sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vírus destruidor

Vírus destruidor

A intriga é semelhante a um vírus destruidor que se multiplica rapidamente, aniquilando a organização de que se nutre.
Imiscui-se sutilmente e prolifera com volúpia, irradiando a sua morbidez devastadora.
Com facilidade transfere-se de uma para outra vítima, conseguindo gerar o ambiente pestífero que lhe é próprio.
O intrigante, por sua vez, é enfermo da alma, portando graves distúrbios emocionais e morais.
É invejoso, e transfere-se da conduta deplorável que lhe é característica para a das acusações perniciosas; é portador de complexo de inferioridade, mantendo sentimentos competitivos com os demais, e porque não possui os requisitos hábeis para vencer, oculta-se na intriga, mediante a qual denigre aquele de quem se faz opositor; é perverso, porque respira mágoas a respeito do seu próximo, que procura anular através das covardes assacadilhas...
Urde planos nefastos e mascara-se com sorrisos pérfidos com que engana as suas vítimas, enquanto as combate com ferocidade.
Sempre armados, a sua imaginação corrompe tudo quanto ouve e vê, adaptando à vérmina que traz no pensamento. Ninguém se livra da intriga insidiosa e cruel.
São célebres na História da Humanidade as intrigas palacianas...
Nas cortes, onde a frivolidade e o ócio predominavam, as intrigas no passado, assim como no presente, têm sido o alimento mantenedor dos parasitas morais que as constituem.
Quase todas as criaturas têm sido abaladas pela insídia da sua maldade, derrubando potentados e afastando pessoas nobres da execução dos seus elevados ideais.
Tronos são derruídos pela insídia da intriga; reis e potestades tombam nas malhas que as asfixiam.
A intriga é irmão gêmea da traição que se homizia no âmago dos Espíritos infelizes.
Todo grupamento social, político, acadêmico, popular, religioso, cultural ou de trabalho e de lazer, é vítima dos profissionais da intriga, neles integrados com os nefandos objetivos de os desagregar.
...E a intritga campeia a soldo da insegurança, da imaturidade psicológica das criaturas humanas.
O intrigante é instrumento dócil das Trevas que pretendem manter a sociedade na ignorância, no atraso moral, a fim de nutrir-se das emanações humanas que vampirizam.
Movimenta-se com facilidade porque é pusilânime, tornando-se hoje amigo daquele que no passado feriu, e assim, sucessivamente, em relação às pessoas que, no futuro, serão suas vítimas.
Alegra-se ao ver os distúrbios que provoca sem deixar-se trair, sorrindo de prazer ante as injunções penosas que a sua conduta reprochável dá lugar.
Encontra-se em toda parte, por constituir larga fatia da sociedade inditosa que se compraz na maledicência, nas observações distorcidas...
São necessários antídotos vigorosos para sanar essa epidemia ou muita água em forma de paciência e compaixão para apagar os incêndios morais que provoca.
A intriga é semelhante a cupim que destrói a fonte de onde retira o alimento, sem deixar vestígios externos, até o momento em que se desorganizam as estruturas nas quais se refugia.
*   *   *
Fecha os ouvidos à persuasiva palavra simulada do intrigante, que te escolhe para a catarse da própria desdita.
Não passes adiante a informação infeliz que ele te transmite com o objetivo de envenenar-te o que, invariavelmente, consegue.
Abafa a intriga que te chega ao conhecimento no poderoso algodão do silêncio e da dignidade.
Desarma-te, em relação ao teu irmão, adquire autoconfiança e autoconsciência, que te instrumentalizam para não aceitares a morbidez da intriga destruidora.
Mesmo no colégio galileu, a intriga e o ciúme campeavam, culminando na traição de Judas e em negação de Pedro em referência a Jesus, que sempre os amou.
Sê fiel ao teu ideal, mantendo lealdade com relação àqueles que constituem a tua família biológica, quanto a espiritual.
Não agasalhes informações nefastas, deixando-te contaminar pelo morbo sempre ativo da intriga.
Respeita a concha dos teus ouvidos, preservando-a da intriga e dignifica a tua voz não a propagando, dessa maneira deixando-a diluir-se no oceano da tua conduta moral.
Aqueles que se permitem criar embaraços ao seu próximo, acusando-os, indevidamente, tecendo as redes das informações malsãs,  vigiando-os de forma implacável, empurrando-os na direção do abismo do desânimo e do sofrimento, tornam-se responsáveis pelo mal que lhes venha acontecer.
São as mãos invisíveis que os asfixiam e as forças infelizes que os comprimem, derrubando-os pelo caminho da evolução.
Se alguém, por acaso, não corresponde à tua confiança, nem retribui o teu comportamento sadio, não te aflijas, porque o infeliz é ele que, ingrato, não é capaz de compreender a beleza nem o significado da amizade legítima.
Em qualquer circunstância, sê aquele que vive com elevação e honradez, a fim de que longos e saudáveis sejam os teus dias na viagem abençoada pela Terra.
Divulga o bem e canta a glória da afeição pura, entronizando na mente e na emoção, os valores da alegria defluente dos deveres retamente cumpridos.
Embora aceito pelos frívolos, o intrigante é detestado e temido por todos, que lhe conhecem o caráter e percebem que, de um para outro momento, poderão ser-lhes vítimas também.
O que fazem com os outros, certamente farão contigo, sem compaixão.
*   *   *
Jesus recomendou a vigilância e a oração como terapia preventiva e curadora, para uma existência digna e feliz.
Vigia as nascentes do coração para que nelas brote a água lustral do amor que se expande, enquanto orarás, arando com os tratores da caridade, os solos humanos que a vida te oferece.
Intriga, jamais!
Joanna de Angelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica
da noite de 10 de setembro de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador, Bahia.
Em 24.09.2012.

