quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Entrevista: José Raul Teixeira - 2ª parte

Entrevista
Ano 2 - N° 91 - 25 de Janeiro de 2009 
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA 
mbo_imortal@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)

 
José Raul Teixeira:
“A prioridade maior do espírita deve ser adquirir o indispensável conhecimento dos princípios espíritas e ter a coragem de pautar-se por eles”
 
 
O leitor verá em seguida a parte final da entrevista que nos foi concedida pelo estimado confrade José Raul Teixeira(foto), em que ele responde a várias perguntas a respeito do Movimento Espírita no Brasil e no exterior. Na edição anterior, a entrevista focalizou problemas e questões da atualidade e temas de natureza doutrinária. 
Conforme explicado, as perguntas que compõem a entrevista foram formuladas pelos confrades José Passini, Ricardo Baesso de Oliveira, Arthur Bernardes de Oliveira, Jorge Hessen, Astolfo O. de Oliveira Filho, Célia Xavier Camargo – todos membros do  Conselho  Editorial –  e Orson Peter
Carrara,  Fernanda  Borges,  Wellington
Balbo, Antonio Augusto Nascimento e Katia Fabiana Fernandes, editores responsáveis pelas entrevistas publicadas pela revista.
Eis, a seguir, na íntegra, a parte final da entrevista: 
O Consolador: Por que razão escasseiam nas casas espíritas as reuniões que chamávamos antigamente de sessões de desobsessão, que tantos benefícios trouxeram a inúmeros cidadãos com problemas obsessivos? 
Há inúmeras razões para esses esfriamento na realização desse tipo de reuniões, algumas cujas raízes estão nas instituições enquanto outras podem estar nas pessoas que atuam nessas instituições na condição de médiuns.
Antigamente, ao que sabemos, as reuniões de desobsessão eram um momento sagrado do centro espírita, para o qual não se levava qualquer pessoa. Para dela participar, tinha-se que ser médium mesmo, com as condições morais de tal maneira firmes que suportassem o assédio concomitante ou posterior das entidades infelizes envolvidas, mantendo conduta ilibada na sociedade e na família, adquirindo o que se chama de autoridade moral.
Os médiuns de então, quase sempre pessoas muito modestas, mantinham um regime de dedicação aos trabalhos do bem, trabalhando a si mesmos para merecer essa convivência com os Prepostos de Jesus nesse labor de socorro espiritual.
Temos que convir a dificuldade de muita gente, hoje em dia, para assumir compromissos. Seja pelas experiências de indisciplina cultivadas, seja pelas condições das grandes cidades, que dificultam os translados das pessoas de um para outro lado. Assim, é costume em muitos lugares os médiuns faltarem muito aos trabalhos, porque chegam tarde da lida profissional, porque frequentam festas e não perdem nenhuma, porque qualquer motivo é motivo para não comparecer e, assim, não criam vínculos psíquicos com a atividade nem com os Benfeitores da tarefa.
No campo dos centros espíritas, muitos não têm critérios doutrinários para a escolha dos seus dirigentes das sessões e optam, quase sempre, por companheiros que mesmo quando têm boa vontade, desconhecem a profundidade e a dinâmica daquilo que foram chamados a fazer; não têm voz ativa, conquistada pela autoridade moral e pela convivência semanal  com os médiuns que, então, fazem como querem na sessão; não exigem dos membros das sessões mediúnicas a participação nas reuniões de estudos do centro, o que permite que muitos médiuns só compareçam à instituição nos dias e horários dessas sessões, não conseguindo higienizar as mentes por meio dos estudos, das análises, das discussões felizes, das trocas afetivas, mas mantendo cacoetes dispensáveis que afivelam à mediunidade propriamente dita, predispondo-se muitas vezes ao surto anímico ou às investidas mistificadoras, que proliferam nos terrenos onde vigora a invigilância.
Poucos dirigentes espíritas sabem que não deve ser qualquer médium convidado para  atender aos trabalhos desobsessivos. Não é por ser psicofônico, vidente ou psicógrafo que um médium terá condições gerais para participar de trabalhos tão graves, tão sérios. Pessoas que mantêm o tabagismo, o alcoolismo ou o uso de quaisquer outras drogas de tropismo neurológico; indivíduos que mantêm-se nas faixas da prostituição sexual, por mais modernas que estejam tais práticas nas metrópoles e quejandos, certamente não serão os mais recomendados para atender nessas sessões. Mas pessoas de língua grande, que não sabem guardar a discrição exigida por esses labores bem como as que portam desarranjos emocionais, que gritam, que se acabam de chorar se chove ou se faz sol, não devem ser chamadas para tão sérios compromissos.
São encontrados ainda, em muitas instituições, médiuns que não se falam, que estão brigados, participando dos serviços de mediunidade com o objetivo de atender à desobsessão. Acintes desses tipos contribuem bastante para que as sessões vão deixando aos poucos de ser sessões de desobsessão para converter-se em sessões de obsessão.
São, realmente, muitas as possíveis causas do esvaziamento das condições espirituais de uma atividade desobsessiva, mas, fundamentalmente, encontramos como causa primordial o próprio ser humano, inadaptado às disciplinas, desejoso de fazer o que lhe dá na cabeça, ou, pela ausência de conhecimento e maturidade, tornando-se instrumento de fascinadores, de mistificadores que, quando não os torna grandes empeços no corpo das sessões, afastam-nos do grupo, a fim de explorá-los mais facilmente, impondo-lhes a perda da oportunidade reencarnatória.
Somente a seriedade do trabalho, baseado no estudo sério e continuado, da ação fraternal em favor dos necessitados a nossa volta associada aos esforços pela autotransformação, farão com que retornemos às sessões de desobsessão que reflitam o Pentecostes, em cuja estrutura os filhos do Calvário, os caídos e os sedentos de luz poderão reencontrar o coração vivo e amoroso do Mestre Jesus. 
O Consolador: Qual deve ser a atitude dos dirigentes espíritas relativamente a essa enxurrada de obras mediúnicas de origem duvidosa, que tem infestado o mercado de publicações espíritas nos últimos tempos? Será que Kardec, no seu tempo, ficaria calado diante dessas obras?  
Acredito que num período em que o planeta está vivendo tormentos de todos os tipos, confirmando o que considera Allan Kardec, em seu livro A Gênese, ao afirmar que, hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da Humanidade, não poderia o nosso Movimento Espírita estar livre dessa avalanche atormentadora de más influências, seja de indivíduos aventureiros e insanos  que anseiam por vitórias passageiras e/ou lucrativas, sem a necessária consciência do tipo de semente que estão plantando para colheita complexa no porvir  seja de entidades desencarnadas que continuam zombando dos esforços da Luz, das Falanges Crísticas,  que visam desfazer as sombras que  se demoram sobre a Terra.
Na medida em que os dirigentes espíritas vão se tornando mais lúcidos e, por conseguinte, mais coerentes com os princípios do Espiritismo, conseguem dar-se conta de que qualquer obra que divulguemos em nome da nossa Doutrina deve ter a chancela do bom senso kardequiano. Compreenderão que não vale oferecer ao grande público tudo o que vai surgindo no mercado livresco porque tenha o título de obra mediúnica ou espírita, a fim de obter o tão esperado “lucro”. Primeiro, porque nem tudo o que é mediúnico tem que ser espírita, já que a mediunidade não é patrimônio do Espiritismo. Segundo, porque o critério utilizado pelo Codificador do Espiritismo para a seleção e publicação de textos é bastante rigoroso, indiscutivelmente responsável. Sempre que alguém se põe a publicar e a comercializar produtos sem qualidade genuinamente espírita, no mínimo comete o erro de lesa-verdade espírita, o que ao longo do tempo deve acarretar muitas coisas graves nas mentes dos que as leem sem os necessários filtros do conhecimento dos livros de Kardec.
Com relação a Allan Kardec, estou certo de que não aceitaria tal fato com a passividade que temos encontrado no nosso Movimento, uma vez que são muitos os dirigentes, nos mais variados níveis de responsabilidades, que não têm coragem de afrontar o status quo vigente nesse campo literário, seja para não terem aborrecimentos e se pouparem das investidas retaliadoras dos interessados na manutenção do que acontece agora, seja porque também não dispõem do necessário senso crítico para ver os elementos antiespíritas ou inverídicos  que tais obras contêm.
É na Revista Espírita, publicada por Kardec no mês de maio de 1863, quando ele faz um exame das comunicações mediúnicas que lhe eram enviadas, que encontramos suas palavras dizendo: Em grande número encontramo-las notoriamente más, no fundo e na forma, evidente produto de Espíritos ignorantes, obsessores ou mistificadores e que juram pelos nomes mais ou menos pomposos que as assinam. Publicá-las teria sido dar armas à crítica. Vemos, assim, que o Codificador do Espiritismo tomava posição e se pronunciava a respeito com a firmeza que o caracterizava.
Temos lido livros ditos mediúnicos onde são apresentados o chulo da pornografia, das descrições libidinosas, fantasiosas descrições que não suportam o crivo da razão espírita, ao lado de outras coisas sem nexo, sem sentido para o processo de renovação e crescimento da criatura humana, sob a ótica do Consolador. Vejamos o que escreve Kardec no texto supracitado: Para começar convém delas afastar (das massas) tudo quanto, sendo de interesse privado, só interessa àquele que lhe concerne. Depois, tudo quanto é vulgar no estilo e nas ideias, ou pueril pelo assunto. Uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para servir de instrução pessoal; mas o que deve ser entregue ao público exige condições especiais. Infelizmente o homem é inclinado a supor que tudo o que lhe agrada deve agradar aos outros. O mais hábil pode enganar-se; tudo está em enganar-se o menos possível. Há Espíritos que se comprazem em alimentar a ilusão em certos médiuns. Por isso nunca seria demais recomendar a estes não confiar em seu próprio julgamento. É nisso que os grupos são úteis: pela multiplicidade de opiniões que podem ser colhidas. Aquele que, neste caso, recusasse a opinião da maioria, julgando-se mais esclarecido que todos, provaria superabundantemente a má influência sob a qual se acha.
Vale a pena continuar a ler o que nos diz o Codificador, Allan Kardec sobre o tema em apreço: Aplicando estes princípios de ecletismo às comunicações que nos enviaram, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número não há mais de 300 para publicidade, e apenas cem de um mérito inconteste. Essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes. Inferimos que a proporção deve ser mais ou menos geral. Por aí pode julgar-se da necessidade de não publicar inconsideradamente tudo quanto vem dos Espíritos, se se quiser atingir o objetivo a que nos propomos, tanto do ponto de vista material quanto do efeito moral e da opinião que os indiferentes possam fazer do Espiritismo.
Bem entendemos, pois, que Kardec não se acomodaria silenciosamente, como não se acomodou em sua época. Hoje em dia nos deparamos com um espírito acomodatício em nosso Movimento, o que se mostra indicativo do descompromisso de muitos com a grandeza e clareza do Espiritismo, nada obstante continuem ocupando as mais diversas posições nos seus campos de atividades. 
O Consolador: Um fato bem peculiar em grande parte dos Estados Unidos e da Europa é a existência de grupos espíritas fundados e mantidos por brasileiros, cujos trabalhadores e frequentadores são em sua maioria brasileiros. Poucos grupos conseguiram despertar nos nativos a vontade de aprender a doutrina espírita. O que é possível fazer para reverter esse quadro?  
Será sempre de muito bom proveito para o exercício da nossa humildade o fato de não atribuirmos aos brasileiros, que vivem no exterior, qualquer missão messiânica. É muito importante não introjetarmos na alma nenhuma vaidade relativamente a nossa postura diante de outros povos ou de outros países, se quisermos ser bem aproveitados pelo Mundo Espiritual Superior em qualquer labor feliz ao que nos queira vincular.
Não deveremos perder de vista que nesses países, para onde vão viver muitos brasileiros, existe uma ou mais culturas que lhes são próprias, tanto quanto existe a sua religião predominante. Imaginar que poderemos chegar em algum deles e fazer como fizeram no descobrimento do Brasil os religiosos portugueses, ou seja, montar o nosso altar (nossa mesa) e celebramos nossa primeira missa (nosso primeiro culto, sessão, etc.), à revelia dos  seus filhos naturais, dos seus hábitos ou de suas crenças, tendo todos a nossa volta nos adorando e nos aplaudindo, seria uma ingenuidade, para dizer o mínimo.
