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sexta-feira, 31 de março de 2017
Suicídio
quinta-feira, 23 de março de 2017
TREINO PARA A MORTE
TREINO PARA
A MORTE
Preocupado
com a sobrevivência além do túmulo, você pergunta, espantado, como deveria ser
levado a efeito o treinamento de um homem para as surpresas da morte.
A
indagação é curiosa e realmente dá que pensar.
Creia,
contudo, que, por enquanto, não é muito fácil preparar tecnicamente um
companheiro à frente da peregrinação infalível.
Os
turistas que procedem da Ásia ou da Europa habilitam futuros viajantes com
eficiência, por lhes não faltarem os termos analógicos necessários. Mas nós, os
desencarnados, esbarramos com obstáculos quase intransponíveis.
A
rigor, a Religião deve orientar as realizações do espírito, assim como a
Ciência dirige todos os assuntos pertinentes à vida material. Entretanto, a
Religião, até certo ponto, permanece jungida ao superficialismo do sacerdócio,
sem tocar a profundez da alma.
Importa
considerar também que a sua consulta, ao invés de ser encaminhada a grandes
teólogos da Terra, hoje domiciliados na Espiritualidade, foi endereçada
justamente a mim, pobre noticiarista sem méritos para tratar de semelhante
inquirição.
Pode
acreditar que não obstante achar-me aqui de novo, há quase vinte anos de
contado, sinto-me ainda no assombro de um xavante, repentinamente trazido da
selva mato-grossense para alguma de nossas Universidades, com a obrigação de
filiar-se, de inopino, aos mais elevados estudos e às mais complicadas
disciplinas.
Em
razão disso, não posso reportar-me senão ao meu próprio ponto de vista, com as
deficiências do selvagem surpreendido junto à coroa de Civilização.
Preliminarmente,
admito deva referir-me aos nossos antigos maus hábitos. A cristalização deles,
aqui, é uma praga tiranizante.
Comece
a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a
volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento,
depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados
com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os
tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.
Os
excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Tenho visto
muitas almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o próprio
Céu pelo uísque aristocrático ou pela nossa cachaça brasileira.
Tanto
quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angústia dos
desencarnados amantes da nicotina.
Não
se renda à tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas lhe pareçam as crises do
estágio no corpo, aguente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da
morfina e dos barbitúricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da
inércia.
E
o sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos
aqui muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de “amor”.
Se
você possui algum dinheiro ou detêm alguma posse terrestre, não adia doações,
caso esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no
mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios,
aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas
por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque.
Em
família, observe cautela com testamentos. As doenças fulminatórias chegam de
assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas
humilhações, através de tribunais e cartórios.
Sobretudo,
não se apegue demasiado aos laços consanguíneos. Ame sua esposa, seus filhos e
seus parentes com moderação, na certeza de que, um dia, você estará ausente
deles e de que, por isso mesmo, agirão quase sempre em desacordo com a sua
vontade, embora lhe respeitem a memória. Não se esqueça de que, no estado
presente da educação terrestre, se alguns afeiçoados lhe registrarem a presença
extraterrena, depois dos funerais, na certa intimá-lo-ão a descer aos infernos,
receando-lhe a volta inoportuna.
Se
você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos
que abraça. É horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho,
sem equilibrar-se dentro dele.
Faça
o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos. Convença-se de que se
você não experimenta simpatia por determinadas criaturas, há muita gente que
suporta você com muito esforço.
Por
essa razão, em qualquer circunstância, conserve o seu nobre sorriso.
Trabalhe
sempre, trabalhe sem cessar.
O
serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas.
Ajude-se,
através do leal cumprimento de seus deveres.
Quanto
ao mais, não se canse nem indague em excesso, porque, com mais tempo ou menos
tempo, a morte lhe oferecerá o seu cartão de visita, impondo-lhe ao
conhecimento tudo aquilo que, por agora, não lhe posso dizer.
Mensagem
extraída da obra: Cartas e Crônicas, Espírito Irmão X, psicografia de Francisco
Cândido Xavier, capítulo 4, em 1966.
Irmão X é o pseudônimo de Humberto de Campos,
poeta, cronista, crítico e ficcionista nasceu no Estado do Maranhão em
1886. Em 1919, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Foi Deputado
Federal por seu Estado. Morreu em 1934. A partir de 1936, escreveu várias obras
através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier:
1936 - Palavras do Infinito
- 1937 - Crônicas de Além-Túmulo
- 1938 - Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho
- 1940 - Novas Mensagens
- 1941 - Boa Nova
- 1943 - Reportagens de Além-Túmulo
- 1945 - Lázaro Redivivo
- 1948 - Luz Acima
- 1951 - Pontos e Contos
- 1958 - Contos e Apólogos
- 1964 - Contos Desta e Doutra Vida
- 1966 - Cartas e Crônicas
- 1969 - Estante da Vida
- 1988 - Relatos da Vida
1989 - Histórias e anotações
REFLEXÃO: A página “Treino para a Morte”, transmitida
mediunicamente através dos recursos de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito
Irmão X -- pseudônimo de Humberto de Campos --, quando foi indagado, estando na espiritualidade, sobre o
treinamento do homem para a morte merece ser estudada por todos os reencarnados
que precisarão fazer a viagem de retorno após a morte do corpo.