Mensagem extraída do sítio: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=301

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Síndrome do Pânico

Síndrome do Pânico

Entre os transtornos de comportamento que tomam conta da sociedade hodierna, com enormes prejuízos para a saúde do indivíduo e da comunidade geral, a síndrome do pânico apresenta-se, cada vez, mais generalizada.

Vários fatores endógenos e exógenos contribuem para esse distúrbio que afeta grande e crescente número de vítimas, especialmente a partir dos vinte anos de idade, embora possa ocorrer em qualquer período da existência humana.

A descarga de adrenalina, avançando pela corrente sanguínea até o cérebro no ser humano, produz-lhe o surto que pode ser de breve ou de larga duração.

Trata-se de um problema sério que merece tratamento especializado, tanto na área da psicologia quanto da psiquiatria, mediante os recursos psicoterapêuticos a serem aplicados, assim como os medicamentos específicos usados para a regularização da serotonina e de outros neurocomunicadores.

No momento em que ocorre o surto, o sofrimento do paciente pode alcançar níveis quase insuportáveis de ansiedade, de desespero e de terror. Nada obstante, o fenômeno, invariavelmente, é de breve duração, com as exceções compreensíveis.

Podem ocorrer poucas vezes, o que não constitui um problema de saúde, mas, normalmente é recorrente, portanto, necessitado de tratamento.

Graças aos avanços da ciência médica, nas áreas das doutrinas psicológicas, o mal pode ser debelado com assistência cuidadosa e tranquila.

No entanto, casos existem que não cedem ante o tratamento específico, ao qual o paciente é submetido, dando lugar a preocupações mais sérias.

Sucede que, em todo problema na área da saúde ou do comportamento humano, o enfermo é sempre o Espírito que se encontra em processo de recuperação do seu passado delituoso, experienciando as consequências das ações infelizes que se permitiu praticar antes do berço atual.

Renascendo com a culpa insculpida nos tecidos sutis do ser, temores e inquietações aparentemente injustificáveis, surgem de inopino, expressando-se como leves surtos do pânico.