É bem real que muitos brasileiros que eram espíritas no Brasil, sentindo falta dos seus ambientes de atividade espírita daqui, tenham criado uma pequena célula de estudos, muitas vezes tendo início em suas residências, numa garagem, etc., e mais comum ainda é que acorram outros compatriotas que, seja pelo sentimento de isolamento em que se veem, seja por sua necessidade afetiva ou, de fato, pela sede de voltar a sorver em grupo as bênçãos dos estudos espíritas, desejam estar juntos.
A mim me parece que a proposta mais coerente será a de bem vivenciar, onde quer que estejam os brasileiros espíritas, de tal modo os princípios espíritas, que os nativos passem a ver neles, nas relações sociais que mantenham, pessoas com hábitos muito diferentes, com posições muito equilibradas e justas, em meio a uma vida relacional de muito respeito,  harmonia e lucidez. Isso, sem dúvida, arrastaria muita gente em virtude da curiosidade em saber em que fontes esses estrangeiros recolhem tanta clareza, tanto bom-senso e tanta firmeza de propósitos do bem para viver, mesmo diante das adversidades que são comuns para quem vive num país estranho ao seu.
Vemos, nada obstante, que os grandes problemas de aproximação com os nativos nas células espíritas que se formam, começam pelo fato de não haver o domínio da língua do país para um relacionamento equilibrado ou capaz de entretecer os necessários diálogos explicativos; por outro lado, outro impedimento é encontrado na situação documental de incontável número de brasileiros, uma vez que se acham na ilegalidade nesses países. Como conviver com quem poderá tomar contato com essa situação e possivelmente denunciá-los às autoridades? Como tornar-se “missionário” declarado, de fronte erguida e sem temores, quando se está ilegalmente em terras alheias?
Temos, ainda, outros elementos que pesam nessa relação de brasileiros com nacionais de outros países. É que muitos que são espíritas lá fora, não o eram desde o Brasil. Conheceram o Espiritismo no exterior. Assim, para muitos, faltam as habilidades de como administrar uma casa espírita, realizar as sessões, os estudos e as demais atividades, passando a ouvir e copiar as informações de visitantes, nem sempre amadurecidos para dar-lhes a orientação precisa. É assim que encontramos grupos espíritas de brasileiros no exterior que seguem a “linha” de alguém, conhecido seu, do Sul ou do Norte brasileiros, em outros grupamentos, os lidadores seguem a “linha” do Nordeste ou do Sudeste, e muitos mais ainda, não seguem somente indicações de federativas brasileiras, mas, o que quase sempre é mais complicado, ligam-se a maneirismos dessa ou daquela instituição do nosso país ou desse ou daquele médium, e os problemas se vão avolumando como se pode ver.
Assim, não se trata de reverter o quadro da ausência de nativos de outras nações em células espíritas de brasileiros em seus países, trata-se de os próprios brasileiros terem a clareza indispensável a respeito do que é o Espiritismo, da seriedade dos seus princípios e evitarem a “colagem” dos modos de fazer trabalhos espíritas no nosso país, e passem a prestar mais atenção na cultura do país onde estão, procurando melhor entendimento da mesma, a fim de melhor se aproximar dos seus nacionais.
É comum encontrarmos no exterior as células espíritas fundadas por brasileiros com nomes dos Guias conhecidos no Brasil que, por mais respeitados ou amados por nós, aqui, nada informam ou significam para o povo do país. Nenhum cuidado de identificar os vultos espíritas do país onde estão, a fim de que, a partir do nome  caso desejem dar nomes de pessoas  possam instigar a simpatia de quem dessas instituições queira se aproximar. Quantos nobres espíritas, espiritualistas importantes ou pesquisadores destacados conhecemos na Espanha, na França, na Bélgica, na Itália, na Inglaterra, na Alemanha ou nos Estados Unidos? Nomes espanhóis como os de Amália Domingo y Soler, José Fernandez Colavida (conhecido como o Kardec espanhol), Francisco Ballester Galés, Angel Aguarod; franceses como os de Léon Denis, Gabriel Delanne, Alexandre Delanne, Albert De Rochas, Paul Leymarie, Camille Flammarion, Jean Meyer; italianos como os de Eusápia Paladino, Ernesto Bozzano, César Lombroso; ingleses como os de Arthur Conan Doyle, Alfred Russel Wallace, Stainton Moses, William Crookes, Florence Cook; alemães como os de Johann Fredrich Zöllner, Gustav Fechner, Wilhelm Weber; americanos como os de Henry Slade, Cora Scott Hatch, Edgard Cayce, Harriet Beecher Stowe (médium que psicografou o famoso livro ‘A Cabana do Pai Thomas’), Abraham Lincoln, Horace Hambling, Frank Carpenter, Charles Schockle, Joseph Banks Rhine, dentre incontáveis outros nomes, mais ou menos famosos, médiuns, pesquisadores, escritores, trabalhadores diversos que em seus países estenderam luminosa ponte entre o território do materialismo e dos problemas humanos aos campos do Espírito imortal, donde procedem as inspiradas soluções para os problemas planetários.
Dessa forma, creio que o amadurecimento das comunidades brasileiras, que vão aprendendo a viver nos países dos outros, procurando acurar os estudos das línguas bem como um maior e melhor conhecimento das culturas desses países, sem o anseio perturbador e sem sentido de construir onde estejam uma “mini-república brasileira”, em sinal de respeito a quem lhes abriu as portas ou que os suporta, mesmo sob a incômoda lona da ilegalidade, alcançarão, com o tempo, a simpatia e a aproximação de muitos corações que passarão a interessar-se pelo Espiritismo. Por agora, e durante um bom tempo, precisarão os espíritas brasileiros no exterior levar a sério não apenas o Espiritismo, mas, e fundamentalmente, a realidade de que estão em alheias terras diante do dever de estudar, de trabalhar, de servir e, como propôs a nobre pensadora italiana, Chiara Lubich, aprender a florir onde Deus os plantou... 
O Consolador: Muitas casas espíritas não são filiadas à federativa do seu Estado. O que pode ser feito para que tal ocorrência seja minimizada?  
Uma vez que as adesões dos centros espíritas brasileiros às suas federativas estaduais são estabelecidas em bases fraternais, não existindo nenhuma imposição federativa, a não ser a exigência de que as práticas institucionais do centro estejam bem ajustadas aos ensinamentos da Doutrina Espírita, nem sempre são claros os motivos que levam muitos deles a não se filiar.
Quero crer que haja por parte das federativas o interesse nas filiações dos centros, a fim de que exista um Movimento Espírita mais fortalecido no qual os integrantes cooperem para maior e melhor divulgação do Espiritismo no seio da sociedade. Por outro lado, admito que seja também do interesse dos centros espíritas a vinculação às federativas, considerando-se as possibilidades de enriquecimento material e humano dos seus trabalhos, a partir da integração que se estabelece com as demais instituições, com as trocas de experiências, que se convertem em somatório que sempre visa o progresso.
Os dois campos, desse modo, devem se aproximar, procurar um contato mais fraternal possível, que permita a formalização do vínculo, ou seja, a filiação. 
O Consolador: Devemos entender como de responsabilidade do Movimento Espírita a construção e manutenção de hospitais, creches, asilos?  
Não; de nenhum modo o Movimento Espírita tem responsabilidade na construção de obras de assistência social. Todos os espíritas, cidadãos e cidadãs, devem ter sempre em mente que o que fazemos é um esforço que nos interessa não somente porque vamos amparar alguém, em termos materiais, mas também porque conseguimos pôr no campo prático muito dos elementos teóricos que aprendemos no Espiritismo.
Nenhum espírita deve ser ingênuo ao ponto de admitir que seja nossa responsabilidade construir obras de pedra. Pelos impostos que toda a sociedade paga aos cofres dos governantes, é da alçada dos poderes constituídos e não da nossa a construção das obras sociais de que necessite a sociedade.
Importante, contudo, é percebermos que, apesar da consciência que devemos ter de tudo isso, não nos cabe ver alguém padecendo ao nosso redor sem que tomemos alguma providência socorrista, uma vez que na nossa rua ou no nosso bairro o governo muitas vezes somos nós mesmos, os que nos achamos mais próximos dos necessitados. Alimentar os que têm fome, vestir os desnudos, visitar os enfermos e os presidiários, são ensinamentos que aprendemos de Jesus.
O que não deveremos é criar obras materiais e gastarmos todo o tempo e preocupações com elas  a neurótica agonia por realizar atividades que nos garantam dinheiro: os almoços, os chás, os lanches, os bazares intermináveis, costumam retirar senhoras e cavalheiros dos grupos de estudos, por pretextarem que estão muito ocupados e cansados na busca de recursos materiais  deixando de lado o tempo que pertenceria aos estudos espíritas, ao nosso aprimoramento como pessoas, nosso auxílio ao crescimento de outros companheiros,  imaginando que a caridade, como a entendia Jesus, dispensa o nosso esforço pelo aformoseamento espiritual próprio. Nada que nos retire do dever de aprender para crescer deve nos ocupar, primordialmente, os pensamentos.
Quem se sentir inclinado a realizar atividades assistenciais junto ao próximo, poderá apresentar-se como responsável voluntário em alguma obra social, em sua cidade, que trate de crianças, de idosos, de internos penais, de aidéticos ou de outros enfermos, etc. Se, porém, o nosso ideal institucional nos remete à criação e manutenção de alguma obra desses tipos, é por entendermos que daremos a devida conta de tudo. Não nos caberá viver reclamando da sorte, da indiferença do mundo ou da insensibilidade dos governantes. Tomemos do arado, conforme permitam nossas possibilidades, e avancemos contentes, estudiosos, reflexivos e fiéis servidores da Vida Imortal. 
O Consolador: Há um descompasso da época em que vivemos com relação à educação dos filhos. Os tempos diferentes da atualidade, diretamente afetados pela velocidade da comunicação virtual, trouxeram uma realidade difícil e complexa para pais e educadores, o que também afetou o movimento espírita, antes bem mais dedicado à evangelização infantil e às atividades da mocidade espírita. Como vencer o desinteresse de dirigentes espíritas quanto à importância da atenção a jovens e crianças em nossas instituições?
Em realidade, toda a nossa vida está pautada em algo que chamamos escala de valores. Cada indivíduo, assim, tem valores distintos dos outros. Para quem tem a educação dos filhos como algo importante, apesar dos tempos difíceis e dos desafios vividos, têm-nos juntos dos seus corações, amigos, companheiros, apesar de ter cada qual sua personalidade, seu temperamento, suas idiossincrasias. Para quem pensa primeiro nos recursos financeiros, nas aparências sociais, sem clara noção de que seus filhos são espíritos e que lhes não pertencem como objetos, com certeza encontrarão todos os impedimentos provocados pelas mídias, pelos companheiros dos filhos, e por tudo mais que teime em intervir no relacionamento doméstico.
Vivendo no mesmo mundo midiático que todos nós, atravessando as horas de aperto e violência como nós, bem como enfrentando as mesmas exigências econômicas, vemos irmãos de outras crenças bem junto aos seus familiares, indo as suas igrejas em conjunto, orando e vivendo. Por que somente os espíritas não conseguiremos trazer os filhos, educá-los conforme manda o figurino e fazê-los pessoas de bem? Alguma coisa está errada e, com certeza, não é com o Espiritismo, mas, sim, com as nossas escalas de valores.
Quanto aos centros espíritas e seus serviços de evangelização de crianças e de jovens, cabe-nos avaliar a sua qualidade, pois nessa época referida de comunicação virtual, de internets, de blogs e de tudo o mais, não se admite que as nossas “aulinhas” ainda sejam dadas à base de historinhas contadas oralmente  nem sempre há bons contadores de histórias nas casas espíritas o que torna enfadonha a exposição  e pelos quadros de giz, sem que os jovenzinhos participem, façam, busquem, investiguem, cantem ou “naveguem na rede”. É incontestável que nem todos os centros espíritas dispõem de recursos materiais para oferecerem aos evangelizandos o que há de mais moderno em termos didáticos-pedagógicos. Assim, deveremos investir na melhor qualificação dos nossos evangelizadores para que consigam cativar da garotada, desde a simpatia com que a receba até o modo como lhe serão apresentados os assuntos.
