, tais como: preconceitos de raça, religião, cor, sexo... Por que já vivemos nas mais variadas situações pelos tempos que se passaram e poderemos renascer em qualquer outra parte do Mundo, nas mais diversas circunstâncias, inclusive experienciar existência tanto em corpo masculino ou feminino.

Aceita a ideia da reencarnação, amplia-se a visão espiritual da vida, se alguém renasce é porque existia, se existia é que continuou a vida após a morte de corpo material anteriormente utilizado, se existia, onde estava? Estava na vida espiritual, vivendo de acordo com a sua condição evolutiva, poderia estar feliz ou não, vez que é: “a cada um segundo as suas obras”.

A pluralidade dos Mundos habitados é outra revelação da Doutrina Espírita, vez que os Espíritos Superiores informam que não há nada no Universo que não tenha finalidade, sendo que os espíritos seguem evoluindo numa escala infinita, passando por muitos Mundos, até alcançar a angelitude. Existem no Universo muitos mundos idênticos ao nosso, como os há inferiores e também superiores em escala sem fim.

Outro ponto relevante é a comunicabilidade dos espíritos, através da mediunidade, o que sempre existiu, portanto, não apareceu com a Doutrina Espírita, mas foi através da observação criteriosa de Allan Kardec e a orientação dos Espíritos Reveladores que se compreendeu e educou-se os médiuns para a consecução desse trabalho de permitir a captação do pensamento de um espírito desencarnado através de outro espírito encanado.

A Doutrina Espírita constitui-se em três pilares: Ciência, Filosofia e Religião.  Ciência de observação, partindo do efeito para se encontrar a causa; Filosofia, que questiona, investiga e conclui-se, comprovando a veracidade através de espíritos e médiuns diversos, estes estranhos uns aos outros, inclusive de países e línguas diferentes, elucidando questões de todas as áreas do conhecimento, revelando novas verdades, confirmando e ampliando outras de domínio da Academia Científica, sem no entanto, esgotar tema algum, vez que as possibilidades do conhecimento são infinitas; Religião, não na forma tradicional, com a hierarquização organizacional, mas pelas condições éticas e morais, tendo por base o Evangelho de Jesus, com amplificação de entendimento através dos Imortais Codificadores, como se pode verificar em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
 
Não há dúvida que a Doutrina Espírita é a Terceira Revelação, àquela prometida por Jesus, quando se despedia de sua tarefa no campo da vida material.

“A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.” – Capítulo I de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 6.

Consolador prometido - Se me amais, guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.  (João, 14:15 a 17 e 26.) – Capítulo 6 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 3.

A Doutrina Espírita está posta há 160 anos trazendo em seu conteúdo uma força intensa para a reconstrução consciente daquele que se interessar no seu estudo e vivência. Reaviva a mensagem de Jesus, pois agora amplia a percepção espiritual do ser humano. Dá-lhe elucidações porque a Ciência Espírita o leva além dos limites materiais, permite-lhe avançar com sua inteligência e sensibilidade sobre a fronteira frágil existente entre o que é material e o que é espiritual.

Compreende-se com mais facilidade as colocações de Jesus, que a recompensa da vitória sobre a matéria será depois desta existência, vez que a vida no corpo físico sempre trará tribulação.

A Doutrina Espírita é consoladora, é libertadora ao mesmo tempo que transformadora. Mostra que toda ação tem consequência na vida, causa e efeito, cabendo a responsabilidade de acordo com o estado de consciência de cada um.


                                                         Dorival da Silva
                                                         2º Vice-Presidente da
                                                                                  4ª União Regional Espírita, sede em 
                                                         Jacarezinho, PR