quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Sinos da Vida

                                                         Sinos da Vida 

Sinos existem em muitos lugares para despertar a atenção de algo, para sinalizar horário de algum acontecimento, para convidar fieis aos ofícios de um templo, para comunicar fatos à população conforme os sons convencionados, para se iniciar uma competição, carrilhões que sonorizam músicas tradicionais e até orquestra de sinos que executam belas composições musicais.  

Na orquestra da vida existem sinos, no entanto, seus toques são pouco percebidos, seus sinais não são compreendidos, pois, poucos prestam atenção em si mesmos.  Esses sons não são audíveis aos ouvidos externos, mas sentidos na própria Alma.  

Ninguém chega a uma existência sem a equipagem necessária para o bom êxito do planejamento estabelecido, visando retorno vitorioso, apesar de não se saber como será a partida e nem a hora. Embora o objetivo seja sempre encerrar a jornada com sucesso, a ausênia de auto-observação pode impmedir a percepção dos sinos de alerta que indicam perigos e inconveniências, desviando-nos do objetivo a ser alcançado. 

As sinalizações exteriores são muito fortes, muitas vezes agressivas, a propaganda mercantilista é muito bem estudada, sempre para explorar as ansiedades do consumidor, além de gerar necessidades desnecessárias, e persistir por todos os meios para se atingir os interesses monetários de seus idealizadores.  

Considerando que a propaganda metódica faz parte dos negócios  modernos, é exigida uma análise cuidadosa do transeunte da vida. É necessário refletir e não permitir que sua influência tenha mais importância do que o bom senso indica, caso contrário, deve ser descartada.  

Todos vivem dois estágios existenciais ao mesmo tempo, sendo um finito, com início no berço e término no túmulo, a chamada vida material; o outro, o espiritual, que registra em si mesmo as experiências colhidas com a ajuda dos feitos dos dias transcorridos até que se liberte do veículo de carne com a sua morte, assumindo a sua condição de "Ser" espiritual livre das limitações do corpo.   

Viver esses estágios evolucionários é possível porque o "Ser" viajante, o Espírito, era existente no plano espiritual e senhor de inúmeras outras existências materiais, sendo espiritualmente sempre o mesmo, mas com as experiências colhidas no tempo, entre vindas e idas, idas e vindas.  

Dessa forma, construímos a inteligência, a moral e o discernimento.  Apesar do esquecimento das experiências anteriores quando se entra num novo corpo -- o que se denomina reencarnação, assim, muitos corpos e muitas existências -- isso é uma  oportunidade para s experiências negativas que causaram sofrimento e  danos a si mesmo ou a outros,  facilitando a convivência com desafetos de outros tempos. Homens e mulheres de todas as épocas evoluem através desse mecanismo. 

Quando existe uma ofensa, ou um crime, tanto quanto conquista nobre e feitos felizes, é no Espírito que repercute, ficando aí instalados os registros.        

As mágoas, ressentimentos, e infelicidades propositais causados a outrem geram sentimentos negativos com consequências danosas ao equilíbrio do "Ser", a consciência não descansa enquanto o infrator não corrige as mazelas e seus desdobramentos, não importando quantas vidas serão necessárias na carne. É Lei Natural, de Deus, e todas as criaturas lhe são submissas, está escrita na própria consciência de cada um.  

Na espiritualidade também se paga as pendências da consciência, embora seja muito maior o sofrimento, mas a misericórdia Divina socorre tanto o infrator como a vítima em nova oportunidade, onde podem conviver como família, pelo trabalho ou nos diversos fazeres da sociedade, harmonizando as diferenças, embora não lembradas são intuídas indelevelmente pelas antipatias e divergências relacionais.  Assim, encontram-se divergências entre filho e pai, filha e mãe, entre colegas de trabalho, professor e aluno... Apesar das reações inamistosas entre eles, eles não se distanciam, devido às ligações emocionais antigas que se atritam na busca de harmonização. Quando as partes cedem e reconhecem os  valores mútuos,  a amizade e o respeito surgem. É o amor ao próximo que gradualmente substitui o ódio e o rancor de outros tempos.  

Quando se é ofendido, não importa em que monta, não havendo perdão, também é motivo de sofrimento e de desdobramentos emocionais danosos, causando pendência que a consciência aguardará se solucione, não importando o número de existências. O perdão das ofensas estanca o sofrimento de quem perdoa. Jesus ensinou a Pedro, que era preciso perdoar não somente sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, o que significa perdoar sempre todos os erros de outrem. 

Os sinos da vida soam na Alma, para auscultá-los é preciso silêncio íntimo, um conhecer-se, uma fé trabalhada, para entender que as dificuldades encontradas pelo caminho são oportunidades de solução de pendências de outros tempos.  Quem tem dificuldade para o estudo certamente o relegou em outro tempo que não se lembra quando, mas ela está presente para ser resolvida.  Aquele que foi, outrora, irresponsável na condução da família, e isto gerou descaminhos de filhos e filhas e até mesmo do cônjuge, sem dúvida os encontrarão pelo caminho das existências, hora como pai, mãe, em outro momento como filho ou filha, ou ainda como esposo, ou esposa, com as consequências derivadas da atuação desastrosa do passado. As carências doentias, a desconfiança, os problemas emocionais, saúde precária, vícios, até mesmo deformidades físicas.   As dificuldades são os pedidos de solução dos efeitos das inconsequências.   

Fugir de um problema hoje é apenas adiar o encontro com ele no futuro, provavelmente em condições mais complexas, que exigirão muito mais esforço, considerando as consequências e o  enraizamento na alma de quem sofre.  

Toda atitude boa, que proporciona felicidade verdadeira, não exige justificativa em tempo nenhum, porque o objetivo da Vida é a felicidade e a plenitude da criatura.   

Boa parte da população do mundo prefere viver ilusões consumistas, de aparências e sensualistas... São falsas felicidades. As tristezas que corroem a intimidade, quando distante do burburinho das conveniências, são sinetes que repicam surdamente na alma até produzir lágrimas no iludido para que acorde do pesadelo que alimenta com as suas aflições.  

É necessário lidar com os poderes materiais com sabedoria, para que esses poderes, gerados pelos homens, não se tornem seus senhores e os esmaguem, como aqueles produzidos pelo dinheiro, pela força econômica, política e outras.  A sabedoria está em utilizar todas essas forças para produzir o bem comum, com benefícios para a educação, a cultura, a saúde... Enriquecendo a alma humana em todos os sentidos, libertando-a do materialismo, com a clareza de que transitamos pela matéria para nos libertarmos da materialidade, rumando para o estado de plenitude espiritual. Jesus lecionou: "Faça-se a vossa luz!"   

Os sinos da vida dobram na profundidade da Alma... 

 

                            Dorival da Silva