Olhando por outro prisma, não há como imaginar que filhos gostem de ir ao centro espírita para receber as instruções espíritas, sendo que seus genitores não vão, não se dedicam e, quando em casa, têm uma vida relacional bastante sofrível com a família. É, de fato, o exemplo que costuma arrastar. 
O Consolador: Considerando que o Espiritismo é uma religião eminentemente educadora e que o Espírito reencarna para aperfeiçoar-se, você não acha que as atividades que visam à evangelização  da criança têm deixado de receber o apoio na proporção da importância da tarefa? Por que não há um incentivo maior, da parte dos Espíritos, no sentido de chamar a atenção dos dirigentes de entidades espíritas para a evangelização infantil, a fim de que apóiem esse trabalho?  
Sim, quase sempre encontramos pouca atenção por parte de muitos dirigentes espíritas para com a evangelização infanto-juvenil. Vale a pena enfatizar a questão das escalas de  valores que têm os indivíduos e, em função deles, as instituições ou setores de atividades que eles dirigem. Tais escalas estabelecem o que poderemos chamar de missão da instituição.
Enquanto o objetivo dos espíritas não corresponder aos objetivos do Espiritismo, essas atividades não terão bom desenvolvimento. Muitos dirigentes dão grandíssimo valor às sessões mediúnicas (há centros que se orgulham de terem dezenas delas, em dias variados da semana), outros se esmeram nas atividades sociais junto aos pobres e estropiados, possivelmente porque não vejam sentido na orientação dos que estão recomeçando as próprias experiências no planeta.
A muita gente passa despercebido o fato de que as entidades atendidas nas sessões mediúnicas, como sofredoras ou como obsessoras, ou muitas daquelas que comparecem repletas de necessidades de toda a ordem, são exatamente aquelas às quais não se oportunizou a orientação para a vida, as instruções espirituais ou a evangelização, se quisermos tratar assim. Não vale a pena, então, deixarmos as crianças e os jovens ao abandono das preciosas lições de renovação espiritual, a fim de que, no futuro, não se tenham muitas almas a serem atendidas nas sessões mediúnicas ou nos trabalhos de assistência material. Parece-me um contrassenso ver confrades espíritas que não valorizam esses labores espirituais profiláticos.
De parte dos Espíritos, não têm eles mais como tentar despertar os encarnados das suas ilusões ou da sua letargia. Há anos, o Espírito Estevão, Guia Espiritual do saudoso médium capixaba Júlio Cezar Grandi Ribeiro, escreveu numa mensagem uma frase que a Federação Espírita Brasileira tomou como slogan para as suas campanhas evangelizadoras: A criança e jovem reclamam orientação no bem. Evangelize, coopere com Jesus. Temos recebido incontáveis instruções do Mundo Espiritual enfatizando a grandeza da evangelização ou espiritização da criança e do jovem, seja nos textos de Emmanuel, de Joanna de Ângelis, de Estevão, de Camilo e de tantos outros Benfeitores que luxuriam esse escrínio de luz das orientações imortais que nos chegam na Terra. Cabe aos espíritas estarmos atentos para as mesmas, refletir a respeito delas e as colocarmos na pauta das nossas ocupações e serviços na Seara. 
O Consolador: Pesquisa recente, realizada por importante revista brasileira, constatou uma triste realidade: os jovens espíritas, em sua maioria, aprovam o aborto e a pena de morte. Como vê essa questão? O que falta para que nossos jovens possam absorver os princípios espíritas, que são claramente contrários ao aborto e à pena de morte?  
É natural que os jovens frequentadores de centros espíritas tenham essa postura diante do aborto e da pena de morte. Eles estão discutindo esses temas nas escolas, nas universidades, nas rodas dos amigos, menos nos centros espíritas.
É muito comum encontrarmos grupamentos de jovens espíritas cheios de boa vontade, de alegria, de entusiasmo, mas sob a coordenação de pessoas que, por não terem o aprofundamento das teses espíritas, evitam tanger essas questões das quais não saberiam desincumbir-se perante os moços. Assim é que encontramos grupos enormes de moços espíritas que estão sendo treinados para cantar e tocar instrumentos com beleza e harmonia ou que se esmeram nas artes cênicas, tudo para apresentações de grande beleza estética, sem a menor dúvida, mas que se acham vazios dos conteúdos mais profundos trazidos pelo Espiritismo.
Aquilo que reprochamos em outras religiões está acontecendo nos territórios do Espiritismo. Lamentávamos as pessoas que tinham suas religiões para efeitos da vida social, e que nada recebiam delas para orientar suas vidas, para falar-lhes da morte, ressaltando o seu papel de Espíritos no mundo com grandes necessidades de amor e de instrução. Na hora mais apertada da existência essas pessoas estão perdidas e desesperadas, tendo vivido o tempo todo em redor dos altares, nos passos dos seus líderes ou enredados a mil e uma cerimônias. Temos visto o mesmo nos campos do nosso Movimento Espírita, considerando-se as aplaudidas exceções.
Muitos dos nossos jovens, portadores das dificuldades trazidas do remotos ou próximos passados, que reencarnaram no seio do Espiritismo para que encontrassem a tábua de salvação dos coerentes e luminosos ensinamentos, diante da omissão ou inadvertência dos que com eles lidam, veem-se com dificuldade para suplantar as pressões do sexo destravado, da drogadição, da violência ou da vida fútil, perdidos entre baladas e embalos, marcados por tatuagens e perfurados por piercings, sem nenhum cuidado consigo mesmos, como quaisquer jovens com os quais nos deparamos pelos caminhos.
O Espírito Emmanuel, por meio de Chico Xavier, escreveu no cap. 151 do seu livro Caminho, Verdade e Vida, que não podemos esquecer que a mocidade é a fase da existência terrestre que apresenta maior número de necessidades no capítulo da direção.
Por que não consegue mais dialogar com os jovens? O que se passa na mente dos pais, dos dirigentes, dos evangelizadores, relativamente aos seus espirituais compromissos? É urgente a necessidade de mais acurados estudos e reflexões de todos os espíritas, pais, dirigentes, evangelizadores e jovens, a fim de que alcancemos o entendimento dos porquês da nossa vida na Terra e não atiremos fora tão formosas oportunidades.
Elucida-nos, ainda, Emmanuel que o moço poderá e fará muito se o espírito envelhecido na experiência não o desamparar no trabalho. Nada de novo conseguirá erigir, caso não se valha dos esforços que lhe precederam as atividades. Em tudo, dependerá dos seus antecessores. 
O Consolador: Em sua opinião, como os dirigentes espíritas podem auxiliar o jovem na canalização do vigor juvenil para a construção do mundo de regeneração?  
Primeiro, será preciso fazer do centro espírita um lugar agradável, fraterno e envolvente para a criança e para o jovem, sem nenhuma necessidade de que se construam piscinas, quadras esportivas ou salões de funk para que se sintam atraídos. O ambiente se mostrará agradável quando haja nele o envolvimento fraternal, onde o jovem possa exprimir-se, perguntar, opinar e apresentar seus problemas sem receber olhares de superior hipocrisia. Depois, será importante que seja convidado a participar das atividades da instituição que estejam ao nível das suas possibilidades, o que implica que os lidadores mais velhos deverão conhecer os mais moços por estarem junto deles, acompanhando-os, observando-os e assistindo-os.
O jovem não se fixará em instituições onde não tenha nada o que fazer, onde só compareça para ouvir, sentadinho, leituras e falações de pessoas que supostamente saibam mais do que ele. De natureza muito dinâmica, é compreensível que, ressalvados os casos mais complicados, o jovem goste de cooperar, de participar ativamente, devendo ser para isso preparados. Convidá-los para acompanhar-nos em visitas a outras obras, a outras instituições, a entidades que prestam serviço ao semelhante necessitados quais creches, hospitais, asilos, tudo isso vai sensibilizando a alma do Espírito reencarnado nas suas primeiras idades.
É muito bom quando temos, num centro espírita,  um relacionamento saudável entre os trabalhadores mais velhos e os jovens, uma vez que os primeiros precisam contar com a força e a disposição dos mais moços, enquanto estes carecem do norteamento e da experiência dos mais velhos. Quando isso se dá, em bases de afeto e de respeito, temos excelente conquista de corações para a liberdade, para a vivência ética e para o trabalho com Jesus. 
O Consolador: Uma das maiores preocupações atuais são os rumos do movimento espírita, visto que, em face do seu crescimento quantitativo, tem havido desvios e distorções graves. Todavia, o que é muito interessante, cresce também o interesse pela genuína divulgação espírita. Vivemos um paradoxo ou esses são mesmo os caminhos do amadurecimento da mentalidade humana, inclusive dentro do movimento espírita?  
É historicamente comprovado que todo movimento que se torna massivo costuma perder em qualidade, isso aconteceu com o Budismo, com o Cristianismo e o Espiritismo não escaparia. Vejo, no entanto, em nosso Movimento Espírita um fenômeno que para mim é muito preocupante, trata-se do espírito de descomprometimento de muitos companheiros que tomam a frente das suas atividades. Caso esses líderes, coordenadores, dirigentes, presidentes, ou que outros nomes recebam, sentissem mais ardor pelo Espiritismo, se o conhecessem a ponto de compreenderem que somos nós que crescemos quando o elevamos, com certeza haveria esse crescimento que acompanhamos no Movimento, sem perder, contudo, a qualidade.
Seria preciso que os centros espíritos fossem dirigidos por pessoas ou por grupos de pessoas bastante lúcidos, conhecedores dos fundamentos do Espiritismo e com acendrado respeito pelo público que, ávido, chega as nossas instituições desejando aprender ou necessitando de algum tipo de ajuda, ou as duas coisas em conjunto. Seria importantíssimo se os dirigentes compreendessem a afirmação do Espírito Bezerra de Menezes, quando escreveu pelas mãos de Chico Xavier que o centro espírita é o educandário básico da mente popular, e que, a partir daí, levassem a sério a sua missão de educar a mente humana, de orientar ou reorientar o espírito humano para que ele alcance seus nobres destinos ao largo da reencarnação. Enquanto isso for apenas um sonho, um devaneio nosso, não poderemos impedir que o Movimento Espírita sofra essa invasão de descomprometidos, de incautos e mesmo de alguns aventureiros, que se adonam das casas espíritas e de suas atividades e que impedem  estando a serviço do caos, dos inimigos do Cristo, consciente ou inconscientemente  o salutar desenvolvimento da sua mensagem pelo mundo.
Mesmo percebendo essa perda de qualidade na medida em o nosso Movimento cresce em quantidade de pessoas, aqueles que primam pela genuína divulgação da mensagem espírita devem continuar nesse afã, nessa empreitada, uma vez que cada um de nós dará conta à consciência do que tenha feito com os talentos da Doutrina, baseados que estamos na orientação que Jesus transmitiu aos Discípulos (Lc. 16,2) ao dizer que o administrador de um homem rico foi denunciado por defraudar-lhe os bens, e que foi chamado diante do dono dos bens e indagado: Que isto que ouço contar a teu respeito? Dá conta da tua administração... Repito, então, que cada qual terá que prestar conta da administração que fez desse tesouro, desse bem formoso que é a Doutrina Espírita. 
O Consolador: Como você vê o Movimento Espírita Brasileiro? Ele avança como deveria ou está aquém das expectativas? E mais: considerando os problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem o movimento espírita, aqui e no exterior?  
O nosso Movimento Espírita brasileiro tem crescido na proporção das capacidades das suas lideranças. Quanto mais lúcidas, conhecedoras, dinâmicas e antenadas com o futuro, melhor se apresenta, aqui e ali, o nosso Movimento brasileiro.
Diante dos graves problemas experimentados pela sociedade de todo o mundo, na atualidade, a prioridade maior de todos os espíritas, particularmente dos dirigentes do Movimento Espírita de todos os lugares, deveria ser o compromisso de adquirir o indispensável conhecimento dos seus princípios e ter a coragem de pautar-se por eles no dia-a-dia das pelejas humanas. 
----------------------------------------------------------------------------------
Entrevista colhida na Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: 
http://www.oconsolador.com.br/ano2/91/entrevista.html

