domingo, 30 de outubro de 2016

Filhos da luz

Filhos da luz

“Andai como filhos da luz.” - Paulo. (Efésios, 5:8.)
Cada criatura dá sempre notícias da própria origem espiritual.
Os atos, palavras e pensamentos constituem informações vivas da zona mental de que procedemos.
Os filhos da inquietude costumam abafar quem os ouve, em mantos escuros de aflição.
Os rebentos da tristeza espalham o nevoeiro do desânimo.
Os cultivadores da irritação fulminam o espírito da gentileza com os raios da cólera.
Os portadores de interesses mesquinhos ensombram a estrada em que transitam, estabelecendo escuro clima nas mentes alheias.
Os corações endurecidos geram nuvens de desconfiança, por onde passam.
Os afeiçoados à calúnia e à maledicência distribuem venenosos quinhões de trevas com que se improvisam grandes males e grandes crimes.
Os cristãos, todavia, são filhos da luz.
E a missão da luz é uniforme e insofismável.
Beneficia a todos sem distinção.
Não formula exigências para dar.
Afasta as sombras sem alarde.
Espalha alegria e revelação crescentes.
Semeia renovadas esperanças.
Esclarece, ensina, ampara e irradia-se.


Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 160

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REFLEXÃO: Porquê demoramos tanto para entender que somos filho da Luz? Há em nós uma resistência grande em nos afastarmos da nuvem escura que geramos com as nossas ações más. "Toda árvore má oferece frutos amargos", entretanto, somos seres perfectíveis, sendo que a perfeição é um fatalismo para a alma humana.
      
É certo que somos filhos da Luz, no entanto, a nossa luz está um tanto embotada, em conta as imperfeições que a envolvem, tal como a jaça que esconde o brilho da pedra preciosa.  No homem a jaça são as consequências das experiências negativas, o comprometimento da consciência com o exercício do orgulho e do egoísmo.  O comportamento desairado em relação ao próximo, o desrespeito ao mais fraco, o submeter o indefeso à mesquinhez moral, a invigilância quanto ao direito do outro em qualquer circunstância.  Tudo gera acúmulo na configuração moral de cada ser em evolução.  São experienciações que comprometem e fazem sofrer em alguma época da vida, forçando a corrigenda nesta ou em outra vida. 

Todos temos uma meta a alcançar, a nossa Luz, faz-se necessário o rumo, para onde dirigirmos nosso foco de interesse. Para isso, a luz interior precisa vencer a carapaça escura que a envolve, escapando-se pelas frinchas abertas com os esforços,  superações e a busca de entendimento, pelo acalmar das intenções fumegantes de conquistas materiais, valorizando o bom senso, o discernimento, amenizando o poder das forças desconcertantes. 

O rumo é estabelecido pela consciência cultivada numa inteligência educada pela vontade do bem. Num primeiro instante é insipiente, mas os esforços para o entendimento e a compreensão sobre a grandiosidade evolutiva da vida, dá velocidade ao aclaramento e a elucidação da alma em trânsito evolutivo. 

Somos filhos da Luz, porque da Luz viemos, com as potências em latência, aguardando o nosso desenvolvimento e as experiências que nos libertarão, apesar de que herdamos o direito ao livre arbítrio, com o qual deveremos despertar o senso de liberdade e responsabilidade, aprendendo a decidir entre o que devemos e o que não devemos fazer, considerando o estado de consciência que saberá medir as consequências de cada ato. 

A luz se fará em todos nós, mas não ocorrerá por uma causa exterior, será uma construção no tempo, superadas a ignorância e as deficiências morais, reparados os desvios, aprendidas as lições, estas que permanecerão como combustível que se ampliará  mantendo a Luz que se tornará imperecível. 

Somos filhos da Luz!

