terça-feira, 14 de julho de 2009

SOCORRO MEDIÚNICO

"Mensagem de Joanna De Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, da obra Florações Evangélicas, página 188/189, 3ª edição."

(Transcrevemos esta página com a finalidade de contribuir com os trabalhadores das reuniões mediúnicas e demais estudiosos da mediunidade, bem como realçar a importância do atendimento mediúnico com Jesus.)

      Uma dor que se alonga, amenizada por intervalos de paz e repouso; uma aflição que constringe, diminuída por estados de renovação e esperança; uma angústia esmagadora, amainada por frequentes raios de alegria penetrante; uma soledade devastadora desagregando a harmonia interior, interrompida pela presença fraterna de corações amigos e mentes abnegadas ao lado; uma ansiedade que despedaça, apagada, de quando em quando, por pausas de paz refazente; uma enfermidade de longo curso sob anestésico calmante nos instantes de grande crise, são pungentes provações ao lado de outros abençoados recursos de que a Vida se utiliza para conduzir o homem encarnado à rota da Espiritualidade, por cujos caminhos ele resgata os débitos e se aprimora.

         E o mergulho no corpo físico, por mais afligentes sejam as dores, fá-las diminuídas pela intensidade das vibrações do veículo carnal que concede tréguas à consciência, tendo-se em vista as pausas do sono reparador, o medicamento operante, a presença de afetos generosos, o concurso da oração e vários outros misteres com que a Divindade faculta a amenidade das provas e expiações ao Espírito calceta, em romagem redentora.

     Com a medida das tuas dores que nunca atingem o superlativo das desesperações, examina as dores daqueles outros Espíritos que se perderam em si mesmos, apagando a lucidez da razão e demorando-se longamente em contínuo padecer, sem ao menos um repouso, o concurso de uma palavra gentil, as mãos em concha de caridade ou uma prece emocionada e intercessória capaz de lenir a profunda exulceração que perdura...

* * *

         Reflexionando no quanto devem doer essas dores, sentirás diminuídos os teus problemas e um sentimento de puro amor animar-te-á, empurrando-te na direção deles para oferecer-lhes o mecanismo da tua mediunidade, a fim de que, conduzidos pelas mãos anônimas e misericordiosas da caridade do Senhor, possam as suas lágrimas escorrer pelos teus olhos e na tua face exsudar o suor que neles goteja, podendo falar pela tua garganta e ouvir a palavra esclarecedora do Evangelho pelos teus ouvidos, conseguindo renovar-se interiormente e, logo após, libertar-se de tão pesada canga, recomeçando em província nova o tratamento das enfermidades e preparando-se para o amanhã.

          Esquecerás, desse modo, os teus pequenos problemas e as tuas débeis agonias para os ajudar, contribuindo eficazmente no ministério socorrista pela mediunidade com Jesus, para os que tombaram por ignorância, negligência ou impiedade, dignos todos, nossos irmãos que são, da colaboração amorosa da nossa solidariedade fraternal.

***

         E permanecerás por que Jesus, sendo a “Luz do Mundo”, desceu até nós, nas sobras da morte, para nos ensinar a amar, alçando-nos, assim, na direção da Excelsa Felicidade.


“Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai dele e nunca mais nele entres”. Marcos: 9-25
“A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos útil aos Espíritos, em geral.” Cap. XXIV – Item 12 § 5, do Evangelho Segundo o Espiritismo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

HÁ ESPÍRITOS?

Os Cristãos profitentes das religiões tradicionais admitem a existência da alma. Recomendam a alma a Deus, fazem oração pelos seus mortos – ressalvadas as exceções. É prova da crença na continuidade da vida do “ser” que deixa a vida material. Mas o que é a alma, depois da morte do corpo físico? Já que se denota a certeza de que a vida não se extinguiu, apenas o corpo perdeu a sua vitalidade, não mais apresenta condições para manifestação da alma que ali demonstrava a sua inteligência, o seu sentimento, sua emoção...
Como esclarece Allan Kardec, alma e espírito são denominações que diferem apenas para distinguir o “ser” que está envolto por um corpo físico (encarnado), daquele “ser” que está sem o corpo físico (desencarnado). Aí as diferenças.


Com este entendimento todos os que assumem a condição de Cristão, porque creem no Cristo, e buscam aplicar em suas vidas as lições de Jesus, não podem perder de vista que a vida tem continuidade depois da chamada morte do corpo físico. Portanto, todos que estão investidos de um físico, tanto quanto os que já o deixaram são Espíritos.


