quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Vitória da Vida

 
Vitória da Vida

Meus irmãos:

Sou eu que volto, sob a proteção da Divina Misericórdia.

A vida triunfa sobre a morte e, há quarenta dias, desde o momento final no corpo, o amor incondicional do Pai prossegue socorrendo-me, de modo que neste momento eu possa dizer com o coração túmido de saudade, mas com o Espírito exultante: Estou vivo!

Tenho orado, com fervor, aguardando este momento de reencontro para agradecer a Deus a felicidade incomparável da longa existência aureolada de bênçãos que reconheço não merecer.

Nossa Benfeitora trouxe-me hoje, às vésperas do encerramento do ano, para agradecer tudo quanto recebi durante a existência e, particularmente, nos dois últimos anos de impedimento e de limitação.

De alma ajoelhada, agradeço o devotamento, o respeito, o carinho de que fui objeto, mais especialmente a vigília dos filhos, de Gerulina, das cuidadoras e a paciência dos irmãos da Casa Grande, que não se enfastiaram com o meu demorado processo de libertação.

Agradeço as homenagens que me foram oferecidas, as condolências, as lembranças, todo esse colar de bondosas referências que não condizem com a minha existência humilde, sempre em plano secundário, de trabalhador braçal que sempre me considerei...

Desejo registrar as emoções profundas, falar das alegrias incontáveis do reencontro com os seres queridos, alguns dos quais de saudosas recordações.

Agradeço a todos que não me atrevo a nomear, que usaram de misericórdia para com o velho amigo causador de problemas... Que me perdoem os erros que não pude superar, as imperfeições que não consegui corrigir e a pequenez que não pude transformar em grandeza moral.

Comovo-me com as saudades daqueles que me amam e suplico que sejam felizes.

Suplico a Deus que transforme nossa Casa de amor num santuário de misericórdia, porque tudo passa mas o amor permanece.

Ninguém nunca se arrependerá por ter agido com misericórdia, compaixão e amor.

Que o nosso ninho de esperança permaneça como o lar dos que não têm abrigo, a estância, última que seja, para o repouso, na certeza de que, aqui entre nós, de ambos os lados, Jesus estará de braços abertos dizendo com suavidade: Vem, meu filho, este lar é teu!

Perdoem-me as emoções. É a primeira experiência. Embora preparando-me para este momento, a mente desatrela o corcel das lembranças, das saudades, da gratidão...

Eu suplico que as preces continuem envolvendo-me para que eu possa corresponder às expectativas dos corações que me amam.

Paz e misericórdia, gratidão profunda e súplica em favor de todos os que sofrem.
O velho companheiro agradecido,


                                  Nilson.
 
Psicofonia pelo médium Divaldo Pereira Franco, na
reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, na
noite de 30 de dezembro de 2013, em Salvador, Bahia.
Em 6.1.2014.

Mensagem extraída do endereço:
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=346   

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Religião de Jesus

Especial
Ano 7 - N° 342 - 15 de Dezembro de 2013 - http://www.oconsolador.com.br/ano7/342/especial.html
GEBALDO JOSÉ DE SOUSA 
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)

Gebaldo José de Sousa

A Religião de Jesus
"Aquele que quiser ser maior no Reino de Deus
seja servidor de 
todos." - (Mt. 20:26.)
 

Emmanuel, Espírito, revela-nos que Jesus presidiu à formação da Terra e que é seu Governador2Isto significa que há bilhões de anos já atingira extraordinária evolução. E, modestamente, aceitou a incumbência de nos evangelizar, para compreendermos as leis de Deus, que se resumem no Amor!

Ele não se impõe, não se aborrece com nossos defeitos e nos oferece, nas múltiplas reencarnações e em variadas circunstâncias, meios para desenvolvermos a inteligência e os bons sentimentos: na profissão, no lar, ou nos diversos relacionamentos de nossas vidas.

Dá-nos oportunidades de trabalho, até aprendermos a servir com gratidão e alegria, sem melindres e sem escolher parceiros de atividades, trabalhando com aqueles que se apresentam!

Espera, pacientemente, nosso amadurecimento, a fim de aderirmos, de forma consciente, ao seu ideal de Amor; para conquistarmos plena Liberdade, Harmonia, ventura e belezas dos mundos superiores!

