segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Aborto (II)


Em outro artigo falamos sobre a descriminalização do aborto pelo Superior Tribunal Federal (para os casos de anencefalia), não temos a pretensão de analisar a questão jurídica; mas, sim a situação espiritual que é de muita importância a sua compreensão para que, mesmo que os Códigos Legais autorizem,  não venhamos a nos comprometer espiritualmente;  vez que as leis dos homens atendem situações sociais e buscam a ordenação de fatos tangíveis dentro da  estrutura de sua influência, não alcançando a continuidade da vida além do túmulo.  No entanto, a existência da alma é infinita.

Mesmo sob o prisma da legalidade, será que estaremos livres das consequências no campo moral – a nossa consciência --, se deliberarmos pelo aborto, ou a eutanásia, ou a pena de morte?  Ledo engano. 

Fiquemos, por ora, com a análise do aborto. Considerando que o único caminho para corrigirmos erros que nos confrange a intimidade é o retorno no campo de ação onde ocorreram os infaustos, ou seja, a convivência com os credores, os desafetos.  Para isto, se faz necessário um véu sobre o passado, o esquecimento de quem fomos e com quem convivemos e cometemos desajustes.  Enganamos, ludibriamos, falseamos, assassinamos...   São muitas vidas, muito fizemos de errado...   O egoísmo,  sempre o  mantivemos como imperativo em nós mesmos.  Tudo é meu!

As oportunidades dadas pelo Criador à criatura são inúmeras,  sendo que as responsabilidades são medidas de acordo com a capacidade de discernimento. E os pais são coautores com Deus, oferecendo seus recursos biológicos, os gâmetas, para a formação do corpo para um ente espiritual que irá utilizá-lo na nova experiência e expiação, junto de seus credores, embora não se lembre exatamente do que fez ou lhe fizeram. Ficam os pendores, que se manifestam no transcorrer do desenvolvimento da criança, demonstrando sinais de maldade, agressividade ou de generosidade, aptidões diversas...  Têm os pais o dever de corrigir as que se apresentam negativas e incentivar as positivas, através da educação, àquela que se diz “de berço”.

A ligação da alma se dá no momento da concepção, porque a alma possuindo  o elemento modelador do futuro instrumento de manifestação, o corpo físico,  o preparará de acordo com as suas necessidades; muito embora, a ação natural do automatismo genético,  por atavismo,  àquela está atrelado sofrendo a sua influência.

Em virtude disso, a anencefalia é a condição em que o Espírito se apresenta, em virtude de atitude deliberada contra si mesmo, como, possivelmente, ter destruído seu cérebro com arma de fogo, em suicídio, deixando em grande estado de desarranjo vibratório o órgão espiritual, correspondente no físico  ao cérebro  material destruído, em vida passada.

Os pais e demais envolvidos têm comprometimento com tal fato pretérito, que agora têm a oportunidade de reparação, caso não venham a desistir da materpaternidade de expiação, curando suas feridas morais com  dedicação,  renúncia de si mesmos, através da doação de amor, amando sem nenhum outro propósito que não seja amar, mesmo que seja por um período muito curto,  para solucionar problema espiritual que pode, de outra forma, perdurar por séculos, como esclarece a Doutrina Espírita.

 Dorival da Silva