                                                           Dorival da Silva







domingo, 23 de outubro de 2016

Enfermidades saneadoras - Joanna de Ângelis

Enfermidades saneadoras - Joanna de Ângelis

Toda enfermidade que aflige o ser humano possui as suas nascentes no cerne do Espírito. Ainda imperfeito, necessita depurar-se enfrentando a lapidação das suas arestas morais perniciosas.
Herança do passado evolutivo, quando os instintos básicos dominavam todas as suas ações, eles permanecem vigorosos e geram dificuldades nos momentos de decisões que devem ultrapassar as barreiras do ego, em benefício da sociedade.
Não fosse a necessidade do crescimento interior, a fim de lhe permitir o desabrochar dos valores de enobrecimento que jazem no seu íntimo, e o sofrimento não existiria.
A sua finalidade precípua é proporcionar o respeito às soberanas leis da Vida e ampliar-lhe a capacidade intelectual e o desenvolvimento moral.
Portanto, em vez de ter apenas um caráter punitivo, a enfermidade possui o objetivo terapêutico libertador dos males que insistem em permanecer dominantes.
Toda deficiência moral produz no perispírito um sinal que o organismo decodificará no momento próprio, para dar lugar à enfermidade.
Nos fenômenos graves das expiações decorrentes dos delitos de alta significação, apresentam-se as manifestações genéticas na imensa gama de deformidades que constituem o recurso depurativo necessário à libertação, à conquista da harmonia. Como não se pode fugir do cárcere imposto pela reencarnação, desde muito cedo o Espírito vivencia a evolução a que se negou, comprometendo-se com severidade.
Noutras vezes, as dificuldades de outro gênero - moral, social, econômica, emocional e psíquica - constituem elementos de redenção por aprimorarem os sentimentos e ensejarem a autoiluminação.
Há, no entanto, o recurso do bem fazer ao alcance de todos, que propicia a sua reabilitação com perspectivas de crescimento espiritual.
Graças à lei de evolução, a ciência médica alcançou na atualidade elevado patamar que proporciona com a sua tecnologia alterações profundas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Certamente, esses recursos estão distantes da grande maioria dos comprometidos espirituais. No entanto, quase todos desfrutam dos benefícios da assepsia, da anestesia, de cirurgias extraordinárias, que os auxiliam na recuperação ou na atenuação das doenças.
Indispensável, todavia, que se operem também transformações internas para que ocorra o resgate do erro, o conhecimento da verdade, a consideração pela existência, tornando menos áspera a jornada.
A ausência, porém, do conhecimento espiritual responde pelo prolongamento dos processos degenerativos, degradantes da matéria e, principalmente, aqueles que dizem respeito à emoção.
Em qualquer situação, a preservação do equilíbrio mental é responsável pela atividade reparadora, especialmente quando impulsiona o paciente para a introspecção, a autodescoberta e a identificação da imortalidade de que se constitui.     
Não ocorrendo essa experiência valiosa, transfere-se de uma para outra problemática, mantendo-se o quadro enfermiço que aparece e retorna com frequência.
Seja qual for a problemática que te aflija ou desconserte na área da saúde ou de tudo o que possa te constituir infortúnio, não te entregues à ansiedade e ao desespero, visto que a tranquilidade favorecerá o teu restabelecimento.
As ondas mentais de aceitação e o contínuo direcionamento para o bem auxiliarão com vigor o processo de restauração da saúde e da manutenção da paz.
*   *   *
É fenômeno natural o desgaste orgânico, assim como as complexidades emocionais e psíquicas pertencem ao mesmo esquema de harmonia ou desajuste.
A inevitabilidade da morte ronda a existência e sempre aguarda que sejam propiciados os fatores de instalação das doenças.
Ninguém há que atravesse a existência terrena em barcas de exceção.
Observa antigos atletas que apenas cuidaram do corpo, ora consumidos pelos excessos que os induziram a manter-se no clímax ilusório do altar da vaidade.
Alguns foram vitimados por tormentos emocionais que não souberam controlar, enquanto expressivo número de triunfadores de um dia recorreram a drogas perversas que os ludibriaram e se encontram inutilizados.
Cada fase da existência possui sinais de beleza, de resistência, de valores inapreciáveis, que permitem um canto de gratidão a Deus.
A velhice, por mais postergada, é inevitável, e as características que a assinalam são irremovíveis.
Desse modo, acende a luz do amor no imo e deixa-te incendiar pela alegria de viver.
Estabelece o teu programa de educação íntima e preservarás o estado saudável em todos os períodos existenciais, mesmo naqueles em que sejas visitado por alguma ocorrência doentia.
Busca no trabalho de auxílio fraternal a sustentação da tua utilidade de viver, e faze a tua existência valiosa para todos aqueles que se te acerquem com necessidades.
Não te atormentes com as doenças nem com os desafios existenciais.
Constituem esses recursos bênçãos que Deus oferece àqueles que O buscam e necessitam de alcançar a plenitude.
Quando, porém, as dificuldades se te fizerem mais severas, recorre à oração que te vinculará aos dínamos superiores da Vida de onde haurirás forças e resistência para superar a fase angustiante.
Quem ora fortalece-se na captação das vibrações harmoniosas espalhadas pelo Universo.
Doença é sinal de imperfeição em processo de aprimoramento.
Não recalcitres, pois, contra a dor, nem ao natural fenômeno do desgaste orgânico .
*   *   *
Jesus, que é perfeito, jamais se apresentou, durante a sua existência, assinalado por qualquer distúrbio.
Saudável e jovial, apresentou o reino de ventura num momento de aridez dos sentimentos e de desesperos morais, tornando-se modelo de coragem ante a dor e a incompreensão dos seus coevos, a fim de que tu, por tua vez, transformes qualquer doença em bênção reparadora.   
Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de
25 de novembro de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
 em Salvador, Bahia.
Em 5.10.2016.
Mensagem extraída do endereço abaixo:
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=436 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Obsessores... quem são eles?