Faz o Irmão
Espiritual um paralelo ao alcance de todos, muito simples para a compreensão,
porque anota uma relação prática do que cotidianamente se dá com os viventes no
transcorrer de seus dias na vida comum.
Os costumes e os
hábitos influenciam na qualidade de vida do Espírito, quando envolvido num
corpo de carne, quanto fora dele. As
necessidades adquiridas e reforçadas pelo exercício constante e persistente,
que se tornam vícios, são percepções do Espírito, apesar de o organismo físico
também demonstrar a sua influência, porque através dele que ocorre a saciedade.
Deixando-se o corpo,
em conta a sua morte, o espírito que estava conectado aos órgãos materiais
célula a célula, acostumado ao atendimento às necessidades, ressente a sua
ausência, permanecendo em grande ansiedade, com o desejo de ser atendido com
as sensações dos costumes e hábitos por muito alimentados.
Torna-se, assim, um
estado muito perturbador na vida do Espírito desencarnado, que não poupa o iletrado,
o literato, o trabalhador, o dotado de alta inteligência, não importa, é um
incômodo limitador, por muitas vezes, neutralizador do seu progresso espiritual,
em conta a busca desenfreada do atendimento aos vícios.
Dorival da Silva.
quinta-feira, 16 de março de 2017
Microcefalia não é pena de morte
Microcefalia não é pena de morte
Com o avanço da medicina fetal e da genética médica, hoje é possível a detecção, ainda no útero, de várias anomalias fetais. Querer considerar apenas as crianças saudáveis com direito à vida é retomar a prática da eugenia feita na Grécia antiga e pelo nazismo, abrindo um precedente para a liberação do aborto em outros casos de microcefalia.
Não se pode falar na opção de abortamento, pois não se trata de patologia letal que inviabilize a vida extrauterina. A discussão do aborto em casos de microcefalia retrata bem o momento pós-moderno em que vivemos.
Para a maioria dos autores, a pós-modernidade é marcada como a época das incertezas, das fragmentações, do narcisismo, da troca de valores, do vazio, do niilismo, da deserção, do imediatismo, da efemeridade, do hedonismo, da substituição da ética pela estética, da apatia, do consumo de sensações e do fim dos grandes discursos.
Na sociedade pós-moderna, predomina a permissividade que justifica que tudo é bom desde que eu me sinta bem. É um relativismo no qual não há nada absoluto, nada totalmente bom ou mau, onde as verdades são oscilantes.
Vive-se numa época de grande competitividade e de pouca solidariedade. Em nome dessa nova ideologia, os indivíduos se permitem agir passando por cima de valores fundamentais.
A coisificação da vida e o predomínio dos interesses pessoais em detrimento do coletivo são bem característicos dessa fase em que vivemos.
Entretanto, aprendemos com a genética que a diversidade é a nossa maior riqueza coletiva. E o feto anômalo, mesmo o portador de grave deficiência, como é o caso da microcefalia, faz parte dessa diversidade. Deve ser, portanto, preservado e respeitado.
Necessário se faz proteger também a gestante, dando-lhe apoio em sua gravidez e proporcionando tratamento ao seu futuro filho.
O aborto provocado é um procedimento traumático, com repercussões gravíssimas para a saúde mental da mulher, que geralmente aparecem tardiamente. Produz um luto incluso, devido à negação da ocorrência de uma morte real, mas esse aspecto é totalmente desconsiderado.
As mulheres sofrem uma perda, e suas necessidades emocionais são relegadas ou escondidas. Esse processo vai gerar profundas marcas e favorecer o surgimento da síndrome pós-aborto.
A evolução de uma sociedade é medida pela sua capacidade de amparar os mais frágeis. A sociedade que apela para o aborto se declara falida em suas bases educacionais, porque dá guarida à violência no que ela tem de pior, que é a pena de morte para inocentes. Compromete, portanto, o seu projeto mais sagrado, que é o da construção da paz.
Gilson Luís Roberto é presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil.
Os que defendem a legalização do aborto encontraram na associação do aumento da microcefalia com o surto de zika uma oportunidade para retomar a discussão da liberação do procedimento no Brasil. Querem transformar o diagnóstico de microcefalia em atestado de morte para todas as crianças das mães que contraíram o vírus e que optarem pela interrupção da gravidez, mesmo com possibilidades de nascerem sem sequelas neurológicas graves.
