quarta-feira, 1 de julho de 2009

HÁ ESPÍRITOS?

Os Cristãos profitentes das religiões tradicionais admitem a existência da alma. Recomendam a alma a Deus, fazem oração pelos seus mortos – ressalvadas as exceções. É prova da crença na continuidade da vida do “ser” que deixa a vida material. Mas o que é a alma, depois da morte do corpo físico? Já que se denota a certeza de que a vida não se extinguiu, apenas o corpo perdeu a sua vitalidade, não mais apresenta condições para manifestação da alma que ali demonstrava a sua inteligência, o seu sentimento, sua emoção...
Como esclarece Allan Kardec, alma e espírito são denominações que diferem apenas para distinguir o “ser” que está envolto por um corpo físico (encarnado), daquele “ser” que está sem o corpo físico (desencarnado). Aí as diferenças.


Com este entendimento todos os que assumem a condição de Cristão, porque creem no Cristo, e buscam aplicar em suas vidas as lições de Jesus, não podem perder de vista que a vida tem continuidade depois da chamada morte do corpo físico. Portanto, todos que estão investidos de um físico, tanto quanto os que já o deixaram são Espíritos.


Certas divergências não têm permitido maiores esclarecimentos à maioria dos Cristãos, em virtude da ausência de reflexão mais profunda sobre aquilo que é primordial, uma vez que a vida não cessa, há continuidade e muito mais intensa que o estágio no corpo físico – este que é muito limitador para a manifestação da alma.


Quais divergências? a)- A não aceitação da comunicabilidade dos Espíritos é uma das situações inibidoras do conhecimento sobre a vida espiritual. Como se vive no outro lado da vida? Quais são suas atividades? São felizes ou infelizes? Como ficam as famílias? b)- A pré-existência do Espírito à concepção de um novo corpo, vez que a Doutrina Espírita certifica a existência da vida depois da morte física no campo espiritual, aguardando por tempo indefinido, para nova concepção e construção de novo organismo físico, em nova programação;
c)-outra divergência é a da reencarnação – reinvestir-se de nova matéria, em um novo corpo – (que não é a mesma coisa que ressurreição, que dá a ideia de retornar na mesma matéria, no mesmo corpo habitado em existência passada), o que não é possível. Assim enumeramos algumas divergências de entendimento, embora existam outras.

Complementando a alínea “c” acima, porque não é possível o “Ser” espiritual retornar a habitar o mesmo corpo físico? A própria ciência demonstra. Com o fenômeno da morte física ocorre a decomposição dos elementos constitutivos da organização corpórea, que retornam à sua condição de origem na natureza, ou seja: o cálcio, o fósforo, o oxigênio... que irão compor outros organismos: vegetais, animais, hominais e, ainda -- aqueles que permanecerão por longo tempo na atmosfera --, poderão compor e recompor muitas outras constituições orgânicas, ilimitadamente; dessa forma, como recomporiam o mesmo organismo, depois de muito tempo, para servir ao mesmo espírito ou alma?

Aceitando ou não a comunicabilidade dos Espíritos, a sua pré-existência ao corpo físico e a reencarnação, todos os mecanismos evolutivos da humanidade, não deixarão de existir, porque são leis naturais e a humanidade já se submete a estes recursos desde a sua criação.


De sã consciência, será que é possível imaginar uma pessoa com uma vida física de 5, 10, 50 ou mesmo de 100 anos, apresentar-se ao mundo com o nível de inteligência elevado, como se tem visto, sendo que teve apenas alguns poucos anos para adquiri-la, se se considerar uma única existência? Vez que a Espiritualidade mais evoluída dá notícia de que os Espíritos vinculados à Terra, são o resultado de muitos milênios e muitas reencarnações, com seus erros e acertos. “Todos somos Espíritos.”


                                                 Dorival da Silva

O Maravilhoso e o Sobrenatural

“Mas o que é o maravilhoso, segundo vós? -- Aquilo que é sobrenatural. – E o que entendeis por sobrenatural? – O contrário às leis da Natureza. – Então conheceis tão bem essas leis que podeis marcar limites ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza, que elas não são ou não podem ser uma dessas leis.” (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo II)

       Conforme as indagações do Codificador da Doutrina Espírita no ano de 1860, levam-nos a refletir  se essas perguntas não nos cabe atualmente.

     O homem ignora a sua própria essência Divina, busca com insistências resultados para seu melhoramento e bem-estar naquilo que se manifesta extraordinariamente. Busca-se no maravilhoso, no sobrenatural aquilo que é de responsabilidade de seu esforço.

  E quando se trata das questões espirituais as coisas ficam mais complexas. É cultura que devamos deixar para os líderes religiosos de nossa confiança a profissão de resolver os nossos problemas íntimos para com Deus. Aguarda-se que uma oração, uma manipulação extraordinária em nossa intenção solucione as nossas pendências de consciência, nossas aflições...         Mas não é bem assim, conquanto a valiosa ajuda oferecida por esses líderes, que cumprem com seus esforços o papel que lhes é atribuído na organização humana, de consoladores e orientadores de almas; temos o dever de fazer a nossa busca, nossos questionamentos, buscarmos conhecimentos, analisarmos a nossa fé – não, a fé institucional com nomes próprios – mas a nossa fé com raciocínio, com entendimento.