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Entrevista: José Raul Teixeira - 1ª parte

Entrevista Espanhol Inglês
Ano 2 - N° 90 - 18 de Janeiro de 2009 
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA 
mbo_imortal@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)

 
José Raul Teixeira:
“Se bem compreendida e
orientada, toda e qualquer criança que chega à Terra mudará a
vida do planeta” 
 
 
O entrevistado da semana, nosso estimado confrade José Raul Teixeira(foto), um dos incentivadores da criação desta revista, não necessita de apresentação alguma, visto que tem sido, ao lado de Divaldo Franco, um dos principais divulgadores da Doutrina Espírita no Brasil e no exterior.

Para entrevistá-lo, a direção da revista contactou seus colaboradores mais diretos e o resultado aqui está, expresso em 26 questões formuladas pelos confrades José Passini, Ricardo Baesso de Oliveira, Arthur Bernardes de Oliveira, Jorge Hessen, Astolfo O. de Oliveira Filho, Célia Xavier Camargo – todos membros do Conselho Editorial –  e Orson Peter Carrara, Fernanda Borges, Wellington Balbo, Antonio Augusto Nascimento  e  Katia  Fabiana  Fernandes,
editores responsáveis pelas entrevistas publicadas pela revista.
As questões que compõem a entrevista foram divididas em três blocos: problemas e questões da atualidade, temas de natureza doutrinária e assuntos pertinentes ao movimento espírita. Dada a sua extensão, ela será publicada em duas partes, nesta e na próxima edição de O Consolador.
Eis, na íntegra, a primeira parte: 
Problemas e questões da atualidade 
O Consolador: Como você vê a oficialização do casamento entre homossexuais e a adoção de filhos por parte deles?  
Consideramos que qualquer oficialização que se estabelece no mundo corresponde à formalização de situações que já existem, ou que precisam ser normatizadas para evitar distorções nos julgamentos de diversificadas situações, em respeito ao conceito formal de justiça. Assim, se se fala de oficialização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo é que essas pessoas já estão se unindo sem qualquer formalização, deparando-se, a partir disso, com problemas cujas soluções exigem um pronunciamento da lei que regulamenta a vida de um povo ou de uma sociedade.