Obsessores...
quem são eles?

“Recorda teus perseguidores com piedade consoladora, laborando em benefício deles com o perdão. Evoca-os em tuas orações intercessórias, que os alcançarão em forma de lenitivo e esperança. Ajuda-os, por tua vez, como ontem te auxiliaram outros corações dos quais não recordas.” (Joanna de Ângelis)

Lembremo-nos de quanto carinho devemos ter por nossos obsessores. Esquecemos quanta dor levam no peito e que não são somente ódio, pois eles têm, como todos nós, um lado humano, embora empedernido pelo desejo de vingança.

Imaginemos quanto amor alguém tem por eles. Uma mãe, um pai, um filho, irmãos, amigos... Um sentimento de piedade nosso pode lenir a alma desesperada daqueles que nos odeiam. Esse é o amor que é possível sentir pelos obsessores, mesmo que estejamos ainda muito aquém da reconciliação.

De ordinário, os obsessores são também obsidiados. Mentes vigorosas os mantêm cativos de uma influência vampirizadora, em troca de supervisão e apoio de outros obsessores que se associam a eles. Não é preciso dizer que são irmãos extremante infelizes e que os mais perigosos escondem um vazio no coração que espera o lenitivo que anseiam. Eles necessitam dos obsidiados para colher energias que os sustentem.

Entendemos que Jesus espera de nós que amemos nossos inimigos com um amor terno, com afeição e carinho.

“É natural que tenhamos adversários, mas não inimigos.” (André Luiz)

Existem adversários que se estimam mutuamente, ou que ao menos se respeitam sem nenhum tipo de animosidade. Transformar um inimigo em adversário é um primeiro passo rumo ao perdão, desde que nós já tenhamos perdoado.

O perdão significa libertação de grilhões de ódio. Mas, se nós perdoamos e nosso adversário não, espera-se que o vínculo obsessivo se desfaça naturalmente, a não ser que a provação deva continuar.

“É com brandura que se deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem a verdade e voltarem ao bom senso, livrando-se das armadilhas do diabo, a cuja vontade estão sujeitos.” (2 Timóteo 2:25-26)

Muitas vezes nossos obsessores foram nossos comparsas que agora enxergam traição no fato de deixá-los para seguirmos Jesus. Voltam-se com ódio para nós e investem contra nós, atingindo-nos em nossos pontos vulneráveis e nos mais caros interesses, pois foram nossos amigos e conhecem-nos muito bem. Seu desejo é atormentar-nos para ver até que ponto permaneceremos fiéis a Jesus, embora reconheçam que mudamos de alguma sorte, mesmo que pouco. Mas eles são ainda suscetíveis de retomar, no futuro, a antiga amizade.

Enxergar amigos em nossos obsessores é a chave que abre as amarras da obsessão.

Reconhecer que a prova da obsessão é um mecanismo de redenção muda toda a nossa perspectiva acerca dos papéis que interpretamos nesse intrincado labirinto de animosidade, em que encontramos a possibilidade de conviver intimamente com nossos inimigos, estimando-os não como inimigos, mas como bons adversários.

Entender a dor como mola propulsora do ódio deve fazer com que trabalhemos não tanto pela libertação, mas para a reconciliação entre dois amigos que sofrem. Lembremos que, muitas vezes, não podemos fazer o bem diretamente aos nossos obsessores porque eles se opõem a isso, devido ao abismo que separa obsessor e obsidiado. Descobrimos, então, o valor do silêncio e da oração, que ofertarão lenitivo e esperança a um coração que sofre, porque em processos como esses ninguém é feliz e todos sofrem.



Editorial


Ano 10 - N° 485 - 2 de Outubro de 2016

Editorial da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser visitada através do endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano10/485/editorial.html

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Quem segue

Quem segue

“E outra vez lhes falou Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” - (João, 8:12.)