Certas divergências não têm permitido maiores esclarecimentos à maioria dos Cristãos, em virtude da ausência de reflexão mais profunda sobre aquilo que é primordial, uma vez que a vida não cessa, há continuidade e muito mais intensa que o estágio no corpo físico – este que é muito limitador para a manifestação da alma.


Quais divergências? a)- A não aceitação da comunicabilidade dos Espíritos é uma das situações inibidoras do conhecimento sobre a vida espiritual. Como se vive no outro lado da vida? Quais são suas atividades? São felizes ou infelizes? Como ficam as famílias? b)- A pré-existência do Espírito à concepção de um novo corpo, vez que a Doutrina Espírita certifica a existência da vida depois da morte física no campo espiritual, aguardando por tempo indefinido, para nova concepção e construção de novo organismo físico, em nova programação;
c)-outra divergência é a da reencarnação – reinvestir-se de nova matéria, em um novo corpo – (que não é a mesma coisa que ressurreição, que dá a ideia de retornar na mesma matéria, no mesmo corpo habitado em existência passada), o que não é possível. Assim enumeramos algumas divergências de entendimento, embora existam outras.

Complementando a alínea “c” acima, porque não é possível o “Ser” espiritual retornar a habitar o mesmo corpo físico? A própria ciência demonstra. Com o fenômeno da morte física ocorre a decomposição dos elementos constitutivos da organização corpórea, que retornam à sua condição de origem na natureza, ou seja: o cálcio, o fósforo, o oxigênio... que irão compor outros organismos: vegetais, animais, hominais e, ainda -- aqueles que permanecerão por longo tempo na atmosfera --, poderão compor e recompor muitas outras constituições orgânicas, ilimitadamente; dessa forma, como recomporiam o mesmo organismo, depois de muito tempo, para servir ao mesmo espírito ou alma?

Aceitando ou não a comunicabilidade dos Espíritos, a sua pré-existência ao corpo físico e a reencarnação, todos os mecanismos evolutivos da humanidade, não deixarão de existir, porque são leis naturais e a humanidade já se submete a estes recursos desde a sua criação.


De sã consciência, será que é possível imaginar uma pessoa com uma vida física de 5, 10, 50 ou mesmo de 100 anos, apresentar-se ao mundo com o nível de inteligência elevado, como se tem visto, sendo que teve apenas alguns poucos anos para adquiri-la, se se considerar uma única existência? Vez que a Espiritualidade mais evoluída dá notícia de que os Espíritos vinculados à Terra, são o resultado de muitos milênios e muitas reencarnações, com seus erros e acertos. “Todos somos Espíritos.”


                                                 Dorival da Silva

O Maravilhoso e o Sobrenatural

“Mas o que é o maravilhoso, segundo vós? -- Aquilo que é sobrenatural. – E o que entendeis por sobrenatural? – O contrário às leis da Natureza. – Então conheceis tão bem essas leis que podeis marcar limites ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza, que elas não são ou não podem ser uma dessas leis.” (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo II)

       Conforme as indagações do Codificador da Doutrina Espírita no ano de 1860, levam-nos a refletir  se essas perguntas não nos cabe atualmente.

     O homem ignora a sua própria essência Divina, busca com insistências resultados para seu melhoramento e bem-estar naquilo que se manifesta extraordinariamente. Busca-se no maravilhoso, no sobrenatural aquilo que é de responsabilidade de seu esforço.

  E quando se trata das questões espirituais as coisas ficam mais complexas. É cultura que devamos deixar para os líderes religiosos de nossa confiança a profissão de resolver os nossos problemas íntimos para com Deus. Aguarda-se que uma oração, uma manipulação extraordinária em nossa intenção solucione as nossas pendências de consciência, nossas aflições...         Mas não é bem assim, conquanto a valiosa ajuda oferecida por esses líderes, que cumprem com seus esforços o papel que lhes é atribuído na organização humana, de consoladores e orientadores de almas; temos o dever de fazer a nossa busca, nossos questionamentos, buscarmos conhecimentos, analisarmos a nossa fé – não, a fé institucional com nomes próprios – mas a nossa fé com raciocínio, com entendimento.

  Para isto é imprescindível desvestirmos das ideias pré-estabelecidas sobre a nossa condição de ser “uniexistencial”, de uma única vida no corpo físico, e nos darmos o direito de pensar na condição “poliexistencial”, inumeráveis existências, buscando entender com isto a questão da reencarnação, retornar à carne muitas vezes, quanto for necessário à nossa evolução para Deus, ou seja: harmonização de nossa capacidade intelectiva e moral de conformidade com as Leis Divinas. Aí está a plenitude, o estado permanente de paz e felicidade, não existindo ociosidade contemplativa, mas sim trabalho espontâneo de conformidade com a Lei Suprema.


