domingo, 29 de janeiro de 2012

Migalhas


        A pessoa humana precisa dos recursos emocionais de afeto, de amor e compreensão.

        Desde o nascimento é isso que aguarda, quase sempre, quando se é adulto esquece-se de retribuir e continua exigindo as forças emocionais dos que lhe cercam.

        Carregamos muitas falhas na nossa composição educacional, desde o berço, porque não percebemos, na infância, manifestações sadias de afeto às pessoas. Em muitas oportunidades percebem-se críticas, apontamentos das fraquezas alheiras, revelação de defeitos...

        Existe o preconceito em reconhecer os méritos dos outros e exigimos o destaque dos nossos, mesmo sendo ínfimos, que somente nós os sabemos.

        No mecanismo do relacionamento humano não há como receber se não damos; não é possível dar alguma coisa a alguém que não possuímos.

        Sempre temos migalhas emocionais, são com elas que precisamos começar a doação, com humildade, sem alarde e consciente da pequenez.

        "Todo grande incêndio inicia-se pela faísca", com o sentimento não é diferente.

        Jesus informa que “veio trazer fogo e espera que toda a Terra se incendeie”.  É a consciência de quem realiza o bem, é a caridade que se estabelece nos corações, é o amor em ação. O que começa nas migalhas que cada pessoa pode doar ao próximo, ao serviço social, ao socorro aos desvalidos, contagia a massa e transforma a sociedade em ambiente de paz. Todos precisam; assim, todos estarão atendidos.

        Na maior parte das vezes a migalha precisa cair é dentro de casa mesmo, com os nossos mais próximos. Se não amamos os nossos amores: pai, mãe, cônjuge, filhos..., como amar os que estão fora de nossos lares.

        O cultivo da chama que Jesus noticia é diário, com estudo, meditação e prática; pode até mesmo nos causar incômodo, mas toda caridade causa algum, porque requer paciência, reconhecimento das dificuldades dos outros, suas limitações.

        As migalhas emocionais cultivadas são cumulativas e multiplicadoras ao mesmo tempo. Aqueles que auxiliam crescem e se enriquecem moralmente e materialmente amplia a sua atuação, porque o bem gera o bem, àquele que foi beneficiado espontaneamente repassa a sua migalha, porque também quer ser feliz.

        Para que o mundo se incendeie é preciso que muitas migalhas se multipliquem e se iluminem para que a luz se faça em toda parte. E como a migalha está no coração de cada um é seu possuidor que brilha. Sem a vontade e a ação não há distribuição e melhoramento.

        Não se aguarda dos indivíduos feitos mirabolantes, mas que a sua riqueza seja espargida conscientemente.

        “O amor é a única riqueza que quanto mais se divide mais se multiplica”, assim o incêndio do amor vai tomar o Planeta, porque esses efeitos são contagiantes.

        Não existe quem não deseje o amor e tudo o que deriva dele. Não se trata aqui do amor material, carnal, sexual. Trata-se do sentimento que não se perde, não se desgasta, que deixa marca inigualável, a mesma de Jesus, a paz.

        Sejamos o combustível desse incêndio..., que significa estágio bastante elevado, porque entendemos e sabemos amar. 

Dorival da Silva

sábado, 28 de janeiro de 2012

Superioridade


      O que é superioridade espiritual?: “Quem quiser ser maior no reino dos Céus, seja aquele que serve...”

        
        Existe dificuldade para se entender o gesto que Jesus demonstrou lavando os pés dos apóstolos; significativamente se fez como o menor, pois somente os mais desclassificados daquela sociedade, os escravos, se davam a tarefa de lavar pés.

         Conquanto o gesto demonstre materialmente o que se queria ensinar era o exercício espiritual de humildade, a alma desprendida dos paradigmas canhestros do homem da Terra.  

          O gesto de servir em qualquer situação, mesmo naquela considerada menor, demonstra que o Espírito está livre das peias preconceituosas, tem clarificado as suas condições morais, seu intelecto é brilhante, sua lucidez não encontra barreiras.