Há crentes que se não esquivam às imposições do culto exterior.

Reclamam a genuflexão e o público trovejante, de momento a momento.

Preferem outros o comentário leviano, acerca das atividades gerais da fé religiosa, confiando-se a querelas inúteis ou barateando os recursos divinos.

A multidão dos seguidores, desse tipo, costuma declarar que as atitudes externas e as discussões doentias representam para ela sacrossanto dever; contudo, tão logo surgem inesperados golpes do sofrimento ou da experiência na estrada vulgar, precipita-se em sombrio desespero, recolhendo-se em abismos sem esperança.

Nessas horas cinzentas, os aprendizes sentem-se abandonados e oprimidos, mostrando a insuficiência interna. Muitos se fazem relaxados nas obrigações, afirmando-se desprotegidos de Jesus ou esquecidos do Céu.

Isso ocorre, porém, porque não ouviram a revelação divina, qual se faz necessário.

O Mestre não prometeu claridade à senda dos que apenas falam e creem. Assinou, no entanto, real compromisso de assistência continua aos discípulos que o seguem. Nesse passo, é importante considerar que Jesus não se reporta a lâmpadas de natureza física, cujas irradiações ferem os olhos orgânicos. Assegurou a doação de luz da vida. Quem efetivamente se dispõe a acompanhá-lo, não encontrará tempo a gastar com exames particularizados de nuvens negras e espessas, porque sentirá a claridade eterna, dentro de si mesmo.

Quando fizeres, pois, o costumeiro balanço de tua fé, repara, com honestidade imparcial, se estás falando apenas do Cristo ou se procuras seguir-lhe os passos, no caminho comum.



Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 146

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REFLEXÃO:
É de grande importância percebermos que vivemos num corpo material num mundo material ao mesmo tempo que somos Espíritos e transpassamos a temporalidade e somos permanentes, vez que a vida do Espírito não sofre interrupção em tempo algum. Dessa forma, o nosso caminhar no Mundo precisa ter uma compreensão mais condizente com as realidades da matéria e do mundo espiritual, o finito e o infinito, sendo que as construções na fase da vida material, reencarnação, sirvam de resultados substanciosos que permanecerão na intimidade da Alma como valores iluminativos. "A luz da vida", a que Jesus se refere, trata-se de conquista da Alma, enquanto transita na vida material, portanto, é valor moral, conquista espiritual, combustível permanente e imperecível. Faz com que o Espírito brilhe, tenha luz própria e não "andarás em trevas".

É certo que vivemos no Mundo material, precisamos ser instrumentos de progresso, também no campo da tangibilidade, porque todo trabalho é motor do desenvolvimento da inteligência, das descobertas, dos avanços da Ciência, em todas as suas ramificações, portanto, sem nos esquecermos que com tudo isto precisamos também progredir nas emoções, na sensibilidade, que são valores da Alma, internalizando-os para a mudança de nosso estado espiritual, alterando a nossa faixa vibratória, que favorecerá a vida na matéria, pela compreensão ampliada do porquê da vida; assim, antecipando percepção do que virá depois desta existência, com a segurança que a própria luz lhe enseja viver. 

As grandes construções materiais, por melhor sejam as intenções de seus idealizadores, mesmo em nome de Deus ou de Jesus, se forem para exaltação do orgulho, da vaidade, da demonstração de poder, apaziguamento de consciências arruinadas pelo malfeito, não trarão os benefícios da iluminação da Alma, porque não configuram virtudes, apesar dos aplausos do Mundo.


“E outra vez lhes falou Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” - (João, 8:12.)


A assertiva de Jesus é definitiva, apresentou ao Mundo com a sua vivência a Luz de inteligência altamente cultivada no bem, onde o mal jamais teria ninho, vontade extraordinária para proporcionar a felicidade do próximo, com lucidez elastecida além dos limites do nosso tempo, vendo o resultado da implementação das boas sementes nas Almas ainda ressequidas pela ignorância, pelo medo, pela vaidade, pela arrogância, pelo egoísmo... 


Quem segue...

                                                   Dorival da Silva








sábado, 1 de outubro de 2016

O homem de bem

O homem de bem

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria. Sabe que sem a sua permissão nada acontece e se lhe submete à vontade em todas as coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.

 Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.”  

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as Leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.


Capítulo XVII – O Evangelho Segundo o Espiritismo – item 3 – Allan Kardec.