Em consequência, por haver gerado animosidade e ressentimento, as suas vítimas, que o não desculparam pelas atitudes perversas que lhe padeceram, retornam pelo impositivo das afinidades psíquicas e morais, estabelecendo conúbios de vingança por intermédio das obsessões.

O número de pessoas em sofrimento sob os acúleos das obsessões produzidas por desencarnados é muito maior do que parece.

É natural, portanto que, nesses casos, a terapêutica aplicada mais eficaz não resulte nos propósitos desejados, tais sejam, a cura, o bem-estar do paciente...

Torna-se urgente o estudo mais cuidadoso da fenomenologia mediúnica, das interferências dos Espíritos nas existências humanas, a fim de serem melhor compreendidos os distúrbios psicopatológicos, dessa maneira, facultando-se existências saudáveis e comportamentos equilibrados.


*   *   *

Anteriormente confundido com a depressão, o distúrbio do pânico foi estudado mais detidamente e, após serem analisadas todas as síndromes, foi reclassificado, a partir de 1970, como sendo um transtorno específico, recebendo orientação psicoterapêutica de segurança.

Pode acontecer que, num surto do distúrbio do pânico, de natureza fisiológica, os inimigos espirituais do paciente aproveitem-se do desequilíbrio emocional do seu adversário e invistam agressivamente, acoplando-se-lhe no perispírito e produzindo, simultaneamente, a indução obsessiva.

Trata-se, portanto, de uma problemática mais severa porque são dois distúrbios simultâneos, que exigem mais acurada atenção.

Nesse sentido, a psicoterapia espírita oferece recursos valiosos para a recuperação da saúde do enfermo.

Concomitante ao tratamento especializado na área da medicina, as contribuições fluídicas, mediante os passes, a água magnetizada ou fluidificada, as leituras edificantes e a meditação, a prece ungida de amor e de humildade, os socorros desobsessivos em reuniões especializadas, sem a presença do paciente, oferecem os benefícios de que necessita.

Face ao débito moral ante as Leis da Vida, é indispensável que o padecente recupere-se espiritualmente, por meio da vontade para alterar a conduta para melhor, envidando esforços para sensibilizar a sua vítima antiga, afastando-a através da paciência, da compaixão e da solidariedade.

O distúrbio do pânico é transtorno cruel, porque durante o surto pode induzir o paciente ao suicídio, conforme sucede com relativa frequência, em razão do desespero que toma conta da emoção do mesmo.

O hábito da oração e o recurso das ações em favor do próximo em sofrimento constituem uma admirável medicação preventiva às investidas dos Espíritos inferiores, equilibrando as neurotransmissões e facultando a manutenção da harmonia possível.

A reencarnação é, graças a isso, o abençoado caminho educativo para o Espírito que, em cada etapa, desenvolve os tesouros sublimes da inteligência e da emoção, da beleza e do progresso, avançando com segurança na conquista da plenitude que a todos está reservada.

As enfermidades, especialmente as de caráter emocional e psiquiátrico constituem, assim como outras orgânicas de variadas expressões, desde as degenerescências genéticas até as de caráter infeccioso, os métodos educativos e reeducativos para o discípulo da Verdade.

A cada erro cometido tem lugar uma nova experiência corretiva, de forma que a consciência individual, em se harmonizando, possa sintonizar com a Consciência Cósmica, numa sinfonia de incomparável beleza.

Somente, portanto, existem as doenças porque permanecem enfermos em si mesmo os Espíritos devedores.


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Seja qual for a situação em que te encontres na Terra, abençoa a existência, conforme se te apresente.

Se dispões de saúde e desfrutas de bem-estar, multiplica os dons da bondade e serve, esparzindo alegria, sem o desperdício do tempo em frivolidades e comprometimentos perturbadores.

