quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dias difíceis

Há dias que parecem não ter sido feitos para ti.
Amontoam-se tantas dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis aborrecimentos, que chegas a pensar que conduzes o globo do mundo sobre os ombros dilacerados.
Desde cedo, ao te ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral do companheiro ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau humor conseguiu acumular ao longo da noite.
Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos momentos seguintes.
Sais à rua, para atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas com a agrestia de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os convertem em armas contra os outros; constatas o azedume do funcionário ou do balconista que te atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te entregar produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil. Mesmo assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em torno.
Encontras-te com familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo o quadro dos problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos, perturbando a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as tuas angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma. Em tais circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a vida até um novo encontro.
São esses os dias em que as palavras que dizes recebem negativa interpretação, o carinho que ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas reservas são vistas como soberba ou má vontade. Se falas, ou se calas, desagradas.
Em dias assim, ainda quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres muito e a costumeira tendência, nessas ocasiões, é a da vitimação automática, quando se passa a desenvolver sentimentos de autopiedade.
No entanto, esses dias infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para que não nos percamos nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes perturbadores.
São dias de avaliação, de testes impostos pelas regentes leis da vida terrena, desejosas de que te observes e verifiques tuas ações e reações à frente das mais diversas situações da existência.
Quando perceberes que muita coisa à tua volta passa a emitir um som desarmônico aos teus ouvidos; se notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da ácida crítica, o teu dever será o de te ajustares ao bom senso. Instrui-te com as situações e acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor as circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim, evoluas.
Não te olvides de que ouvimos a voz do Mestre Nazareno, há distanciados dois milênios, a dizer-nos: No mundo só tereis aflições...
Conhecedores dessa realidade, abrindo a alma para compreender que a cada dia basta o seu mal..., tratarás de te recompor, caso tenha-se deixado ferir por tantos petardos, quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da ventania. Curvar-se, deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com tranquilidade, passado o momento difícil.
Há, de fato, dias difíceis, duros, caracterizando o teu estádio de provações indispensáveis ao teu processo de evolução. A ti, porém, caberá erguer a fronte buscando o rumo das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a Deus por poderes afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.
Nos dias difíceis da tua existência, procura não te entregares ao pessimismo, nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que te inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu gesto mais infeliz.
Põe-te de pé, perante quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos deveres de aprender, servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo terrestre.
Se lograres a superação suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a Terra se encontra engolfada.
Confia na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e segue com entusiasmo para a conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual for ou como for cada um dos teus dias.

                                                                                              Camilo.
Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, em 30.12.2002, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói-RJ.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Alegria!?

     Quanta alegria fugaz, bulhenta, e quase sempre comprometedora.

  Alegrias calcadas na leviandade, nos vapores alcoólicos, nas descontrações irresponsáveis, “seguem-se a turma”, sem análise e nem reflexão sobre o que vem depois; “fica” e fica com as carências aumentadas, pois não há comprometimento emocional.

  No carnaval, “a carne nada vale”, tudo é permissível, a licenciosidade acata o impulso inconsequente, até parece virtual, se não der certo a gente “deleta”, possivelmente não vai dar certo mesmo, o registro está gravado na intimidade e trará seus efeitos emocionais, a qualquer momento.

   Caso ainda estejam adormecidos para as realidades da consciência, em hora inesperada ela despertará, ninguém fica anestesiado por muito tempo,  o remorso, o arrependimento não se fazem esperar, pedindo reajuste, realinhamento com a ordem da lei de evolução direcionadora do “ser”  à harmonia; e considerando a ênfase às sensações, muitos esforços deverão ser feitos, pois os hábitos negativos alimentados são como visgos resistentes que dificultam a sua substituição por outros de qualidade nobre.

    Os abusos deliberados, porque se tornaram modismo, “todo mundo faz”, é engodo espiritual, vitalizam vícios antigos, costumes malsãos, torpezas morais de variada ordem, comprometendo negativamente o indivíduo com a sua consciência, porque é uma espécie de rebeldia contra os objetivos da vida.

     Um dos principais fins da reencarnação é o aprimoramento espiritual, rescaldando pela ordem e disciplina os pendores sensualistas, sexualistas... Se permitidos a vazão de comportamentos que despertem e cultivem esses defeitos há equívoco no caminho da existência física.

   Certa vez, no desenvolvimento de uma palestra, um amigo espiritual soprou intuitivamente: “se não querem realizar esforços de melhoramento, superar fraquezas,  mazelas espirituais, que se arrastam desde vidas passadas, não tem importância, Deus na sua misericórdia vos enviará o anjo salvador, que ajudará a superar vossas deficiências,  é o “anjo da dor”, que ficará com vós até que se solucionem as pendências morais e se tornem melhorados, pois é para isto que estão reencarnados, para retornarem à espiritualidade mais limpos da consciência, de forma que males maiores não vos aconteçam” -- (em outras palavras).

       Relembrado isso que é pura verdade, quando não se quer tomar as rédeas da vida e  rumando para despenhadeiro moral,  vem o socorro: as contrariedades,  as doenças, as dificuldades financeiras, as perturbações (entenda-se obsessões) de toda ordem, são mecanismos para conterem a rebeldia e a  insensatez, evitando sofrimentos muito piores.

     Jesus sempre que curava um leproso ou livrava algum obsediado de espíritos maus, dizia: “vais e não tornes a errar para que coisa pior não te aconteça”; é o mesmo compromisso assumido quando do retorno à vida material para esquecimento das misérias morais e ter amortecidos os sofrimentos, por um lapso de tempo, de forma que se refaça espiritualmente.  Deixando a infância e assumindo a direção da vida, com o esquecimento do passado, permite-se fluir irresponsavelmente, com todas as forças,  dando às tendências perniciosas guarida e alimento, quando o contrário seria o caminho acertado, impedindo as manifestações, autoeducando-se, arregimentando a vida com os ensinamentos do Evangelho de Jesus, sem pieguices, mas com verdade, compreensão e aplicação em todas as ações.

     Haverá muitos choros para àqueles que se deixarem levar na massa dos interesses menores, em busca de gozos e satisfações através das sensações e exibicionismos descabidos.

       O tempo agora é dos esforços para a reparação das deficiências morais, tornando-se humildes e trabalhadores nas causas gerais, adquirindo méritos para a permanência no mundo de regeneração, o qual já começa despontar.

      A alegria real não é espalhafatosa, não precisa de aparato e nem de estimulantes de nenhum naipe, pois está contida na intimidade da alma, independentemente do que ocorre ao seu redor, pois que é conquista, na transformação do “ser” de dentro para fora. Jesus disse: “A minha paz vos dou; não como o mundo a dá”.

Dorival da Silva
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