sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

As crianças não-batizadas


As crianças não-batizadas e sua destinação 


Em abril de 2012 fará cinco anos desde que foi publicado o documento "A esperança de salvação para bebês que morrem sem serem batizados", no qual a Comissão Teológica Internacional da Igreja Católica considerou inadequado o conceito de limbo.
Originária do latim, a palavra limbo – limbu, 'orla' – tem vários significados, mas, no âmbito da religião, é o nome que se dava ao lugar onde, segundo a teologia católica posterior ao século XIII, se encontrariam as almas das crianças muito novas que, embora não tivessem alguma culpa pessoal, morreram sem o batismo que as livrasse do pecado original.
O texto publicado em abril de 2007 pela Igreja “diz que a graça tem preferência sobre o pecado, e a exclusão de bebês inocentes do céu não parecia refletir o amor especial que Cristo tinha pelas crianças". O documento, de 41 páginas, considera que o conceito de limbo refletia uma "visão excessivamente restritiva da salvação". Segundo seus autores, "Deus é piedoso e quer que todos os seres humanos sejam salvos". E aduziram: "Nossa conclusão é que os vários fatores que analisamos fornecem uma base teológica e litúrgica séria para esperar que os bebês não-batizados que morrerem sejam salvos".
Em face deste novo entendimento da Igreja, os bebês que morrem sem batismo são considerados inocentes e sua destinação, portanto, passa a ser o céu, verificando-se o mesmo com os chamados infiéis, ou não-batizados, desde que tenham levado uma vida justa.
O pensamento acima traz algumas implicações que pouca atenção mereceram dos estudiosos em matéria de religião.
Uma delas diz respeito diretamente ao batismo, conhecido sacramento da Igreja Católica, considerado indispensável para apagar os efeitos do pecado original e as faltas cometidas pela pessoa antes de sua admissão, o qual passa a não ser mais condição necessária para a salvação, fato que representa uma evolução do pensamento católico e faz justiça à bondade e à misericórdia de Deus.
Antes disso, sob o pontificado de João Paulo II, o inferno deixara de ser considerado um lugar determinado, para tornar-se, segundo palavras do próprio papa, um estado de espírito. Os anos se sucederam e, com o documento ora em exame, a ideia de limbo deixou também de existir.
A Igreja, porém, insiste ainda em um equívoco lamentável ao ensinar a seus fiéis que a alma é criada por ocasião da concepção, o que explicaria sua condição de inocência no período da infância, quando sabemos, com base em fatos inúmeros, que a alma de uma criança pode chegar a uma nova existência corpórea trazendo um longo passivo de erros e enganos.
Segundo os ensinamentos espíritas, criado simples e ignorante, o Espírito tem de passar pela experiência da encarnação para progredir. A perfeição é sua meta, mas o caminho até ela é árduo e longo, o que significa que terá de passar por uma série de existências até que esteja depurado o suficiente para desligar-se dos liames materiais.
A Igreja, ao não reconhecer o limbo, avança para uma visão mais justa da vida humana e rompe com o sectarismo que caracteriza a necessidade do batismo para a destinação feliz do homem. Esta nova visão está, além disso, de conformidade com a lógica, porquanto, como sabemos, apenas um terço dos que habitam nosso planeta professa as ideias cristãs, enquanto dois terços as ignoram e, evidentemente, não se submetem ao batismo cristão.
Não sendo batizadas, para onde irão essas pessoas?
Até abril de 2007, segundo a Igreja, não poderiam ir para o céu. Mas, agora, com as novas ideias contidas no documento em exame, sim. Basta que tenham levado uma vida justa.
Lembremo-nos, porém, sempre que falarmos em céu e em inferno, das palavras proferidas pelo saudoso papa João Paulo II.
"Nem o inferno é uma fornalha nem o céu um lugar”, afirmou o papa.
“O céu não é o paraíso nas nuvens nem o inferno é aterradora fornalha. O primeiro é uma situação em que existe comunhão com Deus e o segundo é uma situação de rejeição.” (Correio da Manhã, de 29/7/1999.)

Editorial da Revista Eletrônica "O Consolador"
Ano 5 - N° 237 - 27 de Novembro de 2011

A Revista poderá ser acessada pelos endereço:

Tomamos a liberdade de incluir o fragmento abaixo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” que amplia o entendimento e dá o ensinamento da Doutrina Espírita sobre as questões enfocadas no que diz respeito à criança que morre em tenra idade.  A ideia da preexistência da vida espiritual a presente vida no corpo físico e a compreensão da justiça da reencarnação derrogam, por si sós, as ideias cristalizadas no tempo, que não sofreram análise e crítica séria, o que somente foi possível com o surgimento da fé raciocinada exarada pelo Espiritismo.



BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
Causas anteriores das aflições

(...)

Que dizer, enfim, dessas crianças que morrem em tenra idade e da vida só conheceram sofrimentos? Problemas são esses que ainda nenhuma filosofia pôde resolver, anomalias que nenhuma religião pôde justificar e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, se se verificasse a hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o corpo e de estar a sua sorte irrevogavelmente determinada após a permanência de alguns instantes na Terra. Que fizeram essas almas, que acabam de sair das mãos do Criador, para se verem, neste mundo, a braços com tantas misérias e para merecerem no futuro uma recompensa ou uma punição qualquer, visto que não hão podido praticar nem o bem, nem o mal?
Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. E uma alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus.
O homem, pois, nem sempre é punido, ou punido completamente, na sua existência atual; mas não escapa nunca às consequências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado. O infortúnio que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: 'Perdoa-me, Senhor, porque pequei”. (Item 6 – fragmento – de  “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, 112ª edição, tradução de Guillon Ribeiro – FEB) 

pode ser consultado através do endereço:
 http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/principal.html )

domingo, 25 de dezembro de 2011

Sexo e educação


Arrancado das masmorras, dos porões do obscurantismo, da ignorância para a praça pública da agressão e vulgaridade, o sexo continua a merecer, se não a exigir tratamento condigno por parte de educadores, psicólogos, sociólogos, religiosos, de todas as pessoas sensatas.

Ignoradas ou relegadas a plano secundário as funções da sua usança com responsabilidade, no ministério procriativo, prossegue recebendo estardalhaço e escândalo, embora sob o disfarce de educação, em moldes provocativos e de escárnio.