Se te encontras enjaulado em qualquer forma de sofrimento, bendize o cárcere que te impede piorar a situação evolutiva, evitando que novamente derrapes nos desaires e alucinações.

O corpo é uma dádiva superior que Deus concede a todos os infratores, a fim de que logrem a superação da argamassa celular para cantar as glórias imarcescíveis do Amor completamente livre.
Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na
manhã do dia 30 de outubro de 2012, em Sydney, Austrália.
Em 9.11.2012.
Extraída do endereço: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=305 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Você é Você Mesmo?



Grande parte das pessoas não se conhece, vive ou imita a realidade dos outros. Forma, assim, uma massa amorfa, sem personalidade definida, “conhecida como massa de manobra”.

Fica muito longe a realidade preconizada, há dois mil anos, por Jesus: “Amar ao próximo como a si mesmo” (1). Sócrates, o filósofo grego, acerca de quatrocentos anos antes de Cristo, já ensinava: “Conheça-te a ti mesmo.”  Quanto é difícil o aprimoramento da alma humana!  Por que demorar tanto? A resposta é simples: Porque tem o livre-arbítrio. Para que se tenha mérito faz-se imprescindível a conscientização do indivíduo. Cada um tem o seu tempo de despertamento para o que transcende os limites da materialidade. Tudo o que é material é impermanente, inclusive o corpo físico, a finalidade é a de servir de suporte para a elevação espiritual.  
O patrimônio que se leva para o outro lado da vida é somente o resultado das experiências vividas. Quando positivas proporcionam a paz e a satisfação do dever cumprido; quando de resultado infeliz, a insatisfação e o arrependimento da oportunidade desperdiçada.

A governança de uma pessoa sobre outra somente é compreensível se esta for incapaz, limitada, nonsense.  Não cabe à pessoa sadia aceitar o que vem de fora de si, sem análise e sem reflexão.   As conhecidas peneiras de Sócrates ajudam consideravelmente: É verdade? É bom? É necessário?  Quem se dá a esse trabalho diante das ofertas e das imposições do Mundo?  Estas que podem levar o indivíduo a sofrer algum revés, com a possível consequência de lhe custar altos estipêndios, quando não monetários, emocionais? É preciso apanhar para aprender? Necessariamente não!

Fiar-se em tudo o que se oferece, sem reflexão já não pode ser admitido pelo homem e mulher destes tempos modernos, de tanta inteligência e tecnologia, no entanto, o senso moral amolentado, que aparece avultado; respeitadas às exceções.

Achar que pode aquilo ou aquilo outro porque todo mundo faz. Achar que deve possuir isso ou aquilo porque todo mundo tem. É bem próprio da insensatez. A expressão todo mundo faz ou tem é apenas uma força de expressão que não significa nada. Não tem nenhuma sustentação. Não se pode mirar a tranquilidade e a lucidez da consciência em base tão inútil. O tal do niilismo.

Não há possibilidade de amar ao próximo antes de amar a si mesmo. Ninguém pode oferecer a outrem o que não possui.  Portanto, ninguém faz amor. Na essência, o que se denomina amor é conquista que requer muito esforço e sacrifício e só é existente no exercício do bem.

A fé é algo de foro íntimo que pode ser manifestada coletivamente, no entanto, ninguém precisa ser guiado, não há necessidade de intermediário, cada indivíduo é autônomo. O deotropismo é natural.  As lideranças devem demonstrar exemplos através dos recursos morais e condutas retas, segui-las é sempre decisão particular. Não se pode atribuir a outrem a responsabilidade pela condução da própria vida.

A mensagem de Jesus e o pensamento de Sócrates, embora, antigos no tempo, são tão atuais que parecem que foram ensinados agora mesmo.

