quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Religião de Jesus

Especial
Ano 7 - N° 342 - 15 de Dezembro de 2013 - http://www.oconsolador.com.br/ano7/342/especial.html
GEBALDO JOSÉ DE SOUSA 
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)

Gebaldo José de Sousa

A Religião de Jesus
"Aquele que quiser ser maior no Reino de Deus
seja servidor de 
todos." - (Mt. 20:26.)
 

Emmanuel, Espírito, revela-nos que Jesus presidiu à formação da Terra e que é seu Governador2Isto significa que há bilhões de anos já atingira extraordinária evolução. E, modestamente, aceitou a incumbência de nos evangelizar, para compreendermos as leis de Deus, que se resumem no Amor!

Ele não se impõe, não se aborrece com nossos defeitos e nos oferece, nas múltiplas reencarnações e em variadas circunstâncias, meios para desenvolvermos a inteligência e os bons sentimentos: na profissão, no lar, ou nos diversos relacionamentos de nossas vidas.

Dá-nos oportunidades de trabalho, até aprendermos a servir com gratidão e alegria, sem melindres e sem escolher parceiros de atividades, trabalhando com aqueles que se apresentam!

Espera, pacientemente, nosso amadurecimento, a fim de aderirmos, de forma consciente, ao seu ideal de Amor; para conquistarmos plena Liberdade, Harmonia, ventura e belezas dos mundos superiores!

“(...) Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. (...)”.1  Lc, 9:23.

Afirma claramente: se alguém quer... E vejam a humildade e a infinita paciência com que atua esse Espírito, cuja grandeza é inimaginável para nós!

Para vivenciar sua Religião, cabe-nos servir, na família ou na comunidade, favorecendo o trabalho de equipe, para que todos participem de atividades em favor do bem comum e da evolução de todos os Espíritos provisoriamente vinculados à Terra!

Sem a perspectiva histórica e o hábito – cada vez mais raro – da leitura, doestudo, da pesquisa, e, sobretudosem as informações a nós repassadas porMentores da Vida Maior, torna-se difícil ao homem comum entender que Jesus continua presente em nosso orbeem nossas vidas e que dá sequência à nossaevangelização – processo esse que ainda se estenderá por longo tempo! 

Nas lições de Jesus o foco é outro – Legou-nos, há dois mil anos, o resumo das Leis Divinas, que, se observadas, nos concedem a saúde efetiva, que é a do Espírito imortalporque nos harmonizam com o Criador. Saúde que se refletirá em nosso corpo físico, nesta e em futuras encarnações.

A vivência desses princípios conduzir-nos-á à evolução consciente, acelerando nossa caminhada evolutiva, além de eliminar sofrimentos acarretados pela inobservância dessas Leis.

Ao longo do tempo – mesmo antes de Sua vinda a este orbe –, propiciou afundação de inúmeras religiões e inspirou artistas, filósofos, escritores,cientistaspara contribuírem com o progresso moral da Terra.

A multiplicidade dessas religiões revela-nos a sabedoria e a generosidade do Pai, que a todos nos favorece, com escolas adequadas e compatíveis com nossa capacidade de compreender – ainda que fragmentariamente – Suas Leis e sublimes desígnios.

O Mestre não veio, da parte do Pai, para curar corposmas Espíritos imortais. As curas são “(...) para alívio dos que sofrem e para ajudar na propagação da  (...)”.3

Nem veio para nos conceder prosperidade materialmassim, conduzir-nos aoprogresso espiritualEm Suas lições sublimes o foco é outro. Não visam os bens materiais – passageiros. Iludem-se os que O buscam com essesobjetivos. Representam caminhos para a evolução – real progresso do Espírito.

Como se vê, ainda não assimilamos esses ensinos, não os incorporamos à nossa conduta diária, não obstante as inúmeras reencarnações por que passamos, após Sua presença neste orbe.

Não nos preocupamos em ‘aviar’ suas libertadoras receitas.

Ao cuidar do corpo físico, temos pressa em aviar receitas médicas – se nãocontemplam exercícios físicosregimes alimentares ou supressão de vícios, sempre adiados para as calendas gregas, ou seja, para nunca, eis que só existiram “calendas” romanas. 

Jesus não fundou religião nenhuma – Esse alheamento aos ensinos de Jesus é que nos mantém presos à roda das reencarnações dolorosas!

A rigor, Ele próprio não fundou nenhuma religião! Sobretudo religiões à maneira das que existem na Terra, ainda que seu nome e ensinos sejam nelas mencionados e raramente observados!

Suas lições não requerem nem organizações complexas, nem templos suntuosos, nem preconizam rituais, roupas especiais, sinais exteriores; mas mudanças internas; traduzidas em normas de conduta surpreendentemente denatureza prática.

Pregava em qualquer parte onde se encontrava: à margem do lago; em casa da sogra de Pedro; em casa de Lázaro, Marta e Maria e... até nas sinagogas!

“Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” Jo 4:24

Sempre fomos mal orientados pelas religiões tradicionais – nas várias reencarnações por que passamos –, sempre achamos que a frequência aos templos (ainda que de forma desatenta, na maioria dos casos) apenas uma vez por semana e o exercício de práticas exteriores eram bastantes para a conquista de um ‘céu de louvor e contemplação, em repouso eterno’!

Repouso esse que revela a suprema ignorância das Leis Divinas – e preguiça ainda maior! Eis que o trabalho é Lei da vida.

E que castigo insuportável seria a eterna indolência!

Jesus, em parte alguma, menciona esse ‘repouso eterno’! Aqueles que defendem essa tese absurda parecem desconhecer o ensino do Mestre sobre o trabalho:
“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. 1 (Jo, 5:17).