A ausência de maturidade emocional em muitos daqueles que se encarregam de estudá-lo com objetivos de divulgação, quase sempre portando problemas de complexidade imensa, que os torna incapazes de formulações de elevado conteúdo, esses apressados educadores mais perturbam e açulam as mentes jovens do que as orientam para as finalidades superiores da vida.


De profundas e graves complexidades na sua aparelhagem fisiológica, com correspondentes vinculações psicológicas mais afetas ao campo da alma encarnada, o sexo é sempre resultado, numa vida, das experiências cultivadas nas existências anteriores.

Qualquer estudo das questões da sexualidade, portanto, para alcançar as legítimas finalidades, como contributo imprescindível para a paz do homem e o equilíbrio da comunidade, deverá ser feito mediante o exame da anterioridade da alma, sem o que, por mais se penetrem nas  causas dos seus distúrbios, defrontar-se-ão, em realidade, efeitos dos fatores reais, que dormitam desde o pretérito espiritual, expressando-se nas caracterizações duvidosas em que ora sejam apreciadas.  

Por isso que as várias gamas das suas manifestações fora da heterossexualidade não podem ser examinadas e concluídas perfunctoriamente, assim como os dramas da sexualidade no lar, de difícil compreensão imediata nas suas causalidades, jamais encontrarão ao soluções nos aberrantes comentários do sensacionalismo livresco ou do periodismo escabroso...

A ciência conhece, sem dúvida, grande parte dos mecanismos fisiológicos, anatômicos e alguns resultantes emocionais das engrenagens sexuais, após significativas incursões e honestos trabalhos de investigação responsável.


Falta, no momento, uma filosofia ética sobre a correta utilização do sexo como normativa eficaz para o exercício das suas faculdades.

O homem controla o fogo e drena regiões pantanosas.

Engenhos hidrelétricos extraem dos cursos d’água, em barragens monumentais, fo9rçpa colossal que movimenta cidades gigantescas.

As leis de trânsito corrigem os abusos de condutores de veículos, e policiais, juristas, administradores hábeis conduzem a disciplina na comunidade, tentando evitar a criminalidade, a corrupção.

Espaçonaves engenhosas rasgam os espaços sob controles remotos, respondendo corretamente a programações extensas com que o homem penetra nos intrincados fenômenos do Cosmo.

Hábitos de higiene confraternizam com técnicas de comportamento; criteriosas terapêuticas preventivas e medidas profiláticas contribuem eficazmente para o equilíbrio, para a felicidade humana...

Todavia, quando se trata dos compromissos e das relevantes manifestações sexuais recorrem-se a tabus ou a atitudes do cinismo, sem a sã preocupação de um comportamento sério, grave, com vistas ao entendimento da questão, em clima de elevação, naturalidade, sublimação.

Inclusive no capítulo do sexo, Jesus foi excelente educador, orientando-o, embora veladamente quando à necessidade de o conduzir a fim de não ser por ele perturbado e mal dirigido, ao elucidar:  “Onde estiver o tesouro aí se encontrará o coração.”

O problema do sexo, em grande parte decorrente da educação, resulta, sem dúvida, da atitude mental que se mantém em relação a ele.

Colocando-se o pensamento exclusivamente nas suas necessidades, reais ou falsas, estas assomarão em atividade perniciosa, geradora de alienações e promotora de suicídios.
          
Dirigido pela mente esclarecida, faz-se nobre instrumento da vida, produzindo equilíbrio emocional e paz, na programação para a qual foi elaborado pela Divindade com os elevados misteres da perpetuação da espécie.

            Carneiro de Campos
(Mensagem extraída do  livro: Terapêutica de
Emergência, psicográfica de
 Divaldo Pereira Franco.) 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Exaltação do Natal



            Se já consegues perceber a sublime mensagem do Natal de Jesus, faze um exame dos benefícios que fruis com o conhecimento e dos resultados produzidos na tua vida.
            Refaze, mentalmente, o caminho percorrido, desde que a sinfonia do natal permeou teu espírito de alegrias, e considera as tuas atitudes.
            Embalado pelo cântico da esperança cristã, rememora quantas lágrimas estancaste, quantos companheiros soergueste da queda moral lastimável, quantos corações vitalizaste com a fé clara e pura, quantas vezes silenciaste se ultrajado, se perseguido,  se instado ao revide, quanto desculpaste reatando liames de afeto com o ofensor, quanto confiaste embora aparentemente perdido, quanto pudeste perseverar nos propósitos sadios, apesar das tentações de toda ordem!...  Tens elegido a serenidade como companheira nas horas difíceis, o amor como sustentáculo das tuas aspirações, a caridade como normativa fraternal e a fé como lâmpada  sempre acesa no curso das tuas horas?!
       O Natal evoca o Rei Divino descendo à Terra para amar, como uma lição viva e inconfundível de como se devem conduzir os amados que conseguem amá-Lo.
            Esses, os que ensaiam amá-Lo, experimentam gáudio pelo Seu nascimento, mas não convertem a alegria em estroinice nem a gratidão afetuosa em repasto exagerado, motivando desequilíbrios e abusos de variada contextura.
            Buscam, à semelhança d’Ele, aqueles que não têm tido ensejo de ser amados nem socorridos e cujos leitos de dores se encontram à mercê das escuras tormentas da aflição em que eles se debatem, convertendo os sentimentos de que se encontram possuídos em alavancas de socorro e proteção.
           Não se queixam, nem lamentam, pois que têm os olhos n’Aquele que tudo cedeu e todas as honras desdenhou para exaltar o amor e elevá-lo à condição de astro-rei no arquipélago das conquistas humanas.
*
           Se ainda não consegues sentir a glória do Natal de Jesus vibrar nas íntimas fibras do teu ser, porque a tua coleta há sido de desencantos e tristezas, perversidades e incompreensões, ou porque as amarras do cepticismo cedo te  enovelaram aos pélagos da indiferença pelas questões transcendentais do espírito, evoca a história daquele Homem que medrou como lírio imaculado em chavascal odiento e não se conspurcou, que viveu sitiado pelo sofrimento de todos e não desanimou, que sofreu zombaria e apodo de toda natureza e não descreu, que se viu a sós quando mais era convocado ao testemunho ímpar e não se fez amargo nem decepcionado.
      Recorda-O, simples e majestoso, face crestada pelo sol, cabelos ao vento, pés sangrentos, esguio e nobre, misturado à plebe, enxugando suor e lavando feridas, limpando raízes morais, acolitado por mulheres mutiladas nos ideais da maternidade e reduzidas à condição mais dolorosa, e por homens vencidos por impostos exorbitantes ou dominados por misérias sem nome... Elegeu esses, os sem-ninguém, à condição de amigos, sem se voltar contra aqueles outros, também infelizes, momentaneamente guindados ao poder ou enganados pela ilusão.
     A cruz em que o cravejariam mais tarde, simbolizou-a sempre, de braços abertos, aconchegando ao perito afável quantos desejassem paz e, descrentes, necessitassem de luz e vida.
         Evoca-O, e deixa que cheguem ao teu espírito e o penetrem, neste Natal, as vibrações d’Ele, o Amigo por quase todos esquecido, que jamais se esqueceu de ninguém.
*
      Aquieta o turbilhão que te atordoa, e, enquanto se espraiam no ar as sutis vibrações do Natal de Jesus, escuta a voz dos anjos e alça-te dos sítios sombrios onde te demoras para as culminâncias do amor clarificador de rotas em homenagem ao Governador da Terra, quando da sua visita, no passado, para que, agora, novamente Ele te possa visitar, sendo o conviva invisível e presente na formosa festa de paz em que se converterão tuas horas de agora em diante.
      O Natal é mensagem perene que desceu do Céu para a Terra e que agora, em ti, se levanta da Terra na direção do Céu.