(1)    – Mateus, 22:39

Dorival da Silva

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Mundo em Transição



Vivemos num mundo de expiação e provas, o que quer dizer que o mal predomina entre a sua população. Na continuidade do tempo, o próximo estágio será o de regeneração – onde as almas que ainda têm o que expiar adquire novas forças, repousando das fadigas da luta. (1) Como e quando se dará essa mudança?  Se existe uma transição fatos serão notados. Alguma coisa se modificará. Algo novo deverá surgir.

O Planeta na sua constituição física também é um elemento vivo.  Sofre modificações constantes, evolui incessantemente.  Considerando os habitantes, centrando análise somente nos seres humanos, tudo se dá em dinamismo frenético. Nenhuma pessoa é exatamente igual no próximo minuto em relação ao que era no minuto anterior, mesmo dormindo.  Há modificações intermináveis na estrutura física e há vibrações inexplicáveis, por ora, na estrutura espiritual.

Existe o reflexo de uma estrutura na outra, mas sempre prevalece a espiritual, vez que esta carrega a inteligência, a vontade e a consciência.  O ser espiritual sobrevive à matéria, no entanto, precisa dela para sua experimentação.  No atendimento às suas necessidades desenvolve a inteligência e para conviver com seus iguais -- em melhores condições -- cria ambiente de confiança, de segurança, através do respeito aos outros, desenvolvendo o sentimento e a emoção, suportando e sendo suportado, avançando e recuando em seus ímpetos, dominando o orgulho e o egoísmo.

Por isso se nasce muitas vezes, para vivências e ajustes, vive-se no ambiente que construiu ou ajudou a fazê-lo, sofrendo as consequências do que  implementou direta ou indiretamente.  É a escola da vida.  Aprendendo com as suas próprias construções, experimentando o resultado de seus próprios feitos. Seja na vida presente ou futura, o ser pensante, o ser espiritual é o mesmo, sempre reencontra com suas obras.

Chega um momento que tanto o Planeta como os habitantes sofrem uma modificação de maior intensidade, um ciclo novo, porque tudo evolui, é da Lei de Progresso. Esta ocorre independente da vontade ou entendimento de qualquer criatura.

A transição da Terra para a condição de mundo regenerado está em andamento, muitos de seus moradores, com milênios de experiência e que não mais se enquadram nas condições do novo ambiente, porque renitentes no mal e sem expectativa de modificação moral dentro desse novo contexto, serão exilados para mundo em início de trajetória evolutiva, como este Orbe foi em era recuada, aos tempos do homem da pedra lascada. 

Toda reformulação, em qualquer coisa estabelecida, requer um revolução, um remover das coisas antigas prestáveis ou não, que gera incômodo aos envolvidos, como numa reforma de casa, e como todos os habitantes da Casa-Terra estão comprometidos nessa melhoria, então todos sofrem os seus efeitos, cada um à sua cota de comprometimento.

O tempo passa, dos desarranjos e dos desconfortos da reforma ninguém se importa mais, se estiverem residindo em morada mais bonita, confortável e feliz, mesmo que essa demora trabalhosa e de muito sacrifício seja de décadas ou séculos.  O importante é a conquista dos recursos morais suficientes para merecer a moradia feliz.  Quem não se propuser à conquista de valores através dos esforços no bem e preferir a renitência no mal, naturalmente se elege para buscar paragem correspondente à sua condição. Não será mais no planeta Terra.  Sempre haverá a oportunidade do recomeço em algum lugar. Deus é misericórdia.  Oferece o que é justo ao aprimoramento de seus filhos.

A transição para a Nova Era está em andamento, quem tem olhos de ver...

(1)   -  O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III, item 4 – Allan Kardec


                                                                                 Dorival da Silva
                                                                               
           

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Evangelho fora dos templos

JOSÉ PASSINI
passinijose@yahoo.com.br Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)
 

 

José Passini

O Evangelho fora dos templos
“Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar.” – I Co, 1:17.

