sábado, 29 de junho de 2013

Clamor social: o clímax e a indiferença dos governantes

Clamor social: o clímax e a indiferença dos governantes

Divaldo Franco
Quando as injustiças sociais atingem o clímax e a indiferença dos governantes pelo povo que estorcega nas amarras das necessidades diárias, sob o açodar dos conflitos íntimos e do sofrimento que se generaliza, nas culturas democráticas, as massas correm às ruas e às praças das cidades para apresentar o seu clamor, para exigir respeito, para que sejam cumpridas as promessas eleitoreiras que lhe foram feitas...
Já não é mais possível amordaçar as pessoas, oprimindo-as e ameaçando-as com os instrumentos da agressividade policial e da indiferença pelas suas dores.
O ser humano da atualidade encontra-se inquieto em toda parte, recorrendo ao direito de ser respeitado e de ter ensejo de viver com o mínimo de dignidade.
Não há mais lugar na cultura moderna, para o absurdo de governos arbitrários, nem da aplicação dos recursos que são arrancados do povo para extravagâncias disfarçadas de necessárias, enquanto a educação, a saúde, o trabalho são escassos ou colocados em plano inferior.
A utilização de estatísticas falsas, adaptadas aos interesses dos administradores, não consegue aplacar a fome, iluminar a ignorância, auxiliar na libertação das doenças, ampliar o leque de trabalho digno em vez do assistencialismo que mascara os sofrimentos e abre espaço para o clamor que hoje explode no País e em diversas cidades do mundo.
É lamentável, porém, que pessoas inescrupulosas, arruaceiras, que vivem a soldo da anarquia e do desrespeito, aproveitem-se desses nobres movimentos e os transformem em festival de destruição.
Que, para esses inconsequentes, sejam aplicadas as corrigendas previstas pelas leis, mas que se preservem os direitos do cidadão para reclamar justiça e apoio nas suas reivindicações.
O povo, quando clama em sofrimento, não silencia sua voz, senão quando atendidas as suas justas reivindicações. Nesse sentido, cabe aos jovens, os cidadãos do futuro, a iniciativa de invectivar contra as infames condutas... porém, em ordem e em paz.
* Divaldo Franco escreve às quintas-feiras, quinzenalmente (artigo publicado no dia 20 de junho no jornal A Tarde, de Salvador-BA)
A coluna pode ser acessada no endereço:

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Reencarnação!

Reencarnação!

O tema reencarnação precisa ser reanalisado. Não é assunto que pertence a este ou aquele segmento religioso. É da Natureza. É ciência. Allan Kardec cunhou essa expressão para diferenciar da ressurreição, porque esta dá a ideia, pelo entendimento tradicional, de se retornar a alma a reviver no mesmo corpo físico. O que a própria ciência e a lógica dizem ser totalmente impossível, vez que os elementos constitutivos de um organismo, com a decomposição após a morte, comporão outros organismos, tanto de pessoas como de animais ou vegetais, assim inúmera vezes.
Diariamente convivemos com a reencarnação, são nossos filhos, nossos parentes, nossos amigos e até nossos inimigos que renascem em nossa casa ou ao nosso redor. Retornam próximo de nós pela afinidade ou pelos laços da necessidade. Jesus mesmo fez referência a isto, na conversa com Nicodemos: "Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem não renasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. - O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. - Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo." (...) (S .JOÃO, cap. III, vv. 1 a 12.).
Como se explicaria os que nascem com necessidades especiais, será que sofrem apenas das contingências da  hereditariedade genética? Se nunca fizeram nada de errado e não têm pendência em sua consciência, onde estaria a justiça?  Se tudo é regido pela Lei Divina, que é perfeita, como justificar esse desvio, porque alguém sofreria limitações sem uma causa justa? Como admitir isto? E as doenças graves, nos nascituros? As deformidades? As mortes logo após o nascimento? Os problemas neurológicos? As doenças mentais?... Deus é justo!
Através da reencarnação, que quer dizer: entrar na carne outra vez -- num novo corpo --, para nova oportunidade, para refazer-se, reposicionar-se, aprender, provar, expiar o que de outra feita não foi possível. Não aprendemos tudo de uma única oportunidade, precisamos de muitas outras, é da Lei de Progresso, é o amor Divino em favor de suas criaturas. Alcançarmos um dia o estado de plenitude, requer esforço. A autoconstrução.  Por isso a necessidade de nascer de novo, de reencarnar – muitas vezes.
Somos artífices de nós mesmos.  Encontraremos o futuro nas condições que o organizamos presentemente. Se rebeldes e viciosos, lá compareceremos com o patrimônio que cultivamos e seus desdobramentos, porque toda semeadura dá fruto e o multiplica.  Continuaremos depois da morte do corpo com a herança intelectual e moral que nos pertencem. Neste caso, em sofrimento, sendo que não teremos o corpo de carne que mitiga as ânsias dos vícios.  Estaremos possivelmente por décadas em conflitos íntimos contínuos vez que os hábitos negativos não dão trégua, sempre exigindo do indivíduo o seu atendimento.  Em se chegando à culminância do sofrimento, roga a Deus uma nova oportunidade de retornar à matéria, através do renascimento, caindo num estado de esquecimento, com a possibilidade de se recompor das viciações através da educação, que os pais lhe podem dispensar.   Fica sempre a expectativa de terminar a nova jornada de maneira vitoriosa sobre si mesmo.  É a maior vitória.
Assim cada um encontrará paz e felicidade ou não, de acordo com a sua condução na vida, nenhuma alma tem o futuro igual, cada criatura humana é um mundo próprio, e de acordo com a Lei de Justiça: a cada um de segundo as suas obras
Aceitar ou não aceitar a reencarnação não altera em nada a nossa posição, é Lei Natural, ela sempre se deu e continuará sempre, porque ninguém poderá impedir ou alterar o que não é criação do Homem.
                                                                                                                               Dorival da Silva
Presidente da 4ª União Regional
 Espírita – Sede em Bandeirantes
Convidamos acessar o blog: http://espiritismoatualidade.blogspot.com.br/

