sexta-feira, 22 de julho de 2022

Corpo indestrutível

 

Corpo indestrutível


        Em conversas em nossas reuniões mediúnicas com Espíritos que acabam de  se reconhecer do outro lado da vida, ficam admirados de se apresentarem com a forma que tinham antes da morte de seus corpos.

        Gostaria de tratar desse assunto, no entanto, sem aprofundamento em questões técnicas, como nos coloca a Doutrina Espírita, com muita propriedade, pois se trata de uma Ciência, e como Ciência espiritual exige estudo de longo curso.

        Para dizer como surgiu o termo que utilizarei adiante, reporto-me à obra basilar do Espiritismo, O Livro dos Espíritos, na questão 93, onde Allan Kardec questiona os Espíritos Luminares:  O Espírito propriamente dito tem alguma cobertura, ou, como pretendem alguns, está envolvido numa substância qualquer? “O Espírito está envolvido por uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós, suficientemente vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.”  Kardec explica: Assim como o gérmen de um fruto é envolvido pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido por um envoltório que, por comparação, se pode chamar perispírito.

        Dessa forma,  o Codificador da Doutrina Espírita cunhou a palavra perispírito para identificar melhor esse corpo semimaterial que todos os seres humanos têm e permanece com ele após a morte do corpo de carne.

        O ser pensante que tem consciência é imaterial (é propriamente o espírito – sem forma definida), no entanto, tem um corpo semimaterial que lhe dá o contorno, delimitando a forma, sendo que em toda parte do Universo a forma é a humana, como conhecemos: Cabeça, tronco e membros. Isto consta da obra da codificação: O Evangelho segundo o espiritismo, capítulo III, itens 8 e 9.  Só para citar um exemplo: Jesus, o Cristo, que não é deste mundo, e é um Ser perfeito, se apresentou fisicamente como um ser humano e posteriormente na sua ressurreição espiritual apresenta-se com o perispírito adensado para ser reconhecido na mesma forma humana.

        Há generalizado desconhecimento desse assunto, mesmo nas Ciências acadêmicas mais avançadas.

        Esse corpo indestrutível, existia revestindo o espírito antes de habitar o corpo de carne, é ele que se conecta no ato da fecundação do óvulo pelo esperma no útero materno, que formará o novo corpo para o Espírito que irá reencarnar.

        O perispírito é o modelador do novo organismo de carne em formação e recebe a influência dos elementos genéticos dos pais, dando-lhe as características físicas destes.

        Esse corpo semimaterial tem muitas propriedades, nele ficam registradas todas as nossas experiências. Também é expansível, tem elasticidade e plasticidade, toma as características impressas pela vontade do Espírito, entre outras.

        Estando o Espírito reencarnado, fazendo o bem ou o mal, tudo será registrado nesse órgão vibratório, o perispírito. Em conta o mal que tenha realizado, que macula a consciência, terá reflexo correspondente no desequilíbrio desse corpo indestrutível, muitas vezes afetando a região correspondente ao cérebro, ou outro órgão material, além de membros. A título de exemplos: 1 - Caso um indivíduo tire a própria vida com uma arma de fogo, atirando-se na região do ouvido, a área cerebral afetada no cérebro material maculará a mesma área do perispírito. O que trará sérias consequências para a vida no campo espiritual, porque não morrerá, e terá todas as consequências danosas do ato de rebeldia contra si mesmo. 2 - No caso de portador de vício, seja moral ou de dependência química, sempre haverá nódoa no perispírito que compromete o órgão ou órgãos afetados no corpo físico; sendo o vício de ordem moral que prejudica a terceiro ou a coletividade, o comprometimento é sobre a mente, que avaria posteriormente o cérebro, em novo corpo, quando da reencarnação,  em conta o estado de culpa.

                Após período de sofrimento na espiritualidade, consequência do ato de desrespeito a si mesmo e à Lei inderrogável de Deus, retornará em nova reencarnação, somente que o seu perispírito apresentará o esfacelamento na região em que foi atingido na ocasião do suicídio na vida anterior, assim, modelará o novo corpo com os prejuízos da mácula impregnada naquele organizador molecular.

        É bom acrescentar, que todos os vícios levam o indivíduo ao suicídio indireto, no entanto, com as mesmas consequências de ato violento contra si mesmo, causando sofrimento durante a vida na espiritualidade e posteriormente em nova reencarnação trará seus reflexos. Embora causas parecidas, no entanto, as consequências são relativas à condição de discernimento de cada infrator. Deus é justo!

        A intensidade das consequências, se surdez, cegueira, aleijão, problema neurológico, tetraplegia, doenças nervosas e seus desdobramentos dependerá do estado de consciência, do arrependimento sincero e o firme desejo de superar a causa que o levou a ato estremo contra si mesmo.

        São Paulo (1 Coríntios 15:44) Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.”  -- Anotamos o ensinamento evangélico acima, para mostrar que os expoentes do cristianismo, e outros pensadores mais antigos, já sabiam da existência desse “corpo incorruptível” que faz parte da composição do ser humano.

        Com o advento da Doutrina Espírita, 18.04.1857, surgiram revelações grandiosas do Mundo Espiritual e sobre os Espíritos. Com a dedicação de estudiosos, de médiuns de moral equilibrada, com as comunicações espirituais instrutivas, com as reuniões mediúnicas terapêuticas e de muitas pessoas interessadas na Nova Ciência, com conteúdo filosófico e as consequências morais, então, muito conhecimento chegou ao Mundo sobre essa questão, transcendendo em muito a trivialidade, para os que se interessam pelo seu futuro e destino.

        Para melhor clareza, os Espíritos equilibrados se apresentam com a sua maneira de ser, mantêm a forma própria de se vestir (como eram conhecidos nas atividades do mundo), se apresentam com óculos, penteados, colares, brincos e demais de seus costumes. Nenhum desses adereços ou vestimentas foi levado da vida material, portanto, trata-se de modificações fluídicas exercidas pelo Espírito, considerando a própria força de suas vibrações que sofrem a influência dos hábitos que fluem naturalmente. Podendo ser modificado pela sua vontade para atender situação específica, por exemplo: Se a uma pessoa, para a qual o Espírito deseja se identificar,  ela somente o conheceu na sua vida social ou de lazer, ou na atividade profissional, então, poderá se apresentar na forma em que melhor se faça conhecido, de paletó e gravata, de traje esportivo, de macacão ou jaleco, conforme a profissão que exercia.

        Assim, em poucas pinceladas – por ser o assunto muito extenso, existem compêndios sobre o tema que não o esgotam, mesmo porque, trata-se de Ciência infinita, Obra de Deus --, apresentei algumas informações básicas sobre o questionamento de muitos Espíritos comunicantes, em conta a percepção de si mesmo, com a mesma forma e característica como eram constatadas quando da vida do corpo que morreu.

        Quem se propõe ao estudo de tal assunto ou de outros relativos à vida espiritual, precisa estar despido de preconceito, dogma e de qualquer outro fato psicológico, filosófico ou religioso que seja peia emocional limitadora da busca de conhecimento profundo sobre nós mesmos: “de onde venho, para que estou aqui e para onde vou.”

                                               Dorival da Silva


Nota: As obras da Doutrina Espírita, a Revista Espírita e outras de Allan Kardec poderão ser acessadas no seguinte endereço: https://kardecpedia.com/