Nas várias religiões cristãs, o termo evangelizar define o entendimento e a aplicação dos ensinamentos contidos no Novo Testamento de modo particular. No Espiritismo, essa particularidade se revela na ênfase que é dada à vivência, à exemplificação dos ensinamentos de Jesus e dos Apóstolos, não só nos momentos de prática religiosa, mas em todas as situações de sua vida.
O próprio entendimento do que significa religião foi modificado a partir dos ensinamentos de Jesus. Com Ele, aprende-se que religião não é algo mágico a ser vivenciado no interior dos templos. Não mais aquela ideia de que religião é prática mística, contemplativa, ritualística, cheia de oferendas e fórmulas repetitivas levadas a efeito no interior das assim chamadas “Casas de Deus”. Religião, conforme seus ensinamentos e, principalmente seus exemplos, passou a ser, para aquele que lhe entendeu as lições, um novo modo de viver, de se relacionar com o próximo, em todos os ambientes, em todos os momentos. Ensinando que Deus está presente em todo o universo, alargou os limites dos templos, mostrando o Universo como um templo imenso: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo, 14: 2).
Jesus libertou, assim, a criatura humana da necessidade do comparecimento ao templo, a fim de ali encontrar-se com Deus. O Mestre jamais convidou alguém a orar num templo. Pelo contrário, quando a Samaritana manifestou-se no sentido de adorar a Deus no Templo de Jerusalém, o Mestre desautorizou tal atitude, dizendo-lhe: "Mulher, crede-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Deus é Espírito e importa que os que O adoram, O adorem em espírito e em verdade" (Jo, 4: 21 e 24). Para Jesus não havia santuários, lugares especiais. Seus ensinamentos, suas curas, suas orações sempre foram levados a efeito onde quer que ele se encontrasse. 
Jesus foi um educador de almas 
Entretanto, uma concepção religiosa libertadora não agrada àqueles que desejam exercer o poder religioso, dominando consciências. Estes procuram conservar a religião como algo mágico, místico, extático, complexo a ponto de a ela só terem acesso os doutos e os sábios, pessoas pretensamente especiais, que estariam mais habilitadas a intermediarem as mensagens das criaturas ao Criador, e vice-versa. Jesus concedeu carta de alforria à Humanidade, em relação à intermediação sacerdotal, ao informar a criatura humana de que ela tem o direito legítimo e inalienável de se comunicar com seu Criador, diretamente, em qualquer lugar onde se encontre: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará” (Mt, 6: 6).
Ele foi crucificado exatamente pela coragem de contrapor-se ao poderio sacerdotal, àquela verdadeira ditadura religiosa.
Jesus foi um educador de almas, que sempre enfatizou a necessidade do empenho da criatura no sentido de educar-se, de progredir, conforme ensinou no Sermão do Monte: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (...)” (Mt, 5: 16). Toda a mensagem religiosa do Mestre fundamenta-se no esforço da criatura no sentido de revelar essa herança divina que todos trazemos. Nada de graças, além da graça da vida. Nada de privilégios: “(...) e então dará a cada um segundo as suas obras” (Mt, 16: 27).
Sua mensagem é um verdadeiro desafio, no sentido de transcender os limites da lei antiga, que preconizava “olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Ex, 21: 24).  
O Mestre não desejou discípulos passivos 
Jesus delineia um novo horizonte na concepção religiosa do Mundo: “(...) se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt, 5: 20). “Ouvistes o que foi dito: amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; (...)” (Mt, 5:42 e 43).
Como educador que foi, Jesus não desejou discípulos passivos, encantados, deslumbrados. Pelo contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo para que a criatura raciocinasse, a fim de saber, de compreender por que deveria agir desse ou daquele modo.
O Sermão da Montanha, que para muitos é apenas um hino ao sentimento, é, também, uma vigorosa mensagem à inteligência, ao raciocínio: “E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus dará bens aos que lhos pedirem?” (Mt, 7: 9 a 11).
