quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A máquina divina

Elucidações de Emmanuel


por Francisco Cândido Xavier


A máquina divina

Meu amigo,
O corpo físico é a máquina divina que o Senhor nos empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra.
Os vizinhos do bruto precipitam-na ao sorvedouro da animalidade.
Os maus empregam-na criando o sofrimento dos semelhantes.
Os egoístas valem-se dela para esgotarem a taça de prazeres fictícios.
Os orgulhosos isolam-na sem proveito.
Os vaidosos cobrem-na de adornos efêmeros para reclamarem o incenso da multidão.
Os intemperantes destroem-na.
Os levianos mobilizam-na para menosprezar o tempo.
Os tolos usam-na inconsideradamente, incentivando as sombras do mundo.
Os perversos movimentam-lhe as peças na consecução de desordens e crimes.
Os viciados de todos os matizes aproveitam-lhe o temporário concurso na manutenção da desventura de si mesmos.
Os indisciplinados acionam-lhe os valores estimulando o ruído inútil em atividades improdutivas.
O espírito prudente, todavia, recebe essa máquina valiosa e sublime para tecer, através do próprio esforço, com os fios da caridade e da fé, da verdade e da esperança, do amor e da sabedoria, a túnica de sua felicidade para sempre na Vida Eterna.

Da obra intitulada Nosso Livro, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicado em 1950.
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Reflexão: Nos dias atuais em que há um endeusamento de si mesmo, visando a exuberância física, com os excessos musculares, com adornamentos metálicos e outros materiais, com enfeites pictóricos, intervenções plásticas alteradoras da estrutura original, entre outros fazeres excepcionais, quando a “máquina divina” não pede nada disso.

O Espírito Emmanuel, com a lucidez que lhe é característica, com visão que transcende os limites da materialidade, mostra que o instrumento corporal tem outra finalidade. “O corpo físico é a máquina divina que o Senhor nos empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra.”  O Benfeitor diz que o Senhor empresta a Máquina Divina...  Essa informação leva à meditação: Embora o corpo sirva exclusivamente a um indivíduo, ele não lhe pertence definitivamente. Poderá sê-lo retirado a qualquer momento, restituindo-lhe à Natureza de onde veio, desintegrando-se definitivamente para integrar outras construções orgânicas ou não.

... empresta a máquina divina para a confecção da nossa felicidade na Terra.”  Trata-se de equipamento fungível. O “Ser pensante”, a Alma, precisa de tal máquina para sua vida temporária no mundo material na busca das experiências espirituais. Toda a alquimia com as coisas da Terra é visando o aprimoramento da Alma, intelectual e moralmente.

Tudo o que se valoriza intensamente no corpo implementa-se com as mesmas colorações no envoltório da Alma, o que se denomina na Doutrina Espírita por perispírito, corpo sutil que envolve o "Ser Pensante" - a Alma - e permanece após a morte do corpo físico.  Com essa apresentação permanece-se durante a erraticidade (período entre a desencarnação e a próxima reencarnação), com exceções e graduações próprias de cada situação.

“O Senhor nos empresta (o corpo físico) para a confecção de nossa felicidade na Terra.”  Há que se entender que o Mentor faz referência a felicidade que se construirá na Alma, portanto, patrimônio infungível, terá continuidade após a morte. Assim não limita a confecção de felicidade para gozo apenas enquanto na vida material, mas para sempre. Dessa forma, transferir a condição de usufruir felicidade com os elementos da matéria é pura ilusão, mesmo porque a matéria nada poderá perceber, sendo o sentir um atributo da Alma.

A vida no ambiente da Terra flui em dois planos, sendo o plano espiritual, a condição primeira, -- pois de lá veio para lá retornará --; o plano no corpo físico é uma viagem de oportunidades para aprendizado e aprimoramento da Alma.  Numa análise mais profunda a Alma vive os dois planos ao mesmo tempo, embora quem está na indumentária física não perceba.

Emmanuel, o Espírito benfeitor, faz correlação entre a condição moral e a empregabilidade da máquina divina, que foi emprestada pela Divindade para a confecção da felicidade, mas, o homem, pela Lei Natural tem o livre-arbítrio, confecciona o sofrimento, para si, se não ocorre imediatamente virá no futuro, e para os outros proporciona dificuldades, tornando para si dívidas a serem sanadas em algum tempo. Abaixo tornamos aos registros do Benfeitor:

“Os vizinhos do bruto precipitam-na ao sorvedouro da animalidade.
“Os maus empregam-na criando o sofrimento dos semelhantes.
“Os egoístas valem-se dela para esgotarem a taça de prazeres fictícios.
“Os orgulhosos isolam-na sem proveito.
“Os vaidosos cobrem-na de adornos efêmeros para reclamarem o incenso da multidão.
“Os intemperantes destroem-na.
“Os levianos mobilizam-na para menosprezar o tempo.
“Os tolos usam-na inconsideradamente, incentivando as sombras do mundo.
“Os perversos movimentam-lhe as peças na consecução de desordens e crimes.
“Os viciados de todos os matizes aproveitam-lhe o temporário concurso na manutenção da desventura de si mesmos.
“Os indisciplinados acionam-lhe os valores estimulando o ruído inútil em atividades improdutivas.”

Fechando o texto de orientação, Emmanuel, resumidamente fala de como bem utilizar a máquina divina e os resultados a se alcançar, que transcende os limites desta existência material e segue o caminho da eternidade:
“O espírito prudente, todavia, recebe essa máquina valiosa e sublime para tecer, através do próprio esforço, com os fios da caridade e da fé, da verdade e da esperança, do amor e da sabedoria, a túnica de sua felicidade para sempre na Vida Eterna.”

                                                         Dorival da Silva