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Tempo de Coragem

Tempo de Coragem

Sempre houve a necessidade da coragem. Outrora a coragem era a valentia.  O indivíduo destemido. Que enfrentava feras, nas selvas. Ondas revoltas, no mar. Lutas sangrentas na defesa de divisas e direitos. E agora?!

Não precisamos nos defender de feras e nem de caçá-las. Não há motivo para enfrentar ondas a peito aberto. Lutas não se justificam mais.  De qual coragem precisamos?

Os embates agora são mais audaciosos.  Não é mais contra um inimigo que nos cerceia exteriormente. São lutas aferradas na intimidade de cada um, contra sua própria ferocidade.

Nos tempos transcorridos, séculos, a conquista era contra alguém, que pudesse impedir ou contrariar interesse.  Chegamos no tempo de nos conhecermos. É preciso coragem. Precisamos contrariar a nós mesmos. Modificar concepções, que nos dão acomodação emocional e nos emperram os passos evolutivos. Rompermos a nossa cristalização das mesmices. Possivelmente seremos chamados de insanos.

Os apontamentos de Jesus, como registraram os evangelistas, não são amostras contundentes de modificações das coisas estabelecidas? Não modificaram e continuam modificando a intimidade das gerações? Para àqueles que se dão ao trabalho de análise e reflexão, despojados de preconceitos? Deslindar-se de preconceitos arraigados é prova de coragem transformadora. Levando cada indivíduo ao autoencontro. O conhecer-se. Libertar-se.

A construção que permanecerá indestrutível ocorre na intimidade de cada um. É o bem imperecível. No entanto, é construção espiritual. Não atente aos interesses e demandas materialistas, consumistas.  Conquanto, necessite das ferramentas do campo material, para manutenção da vida física, laboratório experimentador. 

O rumo é a vida espiritual, depois de deixarmos a carcaça física na tumba. Não ficaremos aqui. Continuaremos sempre, somos o que somos em qualquer lugar e tempo. A entidade pensante, a essência espiritual, é infinita. O aformoseamento moral e intelectual é por conta de cada um. E essas conquistas jamais se perdem.

O edifício monumental do Espírito, obra própria, é o acumular de virtudes, sendo primazia a humildade. Base da maior das virtudes. A caridade. Onde se insere o amor em ação.

O tempo de coragem melhor é agora, se já temos consciência da realidade espiritual. Logo mais, será importante para quem despertar depois.

Corajosos! Não há justificativa para adiamento.

Coragem. Sigamos adiante.    