Independentemente do nome que se deseje dar a essas uniões, a realidade é que tais uniões existem. Seus parceiros podem conviver pouco ou muito tempo juntos; podem fazer aquisições de variada índole em nome da dupla ou durante o período em que estão juntos os indivíduos. Como ficará, perante a sociedade organizada, a situação de um e de outro parceiro? Em caso de falecimento de um deles, há ou não há direitos a pensões e outros benefícios, após uma vida passada em comum? Todos os quadros com os quais nos defrontamos e que tomam corpo na sociedade precisam ser estudados e disciplinados pela legislação.
Não há como fazer vistas grossas e fazer de conta que tal coisa não existe. Logo, não há como fugirmos dessa oficialização em nome de qualquer tradição ou preconceito, uma vez que os fatos aí estão afrontando os tempos e exigindo um posicionamento oficial das autoridades, pois não há lei que possa impedir de fato que duas pessoas do mesmo sexo tenham vida em comum, que se entendam, que se cuidem ou que se amem.
No que respeita à adoção de filhos, estamos diante de uma questão de bom senso. O que será melhor para uma criança: viver nas ruas, ao abandono, sujeito a todos os perigos que inundam as ruas  ou em instituições que, por mais respeitáveis que sejam, não conseguem se converter num lar para nenhuma criança abandonada  ou ser amparada pela generosidade e pelo carinho de duas pessoas do mesmo sexo e que vivem juntas? O Espírito Camilo sempre me ensinou que o amor, em si mesmo, não tem sexo e que é muito valorosa a atitude de quem quer que seja que se decida a adotar uma criança. Somente a hipocrisia ou a indiferença para com a criança órfã ou abandonada pode criar impedimentos para tal adoção.
O Consolador: Há muitos debates sobre células-tronco embrionárias. Considerando como são formados os embriões resultantes da fertilização in vitro, é-nos difícil entender que a todos eles estejam ligados Espíritos, visto que, para um mesmo casal, produzem-se diversos embriões, dos quais alguns são implantados e outros mantidos em baixíssima temperatura. Se tudo correr bem na gestação, é comum que os embriões congelados sejam esquecidos e, por conseguinte, jamais utilizados. Em alguns países, como a Inglaterra, a lei estipula um prazo, findo o qual eles são eliminados. Ainda que não se tratando de uma posição do Espiritismo, e sim um argumento pessoal, como você vê essa questão?  
Sendo uma pessoa vinculada às ciências, vejo como muito delicada essa questão, tendo em vista muitos posicionamentos extremadamente apaixonados e que nos remetem aos tempos distantes das posições ultramontanas em relação ao progresso científico.
É comum que os religiosos, em geral, evoquem para si o direito de atuar nas suas crenças como bem o desejem  ainda que toda a sociedade se depare, incontável número de vezes, com posicionamentos argumentativos e práticas ardilosos, anti-sociais e mesmo criminosos contra o povo , sem admitirem qualquer intromissão de cientistas, nenhuma opinião que se oponha aos seus intentos ou que não façam parte dos seus quadros, quase sempre distanciados dos verdadeiros fins dos ensinamentos imortais deixados por Jesus Cristo e por outros Missionários espirituais da humanidade. Contudo, quase sempre os mesmos religiosos arrogam-se o direito de não somente opinar mas de determinar sobre as reflexões e práticas da Ciência, como se fossem detentores da absoluta verdade.
Afora os posicionamentos políticos, laboratoriais, comerciais e demais interesses particulares que se atiram nos caminhos dos cientistas-pesquisadores  que costumam estar presentes nessas discussões, fazendo lobbies em favor de empresas ou de grupos, com os quais se deve ter muita cautela pelo cinismo e pelas pressões com que atuam , sou de parecer que aos religiosos caberia ressaltar e propagar a realidade espiritual do ser humano, trabalhar na educação moral dos indivíduos, o que lhes possibilitaria tomar as melhores decisões diante do mundo e diante da Espiritualidade, deixando àqueles que assumiram responsabilidades perante a Ciência o labor que lhes cabe, oferecendo, quando solicitados, os seus mais lúcidos pareceres que deverão ser tão lúcidos quão desapaixonados. O que não me parece coerente é que os religiosos desejem governar todos os ângulos de visão da sociedade, como se tivessem o privilégio da verdade sobre os demais pensadores.
Indiscutivelmente, encontraremos abusos que à justiça caberá questionar e corrigir, evocando os preceitos éticos imponentes. O que creio não ser razoável é partirmos do princípio de que, por adotar posições muitas vezes materialistas ou ateístas (em relação aos preceitos e dogmas das religiões institucionais), devam os cientistas ser considerados como não sérios ou como irresponsáveis. Entendo que deveremos respeitar esse grande pugilo de pesquisadores que têm oferecido suas vidas em prol de uma sociedade melhor, permitindo que realizem seus empreendimentos, seus trabalhos, suas pesquisas.
Tenho ouvido do Espírito Camilo que muitos desencarnados, retidos em situações de complexos conflitos e sofrimentos no além, são visitados e indagados quanto ao interesse que tenham de servir de instrumentos ao progresso da Ciência no mundo, apresentando-se para animarem embriões que se prestarão às pesquisas. Findadas as experiências, essas entidades que reencarnariam em delicadas situações de enfermidades físicas, mentais ou sócio-econômicas, ou todas conjugadas, logram obter melhorias significativas nos processos em que estão incursas. São muitas as que aceitam e que são levadas a tais lidas nas esferas do trabalho científico.
É real que nem todos os embriões, tendo-se em vista as fases iniciais em que são tomados, estão ligados a inteligências espirituais, mas outros tantos estão, sim, animados por essas entidades referidas, ou seja, as que se apresentam para servir de “cobaias” nas atividades de pesquisas científicas.
Há, por outro lado, uma questão que se quer calar. Por que há defesas tão extremadas dos possíveis embriões com ligações espirituais, enquanto que não há a mesma paixão pelas crianças já reencarnadas, malnascidas, abandonadas nas ruas ou nos orfanatos? O que deve passar pela mente geral relativamente a tais crianças e os citados embriões? Por que não costumamos ver ninguém solicitar aos laboratórios detentores dos embriões algum deles como filho? Diante das quantidades que são atiradas fora, após os períodos exigidos por lei, é de estranhar que ninguém reclame uns dois ou três para serem cuidados, implantados na condição de filhos, de modo a salvá-los da destruição... 
O Consolador: A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da doutrina espírita. Surgiu, no entanto, ultimamente, a idéia da ortotanásia, defendida até mesmo por alguns médicos espíritas. Qual a sua opinião a respeito?  
O mais importante na esfera da ortotanásia será sempre o uso do bom-senso, pois uma coisa é deixar o indivíduo morrer naturalmente, quando se veja que sua vitalidade vai baixando de nível como uma chama que se apaga. Outra situação, porém, será ver alguém sofrendo e cruelmente não lhe aplicar qualquer sedativo ou medicamento, deixando que morra em meio ao desespero ou à dor intensa. Nem a eutanásia nem a ortotanásia, quando fuja ao bom-senso e se aproxime da crueldade. Que os conhecimentos médicos vigentes possam ajudar os que se acham à beira da desencarnação, facilitando-lhe um tranqüilo retorno ao Invisível sem comprometimento negativo de médicos, enfermagem ou familiares.
O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o país e no mundo, e como os espíritas podemos cooperar para que essa situação seja revertida?
Nada obstante as informações dos Imortais de que estão renascendo no planeta muitos Espíritos ainda inferiorizados, no que se relaciona às suas condições morais, não deveremos perder de vista a proeminência da educação como bem frisou Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos. Faz-se necessária uma educação moral capaz de bem formar os caracteres dos indivíduos.
Como espíritas, torna-se fundamental a observância dos cuidados com a auto-educação (a partir dos esforços pelo autoconhecimento), a fim de que nos capacitemos para orientar e educar os próprios filhos que são vítimas, muitas vezes, da incúria ou do desmazelo dos seus pais que estão mais preocupados com o sucesso social dos filhos do que com a sua felicidade.
A educação, contudo, é um processo que terá êxito em longo prazo, visto que corresponde a uma modificação gradual de mentalidade e à adoção e fixação de novos valores por parte das criaturas. Há, no entanto, providências que podem ser tomadas por quem de direito, no sentido de diminuir a gravidade dos quadros de violência vigentes atualmente no mundo, e isso tem a ver com a legitimidade, maturidade e respeitabilidade moral das autoridades constituídas e que estão à frente das sociedades, assim como tem relação com a necessidade de imputar-se responsabilidades aos cidadãos e fazer com que aqueles que cometem desatinos sejam levados aos trabalhos de quitação perante suas vítimas, sejam indivíduos ou grandes grupos sociais. Enquanto persistir, em nome de escusos interesses e criminosos desinteresses, o clima de impunidade, como se nada estivesse acontecendo, pela falta de coragem de pôr-se o guizo no pescoço do gato, é certo que a situação tanto do Brasil quanto do restante do mundo não sofrerá significativas alterações. 
O Consolador: A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e de expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma eqüidade perfeita regulará as relações sociais?  
Muito embora possamos desenvolver alguma ansiedade em torno desse futuro anunciado pelos Imortais, o certo é que não temos nenhuma possibilidade de datar essas ocorrências, uma vez que estarão sempre pendentes dos movimentos dos progressos humanos.
As bases geológicas do planeta estão dando seus passos na direção do amadurecimento ciclópico do mundo. Contudo, o aspecto moral, grande definidor de tudo, depende das disposições morais da humanidade.
Não nos cabe nenhuma tormenta com relação a esses tempos. Cada um de nós deverá assumir a parte que lhe corresponde nesse esforço individual e coletivo para a construção desse mundo melhor que anelamos. Então, trabalhemos com dedicação e verdade, cuidando de realizar o que nos compete, e deixemos tudo o mais nas mãos de Deus, pois só Ele sabe a respeito dos tempos, como o afirmou nosso Mestre Jesus. 