Entendendo que o sistema pedagógico de Jesus fundamenta-se no binômio sentimento/razão, o Espiritismo ensina que a evangelização não se restringe unicamente ao campo do sentimento, pois a fé raciocinada começou, inquestionavelmente, com Jesus: “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mt, 6: 26). Ao ensinar a criatura a não criar fantasias sobre a fé, mostra a linha divisória entre aquilo que deve ser objeto da preocupação do homem, e o que deve ser entregue a Deus, perguntando: “E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mt, 6: 27). 
A importância do bom relacionamento 
A educação religiosa que Jesus propicia ao homem leva-o a conscientizar-se de que não será através de orações repetidas que estaremos agradando a Deus: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mt, 6: 7). Nem através de oferendas ou bajulações: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta” (Mt, 5: 23 e 24).
No Seu trabalho educativo do Espírito humano, Jesus mostrou a importância do bom relacionamento com o próximo como caminho para Deus, conforme bem entendeu o Apóstolo João, que registrou: “Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (I Jo, 4: 20).
Mas, com o passar dos tempos, o eixo da mensagem cristã foi-se desviando, saindo da área do estudo, da meditação à luz da oração consciente, passando às práticas exteriores.
Essas verdades religiosas simples, que estiveram ao alcance de humildes pescadores, de viúvas e de deserdados, foram, com o passar do tempo, relegadas a segundo plano, tendo sido postos em primeiro lugar o ritual, a solenidade, o manuseio de objetos de culto, a vela, o vinho, a fumaça, os cantochãos, todo um conjunto imenso de práticas exteriores alienantes, buscadas no paganismo romano, que distanciavam o homem cada vez mais do esforço de autoaprimoramento preconizado pelo Mestre.
Infelizmente, os pronunciamentos libertadores de Jesus não foram objeto de estudo pelos teólogos, que criaram as liturgias, os sacramentos, e, pior ainda, a hedionda teoria das penas eternas, desfazendo a imagem do Deus Misericordioso, tão bem delineada pelo Mestre. 
A evangelização é um processo contínuo 
A mensagem cristã foi apequenada, podada, enxertada por aqueles que dela se apossaram, construindo uma religião atemorizadora e salvacionista, com base em atitudes místicas e na crença de que seria o sangue de Jesus o remissor dos pecados da Humanidade. Foi enfatizada a adoração extática a Jesus-morto, em detrimento do esforço em seguir Jesus-vivo. Evangelizar passou a significar o encaminhamento da criatura ao interior dos templos, onde deveria assumir uma atitude inteiramente passiva, ficando no aguardo das bênçãos de Deus, que seriam conseguidas através de rezas intensamente repetidas, quando não de longas penitências.
Mas o Mestre, conhecedor da fragilidade humana, sabia que, de alguma forma, isso iria acontecer, por isso, prometeu o Consolador: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo, 14: 26).
Cumprindo sua promessa, enviou-nos o Espiritismo, que não é apenas mais uma religião cristã, mas o próprio Cristianismo Primitivo, que ressurge na sua pureza, pujança e objetividade originais, destacando-se das demais religiões, pelo menos das do Ocidente, pelo seu aspecto altamente educativo.
Dentro dessa perspectiva, fica claro que evangelizar, na concepção espírita, tem um sentido muito mais amplo do que aquele que é entendido por outras correntes cristãs, pois tem como componente básico, indissociável, o elemento educação.
Evangelizar, na conceituação espírita, representa não só informar alguém a respeito da vida, dos ensinamentos e dos exemplos de Jesus, mas, principalmente, conscientizar a respeito da necessidade da aplicação constante desses conhecimentos teóricos à vida diária.
A evangelização, assim compreendida, não se dá num determinado período de tempo: é um processo contínuo de despertamento da criatura para a necessidade do esforço, no sentido de promover a sua transformação moral, numa busca de autoaprimoramento, que se inicia num determinado momento da vida, mas que não tem data alguma que lhe marque o fim. 

Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço: