sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O CRISTÃO E O MUNDO


O CRISTÃO E O MUNDO

“Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão cheio na espiga.”
— Jesus. (MARCOS, capítulo 4, versículo 28.)

Ninguém julgue fácil a aquisição de um título referente à elevação espiritual. O Mestre recorreu sabiamente aos símbolos vivos da Natureza, favorecendo-nos a compreensão.

A erva está longe da espiga, como a espiga permanece distanciada dos grãos maduros.

Nesse capítulo, o mais forte adversário da alma que deseja seguir o Salvador, é o próprio mundo.

Quando o homem comum descansa nas vulgaridades e inutilidades da existência terrestre, ninguém lhe examina os passos. Suas atitudes não interessam a quem quer que seja. Todavia, em lhe surgindo no coração a erva tenra da fé retificadora, sua vida passa a constituir objeto de curiosidade para a multidão. Milhares de olhos, que o não viram quando desviado na ignorância e na indiferença, seguem-lhe, agora, os gestos mínimos com acentuada vigilância. O pobre aspirante ao título de discípulo do Senhor ainda não passa de folhagem promissora e já lhe reclamam espigas das obras celestes; conserva-se ainda longe da primeira penugem das asas espirituais e já se lhe exigem vôos supremos sobre as misérias humanas.

Muitos aprendizes desanimam e voltam para o lodo, onde os companheiros não os vejam.

Esquece-se o mundo de que essas almas ansiosas ainda se acham nas primeiras esperanças e, por isso mesmo, em disputas mais ásperas por rebentar o casulo das paixões inferiores na aspiração de subir; dentro da velha ignorância, que lhe é característica, a multidão só entende o homem na animalidade em que se compraz ou, então, se o companheiro pretende elevar-se, lhe exige, de pronto, credenciais positivas do céu, olvidando que ninguém pode trair o tempo ou enganar o espírito de sequência da Natureza. Resta ao cristão cultivar seus propósitos sublimes e ouvir o Mestre: Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão cheio na espiga.

Extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 102.

________________________________________________________________________

Reflexão: O homem deseja que tudo aconteça imediatamente em atendimento às suas expectativas e ansiedades, sem avaliar a necessidade primordial para a sua vida de Espírito, numa fase transitória de experiência, provação, resgate. 

O Cristianismo redivivo, o Espiritismo, traz, através de seus orientadores espirituais, a ampliação do entendimento das mensagens de Jesus, proporcionando condições para a saída do entendimento da forma literal dos versículos evangélicos para a condição ampliada pela reflexão. Refletir sobre um tema com a liberdade de alma, sem nenhuma influência de preconceitos, vaidades e presunções favorece a comunhão com outros pensamentos de mesma qualidade, nos campos siderais, favorecendo o melhoramento de nossas concepções. 

Jesus semeou as verdades divinas no terreno que dispunha, na condição em que pudessem elas perpetuar perante as eras, ficando na condição de fulcro para serem desenvolvidas de acordo com a possibilidade dos Espíritos que se evoluem no contato constante mesmo da literalidade do Evangelho de Jesus.  A mensagem evangélica tem tudo o que o homem precisa para ser feliz, é a direção, e tudo o mais que se apresenta na ciência e na tecnologia é meio de compreender o essencial, se utilizada a reflexão. O que é material se analisa materialmente. No entanto, Jesus não falava das questões materiais, tratava da alma, porque tratava da essência, da vida. O objetivo é o salvamento do homem, a retirada da ignorância, esta que encobre o que é primacial, a vida espiritual plena. A vida espiritual não é possível de ser analisada pelo reencarnado se não com o pensamento, a ferramenta da reflexão. 

Por isso, podemos considerar plenamente a sequência evolutiva enunciada por Jesus: “Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão cheio na espiga.”

                                                                                                  Dorival da Silva