É muita desatenção! Ou infinita preguiça! 

Religião significa religação com o Pai – A evolução contínua dos Espíritos pressupõe o desenvolvimento do Amor e a educação da inteligência. E isso requer esforços, estudos e trabalhos constantes, que guardem relação com nosso estágio evolutivo. Porque evoluímos muito lentamente, somos submetidos às infinitas reencarnações!

Não apenas revelou que Deus é nosso Pai e que “a Lei e os profetas” se resumem em amá-Lo e ao próximo como a nós mesmos.

Sua doutrina, além de recomendar-nos a vivência desse amor amplo, indica-nos, com simplicidade, as formas de praticá-lo, na conduta diária. Só a adoção dessas práticas nos conduzirá, a pouco e pouco, ao autoconhecimento, àconquista da harmonia e da paz plenas.

Observadas, religam-nos ao Pai, pela vivência do amor fraternal com todas as criaturas. Importa aqui recordar que Religião significa religação com o Pai!
Allan Kardec5 indaga aos Espíritos:
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir ao arrastamento do mal?

“Um sábio da Antiguidade já disse: Conhece-te a ti mesmo.”

E não há roteiro mais seguro para atingir esse fim do que observar seus ensinos. Ele mesmo o diz, quando afirma: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” .1 (Jo, 14:6).

Cabe-nos registrar que Jesus não só ensinou, mas exemplificou o que ensinava! Isto lhe dá autoridade incontestável:
“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” .1 (Mt, 7:28-29). 

Quem é, para Jesus, um homem prudente – Eis breve amostrado que nos recomenda e nos ensina a proceder, amorosamente:
Concilia-te depressa com o teu adversárioenquanto estás no caminho comele (...).”1  Mt 5:25

“Ouvistes que foi ditoOlho por olhodente por denteEuporémvos digo que não resistais ao malMas se alguém te bater na face direita, oferece-lhetambém a outra. E ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhetambém a capa.”1  Mt 5:38 a 40

“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam.”1 Mt 5:44

“Quando derdes esmolanão saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossamão direita.” 1 Mt 6:3

“Orando, não useis de vãs repetiçõescomo os gentios; porque presumem quepelo seu muito falar serão ouvidos.”  Mt 6:7

“Não vos inquieteis, poispelo dia de amanhãporque o dia de amanhãcuidará de si mesmo.” 1 Mt 6:34

“Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consiste a lei e os profetas.” 1 Mt 7:12

“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica, será comparado aum homem prudenteque edificou a sua casa sobre a rocha.” 1 Mt 7:24

“Este povo honra-me com os lábiosmas o seu coração está longe de mim.” Mt 15:8

“Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de bebereraforasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e mevisitastes; preso e fostes ver-me.” 1 Mt 25:35

“Embainha a tua espadapois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão.” 1 Mt 26:52

“(...) Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. (...)” 1 Lc 23:34

Parábola do Bom Samaritano (Lc, 10:25 a 37), transcrita no cap. XV, item 2, de Evangelho segundo o Espiritismo4, demonstra, com clareza, anecessidade da prática desse amor fraternal.

“Faze isso e viverás.” – No diálogo de Jesus com o fariseu, que antecede o relato dessa parábola – um dos mais belos entre o Mestre epersonagens do Evangelho! –, o fariseu respondeu à própria pergunta, indicando que o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo é a condiçãoindispensável ao merecimento da vida eterna.

Jesus, entãolhe disse, em belíssima e concisa frase: “(...) faze isso e viverás”.1

Kardec, nos comentários que a ela adita – item 3, do mesmo capítulo –, afirma que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade; e, ao referir-se à alegoria do juízo final, indaga:
“Naquele julgamento supremo, (...) Pergunta o juiz se foi preenchida tal ouqual formalidade, observada mais ou menos tal ou qual prática exteriorNão; inquire tão-somente de uma coisa: a prática da caridade, (...) Informa-se, poracaso, da ortodoxia da ? Faz qualquer distinção entre o que crê de um modoe o que crê de outro?”  Cap. XV, it. 3.

Na Parábola, o samaritano – julgado heréticomas que exercita o amorfraternal – revela-se superior ao ortodoxo que falta com a caridadeNãoapenas recomenda a caridademas a indica como condição única da felicidadefutura.

Em outro ensino sublime, o Divino Mestre desvincula o verdadeiro cristão de quaisquer sectarismos, de cultos, de templos, de manifestações externas:
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outrosassim como euvos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos quesois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.  1 Jo 13:34 e 35.

religião de Jesus – contida em fraternas normas de conduta – é, eminentemente, de natureza prática e se traduz na vivência do amorpor todas as formas ao nosso alcance.

Esta é a visão da Doutrina Espírita no tocante à Religião de Jesus, eis que também ela não requer templos suntuosos, não adota liturgias e rituais diversos, nem hierarquias ou princípios teológicos abstratos. Educa-nos para bem compreendermos e praticarmos Sua doutrina de puro Amor e de serviço ao semelhante, tal como exemplificou e recomendou o Divino Mestre, no ensino primoroso:“(...) faze isso e viverás”. 1 

Referências: 
1.                 ALMEIDA, João F. de – Tradutor. A Bíblia Sagrada. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil. 1969;
2.                 XAVIER, F. Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. FEB: Rio de Janeiro, 1975. p. 21 e 110;
3.                 KARDEC, Allan. Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ed. 2.imp. Brasília: FEB, 2011. cap. 26, it. 2, p. 447;
4.                 _____. _____. cap. 15, it.2, p. 301;
5.                 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2.ed. 1.impr. Brasília: FEB, 2011, q. 919.
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Matéria copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço: