quinta-feira, 17 de março de 2011

Carta aos Cristãos Modernos

          Recorrendo à sabedoria de Paulo, em razão das suas memoráveis Epístolas, que disseminaram e preservaram o pensamento sublime de Jesus na sociedade do seu tempo, e que eram lidas e copiadas com ternura pelos afeiçoados discípulos, é perfeitamente saudável que repitamos a conduta do Apóstolo dos Gentios ante as dificuldades e os desafios destes modernos dias de cultura e de civilização, embora a impossibilidade de repetir-lhe a sabedoria.
                 Queridas irmãs e queiros irmãos em Cristo:
                Que permaneça em vossa mente e em vosso coração a paz que deflui da consciência tanquila como efeito da conduta reta e dos pensamentos dignos.
         A sociedade hodierna vive momentos graves na história do seu processo evolutivo.
        As incomparáveis conquistas da ciência e da tecnologia, do direito e da ética colocam-na no Dante jamais esperado patamar do progresso, oferecendo-lhe conforto e prazeres nunca antes alcançados, ao mesmo tempo abrindo-lhe horizontes de inconcebíveis possibilidades de conquistas gloriosas em relação ao futuro.
    Nada obstante, pairam sob os seus céus róseos e transparentes as ameaças do horror e do desespero que lentamente alcançam os seus membros descuidados, atirando-os uns contra os outros e fazendo-os mergulhar no fundo poço das aflições superlativas.
    As bênçãos da comunicação virtual, por exemplo, ensombram-se com a facilidade com que se difundem o crime, o terror, o despautério, envolvendo crianças, jovens, adultos e idosos nas suas teias perversas e constritoras, que os atam à marginalidade...
        Competindo com a facilidade de ampliar as informações em torno do belo, do bom e do saudável, os enfermos morais utilizam-na para a anarquia, a vulgaridade agressiva, a destruição.
    Armas e equipamentos que promovem a desgraça encontram-se ao alcance de qualquer pessoa que lhes examine os sites cruéis, ao tempo em que são violados os códigos secretos das criaturas e das instituições que perdem sua identidade, passando a ser exploradas habilmente pelos famigerados hackers.
       As facilidades para os e-books que promovem a cultura também ensejam a perversão dos costumes, o aumento da pornografia e do erotismo, estimulando com vigor os instintos primários dos seus leitores em detrimento da razão e da consciência ilibada.
      Os cidadãos, aturdidos com o progresso rápido que não logram assimilar e deter por um momento, são devorados pela ansiedade, atirando-os à drogadição, ao sexo vulgarizado, ao alcoolismo destruidor em mecanismos de autodestruição, por não suportarem as pressões que os esmagam de todos os lados.
     A violência de todo matriz, especialmente o furto e o roubo, a agressão e o homicídio com requintes de crueldade atemorizam, transformando as ruas e avenidas elegantes do mundo em antros de perdição e de vandalismo.
   Os esportes, à semelhança do passado em Roma, divertem as massas, enriquecem os novos gladiadores e os seus patrões, divertem e geram fanáticos temíveis e destruidores.
      Cansados da bajulação que lhes chega e do excesso que passam a dominar, esses jovens desestruturados psicologicamente, explorados pelos mafiosos de todos os tipos, tombam nas armadilhas dos profissionais do sexo vil, de administradores corruptos dos seus bens, sendo usados, e quando diminuem as performances são excruciados e atirados ao obscurantismo, caso eles próprios não se hajam desgastados física, moral, emocional e psiquicamente...
     A história das civilizações do passado, suas grandezas e misérias, seus poderes de um momento e sua decadência logo depois, não serviu de lição para os novos césares e governantes arbitrários, que continuam ameaçando de aniquilamento o  mundo com as suas armas de altíssimo poder destrutivo. 
  Promove-se democracia com a força dos exércitos, disfarçando ou tentando dissimular os interesses esconsos que tais guerras objetivam.
     Nos dias transatos, ao lado dos inimigos dos poderosos, que sempre surgem e os ameaçam, foram as estruturas morais dos nobres, burgueses e governantes que perderam o sentido psicológico, levando os seus membros a chafurdarem nos fossos da sensualidade, do canibalismo, da volúpia pelo gozo exacerbado, afogando em sangue todos quantos se lhes opunham...
    A decadência de um povo tem início na degradação do seu governo, das suas autoridades.
     Para despertar a consciência individual e coletiva, que se encontrava obumbrada, Jesus veio à Terra nos dias tormentosos e trouxe a mais extraordinária mensagem de amor e de dignificação humana, nunca antes ou depois apresentada. Apesar disso, porque feria os interesses sombrios dos poderosos, ele foi crucificado...
   Tentaram silenciar-lhe a voz, matando-o, como sempre fazem os perversos, olvidando que ideias somente são combatidas com outras superiores, e como as suas eram normas para a felicidade humana, ultrapassaram o tempo, arrastaram multidões, para logo depois serem mutiladas, adaptadas aos interesses mesquinhos dos imperadores e chefes religiosos, sem que, no entanto, desaparecessem.
  Aquelas lições exaradas na cátedra da natureza e vivenciadas no seu exemplo conseguiram superar todos os mecanismos constritivos e adulteradores, permanecendo como estrelas apontando rumos na noite dos tempos, para serem ressuscitadas pelo Espírito de Verdade, conforme ele o prometera.