Nota  – Tema para estudo: L.E. (O Livro dos Espíritos) -- Parte 3ª – Capítulo I – Conhecimento da lei natural.
              Leitura complementar:  E. (O Evangelho Segundo o Espiritismo) Capítulo I – O Cristo – Itens 3/4.

            Joanna de Ângelis
(página extraída do livro Lampadário Espírita, 
psicografia do médium Divaldo Pereira Franco.)

 Sugestão  –  As obras citadas na “nota” acima podem ser consultadas no endereço: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/principal.html

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Memória Além-Túmulo

          Nos dias atuais se fala muito em destruição, atentados, assassinatos, insurgências de toda ordem; enfim, muito desrespeito para com a existência. Embora o ser humano carregar a própria história, transita com um corpo de carne, tendo-o desgastado por muitos fatores, que se enumeram, principalmente, com a velhice, a doença, o acidente..., ainda, a autodestruição, pelo suicídio direto ou indireto, abandona o corpo de manifestação no mundo material mantendo toda a memória, recobrando-a no plano espiritual, de acordo com as suas possibilidades morais. Com essa abordagem vamos transcrever adiante a questão nº 220 de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, e o texto extraído do livro: Religião dos Espíritos, do espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, esta que enseja o título da postagem, que é muito elucidativa sobre a percepção própria do Espírito quando retorna à espiritualidade.

           
              220 – Mudando de corpo (reencarnando), pode o Espírito perder algumas faculdades intelectuais, deixar de ter, por exemplo, o gosto das artes? (grifo nosso).

       Resposta dos Espíritos responsáveis pelas revelações constantes da Codificação Doutrinária Espírita: “Sim, se corrompeu sua inteligência ou a utilizou mal. Além disso, uma faculdade qualquer pode ficar adormecida durante uma existência inteira, se o Espírito quiser exercitar outra que com ela não guarde relação. Neste caso, permanece em estado latente, para ressurgir mais tarde.”

          Na continuidade registramos o comentário do Espírito Emmanuel,  que se deu em reunião pública  do dia 16-01-1959, em estudo realizado juntamente com a equipe da Comunhão Espírita Cristã da cidade de Uberaba (MG), com a anotação do médium Francisco Cândido Xavier, como segue:





            “Memória além-túmulo


Reunião pública de 16/1/59

Questão nº 220


             Automaticamente, por força da lógica, elege o homem na contabilidade uma das forças de base ao próprio caminho.

              Contas maiores legalizam as relações do comércio e contas menores regulamentam o equilíbrio do lar.

        Débitos pagos melhoram as credenciais de qualquer cidadão, enquanto que os compromissos menosprezados desprestigiam a ficha de qualquer um.

          Assim também, para lá do sepulcro, surge o registro contábil da memória como elemento de aferição do nosso próprio valor.

                A faculdade de recordar é o agente que nos premia ou nos pune, ante os acertos e os desacertos da rota.

               Dessa forma, se os atos louváveis são recursos de abençoada renovação e profunda alegria nos recessos da alma, as ações infelizes se erguem, além do túmulo, por fantasmas de remorso e aflição no mundo da consciência.

         Crimes perpetrados, faltas cometidas, erros deliberados, palavras delituosas e omissões lamentáveis esperam-nos a lembrança, impondo-nos, em reflexos dolorosos, o efeito de nossas quedas e o resultado de nossos desregramentos, quando os sentidos da esfera física não mais nos acalentam as ilusões.

          Não olvideis, assim, que, além da morte, a vida nos aguarda em perpetuidade de grandeza e de luz, e que, nessas mesmas dimensões de glorificação e beleza, a memória imperecível é sempre o espelho que nos retrata o passado, a fim de que a sombra, reinante em nós, se dissolva, nas lições do presente, impelindo-nos a seguir, desenleados da treva, no encalço da perfeição com que nos acena o futuro. ”


Observação -  a obra inteira pode ser consultada através do endereço:
http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O que ensina o Espiritismo


ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)




O que ensina o Espiritismo 
O Espiritismo nos abre o santuário do conhecimento

“A finalidade essencial do Espiritismo é o melhoramento das criaturas.”-
Allan Kardec.  
 