“(...) Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. (...)”.1  Lc, 9:23.

Afirma claramente: se alguém quer... E vejam a humildade e a infinita paciência com que atua esse Espírito, cuja grandeza é inimaginável para nós!

Para vivenciar sua Religião, cabe-nos servir, na família ou na comunidade, favorecendo o trabalho de equipe, para que todos participem de atividades em favor do bem comum e da evolução de todos os Espíritos provisoriamente vinculados à Terra!

Sem a perspectiva histórica e o hábito – cada vez mais raro – da leitura, doestudo, da pesquisa, e, sobretudosem as informações a nós repassadas porMentores da Vida Maior, torna-se difícil ao homem comum entender que Jesus continua presente em nosso orbeem nossas vidas e que dá sequência à nossaevangelização – processo esse que ainda se estenderá por longo tempo! 

Nas lições de Jesus o foco é outro – Legou-nos, há dois mil anos, o resumo das Leis Divinas, que, se observadas, nos concedem a saúde efetiva, que é a do Espírito imortalporque nos harmonizam com o Criador. Saúde que se refletirá em nosso corpo físico, nesta e em futuras encarnações.

A vivência desses princípios conduzir-nos-á à evolução consciente, acelerando nossa caminhada evolutiva, além de eliminar sofrimentos acarretados pela inobservância dessas Leis.

Ao longo do tempo – mesmo antes de Sua vinda a este orbe –, propiciou afundação de inúmeras religiões e inspirou artistas, filósofos, escritores,cientistaspara contribuírem com o progresso moral da Terra.

A multiplicidade dessas religiões revela-nos a sabedoria e a generosidade do Pai, que a todos nos favorece, com escolas adequadas e compatíveis com nossa capacidade de compreender – ainda que fragmentariamente – Suas Leis e sublimes desígnios.

O Mestre não veio, da parte do Pai, para curar corposmas Espíritos imortais. As curas são “(...) para alívio dos que sofrem e para ajudar na propagação da  (...)”.3

Nem veio para nos conceder prosperidade materialmassim, conduzir-nos aoprogresso espiritualEm Suas lições sublimes o foco é outro. Não visam os bens materiais – passageiros. Iludem-se os que O buscam com essesobjetivos. Representam caminhos para a evolução – real progresso do Espírito.

Como se vê, ainda não assimilamos esses ensinos, não os incorporamos à nossa conduta diária, não obstante as inúmeras reencarnações por que passamos, após Sua presença neste orbe.

Não nos preocupamos em ‘aviar’ suas libertadoras receitas.

Ao cuidar do corpo físico, temos pressa em aviar receitas médicas – se nãocontemplam exercícios físicosregimes alimentares ou supressão de vícios, sempre adiados para as calendas gregas, ou seja, para nunca, eis que só existiram “calendas” romanas. 

Jesus não fundou religião nenhuma – Esse alheamento aos ensinos de Jesus é que nos mantém presos à roda das reencarnações dolorosas!

A rigor, Ele próprio não fundou nenhuma religião! Sobretudo religiões à maneira das que existem na Terra, ainda que seu nome e ensinos sejam nelas mencionados e raramente observados!

Suas lições não requerem nem organizações complexas, nem templos suntuosos, nem preconizam rituais, roupas especiais, sinais exteriores; mas mudanças internas; traduzidas em normas de conduta surpreendentemente denatureza prática.

Pregava em qualquer parte onde se encontrava: à margem do lago; em casa da sogra de Pedro; em casa de Lázaro, Marta e Maria e... até nas sinagogas!

“Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” Jo 4:24

Sempre fomos mal orientados pelas religiões tradicionais – nas várias reencarnações por que passamos –, sempre achamos que a frequência aos templos (ainda que de forma desatenta, na maioria dos casos) apenas uma vez por semana e o exercício de práticas exteriores eram bastantes para a conquista de um ‘céu de louvor e contemplação, em repouso eterno’!

Repouso esse que revela a suprema ignorância das Leis Divinas – e preguiça ainda maior! Eis que o trabalho é Lei da vida.

E que castigo insuportável seria a eterna indolência!