“Conhecereis a verdade e ela vos libertará”, é Jesus indicando o caminho, no entanto, o homem perpetua-se preso às letras, preferindo decorar versículos, metodicamente, quando é no entendimento espiritual, que transcende o próprio “ser”, onde está a liberdade. 

           Já foi ensinado pela espiritualidade que: “existem mais pessoas presas nas suas próprias grades emocionais: preconceituosas, orgulhosas e egoístas, que os condenados nas prisões oficiais”. 

         É preciso que o grilhão absurdo de si mesmo se arrebente, se a vontade não consegue, as próprias forças Divinas existentes no cerne da alma o farão, como um parto demorado e de muitas dores.

         A teimosia, o medo da mudança, a falta de coragem para a busca em si mesmo, abafa a planta maravilhosa que quer desenvolver-se na própria alma, por isso o homem num artifício de fugir de si mesmo busca todo tipo de distração fora do seu contexto espiritual, para não perceber-se e iludir-se voluntariamente.

         As escamas, como em Saulo de Tarso -- o São Paulo --, elas existiam somente nos olhos, em nós outros as temos em todos os sentidos espirituais.

Não deixemos os fatores mundanos nos anular espiritualmente, poderemos andar mais depressa e com menos sofrimento. Certo é que o erro e as experiências infelizes também ensinam, mas há o resgate e a provação de que o mal exercitado não retornará, o que exige sacrifícios e dores dispensáveis.

Jesus promete que aliviaria os sofredores, pois que sua condição é simples, é apenas o exercício do amor e da caridade, tudo o mais estará resolvido. 

Dorival da Silva

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

E DEPOIS?

         Aproveitando ensinamento do nobre espírito Camilo, orientador espiritual do tribuno José Raul Teixeira, quando diz que sempre diante de decisão e ou atendimento de nossas vontades deveremos nos perguntar: e depois?

       O tempo que estamos vivendo é o resultado de todos os milênios de experiências da humanidade, ao mesmo tempo em que vivemos os acumulados pessoais também contamos com a nossa parcela nos somados coletivos. O geral não existiria sem as individualidades. Somos construção de nós mesmos e o caldo social do Mundo é o composto das vivências particulares. Assim nossas ações interferem no todo e a melhoria da qualidade da sociedade global depende da melhoria das partes de sua constituição.

            Diante da ciência da nossa responsabilidade para com a vida e conhecedores das consequências que advirão de nossas ações, estas que quando são positivas nos colocam numa posição favorável para a realização de propósitos nobres e a conquista da paz, mas quando são negativas nos levam a sofrimentos, desgostos, remorsos, mágoas, arrependimentos e vergonha, sendo que seremos obrigados a ressarcir o prejuízo e nos ver arrasados emocionalmente diante dos amigos e nossos entes queridos.

        Grande parte desses fatos negativos ocorre por falta de reflexão ante iniciativa, sem prever o que vem logo mais: “e depois?”.  Posso tudo? Tenho o livre-arbítrio! Eu decido... Tenho direito... Todo mundo faz... O quê que tem, é uma “vezinha” só? Ela (e) não saberia; ninguém viu! É a oportunidade de atender meu anseio, outra oportunidade igual não existe. Pensando nesses fatos comportamentais hodiernos lembrei-me de uma pequena história, como segue: “Um pai de duas crianças, sendo uma delas de seis anos a outra de nove, convidou-as para irem à matinê num circo que chegara à cidade. Ao chegarem junto à bilheteria, o pai viu um cartaz que informava: “criança até cinco anos não paga”, o pai comprou três ingressos, e o bilheteiro perguntou-lhe: qual a idade do menor, que, pela sua constituição física, parecia ter cinco, o pai disse-lhe que tinha seis anos e o bilheteiro caiu na risada, dizendo-lhe que se tivesse comprado somente dois ingressos não saberia que o menor fosse mais velho. No entanto, diante da observação das crianças, o pai redarguiu: o senhor não saberia, mas ele sabe; o que logo depois, os filhos demonstraram satisfação pela honestidade comprovada." Deflui-se que devemos tomar a decisão justa diante das coisas da vida, independentemente de serem vantajosas aos nossos interesses. O que importa é o dever cumprido; a consciência limpa.  O exemplo é a melhor escola. 