Com o avanço da medicina fetal e da genética médica, hoje é possível a detecção, ainda no útero, de várias anomalias fetais. Querer considerar apenas as crianças saudáveis com direito à vida é retomar a prática da eugenia feita na Grécia antiga e pelo nazismo, abrindo um precedente para a liberação do aborto em outros casos de microcefalia.
Não se pode falar na opção de abortamento, pois não se trata de patologia letal que inviabilize a vida extrauterina. A discussão do aborto em casos de microcefalia retrata bem o momento pós-moderno em que vivemos.
Para a maioria dos autores, a pós-modernidade é marcada como a época das incertezas, das fragmentações, do narcisismo, da troca de valores, do vazio, do niilismo, da deserção, do imediatismo, da efemeridade, do hedonismo, da substituição da ética pela estética, da apatia, do consumo de sensações e do fim dos grandes discursos.
Na sociedade pós-moderna, predomina a permissividade que justifica que tudo é bom desde que eu me sinta bem. É um relativismo no qual não há nada absoluto, nada totalmente bom ou mau, onde as verdades são oscilantes.
Vive-se numa época de grande competitividade e de pouca solidariedade. Em nome dessa nova ideologia, os indivíduos se permitem agir passando por cima de valores fundamentais.
A coisificação da vida e o predomínio dos interesses pessoais em detrimento do coletivo são bem característicos dessa fase em que vivemos.
Entretanto, aprendemos com a genética que a diversidade é a nossa maior riqueza coletiva. E o feto anômalo, mesmo o portador de grave deficiência, como é o caso da microcefalia, faz parte dessa diversidade. Deve ser, portanto, preservado e respeitado.
Necessário se faz proteger também a gestante, dando-lhe apoio em sua gravidez e proporcionando tratamento ao seu futuro filho.
O aborto provocado é um procedimento traumático, com repercussões gravíssimas para a saúde mental da mulher, que geralmente aparecem tardiamente. Produz um luto incluso, devido à negação da ocorrência de uma morte real, mas esse aspecto é totalmente desconsiderado.
As mulheres sofrem uma perda, e suas necessidades emocionais são relegadas ou escondidas. Esse processo vai gerar profundas marcas e favorecer o surgimento da síndrome pós-aborto.
A evolução de uma sociedade é medida pela sua capacidade de amparar os mais frágeis. A sociedade que apela para o aborto se declara falida em suas bases educacionais, porque dá guarida à violência no que ela tem de pior, que é a pena de morte para inocentes. Compromete, portanto, o seu projeto mais sagrado, que é o da construção da paz.
Gilson Luís Roberto é presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil.
Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano9/454/cartas.html
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quinta-feira, 9 de março de 2017
No serviço cristão
No
serviço cristão
“Nem como tendo domínio sobre a herança de
Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” - (I Pedro, 5:3.)
Aos companheiros de
Espiritismo cristão cabem tarefas de enormes proporções, junto das almas.
Preocupam-nos
profundos problemas da fé, transcendentes questões da dor.
Porque dão de graça
o que por graça recebem, contam com a animosidade dos que vendem os dons
divinos; porque procuram a sabedoria espiritual, recebem a gratuita aversão dos
que se cristalizam na pequena ciência; porque se preparam em face da vida
eterna, desligando-se do egoísmo destruidor, são categorizados como loucos,
pelos que se satisfazem na fantasia transitória.
Quanto maior,
porém, a incompreensão do mundo, mais se deverá intensificar naqueles as noções
da responsabilidade.
Não falamos aqui
dos estudiosos, dos investigadores ou dos observadores simplesmente.
Referimo-nos aos que já entenderam a grandeza do auxílio fraternal e a ele se
entregaram, de coração voltado para o Cristo. Encontram-se nos círculos de uma
experiência nobre demais para ser comentada, mas a responsabilidade que lhes
compete é igualmente muito grande para ser definida.
A ti, pois, meu
irmão, que guardas contigo os interesses de muitas almas, repito as palavras do
grande apóstolo, para que jamais te envaideças, nem procedas “como tendo
domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”
Mensagem extraída da
obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, capítulo 69.
* * *
REFLEXÃO: Quantos
pretendem locupletar-se do que não lhe pertence. Como o livre arbítrio é uma
Lei Natural, que, nem sempre, exerce a cobrança das consequências dos desvios imediatamente, mas, aguarda o reposicionamento do próprio infrator, dando tempo
ao tempo.
Em se tratando das
questões da fé, tanto os enganadores como os enganados são responsáveis pelo
que advier desse processo de venda do que se recebe de graça, que deveria ser
dado de graça.