Jesus, em parte alguma, menciona esse ‘repouso eterno’! Aqueles que defendem essa tese absurda parecem desconhecer o ensino do Mestre sobre o trabalho:
“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. 1 (Jo, 5:17).

É muita desatenção! Ou infinita preguiça! 

Religião significa religação com o Pai – A evolução contínua dos Espíritos pressupõe o desenvolvimento do Amor e a educação da inteligência. E isso requer esforços, estudos e trabalhos constantes, que guardem relação com nosso estágio evolutivo. Porque evoluímos muito lentamente, somos submetidos às infinitas reencarnações!

Não apenas revelou que Deus é nosso Pai e que “a Lei e os profetas” se resumem em amá-Lo e ao próximo como a nós mesmos.

Sua doutrina, além de recomendar-nos a vivência desse amor amplo, indica-nos, com simplicidade, as formas de praticá-lo, na conduta diária. Só a adoção dessas práticas nos conduzirá, a pouco e pouco, ao autoconhecimento, àconquista da harmonia e da paz plenas.

Observadas, religam-nos ao Pai, pela vivência do amor fraternal com todas as criaturas. Importa aqui recordar que Religião significa religação com o Pai!
Allan Kardec5 indaga aos Espíritos:
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir ao arrastamento do mal?

“Um sábio da Antiguidade já disse: Conhece-te a ti mesmo.”

E não há roteiro mais seguro para atingir esse fim do que observar seus ensinos. Ele mesmo o diz, quando afirma: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” .1 (Jo, 14:6).

Cabe-nos registrar que Jesus não só ensinou, mas exemplificou o que ensinava! Isto lhe dá autoridade incontestável:
“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” .1 (Mt, 7:28-29). 

Quem é, para Jesus, um homem prudente – Eis breve amostrado que nos recomenda e nos ensina a proceder, amorosamente:
Concilia-te depressa com o teu adversárioenquanto estás no caminho comele (...).”1  Mt 5:25

“Ouvistes que foi ditoOlho por olhodente por denteEuporémvos digo que não resistais ao malMas se alguém te bater na face direita, oferece-lhetambém a outra. E ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhetambém a capa.”1  Mt 5:38 a 40

“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam.”1 Mt 5:44

“Quando derdes esmolanão saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossamão direita.” 1 Mt 6:3

“Orando, não useis de vãs repetiçõescomo os gentios; porque presumem quepelo seu muito falar serão ouvidos.”  Mt 6:7

“Não vos inquieteis, poispelo dia de amanhãporque o dia de amanhãcuidará de si mesmo.” 1 Mt 6:34

“Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consiste a lei e os profetas.” 1 Mt 7:12

“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica, será comparado aum homem prudenteque edificou a sua casa sobre a rocha.” 1 Mt 7:24

“Este povo honra-me com os lábiosmas o seu coração está longe de mim.” Mt 15:8

“Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de bebereraforasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e mevisitastes; preso e fostes ver-me.” 1 Mt 25:35

“Embainha a tua espadapois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão.” 1 Mt 26:52

“(...) Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. (...)” 1 Lc 23:34

Parábola do Bom Samaritano (Lc, 10:25 a 37), transcrita no cap. XV, item 2, de Evangelho segundo o Espiritismo4, demonstra, com clareza, anecessidade da prática desse amor fraternal.

“Faze isso e viverás.” – No diálogo de Jesus com o fariseu, que antecede o relato dessa parábola – um dos mais belos entre o Mestre epersonagens do Evangelho! –, o fariseu respondeu à própria pergunta, indicando que o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo é a condiçãoindispensável ao merecimento da vida eterna.

Jesus, entãolhe disse, em belíssima e concisa frase: “(...) faze isso e viverás”.1

Kardec, nos comentários que a ela adita – item 3, do mesmo capítulo –, afirma que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade; e, ao referir-se à alegoria do juízo final, indaga:
“Naquele julgamento supremo, (...) Pergunta o juiz se foi preenchida tal ouqual formalidade, observada mais ou menos tal ou qual prática exteriorNão; inquire tão-somente de uma coisa: a prática da caridade, (...) Informa-se, poracaso, da ortodoxia da ? Faz qualquer distinção entre o que crê de um modoe o que crê de outro?”  Cap. XV, it. 3.