        Além da asa da inteligência temos a da moral. Como nos ensina a Espiritualidade Maior, não poderemos alçar voo sem que as asas estejam equilibradas, para planarmos na faixa vibratória própria de plenitude espiritual. 

         O trânsito enriquecedor na vida só é possível com os passos bem calculados, analisados, medindo-se os desdobramentos; o que deve começar na infância, porque a construção inicia-se pela base.

         E depois? 

Dorial da Silva

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Auditórios Sofisticados


            Em todos os tempos, os oradores mais hábeis, sempre que convidados a discursar nos auditórios que se celebrizaram por aqueles que por ali passaram, tiveram a preocupação de dar à sua palavra os tons insuperáveis da sabedoria, em formulações cultas, que produzissem impacto e admiração inicial nos seus ouvintes.
            Apelavam para as técnicas do discurso, citando personagens célebres e suas palavras, em tonalidades harmoniosas unidas à gesticulação bem estudada, de forma que pudessem produzir o desejado anelo de simpatia geral.
        Era sempre muito grande a preocupação com o estilo e a forma, sem olvido, naturalmente, do conteúdo.
            Nada obstante esses cuidados, quando as ideias não lhes eram conhecidas ou não lhes despertavam o interesse imediato, os presentes desviavam a atenção, demonstrando enfado ou desprezo pelo orador e sua mensagem.
            O caso típico desse comportamento encontra-se na apresentação do Apóstolo Paulo, no  Areópago, em Atenas.
            A presunção e a falsa cultura que predominavam entre os intelectuais gregos, distantes dos postulados éticos de muitos dos seus nobres ancestrais, apesar de leve condescendência para com o expositor malvestido, deixaram de aceitar-lhe as informações, logo que ele aprofundou-se no tema, revelando a grandeza da personalidade de Jesus.
            Empanturrados do hedonismo uns, e do cinismo filosófico outros, não dispunham de espaço mental para novas formulações em torno da vida e dos seus objetivos essenciais.
            O tédio e a futilidade dominavam-lhes o comportamento, reservando a Inteligência para os sofismas, silogismos e debates intermináveis quão inúteis, em que se exibiam, cada qual pretendendo ser mais hábil e profundo conhecedor  do que o outro.
            Perderam, pela vã filosofia, extraordinária oportunidade de travar  contato com o Nazareno que desprezaram, porque ele ressuscitara, o que lhes parecia mitológico, absurdo, insensato...
            Antes havia sido Estêvão que, obrigado a defender-se das acrimoniosas e injustas acusações a respeito do seu ministério na Casa do Caminho, viu-se agredido fisicamente por Saulo, o arrogante doutor da Lei, que lhe não participava das ideias, porque aferrado ao Judaísmo decadente.
            Entre apupos e vociferações de toda ordem, o jovem cristão enfrentou os tiranos sem disfarçar a nobreza dos postulados que abraçava, abordando com lógica irretorquível as lições libertadoras de Jesus, por aquele mesmo sodalício condenado à morte pouco antes, porque se não submetera às suas tricas e objurgatórias.
            A simplicidade e profundeza dos conceitos emitidos irritavam os opositores que, incapazes de debater no campo das ideias, apelavam para a desordem e a força, em vãs tentativas de intimidar o apóstolo preparado para o martírio.
            Ainda hoje encontram-se no mundo os grandiosos auditórios onde desfilam as vaidades e multiplicam-se os déspotas disfarçados de portadores do conhecimento e formadores de opiniões.
            Normalmente asfixiados pelo soez materialismo ou pelo daninho fanatismo religioso, consideram-se os únicos pensadores capazes de traçar comportamentos culturais para os demais, situando-se acima daqueles que não compartem as suas opiniões. E aureolando-se dos louros da vitória em simulacro de parceiros das musas e dos deuses do Olimpo da cultura.
            Parecem impassíveis às propostas de desenvolvimento intecto-moral fora das suas escolas de pensamento e de fé, combatendo com acrimônia tudo e todos que se proponham a melhorar a situação espiritual da sociedade.