O Consolador: Em dados citados no livro O Clamor da Vida, da Dra. Marlene Nobre, afirma-se que são feitos cerca de 60 milhões de abortamentos por ano no mundo. A vida, como se vê, não é valorizada como devia. Qual é sua avaliação sobre o assunto e como os espíritas poderíamos contribuir para diminuir esses números assustadores?
Acredito que esse quadro gritante se deve à cultura materialista que vemos ganhar corpo a cada dia em nossas sociedades. Mesmo famílias de rotulagem cristã e, em particular, cristã-espírita, entram nessa excitação materialista. Tudo o que tem sentido e valor são o salário que se ganha, as coisas que se consomem, os títulos que se conseguem ou as posições sócio-político-econômicas que se desfrutam no mundo. Se nessas coisas estão os maiores valores do indivíduo, claro fica que tudo o mais estará em segundo ou em terceiro plano, inclusive o filho que se leva no ventre.
A visão materialista do mundo tem levado muitas inteligências a menoscabar a excelência da vida terrestre, impulsionando muita gente para o consumo desassisado de drogas variadas, de buscas de “adrenalinas” suicidas, de homicídios sem nenhum propósito e do suicídio propriamente dito.
O dever dos espíritas não é tomar para si a renovação do mundo, dando péssimo exemplo de insustentável messianismo, uma vez que a mensagem de Jesus Cristo foi dirigida a todos que dela puderam tomar conhecimento. Vivendo como pessoas de bem e fazendo esforços para dominar as más inclinações, conforme a definição kardequiana de verdadeiro espírita, indubitavelmente estaremos dando uma importante quota das nossas vivências para contribuir na diminuição desse horrendo espetáculo de desapreço pela vida. 
O Consolador: O fanatismo religioso atinge quase todas as religiões e, infelizmente, parece que não é diferente no meio espírita. Qual é a sua mensagem àqueles que incorrem nesse erro?  
O fanatismo de qualquer natureza está comumente vinculado à ignorância. Quanto menos as pessoas se interessam pelo estudo do Espiritismo, tanto mais facilidade encontrarão para fanatizar-se, uma vez que o fanatismo costuma ser conseqüência da crença irracional de quem não sabe, mas que bate no peito admitindo saber.
Um pouco mais de dedicação à leitura atenciosa, às reflexões e aos esforços por vivenciar os elementos conhecidos, ao propiciar maior utilização da razão crítica, menos possibilitará alguém de tornar-se fanático no Movimento Espírita. 
O Consolador: Como deve agir o espírita diante das solicitações de esmola, nas ruas, particularmente por parte de crianças?  
Sempre cri que bom-senso e água fluidificada não fazem mal a ninguém. Cabe sempre uma visão mais global sobre o momento do pedido. Muitas vezes pode-se levar a criança a comer ou beber algo, pois a criança não precisa de dinheiro. Quando ela pede dinheiro está atendendo à determinação de algum adulto que a explora, seja pela necessidade desatendida,  seja pelo vício.
Importantíssimo é que a sociedade da qual fazemos parte conseguisse se mobilizar e cobrar das autoridades político-administrativas as providências para os casos que testemunhamos na cidade, diariamente. Assim, seria sempre mais significativa a contribuição para com as instituições sociais que se incumbem de cuidar dessas crianças que vivem quase sempre em situação de grandes riscos. 
O Consolador: O desmatamento da floresta amazônica caminha a largos passos, e dentre as causas que o acentuam está a pecuária. Aliás, o Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo. Como deve o espírita posicionar-se ante a alimentação baseada em carne bovina, haja vista que, entre outras coisas, ela também contribui para esse desmatamento?  
O espírita agirá como um cidadão comum, tratando de cumprir os seus deveres sociais e políticos com seriedade, levando em conta que o problema do desmatamento amazônico não tem por vilões os rebanhos de gado, mas o egoísmo e o cinismo de vastas lideranças políticas do nosso país, que fazem vistas grossas para a situação, uma vez que seus interesses pessoais podem estar em jogo nesse lance.
Observemos que tanto se desmata para criar rebanhos de gado quanto para plantar soja e outros produtos. A ser levado tudo ao pé da letra do que dizem as diversas mídias – quase nunca apresentam a real situação ou o que está por detrás dela – teríamos que deixar de usar tanto carnes como vegetais.
Enquanto os governantes fizerem de conta que não estão sabendo que os habitantes da floresta, sempre os mais espertos, é claro, mancomunados com políticos inescrupulosos e gente envolvida nos respectivos órgãos públicos, é que extraem a madeira nobre da Amazônia, que permitem a extração ilegal de minérios do subsolo regional de suas nações indígenas, e que permitem muito da biopirataria existente em nosso país, a tendência será ficar tudo como está... tendendo a piorar.
Enquanto nossos governos fizerem vistas grossas para essa quantidade enorme de ONGs plantadas na Amazônia, aculturando a seu modo nossos nativos, doutrinando-os a seu bel-prazer (de olho em suas/nossas riquezas diversas), mas que não têm nenhum interesse por “prestar serviços” no Marajó, por exemplo, onde existe muitíssima necessidade e abandono governamental, nenhum interesse em se instalar no sertão nordestino, onde a seca, a fome e a esperteza de alguns “coronéis” imperam, essas dificuldades não serão sanadas. Acusar pontualmente o gado ou a soja nos faria atacar o lado frágil da questão, deixando de lado o fulcro mais grave do problema. 
Temas de natureza doutrinária 
O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você, o Espiritismo é uma religião?  
Sim. Indubitavelmente, para mim o é. 
O Consolador: Você acha válida a proposta de Kardec pertinente à atualização periódica dos ensinamentos espíritas, em face do avanço da ciência? Em caso afirmativo, como devemos implementar essa medida?  
Acho estranho que Kardec haja feito essa proposta de atualização periódica dos ensinamentos espíritas  uma vez que os referidos ensinamentos não são da cogitação científica, já que a Ciência formal vem se mantendo sob a égide do materialismo por meio da grande massa dos seus representantes encarnados , por ter ele mesmo escrito na Introdução de O Livro dos Espíritos, parte VII: Vede, portanto, que o Espiritismo não é da alçada da Ciência.
Na medida em que avança a Ciência, maiores confirmações temos encontrado para as teses que fundamentam o Espiritismo. Até hoje, nenhuma das descobertas científicas conseguiu abalar os alicerces da formosa Doutrina que, ao contrário, mais se fortifica diante dos espíritas estudiosos e da mentalidade geral dos que a acompanham à distância. No bojo desses avanços contemporâneos da Ciência, temos encontrado muitas mudanças de entendimentos científicos, muitas trocas de nomenclaturas, incontáveis descobertas que enriquecem o terreno das investigações. Porém, nenhum desses valores que nos hão chegado em razão das humanas pesquisas tem arranhado o pensamento fulgurante e vanguardista do Espiritismo.
Qualquer informação mediúnica assinada, ínsita na Codificação, não é maior que o corpo doutrinário do Espiritismo, que se fundamenta na existência de Deus, na existência e imortalidade da alma, na pluralidade das existências (reencarnação), na pluralidade dos mundos habitados e na comunicabilidade dos Espíritos (mediunidade). Nenhuma ciência conseguiu ferir esses princípios.
Há muitos confrades afoitos, mal informados, ou sem muita intimidade com o pensamento científico  refiro-me ao pensamento científico acadêmico e não de livros jornalísticos de informações científicas , que estão sempre “ouvindo dizer” isso ou aquilo e que se mostram muito apressados em efetuar mudanças no corpo da Doutrina Espírita, pautados em suas crenças de que a Ciência já tenha superado o Espiritismo... É uma pena! Isso demonstra que podem ter alguma leitura das obras kardequianas mas não o entendimento aprofundado que se espera de quem pretende fazer modificações no trabalho alheio.
Há pessoas que propõem e até publicam propostas de se alterar, por exemplo, o termo fluido, usado por Kardec em suas obras, pelo termo energia, utilizado cientificamente. Sem dúvida seria uma aberração tal modificação, caso fosse implementada. Por suas características e definições, fluido e energia nas ciências têm significados teóricos muito diferenciados. Um se define, a outra não. Por outro lado, o que Kardec chama de fluido, no Espiritismo, não é o mesmo fluido da físico-química, e assim por diante.
O melhor em tudo isso será o nosso maior estudo e aprofundamento das questões e teses espíritas, a fim de que, compreendendo melhor o ensino dos Imortais, a ele nos ajustemos, procurando modificar-nos para assumir a posição de sal da Terra da qual nos incumbiu Jesus. 
O Consolador: O tema anjos de guarda vez por outra é focalizado na mídia. Em que momento e de que maneira eles agem em favor dos seus protegidos? Como é a relação deles conosco?  
Muitas vezes, vemos esse tema dos Anjos de Guarda ser tratado nas diversas mídias empobrecido por místicas deformantes ou por fantasias de tal modo ingênuas que conseguem diminuir o sentido divino dessas presenças junto às criaturas encarnadas.
Pelo que nos ensinam os Imortais, em O Livro dos Espíritos, esses Anjos atuam sobre nossas vidas desde o nascimento até à morte e muitas vezes nos acompanham na vida espiritual, depois da morte, e mesmo através de muitas existências corpóreas. Entendemos que, para estarem ligados aos seus tutelados desde o berço, é que, antes dele, na erraticidade, já auxiliavam os seus protegidos na ponderação e preparo das existências que deveriam vivenciar no planeta.
A relação desses Anjos conosco é a de um pai com relação aos filhos; a de guiar-nos pela senda do bem, auxiliar-nos com seus conselhos, consolar-nos nas nossas aflições, levantar-nos o ânimo nas provas da vida. 
O Consolador: Em alguns meios divulga-se a tese de que as crianças índigo representam uma nova geração, a que Kardec se teria referido em A Gênese. Em sua opinião, o tema crianças índigo enquadra-se na seriedade e racionalidade com que devem ser tratados os conceitos espíritas?  