Na Parábola, o samaritano – julgado heréticomas que exercita o amorfraternal – revela-se superior ao ortodoxo que falta com a caridadeNãoapenas recomenda a caridademas a indica como condição única da felicidadefutura.

Em outro ensino sublime, o Divino Mestre desvincula o verdadeiro cristão de quaisquer sectarismos, de cultos, de templos, de manifestações externas:
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outrosassim como euvos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos quesois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.  1 Jo 13:34 e 35.

religião de Jesus – contida em fraternas normas de conduta – é, eminentemente, de natureza prática e se traduz na vivência do amorpor todas as formas ao nosso alcance.

Esta é a visão da Doutrina Espírita no tocante à Religião de Jesus, eis que também ela não requer templos suntuosos, não adota liturgias e rituais diversos, nem hierarquias ou princípios teológicos abstratos. Educa-nos para bem compreendermos e praticarmos Sua doutrina de puro Amor e de serviço ao semelhante, tal como exemplificou e recomendou o Divino Mestre, no ensino primoroso:“(...) faze isso e viverás”. 1 

Referências: 
1.                 ALMEIDA, João F. de – Tradutor. A Bíblia Sagrada. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil. 1969;
2.                 XAVIER, F. Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. FEB: Rio de Janeiro, 1975. p. 21 e 110;
3.                 KARDEC, Allan. Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ed. 2.imp. Brasília: FEB, 2011. cap. 26, it. 2, p. 447;
4.                 _____. _____. cap. 15, it.2, p. 301;
5.                 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2.ed. 1.impr. Brasília: FEB, 2011, q. 919.
 =====================================================
Matéria copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço:

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Existe hierarquia de médiuns?

Crônicas e Artigos
Ano 7 - N° 343 - 22 de Dezembro de 2013    http://www.oconsolador.com.br/ano7/343/christina_nunes.html
CHRISTINA NUNEScfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
 
 

Existe hierarquia
de médiuns? 
 
"II – Influência Oculta dos Espíritos Sobre os Nossos Pensamentos e as Nossas Ações

459. Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?

... - O médium espírita consciente dessas influências passa a perceber com mais intensidade pelas suas sensibilidades, a presença .do mundo espiritual a guiá-lo, e entre ele e os seus guias espirituais estabelece-se uma corrente permanente de comunicações...

— Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem.

460. Temos pensamentos próprios e outros que nos são sugeridos?

— Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem, a um só tempo, sobre o mesmo assunto, e frequentemente bastante contraditórios. Pois bem, nesse conjunto há sempre os vossos e os nossos, e é isso o que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas ideias que se combatem.

461. Como distinguir os nossos próprios pensamentos dos que nos são sugeridos?

— Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso.

464 Como distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom ou de um mau Espírito?

— Estudai a coisa: os bons Espíritos não aconselham senão o bem; cabe a vós distinguir."  (Excertos de O Livro dos Espíritos - Allan Kardec.)


Transcrevi os excertos de estudo de um dos livros pilares da Codificação Espírita para realçar a citação, disseminada amplamente na própria Doutrina, de que mediunidade é dom comum a todos! Pode ser manifestada de entremeio a uma variedade imensa de nuances para cada perfil de sensibilidade individual, mas fato é que se faz sentir ao redor do globo indiscriminadamente, e, em inúmeras ocasiões, a revelia de crenças e descrenças.

Mediunidade, frise-se, é dom tão natural quanto a audição ou o paladar, e não constituí, assim sendo, matéria de fé - a despeito de que, e também é enfatizado em Kardec e outros mediadores dos espíritos, o mundo espiritual, quando movido por ideais de luz, não interfere no livre-arbítrio humano, principal ferramenta de aprendizado durante o período da reencarnação! Se sugerem e inspiram, portanto, e constantemente, de um lado, para o bem, também não violentam, os bons espíritos, a escolha alheia, e aí fica bem traçada a distinção entre a influenciação espiritual de boa lavra e a obsessiva!

