quinta-feira, 18 de abril de 2019

Mulher...!

Mulher...! 

Colhemos e registramos abaixo algumas questões de O Livro dos Espíritos, publicado por Allan Kardec em 18.04.1857, tradução de Dr. Guillon Ribeiro, editado pela Federação Espírita Brasileira (FEB), relativamente à mulher, com base nesses ensinamentos organizamos argumento à guisa de reflexão, que compartilhamos: 

200. Têm sexos os Espíritos? 
“Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.” 

201. Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa? 
“Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres.”

817. São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos? 
“Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?” 

818. Donde provém a inferioridade moral da mulher em certos países? 
“Do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito.”

819. Com que fim mais fraca fisicamente do que o homem é a mulher? 
“Para lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor.” 

820. A fraqueza física da mulher não a coloca naturalmente sob a dependência do homem? 
“Deus a uns deu a força, para protegerem o fraco e não para o escravizarem.” 

Deus apropriou a organização de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados. (Allan Kardec) 

821. As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as deferidas ao homem? 
“Sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.” 

Nesses tempos modernos muito se precisa perguntar para encontrar respostas referentemente ao comportamento da nossa sociedade, da família, da educação, da política, da segurança, da saúde, da arte, sendo que a nascente de toda  mazela e de toda solução está no ser humano. 

Então vamos perguntar: O que é o ser humano? Um Espírito. O que é um Espírito? Elemento universal individualizado que tem inteligência e consciência de si mesmo. Em sua origem é simples e ignorante, no entanto, o seu Criador (Deus) o arregimentou em latência com todas as possibilidades evolutivas, que lhe caberá desenvolvê-las no transcurso dos tempos, dando-lhe a liberdade de escolhas (o livre-arbítrio) e as reencarnações (o que quer dizer: entrar e sair num corpo físico -- nascer e morrer – muitas vezes, acumulando em si – no Espírito -- as experiências), formando o seu patrimônio espiritual, desenvolvendo a inteligência e o sentimento.  

Por que existe corpo masculino e feminino? Para propiciar a produção de outros corpos materiais que estarão revestindo corpos espirituais, dando a condição para a experiência de sofrer as suas necessidades, propiciando o desenvolvimento da inteligência e dos sentimentos, numa vida de relação entre homem e mulher, pai e mãe, filhos e filhas, avôs e avós..., formando o grupo familiar, compondo o grande grupo da humanidade. Não se pode esquecer que se sofre também as contingências ambientais, para a manutenção da vida orgânica e aprender a conviver com o próximo, além dos vínculos consanguíneos.
  
Alguém é dono do próprio corpo? Objetivamente, ninguém é dono nem de seu corpo, nem de nenhuma outra coisa material, pois tudo pode-lhe ser retirado instantaneamente. O que existe de verdade é o uso de elementos que nos são custodiados pela Natureza para propiciar a condição evolutiva para o Espírito.  A única coisa que nos pertence (espiritualmente raciocinando) é o estado evolutivo que alcançamos com os nossos esforços, este não sofre retrocesso e jamais se perderá, verdadeiramente é o único patrimônio que nos pertence. Tudo o que existe de patrimônios materiais (terras, edifícios, empresas, riquezas outras, etc.) é apenas arranjos evolutivos e que o pertencimento é relativo e temporário como ferramenta evolutiva do ser humano (que é o Espírito encarnado), empréstimo que precisaremos dar conta do seu uso.  

Por que nada do que é material pertence verdadeiramente ao ser humano? Seria contrassenso de origem, sendo que Deus criou todos os Espíritos para alcançar o estado de perfeição, o que corresponde a um estado puro, totalmente desmaterializado. Na origem os Espíritos eram puros, mas simples e ignorantes; depois, das vivências pelas reencarnações, por milênios sem conta, sofrendo as consequências de suas descobertas, desenvolvendo a inteligência e acumulando virtudes retornam definitivamente à origem como seres integrais em inteligência e sabedoria, para as tarefas universais, novamente puros e sábios pelos seus méritos.  

Retornando às questões de O Livros dos Espíritos, inicialmente colocadas, perguntamos: O que é a mulher? Um espírito reencarnado numa organização física feminina. Toda desconsideração que sofreu e ainda sofre é por conta da má educação existente em cada tempo. Na resposta da questão 201, dos Espíritos reveladores da Doutrina Espírita, é clara: “Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres.” Considerando a civilização atual com inteligência e tecnologia existentes, também existe um vazio de entendimento da sua condição espiritual, mantido por dogmas, preconceitos e ainda pelo desinteresse para as questões da vida além da vida do corpo, o que leva a despreocupação com o seu retorno nas gerações futuras, que poderá ser como homem ou mulher. A desconsideração com a mulher, hoje, se não revista, perdurará nas gerações futuras, o que vem se arrastando desde o início da civilização, há milênios. A lei natural de causa e efeito não se altera. Sempre reencontraremos as desconsiderações que implementamos, em qualquer tempo. 

A questão 819 trata da diferença física da mulher, comparativamente ao homem, “ser mais fraca”, a resposta é significativa, vejamos: “Para lhe determinar funções especiais. (...)” As “funções especiais”, não são nada depreciativas, e sim, alevantadas diante dos olhos de Deus, pois se trata da condução de um projeto Divino, onde a mulher mãe participa como coautora da criação, de si substanciando um organismo que se forma, e de si dando a sustentação para soerguimento da vida  para um Espírito em novo estágio evolutivo, iniciando-lhe no aprendizado, na educação, no corrigir de tendências negativas trazidas de outra existência e dando-lhe curso a novos comportamentos, construindo a nova  personalidade que terá grande influência na vida do(a) filho(a), que logo se tornará adulto(a), tomando para si as rédeas da própria vida, oferecendo para nova família os valores que carrega consigo, tanto como para a sociedade melhoras, se melhorado(a), ou não.  

Allan Kardec, em complemento da resposta da questão 820, diz: “Deus apropriou a organização de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados.” Trata-se de ferramenta orgânica adequada para atender “funções especiais”, ampliemos esse tema mais um pouco, relembrando que a mulher é um espírito, como vimos anteriormente, assim pode reencarnar em corpo masculino ou feminino, então não se trata de qualificação intelectual, pois a mulher está apta a desenvolver-se em qualquer área da ciência e das relações humanas tal qual o homem, até mesmo com vantagem, em conta a sua sensibilidade.  Tem funções específicas na vida, sim, tem, a mais relevante, que é dar oportunidade a outro Espírito para revestir-se de carne, através de corpo novo, o que não se dá sem a contribuição feminina, depois educá-lo, educando a própria sociedade.  

Todas as personalidades mais relevantes do Mundo, inclusive o Senhor Jesus, a maior de todas, quanto aquelas que compõem a multidão desconhecida, apareceram na vida física através de uma mulher.  As lideranças da sociedade humana: política, militar, científica, educacional, artística passaram pelo colo materno e receberam a maior parte da educação de berço da mulher. Como vimos a criança é um Espírito em nova oportunidade evolutiva, que se apresenta com o patrimônio moral e intelectual que adquiriu em outras vidas, passando pelo mesmo processo. O renascente precisa de condução nos primeiros momentos da nova existência, para corrigir as más tendências, que são viciações antigas, e adquirir novos conhecimentos, tornando-se melhor. 
  
Seria a mulher responsável por todas as mazelas do Mundo, em conta da sua condição de primeira educadora? Certamente que não.  Existem uma complexidade de fatores que se arrastam de longínquas eras, que se moldam a cada período da vida da sociedade, frutos e consequências do próprio meio, formando um caldo contaminante pelos usos e costumes, influenciando grandemente na condução das vidas. Em conta isto, Jesus exclamou: “Faça-se a vossa luz, o que corresponde a que cada indivíduo precisa se tornar autônomo a partir de um estado de consciência melhorado, o que depende de todas as experiências acumuladas das inúmeras vidas, que tiveram inúmeras mães em inúmeras épocas. Sendo que as mães tiveram importância relevante em todos os desenvolvimentos. Não se pode esquecer que as mães também nasceram de mães e sofreram as constrições de suas épocas. Em certas reencarnações, na esteira do tempo, as mulheres de um tempo também habitaram corpos masculinos em outros tempos. Hoje, todos somos resultado de uma trajetória de muitos milênios. 

Com base na questão 821 podemos dizer que a mulher tem importância relevantíssima diante da vida, até maior que a do homem, porque permite o aparecimento do Espírito num corpo e dá-lhe as primeiras noções educacionais. Sob os olhos egoísticos do Mundo parece atividade corriqueira, não atribuindo, com exceção, a importância devida, inclusive por uma parcela considerável de mulheres que não assumem a sua responsabilidade. As frustrações, desgostos e sofrimentos para estas não tardam a aparecer, mesmo nesta vida, em outra reencarnação poderão fazer melhor, corrigindo os deslizes anteriores. As que fizerem da maternidade um sacerdócio, apesar de todas as circunstâncias contrárias, terão reconhecimento na vida espiritual, pois serão dignas de seu salário moral, a paz e a felicidade são conquista dos esforços empreendidos, não se conquista com promessas que não se realizaram.  

Mulher, onde estás! 

                                                                            Dorival da Silva