É muito conhecido o impulso que temos nós, os humanos, pelas novidades que vão surgindo ao nosso redor, e tudo o de que gostamos, julgamos importante ou especial, desejamos de modo velado ou declarado trazer para o universo do Espiritismo. Foi o que ocorreu com a tese dos psicólogos americanos Dr. Lee Carrol e Dra. Jan Tober.
Muito embora os referidos autores americanos tenham feito questão de afirmar que seu trabalho era um relatório inicial e não a palavra final sobre certo tipo de crianças que vinham nascendo, o fato é que isso já chegou em nosso meio popular, e não foi diferente no meio espírita, como algo pronto, acabado e “espírita”. Lastimável!
Vale a pena verificar como é que os supracitados psicólogos americanos definem uma criança índigo (Dra. Jan Tober informa ter chamado assim a esse tipo de crianças, por ser a cor índigo a que via ao redor delas): é aquela que apresenta um conjunto de características psicológicas incomuns e um padrão de comportamento ainda não classificado pela ciência. Esse tipo de comportamento faz com que todos os que interagem com ela (principalmente seus pais) tenham de se adaptar a circunstâncias diferentes e a um tipo específico de criação. Até aqui, não vemos nada que seja diferente do que observamos em nossas crianças, aquelas com as quais temos tido contato diariamente, dando-nos conta de que são, de fato, crianças diferentes, não importando os nomes com que as rebatizemos. Contudo, todas elas estão no mundo sob cuidados pater-maternais para evoluírem para Deus. Todos sabemos que não é fácil entender, nortear, corrigir, educar, enfim, esses pequenos, tendo em vista as bagagens que trouxeram de outras vivências reencarnatórias.
O psicólogo argentino Egidio Vecchio, que se radicou em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, também dedicou-se aos estudos dessas crianças índigo, somando seus esforços aos de notáveis estudiosos como Ingrid Cañete e Teresa Guerra. Afirma ele num dos seus livros que na década de 1970 vieram ao mundo seres humanos muito especiais, portadores de uma mudança potencial em seu DNA. Descobriu-se que têm uma missão a cumprir e um grande potencial a desenvolver. Como nós, também dotados do livre-arbítrio, portanto podem não aceitar esse encargo. Não são predestinados. Nenhuma diferença vemos nos dizeres de Vecchio daquilo que temos aprendido, há mais de 150 anos, nos ensinamentos espíritas.
Todos nós chegamos ao mundo com uma missão a cumprir, seja de grande ou de pequeno porte, seja em nível do grupo familiar ou em termos sociais e mesmo missões mundiais. Reencarnamos, exatamente, para fazer brilhar a nossa luz, conforme orientou Jesus Cristo, ou seja, para desenvolver nossos potenciais espirituais, ou intelecto-morais, se assim o quisermos.
Notemos como continua Vecchio a falar sobre os índigos: Essas crianças, fruto dessa evolução genética que está acontecendo, necessitam de apoio para adaptarem-se e desenvolverem-se entre nós. Para elas é necessária uma pedagogia adequada ao seu grau de evolução, porque são portadoras de ferramentas psicológicas e espirituais muito além daquelas que a psicologia tradicional conhece. Se bem compreendidas e orientadas, as crianças índigo mudarão a vida do planeta de forma assombrosa e nunca imaginada até hoje.
Não há nenhuma novidade nisso, para quem lida com ensino-aprendizagem, para quem lida com crianças e escolaridade. É gritante o atraso em que se encontra a instituição escolar, mundo afora. Chegamos a constatar que das instituições do mundo a que mais resiste a mudanças é exatamente a escolar. Parece um afrontoso paradoxo. As nossas crianças que são tão mal cuidadas pela escola contemporânea com suas características velhas, com suas metodologias, suas provas, suas notas, etc., antiquadas, que conseguem matar o poder criador dos alunos pelas atitudes ingênuas, laissez-faire, excessivamente diretivas ou ditatoriais de profissionais malformados, caso tivessem esses recursos aos quais se refere Egidio Vecchio, com certeza não teríamos os altos índices de êxodo escolar, as altas taxas de reprovações; não veríamos o horror com que grande número de crianças se vê obrigado a ir à escola, a alegria com folgas, feriados ou com a ausência dos professores.
Num mundo de computadores e internets, de blogs e orkuts, desejar manter as crianças presas a um espaço físico por meio de “cuspe e giz”, convenhamos que não precisarão ser tão índigos para viverem “indignadas” (o trocadilho é proposital) com o sistema.
No século XIX, Kardec já falava da transição por que passava o mundo. Logo, não é um fenômeno novo. Possivelmente, somente agora os psicólogos americanos se deram conta de que deveriam estudar tal coisa. Mas, com certeza, não foi a partir de 1970 que essas coisas começaram a acontecer no planeta. Leiamos o que nos diz o livro A Gênese, publicado em 1868: A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares. Têm idéias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições “intuitivas” e “inatas”, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
Observemos como continua Kardec: Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento “inato” do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento “anterior”. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.
Aprendemos, assim, desde a época de Allan Kardec, que, se bem compreendida e orientada, toda e qualquer criança que chega à Terra mudará a vida do planeta, de maneira bastante significativa, jamais imaginada atualmente. Quando o lar e a escola se tornarem locais de satisfação, de aprendizado e de segurança para as nossas crianças de agora e para as que virão, conseguiremos auxiliar a todos os Espíritos que, chegados ao mundo para desempenhar seus papéis missionários, de homens e mulheres de bem, possam realizar com êxito aquilo que vieram fazer sobre o solo do mundo.
O que lamento é que, com tantos ensinamentos do Espiritismo, desde O Livro dos Espíritos até A Gênese, a respeito do conduzimento educacional das nossas crianças, sem que nunca tenha isso provocado qualquer furor educacional, nenhuma emoção ou frisson social, bastou que chegasse ao nosso país a tradução do livro de Carrol e Tober para que o Movimento Espírita, em consideráveis expressões e localidades, se sentisse abalado em suas crenças e práticas, sem dar-se conta de que o que vinha acontecendo, e ainda ocorre, é uma agigantada defasagem entre a nossa confissão labial de fé espírita e a nossa integração ao espírito do Espiritismo. 
O Consolador: Há controvérsias com relação às medidas que podem ser tomadas no sentido de protelar ou de acelerar o processo desencarnatório. Têm os encarnados meios de prolongar a vida física, a ponto de interferir no procedimento dos Espíritos?  
Aprendemos com os nobres Benfeitores Espirituais que, como as nossas existências planetárias estão sob os cuidados de entidades sublimadas, que respondem junto a nós em nome de Jesus Cristo, a protelação (a moratória) ou a aceleração (a antecipação) do processo de nossa desencarnação estão, do mesmo modo, sob essas divinas responsabilidades.
Temos sabido de incontáveis circunstâncias que podem levar os Guias Espirituais a interceder a favor da permanência física de alguém no mundo, assim como de outras que os fazem atuar em prol da antecipação do período da reencarnação, desde que haja interesses superiores em jogo, significando uma contribuição para o progresso de quem deverá permanecer ou de quem deverá partir.
Indivíduos que, na época prevista para seu desenlace, estejam realizando processos espirituais renovadores junto a familiares de relacionamentos complexos; que estejam conseguindo se libertar de difíceis conflitos ou dependências tormentosas, o que lhes permitirá grandes arrancadas espirituais, ou que se encontrem executando atividades em benefício de alguma obra de formosa expressão, o que lhes propiciará feliz contributo ascensional, esses costumam receber o beneplácito de abençoadas moratórias.
Muitos que estejam se enredando em situações comprometedoras, planeta afora, fascinados com as liberdades que ninguém consegue frear; muitos que chegaram à Terra com bagagem espiritual respeitável, mas que se estão deixando levar por certos níveis de orgulho e vaidade comprometedores de seu valor espiritual; os que vieram para operacionalizar determinadas missões, para o que foram investidos anos e anos de preparativos no Mundo Invisível, e que estão atirando fora as oportunidades, costumam ser “chamados de volta” ao Grande Lar, a fim de que reavaliem suas condutas terrenas, para que não comprometam seus valores conquistados e para que refaçam os planejamentos quanto ao futuro, de tal modo que, então, não se perturbem nos mesmos caminhos e situações que os puseram em perigo.
Tanto as moratórias quanto as antecipações não costumam ser do conhecimento direto do beneficiado. As leis do nosso Criador funcionam silenciosamente e atendem os Seus filhos, em suas variadíssimas necessidades, sem qualquer alarde. Assim, é improvável que os encarnados, de maneira consciente, consigam esses resultados, tornando-se capazes de interferir na programação do Benfeitores da Vida Maior, desenvolvida sobre nós  sob o comando de Jesus. 
O Consolador: Considerando que a vivência diária da moral cristã é um dos grandes desafios dos espíritas, como superar o orgulho e o egoísmo que porventura residam em nós, evitando assim o personalismo?  
Aqui, devemos recordar-nos daquilo que indagou Kardec aos Imortais, desejoso de conhecer um modo prático e eficaz para melhorar-nos nesta vida e de resistirmos à atração do mal. Vejamos que o Codificador pediu aos Espíritos algo que fosse factível, ou seja, prático, ao mesmo tempo que desse resultado, quer dizer, eficaz. Obteve por resposta a instrução de um sábio da Antigüidade: Conhece-te a ti mesmo.
Será muito difícil trabalhar por desfazer orgulho e egoísmo, enquanto não tivermos clara consciência de sua existência devastadora em nosso íntimo. Somente a partir dessa constatação que façamos é que, então, buscaremos caminhos, planos, no sentido de atacar o que nos seja incômodo. 
Na próxima edição a entrevista focalizará assuntos pertinentes ao movimento espírita no Brasil e no exterior.
-------------------------------------------------------------------------
Entrevista extraída da Revista Eletrônica "O Consolador",  que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano2/90/entrevista.html

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Nova Literatura Mediúnica

Crônicas e Artigos
Ano 9 - N° 433 - 27 de Setembro de 2015



JOSÉ PASSINI
jose.passini@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)





A Nova Literatura Mediúnica


“E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” Paulo (I Cor,14:29)

As palavras de Paulo – inegavelmente a maior autoridade em assuntos mediúnicos dos tempos apostólicos – deveriam servir de
 alerta àqueles que têm a responsabilidade da publicação de obras de origem mediúnica.

A literatura mediúnica tem aumentado de maneira assustadora. Diariamente aparecem novos médiuns, novos livros, alguns bem redigidos, se observados quanto ao aspecto gramatical, mas de conteúdo duvidoso, se analisadas as revelações fantasiosas que iludem muitos novatos, ainda sem conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame criterioso daquilo que leem.

Muitos desses livros se originam de Espíritos ardilosos que, de maneira sutil, se lançam no meio espírita como arautos de novas revelações capazes de encantarem leitores menos preparados, aqueles sem um lastro de conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame lúcido, capaz de os levar a conclusões esclarecedoras.

Muitas pessoas que conheceram recentemente a Doutrina, antes de estudarem Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne e outros autores conceituados; antes de lerem as obras de médiuns como Francisco Cândido Xavier, Yvonne A. Pereira, Divaldo Franco, José Raul Teixeira, estão se deparando com obras fantasiosas, escritas em linguagem vulgar, contendo o que pretendem seus autores – encarnados e desencarnados – sejam novas revelações.

Bezerra de Menezes, Emmanuel, André Luiz, Meimei, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis e tantos outros Espíritos se tornaram conhecidos e respeitados pelo conteúdo sério, objetivo, seguro, esclarecedor de suas obras, sempre redigidas em linguagem nobre.

Esses Espíritos conquistaram, pouco a pouco, o respeito, a credibilidade e a admiração do público espírita pelo conteúdo de seus escritos, na forma de mensagens ou de livros, publicados espaçadamente, como que dando tempo a um estudo sereno e criterioso do seu conteúdo.

Nos dias que correm, infelizmente, o quadro se modificou. Muitos médiuns, valendo-se de nomes já conhecidos pelo valor de suas obras, tentam impor-se aos leitores espíritas, não pelo valor das mensagens em si, mas escorados em nomes respeitáveis.

Sabendo-se que nomes pouco importam aos Espíritos esclarecidos, é de se perguntar por que os benfeitores que se notabilizaram através de Francisco Cândido Xavier haveriam de continuar usando seus nomes em mensagens transmitidas através de outros médiuns? Se o importante é servir à causa do Bem, por que essa continuidade na identificação, tão pessoal, tão terrena? Não seria mais consentâneo com a impessoalidade do trabalho dos Servidores do Bem deixar que o valor intrínseco da mensagem se revele, sem estar escorado num nome conhecido? Por que não deixar que a mensagem se imponha pelo valor de seu conteúdo? Por que escudar-se em nomes respeitáveis, quando o texto não resiste a uma comparação, até mesmo superficial, de conteúdo e, às vezes, até mesmo de forma?Por que essa ânsia insofreável de publicar tudo o que se recebe – ou que se imagina ter recebido – dos Espíritos? Onde o critério, a sobriedade tantas vezes recomendada na obra de Kardec? Será que o público espírita já leu, estudou, analisou, entendeu toda a produção mediúnica produzida até agora?Ao dizer isso não se está afirmando que a fase de produção mediúnica está encerrada.

Sabe-se que a Doutrina é dinâmica, que a revelação é progressiva. Progressiva, e não regressiva, pois há obras que estão muito abaixo daquilo que se publicou até hoje, para não dizer que há aquelas que nunca deveriam estar sendo publicadas.

Infelizmente, os periódicos espíritas, de modo geral, não publicam análises dessas obras que estão sendo comercializadas, ostentando indevidamente o nome da Doutrina.

Impera, no meio espírita, um sentimento de falsa caridade, um pieguismo mesmo, que impede se analise uma obra diante do público. Essas atitudes é que encorajam médiuns ávidos de notoriedade à publicação dessa verdadeira avalanche de obras que vão desde aquelas discutíveis a outras verdadeiramente reprováveis.

Nesse particular, é justo se chame a atenção dos dirigentes de núcleos espíritas, sejam centros, sejam livrarias, a fim de que avaliem a responsabilidade que lhes cabe quanto ao que é dado a público em nome do Espiritismo.

O dirigente – ou o grupo responsável pela direção de uma casa espírita – responderá perante o Alto, sem a menor dúvida, pela fidelidade aos princípios doutrinários de tudo o que se divulga em nome do Espiritismo, seja na exposição oral, num livro, ou simplesmente num folheto. O mesmo se diga relativamente àqueles responsáveis pelas associações intituladas “clube do livro”. 
 
---------------------------------------------------------------------------------
Extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano9/433/ca5.html