domingo, 25 de novembro de 2018

Casa espiritual

 Casa espiritual 

“Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.” - Pedro. (I Pedro, 2:5.) 

Cada homem é uma casa espiritual que deve estar, por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor. 
Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor. 
O aprendiz do Evangelho precisa, pois, refletir nas palavras de Simão Pedro, porque a lição de Jesus não deve ser tomada apenas como carícia embaladora e, sim, por material de construção e reconstrução da reforma integral da casa íntima. 
Muita vez, é imprescindível que os alicerces de nosso santuário interior sejam abalados e renovados. 
Cristo não é somente uma figuração filosófica ou religiosa nos altiplanos do pensamento universal. É também o restaurador da casa espiritual dos homens. 
O cristão sem reforma interna dispõe apenas das plantas do serviço. O discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo. 


Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, capítulo 133, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier – Ano: 1951 

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Reflexão:  
Nesse exercício reflexivo sobre a página acima notamos de início a grandiosidade do texto, neste fragmento: “(...), por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor.” As letras dizem sem nenhuma sombra de dúvida o que se precisa fazer. Somos casa espiritual, teremos a beleza ou não do próprio esforço.  
Não há proibição na conservação da casa material que habitamos, nem do cultivo do corpo físico na sua exterioridade, nem de usufruir das coisas que o Mundo dispõe, desde que não haja abuso, tendo sempre presente a consciência de que quem participa de todos os feitos da vida é o ser pensante (a alma) que se manifesta e age através de um organismo de carne, que lhe obedece. Dessa forma, todas as experiências geram registros na alma, pois são recursos intelectuais e emocionais que lhe pertencem e modificam a casa espiritual (o estado espiritual).  Como ensina o apóstolo Pedro, no verso à epígrafe, “(...), como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.”  
Reproduzimos parte do texto inicial, considerando a precisão com que se correlaciona a imagem gerada pela escrita entre o que se pode observar no campo das construções materiais com o estado espiritual gerados pela miscelânea de comportamentos da vida neste Mundo, vejamos: “Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.”  
  Não podemos esquecer que compareceremos na vida espiritual, após a morte do corpo, com aquilo que cultivamos e não com um estado espiritual ideal que imaginamos. Isto é um estado de ilusão que causará grande frustração. 
As figuras imaginárias para nós trazidas pelo Orientador Espiritual são na verdade, como deduzimos, anotações reais de quem observa de um plano espiritual mais elevado, sendo generoso em nos informar de maneira comparativa uma realidade nossa, que se generaliza com maior ou menor coloração de realidade, dada a diversidade natural de Espíritos encarnados. Observemos que no final de sua página ainda frisa: “(...), sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.”  Poucos chegam à vida espiritual em condições ideais de paz e felicidade. A morte do corpo material ocorre a qualquer hora, independente da vontade de quem quer que seja, assim a casa espiritual precisa estar em constante renovação para melhor.  Com ela, que somos nós mesmos, retornaremos à vida normal do Espírito e estaremos felizes ou não. A qualidade da Casa que dirá! 

                                                   Dorival da Silva