sexta-feira, 11 de maio de 2012

Os Tempos são Chegados (primeira parte de cinco)


Colhendo a argumentação de Allan Kardec publicada na Revista Espírita em outubro de 1866, que completará 146 anos neste ano, que apresenta ensinamento tão atual, preciso, quanto lógico, como se tivesse escrevendo nos dias que se correm. Assim, mostra por mais esses argumentos que o Codificador da Doutrina Espírita revelou verdades, muito embora já estivessem postas para a Humanidade, mas que se encontravam esparsas, por todo o tempo, nas diversas filosofias, na própria ciência, nos credos diversos, juntando-as num feixe; organizado, didaticamente esquematizado, para facilitar o entendimento, de quem tiver o desejo de conhecer e se aprofundar na Terceira Revelação – promessa de Jesus: O Consolador (1) – que vem levantar a cortina da obscuridade humana (2).  

"Deus é ciência, a ciência está no homem e o homem desconhece Deus.”
 – Aracy Mattozo  Almeida – abnegada trabalhadora da seara de  Jesus.

Vamos fracionar a argumentação em cinco partes para facilitar as leituras, em conta sua extensão para se transcrever na totalidade numa página de blog, o que já foi postada em outro momento, sem a apreciação que se pretendia e que é o objetivo deste informativo.

(1)    – João, XIV: 15 a 17; 26)
(2)    -- O Livros dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A
    Gênese, e o Céu e o Inferno.  
                                                        Dorival da Silva
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Os Tempos são Chegados  

Os tempos marcados por Deus são chegados, dizem-nos de todos os lados, nos quais grandes acontecimentos vão realizar-se para a regeneração da Humanidade.

Em que sentido devem ser entendidas essas palavras proféticas? Para os incrédulos não têm a menor importância. Aos seus olhos não passam da expressão de uma crença pueril sem fundamento. Para a maioria dos crentes elas têm algo de místico e de sobrenatural, que lhes parece ser o precursor da perturbação das leis da Natureza. Essas duas interpretações são igualmente errôneas: a primeira, por implicar na negação da Providência e porque os fatos realizados provam a veracidade dessas palavras; a segunda, por não anunciar a perturbação das Leis da natureza, mas a sua realização. Procuremos-lhes, pois, o sentido mais racional.

Tudo é harmonia na obra da Criação, tudo revela uma previdência que não se desmente nem nas menores, nem nas maiores coisas. Em primeiro lugar, devemos afastar toda ideia de capricho inconciliável com a sabedoria divina; em segundo lugar, se nossa época está marcada pela realização de certas coisas, é que elas têm sua razão de ser na marcha geral do conjunto.

Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso. Progride fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois progressos se seguem e marcham paralelamente, porque a perfeição da habitação está em relação com o habitante. Fisicamente, o globo sofreu transformações, constatadas pela Ciência, e que sucessivamente o tornaram habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados; moralmente a Humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que se opera a melhoria do globo, sob o império das forças materiais, os homens a isso concorrem pelos esforços de sua inteligência: saneiam regiões insalubres, tonam mais fáceis as comunicações e a terra mais produtiva.

Esse duplo progresso se realiza de duas maneiras: uma lenta, gradual e insensível; outra por mudanças mais bruscas, em cada uma das quais se opera um movimento ascensional mais rápido, que marca, por caracteres distintos, os períodos progressivos da Humanidade.

Esses movimentos, subordinados nos detalhes ao livre-arbítrio dos homens, são de certo modo fatais em seu conjunto, porque estão submetidos a leis, como os que se operam na germinação, no crescimento e na maturação das plantas, considerando-se que o objetivo da Humanidade é o progresso, não obstante a marcha retardatária de algumas individualidades. Eis por que o movimento progressivo algumas vezes é parcial, isto é, limitado a uma raça ou a uma nação, outras vezes geral. O progresso da Humanidade se efetua, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são a obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo quanto seja efeito dessas leis é o resultado da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. Então, quando a Humanidade está madura para transpor um degrau, pode-se dizer que os tempos marcados por Deus são chegados, como se pode dizer também que em tal estação eles chegaram para a maturação dos frutos e para a colheita.

Pelo fato de o movimento progressivo da Humanidade ser inevitável, porque está na Natureza, não se segue que Deus a isso seja indiferente, e que, depois de ter estabelecido leis, tenha entrado em inação, deixando as coisas ir sozinhas. Suas leis são eternas e imutáveis, sem dúvida, mas porque sua própria vontade é eterna e constante e seu pensamento anima todas as coisas sem interrupção; seu pensamento, que tudo penetra, é a força inteligente e permanente que mantém tudo na harmonia; se esse pensamento deixasse de agir um só instante, o Universo seria como um relógio sem o pêndulo regulador. Deus vela incessantemente pela execução de suas leis, e os Espíritos que povoam o espaço são seus ministros encarregados dos detalhes, conforme as atribuições relativas ao seu grau de adiantamento.
- continua –

  ALLAN KARDEC

Revista Espírita, outubro de 1866.