É necessário o retorno constante ao tema, por meio de todas as ferramentas de elucidação espírita, por se tratar de tópico importante ao esclarecimento de muitos indivíduos que, por não se inteirarem com a eficiência devida dos mecanismos da mediunidade, fazem da matéria leitura e entendimento tosco, para depois sair por aí alardeando inverdades, ou verdades incompletas, ou tremendamente tendenciosas.

Não é de hoje que ouço e leio a expressão dúbia: grandes médiuns! Analisemos. De costume, quem são os pilares da disseminação espírita? As referências literárias, de estudiosos ou de intermediadores mediúnicos - missionários, ou de prova - para o homem reencarnado de cada tempo. São inúmeros, e, como divulgadora dos dias atuais, os enalteço e lhes rendo minha eterna gratidão pelo norte que, com sua sensibilidade e atuação, ofereceram para as gerações futuras, entre as quais eu e outros participantes do Movimento Espírita se incluem. Nosso saudoso, querido Chico Xavier, com sua mediunidade verdadeiramente missionária; Leon Denis; Zilda Gama, Yvone A. Pereira; Hermínio Miranda e muitos, colaboraram com brilhantismo na seara de esclarecimento das verdades espirituais, cada qual com sua luz própria, seu papel diferenciado. Todavia, amigo leitor, há que se observar discernimento na hora de se analisar a expressão, hoje ampla e inadvertidamente difundida, "grandes médiuns", de vez que, sem a devida cautela, acaba desvirtuando a compreensão sobre o assunto para uma feição discriminatória e inquisitorial, dentro do próprio meio espírita, e, por consequência natural, entre o público simpatizante e pesquisador destes temas de importância para a evolução humana.

Os amigos leitores já pararam para pensar o que seria do conhecimento das verdades do espírito se novos divulgadores e trabalhadores de boa vontade - refiro-me aos que, com honestidade, e vindo ao mundo comprometidos com a tarefa de fazer bom uso do dom mediúnico, agem com sinceridade para continuar a missão de vulto iniciada pelo professor Rivail - não perpetuassem os esclarecimentos? Admite, o estudante interessado e esclarecido, que a evolução não é multidimensional, e que, tal como se dá no mundo material onde estagiamos, também as esferas da invisibilidade não se modificam para melhor? Em paralelo, considera a palavra milenar do próprio Cristo aos apóstolos - aliás, alguns dos quais, embora homens comuns, sendo também médiuns naturais - de que "nem tudo ainda poderia ser dito, devido à pouca compreensão dos homens"; mas que, no tempo certo, outros viriam para dar continuidade às revelações que oferecia à humanidade, dentre as quais a existência da reencarnação, habilidosamente retirada do contexto evangélico pelos Concílios católicos interessados na manutenção do poder temporal!

Com base na rápida análise desses fatos, podemos extrair conclusões importantes:

1 - Reencarnação, mediunidade, e seus desdobramentos são leis naturais, embora mal compreendidas por muitos mergulhados nas lutas das vidas materiais, de vez que o próprio João Evangelista, como homem simples do seu tempo e no labor profético, foi um dos mais realçados exemplos de que a ação mediúnica acontece sem juízo de lugar, de época ou de patamares sociais;
2 - Por conseguinte, e tendo em conta a definição detalhada dos próprios espíritos da Codificação, a atividade mediúnica é constante e equânime. Acontece a revelia mesmo da percepção mais clara de quem a utiliza, com maior ou menor consciência, e, nos últimos casos, explica-se o véu sutil do modo como ocorre pela necessidade de que exercitemos a ferramenta evolutiva preciosa do livre arbítrio durante o nosso aprendizado na matéria;
3 - No caso do médium consciente, a percepção mediúnica se faz mais exaltada, em razão do que estabelece, com maior facilidade ainda, uma rede de comunicação intensa com os espíritos com quem atua, seja em diálogo mental, nas atividades das casas espíritas, como passista, ou na seara da literatura espírita.

