Corpo
indestrutível
Em conversas em nossas reuniões mediúnicas com Espíritos que acabam de se reconhecer do outro lado da vida, ficam admirados de se apresentarem
com a forma que tinham antes da morte de seus corpos.
Gostaria de tratar desse assunto, no entanto, sem
aprofundamento em questões técnicas, como nos coloca a Doutrina Espírita, com
muita propriedade, pois se trata de uma Ciência, e como Ciência espiritual
exige estudo de longo curso.
Para dizer como surgiu o termo que utilizarei adiante,
reporto-me à obra basilar do Espiritismo, O Livro dos Espíritos, na questão 93, onde Allan Kardec questiona os Espíritos Luminares:
O Espírito propriamente dito tem alguma cobertura, ou, como pretendem
alguns, está envolvido numa substância qualquer? “O Espírito está envolvido por
uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós,
suficientemente vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e
transportar-se aonde queira.” Kardec
explica: Assim como o gérmen de um fruto é envolvido pelo perisperma, o Espírito
propriamente dito é revestido por um envoltório que, por comparação, se pode
chamar perispírito.
Dessa forma, o Codificador da Doutrina Espírita cunhou a palavra perispírito para
identificar melhor esse corpo semimaterial que todos os seres humanos têm e permanece
com ele após a morte do corpo de carne.
O ser pensante que tem consciência é imaterial (é
propriamente o espírito – sem forma definida), no entanto, tem um corpo
semimaterial que lhe dá o contorno, delimitando a forma, sendo que em toda
parte do Universo a forma é a humana, como conhecemos: Cabeça, tronco e
membros. Isto consta da obra da codificação: O Evangelho segundo o espiritismo,
capítulo III, itens 8 e 9. Só para citar
um exemplo: Jesus, o Cristo, que não é deste mundo, e é um Ser perfeito, se
apresentou fisicamente como um ser humano e posteriormente na sua ressurreição
espiritual apresenta-se com o perispírito adensado para ser reconhecido na
mesma forma humana.
Há generalizado desconhecimento desse assunto, mesmo nas
Ciências acadêmicas mais avançadas.
Esse corpo indestrutível, existia revestindo o espírito antes
de habitar o corpo de carne, é ele que se conecta no ato da fecundação do óvulo
pelo esperma no útero materno, que formará o novo corpo para o Espírito que irá
reencarnar.
O perispírito é o modelador do novo organismo de carne em
formação e recebe a influência dos elementos genéticos dos pais, dando-lhe as
características físicas destes.
Esse corpo semimaterial tem muitas propriedades, nele ficam
registradas todas as nossas experiências. Também é expansível, tem elasticidade
e plasticidade, toma as características impressas pela vontade do Espírito, entre
outras.
Estando o Espírito reencarnado, fazendo o bem ou o mal, tudo
será registrado nesse órgão vibratório, o perispírito. Em conta o mal que tenha
realizado, que macula a consciência, terá reflexo correspondente no
desequilíbrio desse corpo indestrutível, muitas vezes afetando a região
correspondente ao cérebro, ou outro órgão material, além de membros. A título
de exemplos: 1 - Caso um indivíduo tire a própria vida com uma arma de fogo,
atirando-se na região do ouvido, a área cerebral afetada no cérebro material
maculará a mesma área do perispírito. O que trará sérias consequências para a
vida no campo espiritual, porque não morrerá, e terá
todas as consequências danosas do ato de rebeldia contra si mesmo. 2 - No caso
de portador de vício, seja moral ou de dependência química, sempre haverá nódoa
no perispírito que compromete o órgão ou órgãos afetados no corpo físico; sendo
o vício de ordem moral que prejudica a terceiro ou a coletividade, o
comprometimento é sobre a mente, que avaria posteriormente o cérebro, em novo corpo, quando da reencarnação, em conta
o estado de culpa.
Após período de
sofrimento na espiritualidade, consequência do ato de desrespeito a si mesmo e à
Lei inderrogável de Deus, retornará em nova reencarnação, somente que o seu
perispírito apresentará o esfacelamento na região em que foi atingido na
ocasião do suicídio na vida anterior, assim, modelará o novo corpo com os
prejuízos da mácula impregnada naquele organizador molecular.
É bom acrescentar, que todos os vícios levam o indivíduo ao
suicídio indireto, no entanto, com as mesmas consequências de ato violento contra
si mesmo, causando sofrimento durante a vida na espiritualidade e
posteriormente em nova reencarnação trará seus reflexos. Embora causas
parecidas, no entanto, as consequências são relativas à condição de
discernimento de cada infrator. Deus é justo!
A intensidade das consequências, se surdez, cegueira,
aleijão, problema neurológico, tetraplegia, doenças nervosas e seus
desdobramentos dependerá do estado de consciência, do arrependimento sincero e
o firme desejo de superar a causa que o levou a ato estremo contra si mesmo.
São Paulo (1
Coríntios 15:44) “Semeia-se corpo natural, ressuscitará
corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.” -- Anotamos o ensinamento evangélico acima,
para mostrar que os expoentes do cristianismo, e outros pensadores mais
antigos, já sabiam da existência desse “corpo incorruptível” que faz parte da
composição do ser humano.
Com
o advento da Doutrina Espírita, 18.04.1857, surgiram revelações grandiosas do
Mundo Espiritual e sobre os Espíritos. Com a dedicação de estudiosos, de
médiuns de moral equilibrada, com as comunicações espirituais instrutivas, com as
reuniões mediúnicas terapêuticas e de muitas pessoas interessadas na Nova
Ciência, com conteúdo filosófico e as consequências morais, então, muito
conhecimento chegou ao Mundo sobre essa questão, transcendendo em muito a
trivialidade, para os que se interessam pelo seu futuro e destino.
Para
melhor clareza, os Espíritos equilibrados se apresentam com a sua maneira de
ser, mantêm a forma própria de se vestir (como eram conhecidos nas atividades
do mundo), se apresentam com óculos, penteados, colares, brincos e demais de seus
costumes. Nenhum desses adereços ou vestimentas foi levado da vida material, portanto,
trata-se de modificações fluídicas exercidas pelo Espírito, considerando a
própria força de suas vibrações que sofrem a influência dos hábitos que fluem
naturalmente. Podendo ser modificado pela sua vontade para atender situação
específica, por exemplo: Se a uma pessoa, para
a qual o Espírito deseja se identificar, ela somente o conheceu na sua vida social
ou de lazer, ou na atividade profissional, então, poderá se apresentar na forma
em que melhor se faça conhecido, de paletó e gravata, de traje esportivo, de
macacão ou jaleco, conforme a profissão que exercia.
Assim,
em poucas pinceladas – por ser o assunto muito extenso, existem compêndios
sobre o tema que não o esgotam, mesmo porque, trata-se de Ciência infinita,
Obra de Deus --, apresentei algumas informações básicas sobre o questionamento
de muitos Espíritos comunicantes, em conta a percepção de si mesmo, com a mesma forma e característica como eram constatadas quando da vida do corpo que
morreu.
Quem
se propõe ao estudo de tal assunto ou de outros relativos à vida espiritual,
precisa estar despido de preconceito, dogma e de qualquer outro fato
psicológico, filosófico ou religioso que seja peia emocional limitadora da
busca de conhecimento profundo sobre nós mesmos: “de onde venho, para que
estou aqui e para onde vou.”
Dorival da Silva
Nota: As obras da Doutrina Espírita, a Revista Espírita e outras de Allan Kardec poderão ser acessadas no seguinte endereço: https://kardecpedia.com/