Sem falarmos nos notáveis ensinamentos morais oferecidos pelo Espiritismo, ele nos leva, ainda, a consideráveis resultados. Por tudo que faz pela Humanidade não é exagero dizer que a Doutrina Espírita constitui-se na maior bênção dos Céus vertida para a Terra, pela bondade de Deus. Portanto, não é sem motivo que Jesus o profetizou, mencionando o advento do Consoladorpara o futuro. Pois bem, em agosto de 1865, no ano VIII da Revue Spirite,Allan Kardec trouxe a lume uma publicação 
[1], que realça muito bem nossa assertiva, na qual relatava: “Há criaturas que perguntam quais são as conquistas novas que devemos ao Espiritismo. Desde que não dotou o mundo com uma nova indústria produtiva, como o vapor, concluem que nada produziu... Já numa outra ordem de ideias, alguns acham a marcha do Espiritismo muito lenta para o grau de sua impaciência. Admiram-se de que ainda não tenha sondado todos os mistérios da Natureza, nem abordado todas as questões que parecem ser de sua alçada; queriam vê-lo diariamente ensinar coisas novas, ou enriquecer-se com alguma descoberta. E, desde que ainda não resolveu a questão da origem dos seres, do princípio e do fim das coisas, da essência divina e quejandos, concluem que não saiu do a, b, c e que ainda não entrou na verdadeira via filosófica, e se arrasta nos lugares comuns, porque prega incessantemente a humildade e a caridade. Dizem eles: ‘Até hoje nada de novo nos ensinaram, porque a reencarnação, a negação das penas eternas, a imortalidade da Alma, a gradação através de períodos da vitalidade intelectual, o perispírito não são descobertas espíritas propriamente ditas; então, é preciso marchar para descobertas mais verdadeiras e sólidas’.”
“A tal respeito julgamos dever apresentar algumas observações, que também não serão novidades; mas há coisas que devem ser repetidas por formas diversas: É verdade que o Espiritismo nada inventou de tudo isto, porque não há verdades senão as que são eternas e que, por isso mesmo, devem ter germinado em todas as épocas. Mas não é alguma coisa havê-las tirado, senão do nada, ao menos do esquecimento; de um germe ter feito uma planta vivaz; de uma ideia individual, perdida na noite dos tempos, ou abafada pelos preconceitos, ter feito uma crença geral; ter provado o que estava em estado de hipótese; ter demonstrado a existência de uma lei no que parecia excepcional e fortuito; de uma teoria vaga ter feito uma coisa prática; de uma ideia improdutiva ter tirado aplicações úteis? Realmente é verdadeiro o provérbio: ‘Nada de novo debaixo do Sol’. Assim, não há descoberta da qual não se encontrem, nalguma parte, vestígios e o princípio. Por conta disto, Copérnico não teria o mérito de seu sistema, porque o movimento da Terra tinha sido suspeitado antes da era cristã. Se era coisa tão simples, então, era preciso encontrá-la. A história do ovo de Colombo será sempre uma eterna verdade. Além disso, é incontestável que o Espiritismo ainda tem muito a nos ensinar. É o que incessantemente temos repetido, pois jamais pretendemos que ele tenha dito a última palavra. Mas, do que ainda resta a fazer, segue-se que ainda não tenha saído do a, b, c? Seu a, b, c foram as mesas girantes; e, desde então, ao que nos parece, tem dado alguns passos; parece mesmo que tais passos foram grandes em alguns anos, se o compararmos às outras ciências que levaram séculos para chegar ao ponto em que estão. Mas, em falta de novas descobertas, os homens de ciência nada terão a fazer? A química não será mais química se diariamente não descobrir novos corpos? Os astrônomos serão condenados a cruzar os braços por não encontrarem novos planetas? E assim em todos os ramos das ciências e das indústrias.  
Cabe a Deus dirigir o ensino de seus mensageiros 
“Antes de procurar coisas novas, não se tem que fazer aplicação daquilo que se sabe? É precisamente para dar aos homens tempo de assimilar, aplicar e difundir o que sabem, que a Providência põe um compasso de espera na marcha para a frente. Aí está a História para nos mostrar que as ciências não seguem uma marcha ascendente contínua, ao menos ostensivamente. Os grandes movimentos que revolucionam uma ideia só se operam em intervalos mais ou menos distanciados. Por isto não há estagnação, mas elaboração, aplicação e frutificação daquilo que se sabe, o que sempre é progresso...  
“Poderia o Espírito humano absorver incessantemente novas ideias? A própria terra não necessita de um tempo de repouso antes de produzir? Que diriam de um professor que diariamente ensinasse novas regras aos seus alunos, sem lhes dar tempo para se exercitar nas que aprenderam, de com elas se identificar e de aplicá-las? Em todas as coisas as ideias novas devem encaixar-se nas ideias adquiridas. Se estas não forem suficientemente elaboradas e consolidadas no cérebro, se o Espírito não as assimilou, as que aí se querem implantar não criam raízes: semeia-se no vazio. Pois bem! Dá-se o mesmo com relação ao Espiritismo. Os adeptos de tal modo aproveitaram o que ele ensinou que nada mais tenham a fazer? São de tal modo caridosos, desprovidos de orgulho, desinteressados, benevolentes para os seus semelhantes; moderaram tanto as suas paixões, abjuraram o ódio, a inveja e o ciúme; enfim, são tão perfeitos que de agora em diante seja supérfluo pregar-lhes a caridade, a humildade, a abnegação, numa palavra, a moral? Essa pretensão, por si só, provaria quanto ainda necessitam dessas lições elementares, que alguns consideram fastidiosas e pueris.