            Suas tribunas e cátedras estão sempre reservadas aos pares, àqueles que são portadores dos títulos lisonjeiros que se permutam na disputa do estrelado magnífico da exaltação do ego.
            Não que sejam escassos aqueloutros que, igualmente portadores dos louvores dos centos de cultura e de ciência, estão abertos a novas reflexões e análises do que ignoram, abraçando os resultados defluentes da investigação que se permitem afanosamente, de imediato transmitidos aos demais.
            São esses verdadeiros estoicos da abnegação e da coragem que mantêm acesa a claridade do conhecimento livre, que se reconhecem como aprendizes da Vida, sempre crescendo no rumo da plenitude intelectual, sem a perda dos elevados compromissos éticos indispensáveis à existência enobrecida.
            Diante dos paradoxos de tal natureza, torna-se imprescindível a todo aquele que divulga as incomparáveis lições em torno da imortalidade da alma não temer a presunção e o fastio da falsa e dourada cultura, usando cátedras, tribunas ou os singelos recintos de edificação espiritual, qual o fizeram a princípio, Estêvão na Casa do Caminho e Paulo nas mais diversas situações, inclusive na Domus Aurea, em Roma, diante da truculência de Nero, cirurgiando os tumores malignos da hipocrisia e da promiscuidade, enquanto aplicava o mercúrio cromo para a cura desses males, em forma da mensagem de Jesus.
            Provavelmente, os untuosos dominadores mundanos rejeitarão a partitura musical da inolvidável Palavra, mas nunca se olvidarão desses momentos sinfônicos em que a escutaram, apesar dos ouvidos entorpecidos pela mentira e a mente atribulada pelos interesses subalternos.
            Nunca preocupar-se em demasia, portanto, todo aquele que se dispõe a elucidar a ignorância e disseminar a verdade em nome de Jesus, especialmente através do Espiritismo, com os cultores da Inteligência trabalhada pelo academicismo tradicional, mais preocupado em dar brilho ao conhecimento, colocando os seus iluminados distante das necessidades humanas, que alguns se recusam atender.
            As tribunas clássicas dos debates culturais vêm sendo corroídas pelo tempo, que lhes tem imposto novos comportamentos, enquanto os exemplos daqueles que usam a palavra na construção e manutenção da ética da solidariedade e do amor permanecem solucionando os graves problemas que afligem a sociedade.
            A palavra espírita é simples e desataviada, tendo como escopo conduzir as mentes e os sentimentos às esferas da harmonia mediante a razão e o discernimento, porque totalmente livre de adereços e dependências do status quo.
            Ela é destinada a todos os indivíduos que se encontram na Terra, sejam eles intelectuais ou modestos cultivadores do solo, administradores poderosos ou mendigos, exemplos de saúde ou enfermos, possuidores de riquezas materiais ou despojados de todos os bens, qual ocorreu com os ensinamentos de Jesus que foram direcionados para todos os biótipos humanos. Entretanto, não será ouvida pelos discutidores inveterados, pelos que se encontram empanturrados de presunção e se acreditam bem situados nos acolchoados da inutilidade.
            Verberando o erro e orientando a conduta saudável, a Mensagem deve chegar aos ouvidos das necessidades como brisa perfumada em plena primavera, que impregna e nunca mais desaparece.
            Em qualquer lugar, portanto, seja a nobre sala das conferências, o modesto recinto da Casa Espírita, o santuário da Natureza, o confortável areópago das grandes cidades, o contanto com o transeunte, o verbo eloquente e abençoado poderá atender os transeuntes carnais, para os quais os Espíritos nobres elaboraram, com Allan Kardec, a Codificação.

Vianna de Carvalho
(Página psicografa pelo médium Divaldo Pereira Franco,
 no dia 10 de junho de 2011, no G-19, em Zurique, Suíça.) –
Extraída da revista REFORMADOR, da FEB, nº 2.193,
  dezembro de 2011.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Chamamento


            Os Céus nos chamam para a felicidade. Quantos ouvem? Esse chamar tem voz?

            Sempre esperamos que atraiam nossa atenção aos berros, nos despertem aos safanões, mesmo para que cumpramos nossas obrigações.