  Para isto é imprescindível desvestirmos das ideias pré-estabelecidas sobre a nossa condição de ser “uniexistencial”, de uma única vida no corpo físico, e nos darmos o direito de pensar na condição “poliexistencial”, inumeráveis existências, buscando entender com isto a questão da reencarnação, retornar à carne muitas vezes, quanto for necessário à nossa evolução para Deus, ou seja: harmonização de nossa capacidade intelectiva e moral de conformidade com as Leis Divinas. Aí está a plenitude, o estado permanente de paz e felicidade, não existindo ociosidade contemplativa, mas sim trabalho espontâneo de conformidade com a Lei Suprema.


  Estamos distantes do estado pleno? sim; mas estamos no caminho. Tal trajetória percorreremos no dia a dia, embora os passos lentos pela falta de entendimento das questões espirituais demoramos ainda porque estamos com os olhos vendados, tateamos a realidade sem o discernimento necessário, e assim muitas vezes andamos em círculo, reproduzindo efeitos similares com nossas ações viciadas.


 Em vista dessas circunstâncias que precisamos meditar, aprofundar entendimento sobre a vida, o que vem depois da morte física, pois espiritualmente não existe morte, sendo que a vida espiritual nunca teve termo, apenas vivenciamos os mecanismos da reencarnação e da desencarnação, que são recursos evolutivos.


     Como ensina o Sr. Allan Kardec, não existe o maravilhoso, o sobrenatural, o que tem prevalecido é o nosso estado de ignorância sobre as leis naturais, das quais somos peça importante e Deus aguarda nosso despertar, vez que precisamos conquistar os nossos próprios méritos, através da vivência das Leis Divinas. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”


                                         Dorival da Silva

O Evangelho de Jesus

      O Evangelho de Jesus

     É comum discorrer-se sobre o Evangelho de Jesus, com citações de capítulos e versículos, ovações e louvações, promessas de curas e afastamento de “demônios”, em nome do Senhor.

    São práticas tradicionais, mas quando o cristão irá libertar-se de certas peias, que atrasam a evolução do “Ser”, dificulta o caminho ascensional para Deus, que aguarda o homem conquistar sua liberdade. Logo se percebe que o Evangelho de Jesus não é para  decorar e sim compreendido e vivenciado.


      O Evangelho é o pontilhado do caminho. É o demarcador para que o “Ser” humano tenha norte na sua trajetória. No entanto, é indispensável que cada um percorra o caminho do aprendizado com o roteiro salvador de Jesus.


    Deus, na sua sabedoria, colocou o livre-arbítrio como atributo da alma humana, para que com ele possa fazer a sua romagem na vida material com discernimento e responsabilidade, buscando sempre a harmonia e a paz. Quando foge por sua vontade a essa orientação natural, sofre imediatamente as consequências, que são: dores, medos, aflições, insegurança, enganos, ilusões, descrédito, frustrações...


    O retorno ao caminho harmonioso e feliz exige esforço, arrependimento, refazimento, perdão, renúncia, resignação e firme propósito de não se desviar mais da rota equilibrada.


     Toda atitude intencional de realizar o mal, a quem quer que seja, resulta numa mancha a ser limpa; dependendo da intenção e da intensidade da pretensão pode desdobrar em resultado de difícil solução, gerando perturbações emocionais, desequilíbrio da saúde física e mental.


      Pedir para que outrem interfira a seu favor com orações e outras práticas, tem valor relativo, na grande parte dessas interferências, pois o dever é individual e todos devem cultivar o hábito da oração, do recolhimento, da auto-renovação, da reforma íntima.


 Crescer espiritualmente é aprender vivenciando, é transformação interior, é tornar-se menor para o mundo material, isto é, dar a importância devida a cada coisa, sem se descurar do que é mais importante: o Espírito. É esta essência que continuará após o término do período carnal, carregando as virtudes conquistadas e as pendências que exigirão soluções.


     Não é possível encontrar-se em estado de plenitude espiritual (o Céu que se procura) sem que se haja eliminado as fraquezas morais, conquistada inteligência compatível com a grandeza das coisas universais, daí a necessidade da fé-raciocinada.


      É por demais importante o indivíduo conquistar a sua fé com conhecimento de causa, não é possível o salvamento da alma, do estado de ignorância, se não houver esforço, disponibilização de si mesmo para a busca mais importante. Por isso, não se pode entregar a conquista do mais relevante a terceiro, por mais preparado ou honrado que seja, pois a conquista é individual.


 Embora seja justo procurar ajuda, orientação, esclarecimento, junto àqueles que são mais experientes, mas sem o esforço próprio, sem seu próprio crescimento não é possível ser feliz. Ninguém pode ser feliz definitivamente com a conquista de outrem; como ninguém poderá ser infeliz definitivamente com a desgraça de outrem.
 Felicidade ou infelicidade é conquista pessoal.


    “Amar ao próximo como a si mesmo” é caminho seguro, pois é a expansão dos melhores valores em construção, que não são materiais, ao encontro das necessidades alheias que também não são materiais.

                         Dorival da Silva