“O Espiritismo tende para a regeneração da Humanidade: isto é um fato positivo. Ora, não podendo essa regeneração operar-se senão pelo progresso moral, daí resulta que seu objetivo essencial, providencial, é o melhoramento de cada um. Os mistérios que nos pode revelar são o acessório, porque nos abre o santuário de todos os conhecimentos. Adiantamos à medida que nos melhoramos. É, pois, no seu melhoramento individual que todo espírita sincero deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações aproveitou realmente o Espiritismo e receberá a sua recompensa. É por isto que os bons Espíritos, por ordem expressa de Deus, multiplicam suas instruções e as repetem à saciedade. Só Deus sabe quando aquelas serão úteis e só a Ele cabe dirigir o ensino de Seus mensageiros e de proporcioná-lo ao nosso adiantamento.  
São notáveis os resultados do Espiritismo 
“Mas, fora do ensinamento puramente moral, os resultados do Espiritismo são notáveis:
1º. – Ele dá a prova patente da existência e da imortalidade da Alma. É verdade que não é uma descoberta, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que nele triunfa sobre o materialismo e evita as funestas consequências deste sobre a sociedade;
2º. - Pela firme crença que desenvolve, exerce uma ação poderosa sobre o moral do homem; leva-o ao bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e o desvia do pensamento do suicídio;
3º. - Retifica todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da Alma, sobre o Céu, o Inferno, as penas e recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, desvela-nos a vida Futura e no-la mostra racional e conforme a justiça e misericórdia de Deus;
4º. - Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenômeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa tão temida passagem são hoje conhecidas. Ora, como todo mundo morre, tal conhecimento interessa a todo mundo;
5º. - Pela lei da pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe donde vem, com que objetivo está na Terra, para onde vai após o decesso corporal.   Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais. Enfim, lança a luz sobre as questões mais árduas da metafísica, da psicologia e da moral;
6º. - Pela teoria dos fluidos perispirituais, dá a conhecer o mecanismo das sensações e das percepções da Alma; explica os fenômenos da dupla vista, da visão a distância, do sonambulismo, do êxtase, dos sonhos, das visões, das aparições etc.;
7º. - Provando as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, mostra neste último uma das forças ativas da Natureza, um poder inteligente, e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, e que alimentavam a maioria das ideias supersticiosas;
8º. - Revelando o fato das obsessões, faz conhecer a causa até aqui desconhecida de numerosas afecções, sobre as quais a ciência se havia equivocado, em detrimento dos doentes, e dá os meios de curá-los;
9º.  - Dando-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação; revelando-nos a influência recíproca dos Espíritos encarnados e desencarnados, ensina-nos o poder do homem sobre os Espíritos imperfeitos, para moralizá-los e livrá-los dos sofrimentos inerentes à sua inferioridade;
10º.  - Levando-nos a conhecer a magnetização espiritual, que era desconhecida, abre ao magnetismo uma nova via e lhe traz um novo e poderoso elemento de cura.” 
O Espiritismo lapida o diamante bruto 
O mérito de uma invenção não está na descoberta de um princípio, quase sempre anteriormente conhecido, mas na aplicação desse princípio. A reencarnação não é uma ideia nova, como também não o é o perispírito, descrito por Paulo sob o nome de “corpo espiritual”, nem mesmo a comunicação dos Espíritos, de que a própria Bíblia é pródiga em exemplos. O Espiritismo, que não se gaba de haver descoberto a Natureza, procura cuidadosamente todos os traços que pode encontrar da anterioridade de suas ideias, e, quando os encontra, apressa-se em proclamá-lo, como prova em apoio ao que afirma.  Aqueles, pois, que invocam essa anterioridade visando depreciar o que ele faz, vão contra o seu objetivo e agem incorretamente.
A descoberta da reencarnação e do perispírito não pertence, pois, ao Espiritismo. É uma coisa sabida.  Mas, até ele, que proveito a ciência, a moral, a religião haviam tirado desses dois princípios, ignorados pelas massas, em estado de letra morta? O Espiritismo não só os pôs à luz, mas provou-os e os fez reconhecer como lei da Natureza, desenvolveu-os e os fez frutificar. Desde que esses dois princípios eram conhecidos, por que ficaram tanto tempo improdutivos? Por que, durante séculos, todas as filosofias se chocaram contra tantos problemas insolúveis?  É que eram diamantes brutos, que deviam ser lapidados: É o que faz o Espiritismo. Ele abriu uma nova via à filosofia, ou, por outras palavras, criou uma nova filosofia que, diariamente, ocupa o seu lugar no mundo.  
(...) Dizem que os espíritas só sabem o “a, b, c” do Espiritismo. Seja. Para começar, então aprendamos a soletrar esse alfabeto, o que não é problema de um dia, porque, reduzido mesmo a só estas proporções, passará muito tempo antes de haverem esgotado todas as combinações e recolhido todos os frutos. Não restam mais fatos a explicar? Aliás, os espíritas não têm que ensinar esse alfabeto aos que o ignoram? Já lançaram a semente em toda a parte onde poderiam fazê-lo? Não restam mais incrédulos a converter, obsidiados a curar, consolações a prodigalizar, lágrimas a enxugar?  Há razão para dizer que se não tem mais nada a fazer, quando ainda não se terminou a tarefa, quando ainda restam tantas chagas a fechar?  
Saibamos, pois, soletrar o nosso alfabeto antes de querer ler corretamente o grande livro da Natureza. Deus saberá bem no-lo abrir, à medida que avançarmos, mas não depende de nenhum mortal forçar a Sua Vontade, antecipando o tempo para cada coisa.  
Se a árvore da ciência é muito alta para que possamos atingi-la, esperemos para voar sobre ela, que as nossas asas estejam crescidas e solidamente pregadas, para não termos a mesma triste sina de Ícaro. 




[1] - KARDEC, Allan. Revue Spirite. Agosto de 1865. 2a. ed. Araras: IDE, 2000.

Página extraída da revista eletrônica o Consolador, no endereço abaixo:

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Obsessão pandêmica

Na atualidade sociomoral do planeta terrestre, dois fenômenos em torno dos relacionamentos humanos fazem-se assinalar de maneira expressiva: o coletivismo e o individualismo.
No primeiro caso, conforme assinalam diversos estudiosos da conduta, há uma necessidade de realizações coletivistas, nas quais o indivíduo perde a sua identidade, consumido pelas aspirações e sentimentos do mesmismo do grupo atuante. A sua capacidade de decidir e de opinar é asfixiada na avalancha opinativa do todo, eliminando a possibilidade de melhor aprofundar a investigação em torno das questões apresentadas, facilitando-se a sua divulgação apressada, não poucas vezes insensata...
Assumem-se idênticas posturas, laboram-se com semelhantes objetivos e as extravagâncias sobrepõem-se aos nobres projetos do idealismo saudável, seguindo-se a onda dominadora do tudo igual.
Rapidamente as novidades tomam corpo e são divulgadas, igualando os comportamentos e os hábitos sociais, lamentavelmente, nas suas expressões menos elevadas, no entanto, mais cômodas e prazerosas.
A globalização social padroniza  o que é certo e programa dentro dos seus esquemas de interesses negocistas o conveniente e sedutor, anestesiando as mentes sonhadoras e independentes que terminam por ser vencidas em face do volume da massa que triunfa e pela algazarra das vozes em desalinho...
Desaparece o espaço para a iluminação pessoal, a introversão edificante e a análise de situação diante dos acontecimentos que se sucedem rapidamente.
Tem-se a impressão de que o viver e o gozar agora são essenciais e que, logo mais, tudo mergulhará no caos...
Os hábitos sadios, a cidadania, o ético são nivelados ao espúrio e ao vulgar pelos multiplicadores de opinião, pelos líderes de audiência nos veículos de comunicação de massa, na insensatez e na alucinação dos sentidos.
São apresentados como legítimos os comportamentos anteriormente tidos como alienantes, mas que, de súbito, ganham prestígio, porque propostos por personalidades famosas, mas que alcançaram o destaque por meios pouco recomendáveis.
As conquistas coletivistas igualam executivos e trabalhadores, políticos e artistas, comerciários e juristas em padrões estranhos, que são aceitos, de forma a não os diferenciar, em cujos grupos são exaltados o egoísmo, o imediatismo, o poder de qualquer maneira, lícita ou desonestamente.
É certo que há significativas exceções, que se constituem modelos para o futuro da sociedade, quando soçobrar este período de avalanchas de desequilíbrio.
Os encontros sociais quase sempre são vazios de conteúdo, nos quais discute-se muito e ouve-se pouco, porquanto cada qual está fixado no seu próprio interesse, logrando-se realizar encontros volumosos com pessoas solitárias, evocando-se os grupos antigos que se reuniam nas hoje decadentes cortes, conforme as ambições, apoiando-se uns nos outros ou sorrindo e conspirando uns contra os outros, em insidiosas armadilhas propostas pela hipocrisia e pela desconfiança.
O segundo grupo, fugindo da balbúrdia, pretende que sejam evitados problemas individuais e gerais, refugiando-se na intimidade dos seus lares ou gabinetes, dos seus escritórios, suspeitosos e irascíveis, como utilizando-se de mecanismos protetores de defesa em que se encastelam.
Outros tantos indivíduos, escamoteando os transtornos sociofóbicos, recorrem à comunicação virtual e alienam-se da família, daqueles que se lhes afeiçoam, assim como dos demais companheiros de jornada, para as incursões doentias no fantástico e maravilhoso mundo da Internet, no qual ocultam as dificuldades pessoais e exibem os anelos frustrados de glória e de realização pessoal.
Olvidando-se do instinto gregário, que reúne todos os animais à volta uns dos outros, isolam-se, muito perturbando-se nos sombrios guetos em que se acolhem.
A facilidade da convivência  fraternal, os júbilos dos encontros amigos, os diálogos edificantes entre aqueles que se estimam, o intercâmbio de ideias no calor da vivência com o seu próximo cedem lugar às fugas espetaculares, que permitem ampliar o medo da morte, da doença, do desemprego, da traição, mas principalmente os medos absurdos da vida e do amor.
Temem amar, receando não serem correspondidos, o que representa insegurança pessoal e desequilíbrio emocional, por impedir-se a inefável alegria de intercambiar sentimentos dignificantes.
Ambos os grupos, a pouco e pouco, em distanciando-se, perdem a faculdade do relacionamento saudável, do calor da convivência, da emoção resultante da permuta de ideias e de aspirações.
Naturalmente permanece expressiva e inatacável faixa de mulheres e homens saudáveis, que se sustentam na comunicação pessoal acolhedora, nas buscas de mais adequadas soluções para os problemas e desafios do momento, interessados no bem-estar de todos e certamente no progresso individual e social.
Nos referidos grupos coletivistas e individualistas, mesmo quando parecem viger sentimentos religiosos, ei-los adstritos aos significados egoísticos que abraçam, insensíveis às necessidades da Humanidade que sofre e aguarda ajuda para desenvolver-se.
Como a vida pertence ao Espírito, encontrando-se no corpo ou fora dele, os seus sentimentos e pensamentos mesclam-se em perfeito intercâmbio com aqueles que lhes são afins.
Predominando as paixões inferiores na grande maioria dos reencarnados e desencarnados que povoam o orbe planetário e o seu entorno, é compreensível que terminem identificando-se psíquica e moralmente, dando lugar às infestações e obsessões tanto individuais quanto coletivas.
Sutilmente, participando dos interesses dos incautos na viagem corporal, seus inimigos desencarnados instilam-lhes ideias doentias até apossarem-se do seu raciocínio, fazendo-os tombar inermes nas suas hábeis armadilhas.
Noutras ocasiões, agridem-nos com violência, produzindo-lhes surtos de morbidez que os avassalam, arrastando-os indefesos aos seus objetivos infelizes.
Geram-se transtornos emocionais, psíquicos e com igual intensidade enfermidades simulacros.
Os fluidos morbíficos, ingeridos psiquicamente pelo reencarnado, misturam-se aos complexos mecanismos das neurocomunicações cerebrais, da mitose celular, dando lugar a desorganizações fisiológicas, agredindo o sistema imunológico através do qual agentes destrutivos da fauna microbiana atacam o organismo, instalando enfermidades reais ou provocando sintomas perturbadores.
A Divindade sempre proporciona os recursos hábeis para a precaução ao terrível flagelo e para a sua recuperação quando já instalado.
Desatentos, porém, e comprazendo-se na inferioridade dos sentimentos, perseguidores e perseguidos optam pelo combate inglório da ignorância, ampliando a área dos vitimados pela obsessão.
Os estímulos exagerados ao prazer e não ao comedimento abrem as comportas morais para a simbiose emocional e se torna difícil estabelecer a fronteira separativa do que é lícito e se pode fazer em relação ao tudo conseguir devendo o máximo fruir.
O espetáculo, pois, da obsessão pandêmica choca e comove, sensibilizando o inefável amor de Jesus, que promove as reencarnações de nobres Mensageiros para o esclarecimento da sociedade a respeito da angustiante situação, através da reconquista ética do amor, do dever, da fraternidade, do perdão, da oração e da caridade.
As trombetas do Além soam e convocam os servidores do Bem a que bradem e cantem o poema da saúde e da paz, embora a algazarra generalizada, conseguindo sensibilizar muitos que ainda podem ser despertados e liberados da situação deplorável.
O  vigiai e orai torna-se de incomum significado terapêutico, neste momento, a fim de prevenir a sociedade a respeito da infeliz pandemia, assim como para libertar os ergastulados nas amarras e prisões da momentânea enfermidade moral-espiritual.