            Temos dificuldade, resguardadas as exceções, de cumprir com as coisas do cotidiano, simples, tais como: pagar voluntariamente os impostos, paga-se porque a lei exige e tem multa, então somos coagidos a cumprir a nossa obrigação. Chegar no horário compromissado...

            O chamamento dos Céus, que não é material e está na própria intimidade do “ser” exige melhor ouvido de cada um, é o do sentimento. Precisa-se de calma, serenidade, meditação e ação no bem, a tão decantada caridade, que poucos a entendem.

            Este processo para o homem comum em ascensão é custoso. É uma espécie de apequenamento de suas ambições materiais. Contrariando o seu gosto de vangloriar suas conquistas. O que exercitou enormemente na esteira do tempo.

            Agora é época de silenciar as vaidades, o que demanda força hercúlea, gera conflito aterrador: o orgulho e o egoísmo versus o dever e a obrigação, mediados pela consciência, que ora parece estar dormindo ora despertando, porque a lucidez espiritual é conquista de muitos esforços, ninguém a tem plenamente de imediato.

            Essa transformação do homem “terra a terra” em espiritualizado pede tempo e muitas lutas, não contra os outros, mas consigo mesmo, aí estão às necessidades e as soluções.

            Na antiguidade havia um ensinamento: “conheça-te a ti mesmo”, àqueles que entenderam essa mensagem e a aplicaram em sua vida estão a anos-luz dos que ainda acham que são os donos do mundo.

            O grande facilitador para esse despertar é o esquecimento do passado, no mecanismo da reencarnação, somente assim temeremos menos a nós mesmos e poderemos levantar a cortina do tempo lentamente e acostumarmos com a complexidade da própria individualidade, para que não soframos impacto enlouquecedor, sendo isto totalmente indesejável e improdutivo para os interesses espirituais. A finalidade da vida física é auxiliar o ser pensante alcançar a lucidez espiritual, aproximando-se do Criador, trilhando o caminho do mérito, a conquista do aprimoramento de si mesmo.

            Quando se diz: a Natureza não dá saltos, precisamos entender que se fala da justiça de verdade, que não se verga a interesses particulares, como é vício no homem; ainda o privilégio, a facilidade, o conforto, nem sempre calcado no mérito.

            Salvação Divina não se dá fora do Espírito, é um eclodir em si mesmo. Conquanto as ferramentas sejam as mãos no trabalho da caridade entendida e que representa o desabrochar da divindade que está adormecida na profundidade do “ser”, herança do Criador na criatura, aguardando quando a ambiência espiritual estiver adequada para isso e se dá num parto lendo. 

Dorival da Silva

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Comunhão com o mais Além



Nos dias mais tumultuosos da atividade cristã, durante as perseguições iniciadas por Saulo e pelo Sinédrio, assim como aquelas desencadeadas mais tarde pelos imperadores romanos, a comunhão com o Mais Além constituiu o estímulo e fortalecimento da fé, para que os apóstolos e mártires pudessem enfrentar os inimigos comuns, dominados pela coragem e pelo arrebatamento espiritual.
As incomparáveis comunicações dos Espíritos com os trabalhadores da seara de Jesus vitalizavam-nos, oferecendo-lhes o divino pábulo para que não desfalecessem no turbilhão dos ódios desenfreados que lhes arrebatavam tudo, humilhando-os, afligindo-os e roubando-lhes as vidas mediante a urdidura de planos nefandos.
A tirania farisaica era hábil em criar situações persecutórias, refinando sempre os métodos de antagonismo através das infindáveis arengas com que envolviam a lei mosaica de tal forma que ninguém, tornado sua vítima, conseguia fugir às injunções cruéis que promovia. Dessa inesgotável e generosa fonte da imortalidade jorrava a água lustral e cristalina que dessedentava as vítimas e as sustentava antes e durante os testemunhos vigorosos.
Os métodos insanos das bastonadas e chibatadas, dos ferimentos nos lábios e na face,  logo seguidos do apedrejamento até a morte, quando não era utilizada a cruz de vergonha e de supremo desprezo pela vida dos outros, sempre se caracterizavam pela absoluta ausência de compaixão, de misericórdia, de respeito, demonstrando a ferocidade maldisfarçada pelas vestes impecáveis e pela conduta de gestos medidos...
Os romanos, por sua vez, eram específicos em punições perversas em que dilaceravam as vítimas ou as queimavam com o azeite fervente, com ferros em brasa, em combates com as feras, com os centuriões ou simplesmente os martirizavam nos espetáculos burlescos, disfarçados de teatro do horror, em que padeciam cruelmente na representação de irônicas peças mitológicas da tragédia ancestral...
Infelizmente, o ser humano sempre descobre métodos bárbaros para afligir as demais criaturas, atingindo supremos níveis de bestialidade que é despertada de maneira rápida e por qualquer pequena faísca de ira que se converte em ódio.
Surpreende a qualquer estudioso dos espetáculos circenses e das infames perseguições contra os discípulos de Jesus, a coragem com que enfrentavam o martírio, muitas vezes cantando, sem o menor rancor pelos seus insensíveis algozes, o que mais os exasperavam...
Essa força desconhecida provinha do Mestre amado e da certeza do valor das Suas promessas, bem como da presença dos Espíritos amigos e protetores que os assistiam, infundindo-lhes ânimo sempre novo e vitalidade desconhecida.
Quanto mais terríveis eram as tenazes com que tentavam silenciá-los, mais altivez e dignidade revestiam as vítimas das cruentas injunções.
Esses inexcedíveis amigos desencarnados rociavam com a sua ternura as ardências das dores acerbas, lenindo os sentimentos dos valorosos servidores transformados em réprobos, fazendo que as suas existências fossem o testemunho ímpar da sua crença libertadora.
*   *   *
Em todas as épocas da humanidade sempre foram ouvidas as vozes do Além-túmulo, confirmando a sobrevivência da vida ao fenômeno desagregador da morte biológica. Foram os imortais que comunicaram ao mundo físico a sobrevivência em inequívocos testemunhos da imortalidade.
Suas vozes claras e dignificantes ressoaram do túmulo convidando os demais seres humanos a reflexionar em torno dos seus ensinamentos, ora em forma de cantos de sublime beleza, noutros momentos em informações complexas e verdadeiras, mas também mediante os graves distúrbios obsessivos que esmagavam os deambulantes carnais.
Constituindo a população pulsante do Universo, os Espíritos, no Cristianismo, têm sido a força viva e atuante ao lado dos seus irmãos da retaguarda material deles necessitados.
Jesus dialogou com alguns, apresentassem-se na condição de vampirizadores das energias das suas vítimas, ou vingadores das ofensas sofridas e não desculpadas ao longo do tempo, de igual maneira com o inesquecível legislador Moisés e o profeta Elias no memorável fenômeno da transfiguração, quando esses O reverenciaram...
Foram, no entanto, a Sua ressurreição gloriosa e a Sua convivência com os discípulos, que assinalaram de maneira explícita e grandiosa o intercâmbio espiritual que o Espiritismo adota na vivência dos seus postulados, ensinados pelos próprios mentores e guias da sociedade.
Mediante esse intercâmbio de bênçãos reformulam-se conceitos existenciais, abrem-se espaços para a esperança e a certeza da continuidade do amor além dos limites orgânicos e para a felicidade sem jaça após o portal de cinza e de lama da sepultura.
Por isso, as células cristãs do Espiritismo sempre terão nas comunicações espirituais, a fonte geradora de luz da imortalidade, para diminuir as sombras do caminho evolutivo, para a sustentação do ânimo dos seus membros, para o encorajamento ao trabalho, quando o desfalecimento ameace ou as perseguições, que prosseguem sob outros aspectos, atemorizem os corações menos fortalecidos.
Jamais faltam o convívio com os imortais, as claridades da sua sabedoria, a presença estimuladora, o doce encantamento das suas vozes, sustentando as forças combalidas ou não dos transeuntes terrestres.
A caridade deles para com os seus irmãos reencarnados é imensa, estando sempre às ordens, testemunhando-lhes fidelidade e amor, a fim de que todos possam alcançar os altiplanos da espiritualidade em clima de festa de corações e arrebatamento das emoções superiores.
Por sua vez, sustentados pela mágica assistência desses anjos tutelares, os lidadores do bem terão mais encantamento para seguir adiante, assinalando a sua passagem na Terra em sombras com as estrelas luminosas da sua bondade e da afeição a todos os seres, semeando esperança e alegria de viver, superando as angústias da morte e os desencantos da existência.
Desse modo, mantém-te atento às inspirações que procedem do Mais Além, deixando-te conduzir pelos formosos Benfeitores da humanidade que trabalham ao teu lado em favor do mundo melhor e da sociedade mais feliz.
Não fosse esse formidando auxílio e muito mais difícil seria o prosseguimento dos ideais superiores, em face dos enfrentamentos perversos da cultura imediatista e ateia que vive na Terra.
*   *   *
Nos inolvidáveis dias do martirológio cristão, enquanto as lágrimas e as angústias dilaceravam as esperanças das vítimas, confundindo-se com a psicosfera pestilenta dos recintos infelizes, os angélicos amigos espirituais esparziam o zéfiro perfumado e aguardavam que as carnes despedaçadas libertassem-lhes os Espíritos, a fim de os conduzirem aos páramos celestiais, vitoriosos após as refregas impostas pela evolução.
Seja em qual situação te encontres hoje, recorda Jesus sempre amoroso, oferecendo-te apoio e vontade, ao mesmo tempo facultando que os Seus embaixadores rompam a cortina de matéria e entrem em contato contigo através dos fios invisíveis da inspiração e do apoio.
Segue adiante sem temor, porque o curso da vida não se encerra no túmulo, e além dele estua o amor vigilante e misericordioso.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 8 de junho de 2011 na residência de Josef Jackulak, 
em Viena, Áustria.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Passeterapia



Restituí a saúde aos doentes...
Mateus, 10:8.


A proposta de Jesus para que os seus discípulos se aplicassem ao ministério da cura das enfermidades, que afligem as criaturas humanas, encontra suporte abençoado na terapia através dos passes.
A transmissão da energia constituída por raios psíquicos-magnéticos está ao alcance de todas as criaturas que se queiram devotar à ação do bem.
dom de curar  não constitui privilégio de ninguém, embora algumas pessoas sejam mais bem aquinhoadas dos recursos energéticos destinados a esse fim.
Desejando contribuir em favor da saúde do seu próximo, cabe ao interessado equipar-se dos recursos hábeis para o desiderato.
Inicialmente, o desejo sincero de servir torna-se-lhe fundamental para o empreendimento a que se propõe. Interessado em adquirir o conhecimento para lograr os resultados melhores, cabe-lhe conhecer a natureza humana, a constituição orgânica e os fulcros de energia no corpo físico bem como no espiritual, assim como as leis dos fluidos, desse modo, equipando-se com os elementos valiosos indispensáveis ao tentame.
Em seguida, torna-se necessária a consciência do contributo que deve oferecer, trabalhando os sentimentos da simpatia, da amizade e da compaixão, a fim de envolver o enfermo em ondas de energia favorável à sua recuperação.
Cuidados especais são-lhe imprescindíveis, tais como a higiene física e mental, mediante os hábitos superiores da oração e dos bons pensamentos, cultivando as ideias edificantes, reflexionando em páginas portadoras de conteúdos morais relevantes, para servirem de sustentáculo emocional ao equilíbrio.
A mente é a fonte geradora da energia que procede do Espírito e se transforma em ação. Todo e qualquer investimento inicia-se na sede da alma, transformando-se em ideia e corporificando-se em ato.
Pensar corretamente, cultivando os ideais do amor, da fraternidade e do bem, são a regra áurea para uma existência saudável e, portanto, para ser repartida em favor daqueles que se encontram em situação menos favorável.
Adotando atitudes morigeradas e evitando qualquer tipo de comportamento esdrúxulo ou carregado de misticismo, o passista deve manter-se sempre sereno e em condição de sintonia com os abnegados mentores do Mais Além.
A iniciativa do bem nasce no sentimento da criatura humana e encontra ressonância na Espiritualidade que, de imediato, se faz presente através de nobres Amigos dedicados ao labor da misericórdia e do progresso.
Naturalmente, à medida que o passista se afeiçoa à atividade e adquire autoconfiança, mais facilmente registrará as presenças dos nobres guias espirituais que passarão a supervisionar-lhe a tarefa, predispondo-se ao auxílio valioso com segurança por seu intermédio.
O passista é alguém que opta pelo edificante serviço de ajuda ao próximo por ocasião da sua problemática no campo da saúde. Mas, não somente pode ser útil no período de enfermidade, quanto também nos processos de revitalização de energia dos que estão mais debilitados, assim como na renovação de entusiasmo e de forças para o prosseguimento da jornada reencarnacionista.
De igual modo, favorece a solidariedade por meio da conversação edificante, do aconselhamento fraternal, ensejando, a quem necessite, diretrizes dignas para o feliz desiderato existencial.
Trabalhando-se emocionalmente e cada vez mais conscientizando-se da responsabilidade assumida, é imperioso esforçar-se para adquirir e multiplicar os bônus de energia que possa doar. Tal recurso é conseguido como decorrência natural do esforço que empreende e da dedicação ao serviço socorrista.
De bom alvitre também, ter em mente que a investidura curativa não o imuniza contra os agentes do mal, as contaminações, os desgastes, os fenômenos perturbadores, as possíveis obsessões, os transtornos do cansaço e do mal-estar...
Todo indivíduo encontra-se sujeito às intercorrências da jornada empreendida, não havendo regime de exceção, e caso houvesse daria lugar a procedimentos de injustiça nos divinos códigos, privilegiando uns em detrimento de outros.
O trabalho é o campo especial de desenvolvimento dos valores adormecidos no ser, que se agiganta na razão direta em que empreende as atividades de enobrecimento moral e espiritual, desse modo, a ginástica para o Espírito é o contínuo labor em benefício da autoiluminação.
Para bem desincumbir-se, portanto, do mister aceito espontaneamente, é necessário ao passista desfrutar de saúde, especialmente moral, tanto quanto psíquica, emocional e física, a fim de poder transmiti-la com eficiência aos necessitados que o busquem.
Sempre que experimente, porém, algum mal-estar ou qualquer outra sensação desagradável durante a operação socorrista, é justo considerar que algo se encontra desajustado nele próprio, Por certo, deve estar intoxicado pelos resíduos de vibrações negativas, por tentativas de perturbações provindas de fora, por obsessão instalando-se...
Cabe-lhe suspender de imediato o concurso fraternal e, mentalmente, em clima de calma, sem qualquer prática externa, concentrar-se, e, pelo pensamento, procurar eliminar as energias deletérias, expulsando-as das áreas em que se encontram localizadas, fazendo-as sair pelas extremidades inferiores...
Noutras circunstâncias, é de bom alvitre, antes da aplicação dos passes nos enfermos, fazê-la em si próprio através dos recursos mentais de que é portador.
A irrestrita confiança em Deus, conectando-se às Fontes da Vida, proporcionará a correta captação de forças psíquicas e fluídicas que serão transmitidas aos sofredores, auxiliando-os na necessária recuperação.
Em qualquer cometimento, portanto, de natureza espiritual, são indispensáveis o amor e a caridade como recursos transcendentes para os bons resultados do labor em desenvolvimento.
Conscientizando-se de que sempre transitará na faixa vibratória dos próprios pensamentos e atos, a manutenção dos valores otimistas e edificantes torna-se de vital significado.
Restituí a saúde aos enfermos – propôs Jesus – enfermos, que somos ainda quase todos, nEle, o Sublime Psicoterapeuta, encontramos o apoio necessário a fim de servirmos com abnegação, certos de que ao largo do tempo conseguiremos a saúde integral.
Manoel Philomeno de Miranda
Página psicografada por Divaldo Pereira Franco, 
na sessão mediúnica da noite de 19 de janeiro 
de 2009, no Centro Espírita Caminho 
da Redenção, em Salvador, Bahia.

Extraído do  site:
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=244