  Estamos distantes do estado pleno? sim; mas estamos no caminho. Tal trajetória percorreremos no dia a dia, embora os passos lentos pela falta de entendimento das questões espirituais demoramos ainda porque estamos com os olhos vendados, tateamos a realidade sem o discernimento necessário, e assim muitas vezes andamos em círculo, reproduzindo efeitos similares com nossas ações viciadas.


 Em vista dessas circunstâncias que precisamos meditar, aprofundar entendimento sobre a vida, o que vem depois da morte física, pois espiritualmente não existe morte, sendo que a vida espiritual nunca teve termo, apenas vivenciamos os mecanismos da reencarnação e da desencarnação, que são recursos evolutivos.


     Como ensina o Sr. Allan Kardec, não existe o maravilhoso, o sobrenatural, o que tem prevalecido é o nosso estado de ignorância sobre as leis naturais, das quais somos peça importante e Deus aguarda nosso despertar, vez que precisamos conquistar os nossos próprios méritos, através da vivência das Leis Divinas. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”


                                         Dorival da Silva

O Evangelho de Jesus

      O Evangelho de Jesus

     É comum discorrer-se sobre o Evangelho de Jesus, com citações de capítulos e versículos, ovações e louvações, promessas de curas e afastamento de “demônios”, em nome do Senhor.

    São práticas tradicionais, mas quando o cristão irá libertar-se de certas peias, que atrasam a evolução do “Ser”, dificulta o caminho ascensional para Deus, que aguarda o homem conquistar sua liberdade. Logo se percebe que o Evangelho de Jesus não é para  decorar e sim compreendido e vivenciado.


      O Evangelho é o pontilhado do caminho. É o demarcador para que o “Ser” humano tenha norte na sua trajetória. No entanto, é indispensável que cada um percorra o caminho do aprendizado com o roteiro salvador de Jesus.


    Deus, na sua sabedoria, colocou o livre-arbítrio como atributo da alma humana, para que com ele possa fazer a sua romagem na vida material com discernimento e responsabilidade, buscando sempre a harmonia e a paz. Quando foge por sua vontade a essa orientação natural, sofre imediatamente as consequências, que são: dores, medos, aflições, insegurança, enganos, ilusões, descrédito, frustrações...


    O retorno ao caminho harmonioso e feliz exige esforço, arrependimento, refazimento, perdão, renúncia, resignação e firme propósito de não se desviar mais da rota equilibrada.


     Toda atitude intencional de realizar o mal, a quem quer que seja, resulta numa mancha a ser limpa; dependendo da intenção e da intensidade da pretensão pode desdobrar em resultado de difícil solução, gerando perturbações emocionais, desequilíbrio da saúde física e mental.


      Pedir para que outrem interfira a seu favor com orações e outras práticas, tem valor relativo, na grande parte dessas interferências, pois o dever é individual e todos devem cultivar o hábito da oração, do recolhimento, da auto-renovação, da reforma íntima.


 Crescer espiritualmente é aprender vivenciando, é transformação interior, é tornar-se menor para o mundo material, isto é, dar a importância devida a cada coisa, sem se descurar do que é mais importante: o Espírito. É esta essência que continuará após o término do período carnal, carregando as virtudes conquistadas e as pendências que exigirão soluções.


     Não é possível encontrar-se em estado de plenitude espiritual (o Céu que se procura) sem que se haja eliminado as fraquezas morais, conquistada inteligência compatível com a grandeza das coisas universais, daí a necessidade da fé-raciocinada.


      É por demais importante o indivíduo conquistar a sua fé com conhecimento de causa, não é possível o salvamento da alma, do estado de ignorância, se não houver esforço, disponibilização de si mesmo para a busca mais importante. Por isso, não se pode entregar a conquista do mais relevante a terceiro, por mais preparado ou honrado que seja, pois a conquista é individual.


 Embora seja justo procurar ajuda, orientação, esclarecimento, junto àqueles que são mais experientes, mas sem o esforço próprio, sem seu próprio crescimento não é possível ser feliz. Ninguém pode ser feliz definitivamente com a conquista de outrem; como ninguém poderá ser infeliz definitivamente com a desgraça de outrem.
 Felicidade ou infelicidade é conquista pessoal.


    “Amar ao próximo como a si mesmo” é caminho seguro, pois é a expansão dos melhores valores em construção, que não são materiais, ao encontro das necessidades alheias que também não são materiais.

                         Dorival da Silva