  Chegado o momento anunciado, as Vozes dos Céus  desceram à Terra e passaram a conclamar os seres humanos à ordem, ao dever, ao amor olvidado e submetido pela hanseníase do egoísmo.
   Os ouvidos e a visão do mundo no entanto ainda se encontram incapazes de escutar e de ver a realidade, compreendendo a situação em que a barca terrestre navega, sofrendo as tempestades deste momento e quase soçobrando...
      A empáfia e o autoritarismo dos transitórios viajantes não lhes permitem a compreensão e a reflexão em torno dos compromissos de todos para com a vida e o próximo, preferindo a anestesia da razão pelos tóxicos do gozo exacerbado, diante do medo que têm dos enfrentamentos com a consciência e o si profundo.
      Apesar da situação afligente e ameaçadora, correm os ventos da esperança e da alegria, soprados pelos mensageiros da imortalidade, que se encontram vigilantes, trabalhando os Espíritos lúcidos para que assumam as suas responsabilidades e laborem em favor dos melhores dias do porvir, que podem ser alcançados.
      Cabe aos cristãos novos proceder de maneira compatível com os ensinamentos do Mestre de Nazaré, revividos e atualizados pelos embaixadores espirituais, de forma que a dor e o desespero fujam por fim, envergonhados da Terra, cedendo o lugar à alegria  e à felicidade que estão reservadas para todos os servidores do bem.
    Reconstruir a cultura dentro de padrões morais saudáveis, aplicando os recursos valiosos já conquistados em benefício da sociedade, em vez dos grupos econômicos que exploram e exaurem o povo, constitui compromisso inadiável.
    Ter a coragem de enfrentar, se for o caso, o opróbrio e a humilhação na defesa dos fracos e desvalidos, erguendo-os da miséria em que se encontram para os níveis da educação e da oportunidade de crescimento, lutando pacificamente pela instalação da justiça social em todos os campos da sociedade, representa estar vinculado ao programa de dignificação humana.
  A evolução moral é lenta, fixando-se pela repetição, superando os vícios clamorosos que se encontram em predomínio no cerne do ser, será a responsável pela mudança dos valores atualmente aceitos e considerados, em que se destacam a astúcia e o atrevimento, o desrespeito e a vilania, substituídos pela ética do bem, da fraternidade e do mérito de cada um.
  Não mais tergiversar ante o dever ou negociar com a mentira e o ultraje, somente para manter-se entre os triunfadores da ilusão, com eles conivindo.
   Mais do que nunca, o senhor necessita de mulheres e homens dispostos a dar-lhe, se necessário, a vida, em holocausto de amor e de silencioso sacrifício.
     Não mais existem os circos, as praças para as execuções dos hereges e infiéis, as fogueiras e os cárceres sombrios para aqueles que são dedicados a Jesus. Pelo menos na forma, no entanto permanecem no conteúdo, pela maneira como são vistos e considerados os seus servidores autênticos, sorvendo os amargos frutos da intriga e da insensatez, da perseguição por inveja e das tribulações morais...
  É indispensável viver o evangelho em toda a sua magnitude.
    Não se vos impõe o abandono do mundo, em forma de fuga psicológica, tentando ocultar os conflitos a serviço de Deus, como aconteceu em vários períodos do cristianismo.
     Deve-se viver com normalidade, enfrentar as situações difíceis com honradez, permanecendo vinculados a Jesus em todos os momentos.
   Quando não se age dessa forma e abraça-se-lhe a doutrina, certamente é o que dela fizeram os seres humanos, não o que foi ensinado por Jesus.
  No ardor dos testemunhos e das provações, é indispensável manter-se a alegria de viver, demonstrando que o tributo da justiça aos que são aplicados e ricos de amor é a paz da consciência que se enfloresce de júbilos.
     Desse modo, cultivai as expressões simples da existência, a generosidade para com todos e para com a natureza,  mantendo-vos igualmente modestos, desataviados, sem as complexidades  que perturbam a essência do ser espiritual.
   Desenvolvei a solidariedade entre todos, especialmente com os membros da grei espírita, onde desenvolveis os sentimentos e vos habilitais para a luta renovadora.
    Evitai o ressentimento e o melindre, a maledicência e a inveja, porque todos eles corrompem o coração e entorpecem o discernimento, embriagando o ser com os tóxicos do egoísmo exacerbado.
    Sede afáveis, gerando simpatia sem afetação e ternura sem pieguismo onde quer que vos encontreis.
   Quem conhece Jesus, conforme desvelado pelo espiritismo, lentamente torna-se-lhe um verdadeiro êmulo, qual sucedeu ao pobrezinho de Assis.  
... E em todas as circunstâncias em que vos encontreis, cantai hosanas ao senhor pelos vossos atos.
    O século é perverso e não tem sentimentos, portanto indiferente a tudo quanto vos aconteça.
      Aí  estão as indústrias do divertimento, da banalidade, da insensatez, da exploração de todo gênero, arrastando os incautos e levando-os de roldão no rumo do abismo da frustração.
       Tende tento e esparzi a luz da verde.
    Sede fiéis ao compromisso assumido desde antes do berço  e levai-o adiante em hinos de louvor e de ação como nos primeiros dias do martirológio  que ficaram no passado.
        Nunca temais aqueles que somente alcançam o corpo e nada podem fazer ao Espírito.
      Jesus seguirá convosco e em todos os momentos senti-lo-eis.
       Que ele vos abençoe e vos guarde em sua paz.

       A servidora de sempre,
Joanna de Ângelis
Paris, 12 de julho de 2010.
Psicografia de Divaldo  Pereira  Franco,
extraída do livro: Entrega-te a Deus,  capítulo 30.

Epístola: cada uma das cartas ou lições dos apóstolos dirigidas às primeiras comunidades cristãs
Apóstolo dos Gentios: Paulo de Tarso
Hodierno: atual
Despautério: dito ou ação absurda, grande tolice
Constritor: fazer pressão; oprimir
Hacker: termo vulgarizado para denominar o especialista em informática que usa seu conhecimento
               para interesses ilícitos; do meio computacional, hacker tem sua acepção positiva, identificando
               um perito;nessa área, quem pratica atividade ilegais, usando do seu grande conhecimento, é
               chamado cracker
E-book: livro em suporte eletrônico, especialmente para distribuição via internet
Matiz: nuança; gradação
Excruciar: atormentar, martirizar
Esconso: oculto
Transato: passado
Exacerbar: intensificar; exagerar
Obumbrar: obscurecer
Olvidar: esquecer
Exarar: registrar
Cátedra: disciplina, ramo de conhecimento
Constritivo: que faz pressão, oprime
Soçobrar: naufragar; afundar
Empáfia: orgulho vão, presunção
Laborar: trabalhar
Exaurir: esgotar completamente
Opróbrio: degradação social
Vilania: ofensa
Tergiversar: usar de evasivas
Conivir: condescender
Holocausto: imolação
Desataviado: desprovido de adorno, de enfeite
Grei: comunidade
Êmulo: que nutre admiração por alguém, imitando seus exemplos
Hosana: saudação jubilosa
Incauto: imprudente; ingênuo
Tento: juízo
Martirológio: lista de mártires