Manoel Philomeno de Miranda
(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 11 de julho de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.) – Extraída da revista Reformador (FEB) de junho de 2008.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mente e Vida

            A usina mental é possuidora de inimaginável poder gerador de energia, mantendo-a neutra até o momento em que  o Espírito a movimenta, conforme as aspirações que agasalha e o direcionamento que lhe compraz.
           Conhecido, esse poder, desde épocas imemoriais nas civilizações do Oriente, apresentava-se então revestido de mistério nas cerimônias religiosas, produzindo fenômenos que deslumbravam as massas.
         Para bem canalizá-lo, surgiram os cultos e as doutrinas esotéricas, que estabeleceram regras de comportamento e técnicas para a sua aplicação, mediante cujas práticas, depois de largo período de iniciação, elegiam os seus sacerdotes, que se responsabilizavam  pela condução dos povos.
         Entre as culturas primitivas, os xamãs encarregavam-se de aplicar os valiosos recursos mentais, que conseguiam identificar neles próprios, abrindo espaço para as comunicações espirituais que comprovaram a imoralidade da alma. Tornaram-se, desse modo, muito importantes nos grupos sociais, nos quais mourejavam.
         Não existe um povo no qual, nas raízes de sua origem, a mente não tenha sido responsável pelo seu desenvolvimento e progresso.
         Todos os grandes líderes religiosos do passado, nos primórdios das civilizações, porque mais evoluídos do que os seus concidadãos, aos quais orientavam, utilizaram-se da energia mental para lograr êxito nos cometimentos a que se entregavam.
         Com Jesus, porém, esse poder atingiu o clímax, em razão da Sua superioridade moral e grandeza espiritual de Governador do planeta terrestre, demonstrado nos notáveis momentos da multiplicação dos pães e dos peixes, da tempestade acalmada no mar da Galileia, da pesca milagrosa, das curas extraordinárias, da visão a distância, da precognição em torno do Seu martírio, dos acontecimentos futuros, do fim dos tempos...
         Depois dEle, ao largo dos séculos, homens e mulheres superiores espiritualmente ao biótipo comum, aplicaram essa força poderosa de maneira edificante e salutar, logrando demonstrar que o ser humano é o seu pensamento.
         De Mesmer a Allan Kardec, passando por eminentes estudiosos da energia mental, pôde-se constatar que a vida se expressa no mundo objetivo, conforme o direcionamento dessas grandiosas forças.
         Nada obstante, graças ao conhecimento do cérebro, cada dia mais desvendado pelas neurociências, vêm sendo identificadas as áreas onde se sediam esses campos de força que, bem conduzidos, moverão montanhas...
         O conceito de Jesus acerca da fé, que é capaz de todas as realizações, centraliza-se na dinâmica da energia mental. Ter fé representa possuir a coragem de lutar em favor da concretização daquilo a que se aspira e entregar-se em confiança aos resultados que serão alcançados.
         O brocardo popular, que estabelece o querer é poder, possui validade incontestável, porquanto a aspiração, quando carregada da energia mental, culmina por concretizar aquilo que anela.
         A princípio, as fórmulas de controle mental passaram de geração a geração envoltas em enigmas, a fim de não serem entendidas pelos não iniciados, nos exotéricos.
         À medida que a cultura adquiriu cidadania e as doutrinas psicológicas aprofundaram a investigação na psique, mais fácil se fez o entendimento e a aplicação dessas fabulosas energias.
***
         Mente é também vida.
         Todos nos encontramos mergulhados no pensamento exteriorizado pela Mente Divina, que tudo orienta e conduz com segurança, desde as colossais galáxias as micropartículas.
         Conforme penses, assim viverás.
         Se te permites o pessimismo contumaz, permanecerás na angústia, a um passo da depressão.
         Se anelas pela felicidade, já te encontras fruindo as bênçãos que dela decorrem, como prenúncio do que alcançarás mais tarde.
         Se delineias sofrimentos para a existência, sob o conceito da aflição que agasalhas, a jornada terrestre ser-te-á assinalada pelo sofrimento.
         Se reflexionas em torno do bem-estar e da alegria de viver, mesmo que ocorram acidentes de percurso em forma de dor, desfrutarás de mais tempo de contentamento do que de aflição.
         Se projetas insucesso pelo caminho, seguirás uma trilha assinalada pelo fracasso elaborado pelo teu próprio pensamento.
         Se arrojas em direção do futuro o êxito, encontrá-lo-ás à tua espera, à medida que avances no rumo dos objetivos superiores.
         A mente produz aquilo que o pensamento direciona.
         A abundância da Vida encontra-se em toda parte do Universo, assim como a paz e a saúde,  porque procedem de Deus, o Criador.
         Igualmente, vastas faixas de infelicidade e de dissabores são sustentadas pelas mentes conflitivas e negativistas que as originaram e as preservam. 
         É necessário, portanto, pensar-edificando o bem, a fim de que o bem se edifique nos teus sentimentos.
         O Evangelho de Jesus é fonte inexaurível de alegria e de satisfações emocionais, de autorrealizações e de felicidade.
         Aborda, também, é claro, o sofrimento, o martírio, não porém de maneira masoquista, mas sim, como recursos de libertação das mazelas anteriormente armazenadas, facultando a conquista da harmonia interior e propiciando a perfeita vinculação com Deus.
         Pensa, portanto, de forma saudável, edificante, e receberás as altas cargas de estímulos que procedem das faixas nobres da vida, através do pensamento.
         Vivencia as experiências provacionais dolorosas com o pensamento em harmonia, sem deixar que o dissabor e o desalento tomem conta das tuas paisagens mentais, e ser-te-ão menos penosas as horas de purificação.
         Ninguém transita no mundo físico sem a experiência de algum tipo de sofrimento, porquanto este é um planeta de provas e de expiações e não o paraíso, onde a dor e o desespero não vigem, não se apresentam sequer.
         A maneira, porém, de vivê-lo é que o tornará razão de desdita ou de satisfação, em face da perspectiva de próxima libertação.
***
         Quando Jesus afirmou que Ele e o Pai são Um, demonstrou que, na Sua perfeita sintonia com a vontade de Deus, mergulhara totalmente no projeto que fora desenhado para a Sua existência entre as criaturas de Terra, sem queixa ou mal-estar.
         Quando consiga, por tua vez, entregar-te ao amor e vivê-lo em totalidade, poderás assinalar, qual o fez o apóstolo das gentes: Já não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim.
         Aprofunda, portanto, reflexões em torno do pensamento, deixa-te potencializar pela sua força e canaliza-o para a felicidade que te está destinada, e a experimentarás desde este momento.

Joanna de Ângelis
(Mensagem psicografa pelo médium Divaldo Pereira Franco,
 na sessão mediúnica da noite de 20 de junho de 2007, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
-- extraída da revista Reformador- abril de 2008, da FEB --

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS - continuação 2

DOS MÉDIUNS

33. O médium não possui senão a faculdade de se comunicar; a comunicação efetiva depende da vontade dos Espíritos. Se os Espíritos não querem se manifestar, o médium nada obtém; é como um instrumento sem músico.

34. A facilidade das comunicações depende do grau de afinidade que existe entre os fluidos do médium e do Espírito. Cada médium está, assim, mais ou menos apto para receber a impressão ou impulso do pensamento de tal ou tal Espírito; ele pode ser um bom instrumento para um e mau para um outro. Disso resulta que, dois médiuns igualmente bem dotados, estando um ao lado do outro, um Espírito poderá se manifestar por um e não pelo outro. É, pois, um erro crer que basta ser médium para receber com igual facilidade as comunicações de todo Espírito. Não existem médiuns universais. Os Espíritos procuram, de preferência, os instrumentos que vibrem em uníssono com eles. Sem a harmonia, que só a assimilação fluídica pode proporcionar, as comunicações são impossíveis, incompletas ou falsas. Podem ser falsas porque, à falta do Espírito desejado, não faltam outros, prontos para aproveitarem a ocasião de se manifestarem, e que pouco se importam em dizer a verdade.

35. Um dos maiores escolhos da mediunidade, é a obsessão, quer dizer, o império que certos Espíritos podem exercer sobre os médiuns, impondo-se a eles sob nomes apócrifos e impedindo-os de se comunicarem com outros Espíritos.

36. O que constitui o médium, propriamente dito, é a faculdade; sob esse aspecto, ele pode estar mais ou menos formado, mais ou menos desenvolvido. O que constitui o médium seguro, o que se pode verdadeiramente qualificar de bom médium, é a aplicação da faculdade, a aptidão de servir de intérprete dos bons Espíritos. (O Livro dos Médiuns, cap. XXIII.)

37. A mediunidade é uma faculdade essencialmente móvel e fugidia, pela razão de estar subordinada à vontade dos Espíritos; por isso é que está sujeita a intermitências. Esse motivo, e o princípio mesmo segundo o qual se estabelece a comunicação, são os obstáculos a que se torne uma profissão lucrativa, uma vez que não poderia ser nem permanente, nem aplicável a todos os Espíritos, e porque poderia faltar no momento em que dela se tivesse necessidade. Aliás, não é racional admitir que os Espíritos sérios se coloquem à disposição da primeira pessoa que os queira explorar.

38. A propensão dos incrédulos, geralmente, é suspeitar da boa fé dos médiuns, e supor o emprego de meios fraudulentos. Além de que, no entendimento de certas pessoas essa suposição é injuriosa, é preciso, antes de tudo, perguntar qual interesse poderiam eles ter para enganarem e divertirem ou representarem a comédia. A melhor garantia de sinceridade está no desinteresse absoluto, porque aí onde nada tem a ganhar, o charlatanismo não tem razão de ser. Quanto à realidade dos fenômenos, cada um pode constatá-la, se se coloca nas condições favoráveis, e se aplica a paciência na observação dos fatos, a perseverança e a imparcialidade necessária.

DAS REUNIÕES ESPÍRITAS

39. Os Espíritos são atraídos pela simpatia, a semelhança dos gostos e de caracteres, a intenção que faz desejar a sua presença. Os Espíritos superiores não vão às reuniões fúteis, do mesmo modo que um sábio da Terra não iria numa assembléia de jovens estouvados. O simples bom senso diz que não pode ser de outra forma; ou, se aí vão algumas vezes, é para dar um conselho salutar, combater os vícios, procurar conduzir para o bom caminho; se não são escutados, retiram-se. Seria ter uma idéia completamente falsa, crer que os Espíritos sérios possam se comprazer em responder a futilidades, a perguntas ociosas que não provam nem afeição, nem respeito por eles, nem desejo real, nem instrução, e ainda menos que possam vir dar espetáculo para divertimento dos curiosos. O que não faziam quando vivos, não podem fazê-lo depois da sua morte.

40. A frivolidade das reuniões tem por resultado atrair os Espíritos levianos que não procuram senão ocasiões de enganarem e de mistificarem. Pela mesma razão que os homens graves e sérios não vão às assembléias levianas, os Espíritos sérios vão apenas às reuniões sérias, cujo objetivo é a instrução e não a curiosidade; é nas reuniões desse gênero que os Espíritos superiores gostam de dar seus ensinamentos.

41. Do que precede resulta que, toda reunião espírita, para ser proveitosa, deve, como primeira condição, ser séria e recolhida; que tudo deve se passar nela respeitosamente, religiosamente e com dignidade, se se quer obter o concurso habitual dos bons Espíritos. É preciso não esquecer que, se esses mesmos Espíritos aí se fizessem presentes quando vivos, ter-se-ia por eles considerações às quais têm ainda mais direito depois da sua morte.

42. Em vão se alega a utilidade de certas experiências curiosas, frívolas e divertidas, para convencer os incrédulos, é a um resultado muito oposto que se chega. O incrédulo, já levado a zombar das mais sagradas crenças, não pode ver uma coisa séria naquilo do qual se faz um divertimento; não pode ser levado a respeitar o que não lhe é apresentado de maneira respeitável; também das reuniões fúteis e levianas, nas quais não há nem ordem, nem gravidade, nem recolhimento, ele leva sempre má impressão. O que pode, sobretudo, convencê-lo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara; diante de suas palavras graves e solenes, diante das revelações íntimas, é que se o vê emocionar-se e fraquejar. Mas, pelo fato de que há mais respeito, veneração, afeição pela pessoa cuja alma se lhe apresenta, ele fica chocado, escandalizado, de vê-la chegar a uma assembléia sem respeito, no meio de mesas que dançam e da pantomima dos Espíritos levianos; por incrédulo que seja, sua consciência repele essa mistura do sério e do frívolo, do religioso e do profano, por isso taxa tudo isso de charlatanice, e, freqüentemente, sai menos convencido do que quando entrou. As reuniões dessa natureza, fazem sempre mais mal do que bem, porque afastam da Doutrina mais pessoas do que a ela conduzem, sem contar que se prestam a motivar a crítica dos detratores, que nela encontram motivos fundados de zombaria.
Allan Kardec
• FIM •