Hoje, assim, a atividade dos indivíduos reencarnados exercitando um simples dom prossegue, inexorável. No que se refere a quaisquer modalidades de trabalho, despontam os de maior expressão missionária, como Chico Xavier. E admite-se bom ou mau uso do dom mediúnico! Todavia, não existem hierarquias mediúnicas, - grandes e pequenos médiuns, - no sentido depreciativo de que muitos lançam mão, maldosamente, visando anular os esforços de inúmeros novos trabalhadores idôneos, para confinar a validade de atuação espírita à uma caixinha inquisitorial, na qual cabem somente os divulgadores anteriores que, por esta ou aquela razão, obtiveram algum destaque midiático! Pois isso representaria irrealidade incompatível com a dinâmica de ação dos espíritos orientadores, e estagnação consciencial inadmissível da humanidade reencarnada, contrariando o próprio plano evolutivo! 


Copiada da Revista Eletrônica "O Consolador" no endereço: 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Louvor do Natal

 
Louvor do Natal

Senhor Jesus!

Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.

Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura, em que lhes fulgia a vitória, alastravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.

Levantavam-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.

Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.

Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.

Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade.

Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime... Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os voos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.

No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mães fatigadas a quem te dirigiste na via pública!

A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de tua epopeia chamam-se “O cego Bartimeu”, «o homem de mão mirrada», «o servo do centurião», «o mancebo rico», «a mulher cananeia», «o gago de Decápolis», «a sogra de Pedro», «Lázaro, o irmão de Marta e Maria»...

Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranquilidade e a alegria, como bênção de todos.

É por isso que, emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:
— Salve, Cristo! os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!... 


Do cap. 90 do livro Religião dos Espíritos, de Emmanuel, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço:

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Aprendendo com a Natureza... e com homens especiais

Aprendendo com a Natureza... e com homens especiais



Sandra Borba Pereira

A Natureza é o livro de páginas vivas e eternas.
Emmanuel
(Prefácio - Cartilha da Natureza, Francisco Cândido Xavier, ed. FEB)

Múltiplas são as expressões e relações do homem para com a Natureza: integração, uso, cuidado, inspiração, pesquisa, exploração irresponsável, lições de vida, exemplos, dentre outras.
Ao longo da história filósofos buscaram-lhe os princípios constitutivos; cientistas investigaram-lhe as causalidades efuncionamento para exploração, controle e previdência; religiosos a procuram como refúgio e aprendizado espiritual; artistas a transformam ou a retratam em variadas expressões; escritores e poetas nela encontram fonte de lições e inspirações; homens e mulheres simples a admiram e nela atuam como cenário de lutas pela sobrevivência e manancial de saberes para prosseguirem, adiante, em busca de um melhor viver.
São tantas lições naturais!!!
O sândalo, diz o ditado, perfuma o machado que o fere.
A pérola surge na ostra ferida.
O voo dos gansos é lição de trabalho em equipe.
Montanhas e mares desafiam os homens em seus limites.
A aurora boreal extasia a tantos quantos se banham em suas cores e desenhos.
Em cada lugar, a beleza, a lição, a expressão do Criador.
No grande livro da Natureza Mestra, na região do semiárido nordestino, nos defrontamos com singular árvore denominada pelo escritor Euclides da Cunha como a árvore sagrada do sertão, a saber: o umbuzeiro ou imbuzeiro.
Afirma Marcelino Ribeiro que o umbuzeiro dispõe de mecanismos de tolerância à seca, às rigorosas condições de solos empobrecidos e de clima quente e seco do semiárido brasileiro.(Nota: acesso www.embrapa.br, no dia 16/08/2013)
Sendo uma árvore de pequeno porte, chega até 6m de altura e sua copa larga pode atingir até 15m de largura, proporcionando sombra ao viajor cansado. Mas não é só sombra a sua dádiva. Sua raiz conserva água e, em épocas de grande seca, produz uma espécie de batata que é utilizada como alimento. Tudo a ver com a origem de seu nome, ao tempo do Brasil colonial, da língua tupi-guarani y-mb-u, que significa árvore que dá de beber.
Em nosso Nordeste ouvimos dizer que gente do povo faz uma espécie de canudo e bebe água na raiz do umbuzeiro, que acumula o líquido numa espécie de bacia natural, em épocas de seca.
O umbuzeiro, porém, vai além da sombra e da água. Seu fruto pode ser consumido ao natural ou utilizado em sucos, sorvetes, vitaminas, geleias e na famosa umbuzada, uma espécie de creme (suco batido com leite condensado).
Estando certa feita em Santa Luzia, na Paraíba, após a atividade doutrinária, na residência de Fanda e esposa, fui servida de umbuzada com a seguinte afirmativa: Raul Teixeira adora umbuzada. Guardei isso na memória, após provar o delicioso creme.
O tempo passa e nosso Raul, em novembro de 2011 teve o AVC, do qual se recupera das sequelas, até os dias atuais, num processo testemunhal de coragem e fé em Deus. Estando com ele, recentemente, indaguei sobre seu gosto pela umbuzada ao que me respondeu: Adoro tudo do umbu.
Nos diversos eventos em que temos nos encontrado e fitando-o, longamente, lembrei-me do umbuzeiro e vi que nosso Raul, com sua longa e valiosa folha de serviço, construiu sua reserva e hojebebe na água viva da mensagem do Cristianismo Redivivo, que lhe tem proporcionado compreensão dos mecanismos da Lei Divina, força e estímulo. Bendita raiz do umbuzeiro! Bendita Doutrina Espírita! Em prece suplico a Deus que ele permaneça firme em sua agora silenciosa palestra, mas lutando pela sua recuperação.
Com nosso Raul tenho aprendido a lição da obediência, da resignação e do esforço de servir sempre, em qualquer condição, mas buscando continuamente a melhoria dessas mesmas condições.
Saindo do Nordeste quente e seco, viajamos na imaginação até os Alpes Europeus, continuando a aprender com a Natureza... e com os homens. E aí foi inevitável lembrar que nosso querido baiano, o orador e médium Divaldo Pereira Franco, também tem suas predileções no quesito natureza. Sua flor favorita é edelweiss, o que também confirmei.
Edelweiss, cuja palavra alemã significa branco formoso oubranco nobre, é uma flor que nasce acima dos 1.700m de altitude, de julho a setembro, nos Alpes da França, Iugoslávia, Itália, Áustria e Suíça, sendo inclusive a flor oficial dessas duas últimas nações. É uma linda flor que tem um formato de estrela de pétalas brancas, aveludadas e que possui uma espécie de pelugem que lhe dá longevidade de cerca de 100 anos depois de seca.
São inúmeras as lendas sobre a origem dessa flor, mas é muito significativo o seu simbolismo: honra, resistência, dignidade, fidelidade, amizade, amor. Receber edelweiss de alguém é sinal de amizade ou amor eterno. Daí muitos rapazes escalavam perigosamente as montanhas para entregarem às amadas a floreterna.
Hoje protegida por lei, não corre mais o risco de extinção e seu cultivo também se garante em estufas, mas sem perder o valor simbólico que possui. No Brasil, edelweiss se imortalizou na canção do mesmo nome, do musical The Sound of Music, conhecido entre nós como A Noviça Rebelde.
Divaldo contou-nos que edelweiss é sua flor predileta; que o Espírito Scheilla, através de Chico Xavier materializou várias para ele, em 1964 e que ele as tem guardadas secas, até hoje.
Nosso semeador de estrelas é como edelweiss: honra, resistência, fidelidade e amor ao Cristo tem sido uma demonstração constante em sua vida. A extraordinária obra Mansão do Caminho, completando 61 anos de existência, a rica literatura mediúnica, as milhares de palestras por centenas de cidades do mundo inteiro, a fidelidade a Jesus e a Kardec revelam toda a nobreza de um coração dedicado ao Bem, à autoiluminação, pelos esforços de vivência do amor.
Com ele tenho aprendido a lição da perseverança, da simplicidade, da fidelidade a Deus, da força de vontade, da vivência do Bem. E tenho rogado ao Pai que o fortaleça na estrada numinosa que percorre deixando um rastro de luz para tantos quantos lhe ouvem a palavra e aprendem com o exemplo.
Em O Livro dos Espíritos, questão 626, asseveram os Imortais: estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, o homem pôde conhecê-las quando quis procurá-las. Assim, aprender com a Natureza e com os homens que aprendem com a Natureza é exercitar nossa própria essência, é buscar as páginas vivas e eternas grafadas por Deus como sinais de Seu Amor a nos trazer lições, advertências e bênçãos para que nos harmonizemos com Suas Leis.