sábado, 12 de março de 2011

Amizade

            Amizade é alavanca para as melhores realizações do ser humano. Não há ninguém que siga a trajetória vitoriosa sem o apoio de outros. Não se é nada sozinho, não se constrói ou realiza grandes ideias sem os amigos.

            Boas ideias sem ação não servem para nada, além de frustrações.

             A amizade é uma confiança desinteressada, que releva gafe, tratamento inoportuno, porque é uma espécie de amor-doação-compreensão.

            Por amizade sincera não se medem esforços, sacrifícios. Esse sentimento é acolhedor, faz vibrar o coração, não desconfia...

            A amizade é mais que compromisso, que responsabilidade, é entrega consciente de como gostaria que lhe fizessem.

            Reconhece-se a amizade nos momentos de aflições, de desesperos, quando o interesse, a bajulice, a hipocrisia, a covardia não têm lugar.

            A amizade não tem parentesco, necessariamente não está próxima, na maior parte das vezes ela surge inopinadamente, de onde nunca se imaginava existir.

             Quase sempre o fraco se faz forte para te atender, o calado-tímido se movimenta para te socorrer.

            Não se deve relegar ou desprezar quem quer que seja. Um gesto pode significar uma conquista que se fará conhecida em momento mais inesperado.

            A amizade conquistada no seu meio de ação irradia nos campos vibratórios espirituais, ampliando-a significativamente.

            Os modos e atitudes que proporcionam vibrações amigas atraem muitos espíritos que se comovem com a amizade.

            Amigos são todos aqueles que sentem vibração simpática por outrem, independentemente de lhes ter dirigido a palavra ou vivam na sua periferia de ação.

            Ações nobres representam o seu responsável em qualquer parte, chegando sempre a sua frente, abrindo portas, tocando corações.

            Ser amigo é amar incondicionalmente...


Dorival da Silva

quarta-feira, 9 de março de 2011

Deus nos tira a vida?


          Deus nos criou e nos permitiu a esteira do tempo para o progresso constante, que é a finalidade da vida.

         Espiritualmente fomos criados uma única vez, nunca morremos e nunca morreremos; Deus não criou nenhum de seus filhos para morrer.

            Quanto  à vida na condição de reencarnado, podemos afirmar que Deus nunca nos tira a existência física. É a vida física que se finda pelas mais diversas situações, tais como: acidente, doenças, velhice, atentado contra a própria vida,  crimes outros...  O que ocorre é a exaustão do corpo físico e por consequência  a falência dos órgãos, a desvitalização geral do organismo, é a chamada morte.

              É comum dizer-se: “Deus quis assim”.  E o indivíduo morreu de cirrose por motivos alcoólicos. É certo que "Deus não quis assim".  É apenas expressão de pesar.

                Para Deus os seus filhos estão sempre vivos, a questão de entrar e sair da carne, desta ou daquela maneira, é apenas mecanismo evolutivo, dentro da Lei do Progresso. Logicamente, sem se esquecer de que a Lei de Deus é Lei de Amor e tudo o que é desvio do que é a harmonia Divina  causa aflição, desespero e traz as suas consequências, “a cada um segundo as suas obras”.

                Portanto, Deus não tira a vida de ninguém, mas a deu e a amplia de acordo com os esforços de melhoramento de cada um. 


Dorival da Silva