A fé com ou sem a
organização religiosa não serve de recurso de sobrevivência, nem meio de
enriquecimento material, a qualquer pretexto. Para isto existem as profissões,
as transações comerciais e empresariais com suas leis norteadoras, que
exercidas de forma justa proporcionam o suficiente para atender as exigências
da vida.
Jesus tinha
profissão, era como o seu pai José, carpinteiro, não cobrava para ensinar as Primícias do Reino, apresentava essas
verdades sem pompas, sem luxo, sem aparato desconcertantes. O seu templo era a
Natureza, à luz do Sol, o som era o marulhar do mar, seus instrumentos, os
apetrechos de trabalho: o barco, a enxada, a pá, o arado, a candeia...
Suas revelações
eram espargidas, como a chuva suave que cala devagarinho as entranhas da terra
ressequida. Tocavam os corações ansiosos por algo que não conheciam, mas que
necessitavam de alento e esperança. Algo norteador das
mentes, que pudessem estabelecer consciências clarificadas naquilo de essencial
para a Vida, porque só conheciam desolação, desrespeito, abusos e a morte.
Jesus, arauto da
esperança, da iluminação, do amor, apresenta a grandiosidade de Deus, apazigua
a dor, modifica o estado moral reinante no mundo, abre a clareira da paz,
mostra o rumo para a felicidade, franqueia o conhecimento da existência das
muitas moradas na Casa do Pai e que iria à frente para preparar o lugar, para
que seus irmãos pudessem encontrá-Lo, na sequência desta vida na outra Vida.
Ele, o Cristo, não
precisou de ambiente suntuoso, não exigiu tapete de honorabilidade, não exigiu
moedas, não condicionou o acesso à verdade sob nenhuma forma, não teatralizou
nenhuma circunstância para chamar a atenção, não disse o que faria ou que alguém
faria isto ou aquilo acontecer. Apenas
realizou com humildade e singeleza os fatos mais extraordinários, com o
objetivo de ensinar, porque era Mestre.
A luz espiritual
resplandece daquele que a conquistou, não é existente naquele que apenas almeja,
imita, falseia ou engana. A verdade
surgirá em momento inopinado e as máscaras dos vendilhões cairão, restando a
frustração, o arrependimento, a aflição de muitos, e longo caminho para o
refazimento do plantio de árvores de frutos amargosos que darão colheitas arrasadoras.
Não fazer comércio
daquilo que foi dado de graça para que de graça seja distribuído, sob pena de sofrimento
intenso, em virtude do aviltamento de consciência.
Jesus é: “O Caminho, a verdade e a vida.”
Dorival da Silva.
quinta-feira, 2 de março de 2017
Caracteres do verdadeiro profeta
Caracteres
do verdadeiro profeta
Desconfiai
dos falsos profetas. É útil em todos os tempos essa recomendação, mas,
sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma
transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e
intrigantes se arvoram em reformadores e messias. É contra esses impostores que
se deve estar em guarda, correndo a todo homem honesto o dever de os
desmascarar. Perguntareis, sem dúvida, como reconhecê-los. Aqui tendes o que os
assinala:
Somente
a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército.
Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só
confia missões importantes aos que Ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as
grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças
para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o
discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente,
são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para
essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas
provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que
têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.
Isto
posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de
justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo
resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz
portador. Tirai também esta outra consequência: se, pelo seu caráter, pelas
suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se
apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que um
histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.
Outra
consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em
sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio
que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau
grado, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se
revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão,
eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o
segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes,
parece sempre temeroso de que não lhe deem crédito.
Alguns
desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do Cristo,
outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, hão encontrado
pessoas assaz crédulas que lhes creem nas torpezas. Entretanto, uma ponderação
bem simples seria bastante a abrir os olhos do mais cego, a de que se o Cristo
reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a
menos se admitisse, o que fora absurdo, que houvesse degenerado. Ora, do mesmo
modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não tereis Deus, se
tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o tereis. Possuem todas
as suas virtudes os que se dão como o Cristo? Essa a questão. Observai-os,
perscrutai-lhes as ideias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes
faltam as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade,
sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e o orgulho. Notai,
ademais, que neste momento há, em vários países, muitos pretensos Cristos, como
há muitos pretensos Elias, muitos João ou Pedro e que não é absolutamente
possível sejam verdadeiros todos. Tende como certo que são apenas criaturas que
exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes
prestam ouvidos.
Desconfiai,
pois, dos falsos profetas, máxime numa época de renovação, qual a presente,
porque muitos impostores se dirão enviados de Deus. Eles procuram satisfazer na
Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos.
– Erasto. (Paris, 1862.)
Mensagem
extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo XXI, item
9.
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