                                                                                         Dorival da Silva

segunda-feira, 17 de junho de 2013

ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITA DO BRASIL - 9º CONGRESSO NACIONAL - MACEIÓ

MANIFESTO DOS MÉDICOS ESPÍRITAS PRESENTES NO 9º CONGRESSO
NACIONAL PROMOVIDO PELA ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITA DO BRASIL,
REALIZADO NA CIDADE DE MACEIÓ, ALAGOAS, NO PERÍODO DE 29/05 A
01/06/13.

Os Médicos Espíritas, membros associados à ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPIRITA DO BRASIL – AME-BRASIL, através de suas regionais, no uso de suas atribuições regulares, vimos a público MANIFESTAR seu integral apoio à aprovação pelo CONGRESSO NACIONAL do Projeto de Lei 478/2007 – ESTATUTO DO NASCITURO, que tem por objetivo garantir os direitos da criança por nascer, já aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara dos Deputados.

O Projeto em questão prima pela ampla tutela do Direito à inviolabilidade da vida prescrito no caput do artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, como igualmente, no artigo 2º do Código Civil Brasileiro de 2002 que põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro, bem como, no artigo 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente. Esse direito essencial do ser humano há muito se encontra consagrado no artigo III da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, ao prescrever: “Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança”.

Portanto, considerando que:

1) “No momento em que o espermatozoide ultrapassa a membrana do óvulo inicia-se um processo de desenvolvimento de fatos sucessivos que só terminarão com a morte do novo indivíduo formado” (Cerqueira, 2009);

2) “por ser um corpo estranho no organismo materno, o embrião tem de lutar para manter-se vivo, para não ser rejeitado” (Andrew Mellor,1998);

3) “todo padrão tetradimensional é determinado pela estrutura daquela única célula – o ovo fertilizado” (Erwin Schrodinger, citado por Margulis e Sagan, 2002);

4) “se conceituarmos inteligência como a capacidade para autogerir-se mentalmente; adaptar-se e adequar-se a situações novas; selecionar condições e aproveitar experiências – o que implica aprendizado e memória, podemos concluir que de fato elas estão presentes no feto, desde o período inicial da gestação” (Joanna Wilheim, 1997);

5) a VIDA é um bem indisponível, um valor supremo e inviolável de todo ser vivente e, como tal, haverá de merecer ampla e irrestrita tutela da sociedade humana, não se admitindo nas sociedades evoluídas que seja conspurcada mesmo e especialmente em sua fase inicial.

Concluímos que a evidência lógica dos fatos nos afirma que o nascituro não é apenas um “aglomerado de células”, mas um ser humano potencial já definido com todas as suas características genéticas, oriundas dos seus geradores e por todas essas evidências filosóficas, científicas e jurídicas, os Médicos Espíritas reunidos no 9ª CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITA DO BRASIL, realizado em MACEIÓ, no período de 29/05/2013 a 01/06/2013, por unanimidade dos presentes, manifestamo-nos inteiramente contrários à deliberação do Conselho Federal de Medicina, publicada em 21/03/2013, que se manifestou favorável à interrupção da gestação até a 12ª semana, por vontade da mulher e manifestamo-nos inteiramente favoráveis à aprovação pelo Congresso Nacional do ESTATUTO DO NASCITURO, que objetiva valorizar o ser humano em sua abordagem integral, particularmente em épocas em que a pessoa vem sendo vítima de agressões que subtraem dela o DIREITO DE VIVER.

MACEIO, Alagoas, 01 de junho de 2013 – Mednesp2013

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A lição da cruz


A lição da cruz

Osias Gonçalves


  
Meus irmãos:

Peçamos em nosso favor a bênção de Nosso Senhor Jesus-Cristo.

Nas recordações da noite de hoje, busquemos no Livro Sagrado a mensagem de luz que nos comande as diretrizes.

Leiamos no Evangelho do Apóstolo João, no capítulo 12, versículo 32, a palavra do Divino Mestre, quando anuncia aos seguidores:
— «E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.»

Semelhante afirmativa foi pronunciada por ele, depois da entrada jubilosa em Jerusalém.
Flores, alegria, triunfo.

Cabe-nos ponderar ainda que, nessa ocasião, o Embaixador Celestial havia sido o Divino Médico dos corpos e das almas. Havia restaurado paralíticos, cegos e le­prosos, reconstituindo a esperança e a oportunidade de muitos... Estendera a Boa-Nova e passara pela transfiguração do Tabor...

Entretanto, Jesus ainda se considera como Missionário não erguido da Terra.

Indubitavelmente, aludia ao gênero de testemunho com que o dilacerariam, mas também ao sofrimento superado como acesso à vitória.

Reportava-se ao sacrifício como auréola da vida e destacava a cruz por símbolo de espiritualidade e ressurreição.

Induzia-nos o Senhor a aceitar as aflições do mundo, como recursos de soerguimento, e a receber nos pontos nevrálgicos do destino o ensejo de nossa própria recuperação.

Ninguém passará incólume entre as vicissitudes da Terra.

Todos aí pagamos o tributo da experiência, do crescimento, do resgate, da ascensão...

E arrojados ao pó do amolecimento moral, não atrairemos senão a piedade dos transeuntes e o enxurro do caminho, sem encorajar o trabalho e o bom ânimo dos outros, porque, de nós mesmos, teremos recusado a bênção da luta.

O Mestre, amoroso e decidido, ensinou-nos a usar o fracasso como chave de elevação. Traído pelos homens, utilizou-se de semelhante decepção para demonstrar lealdade a Deus.
Atormentado, aproveitou a aflição para lecionar paciência e governo próprio. Escarnecido, valeu-se da amargura íntima para exercer o perdão. E, crucificado, fez da morte a revelação da vida eterna.

É imprescindível renunciar ao reconforto particular, para que a renovação nos acolha.

Todos nos sentimos tranquilos e sorridentes, diante do céu sem nuvens, mas se a tempestade reponta, ameaçadora, eis que se nos desfazem as energias, qual se nossa fé não passasse de movimento sem substância.

Acomodamo-nos com a satisfação e abominamos o obstáculo.

No entanto, não seremos levantados do mundo, ainda mesmo quando estejamos no mundo fora do corpo físico, sem o triunfo sobre a nossa cruz, que, em nosso caso, foi talhada por nossos próprios erros, perante a Lei.

É por isso que nesta noite, em que a serenidade de Jesus como que envolve a Natureza toda, nesta hora em que o pensamento da coletividade cristã volve, comovido, para a recuada Jerusalém, é natural estabeleçamos no próprio coração o indispensável silêncio para ouvir a Mensagem do Evangelho que se agiganta nos séculos...

— «E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.»

Enquanto o Senhor evidenciava apenas o poder sublime de que se fazia emissário, curando e consolando, poderia parecer um simples agente do Pai Celestial, em socorro das criaturas; mas atendendo aos desígnios do Altíssimo, na cruz da flagelação suprema, e confiando-se à renúncia total dos próprios desejos, não obstante vilipendiado e aparentemente vencido, afirmou o valor soberano de sua individualidade divina pela fidelidade ao seu ministério de amor universal e, desde então, alçado ao madeiro, continua atraindo a si as almas e as nações.

Içado à ignomínia por imposição de todos nós que lhe constituímos a família planetária, não denotou rebeldia, tristeza ou desânimo, encontrando, aliás, em nossa debilidade, mais forte motivo para estender-nos o tesouro da caridade e do perdão, passando, desde a cruz, não mais apenas a revigorar o corpo e a alma das criaturas, mas principalmente a atraí-las para o Reino Divino, cuja construção foi encetada e cujo acabamento está muito longe de terminar.

Assim sendo, quando erguidos pelo menos alguns milímetros da terra, através das pequeninas cruzes de nossos deveres, junto aos nossos irmãos de Humanidade, saibamos abençoar, ajudar, compreender, servir, aprender e progredir sempre.

Intranquilidade, provação, sofrimento, são bases para que nos levantemos ao encontro do Senhor.

Roguemos, desse modo, a ele nos acrescente a coragem de apagar o incêndio da rebelião que nos retém prostrados no chão de nossas velhas fraquezas, retirando-nos, enfim, do cativeiro à inferioridade para trazer ao nosso novo modo de ser todos aqueles que convivem conosco, há milênios, aguardando de nossa alma o apelo vivo do entendimento e do amor.

E, reunindo nossas súplicas numa só vibração de fé, esperemos que a Bondade Divina nos agasalhe e abençoe.
  
Mensagem extraída do cap. 6 do livro Instruções Psicofônicas, transmitida psicofonicamente por intermédio de Francisco Cândido Xavier, na noite de 15 de abril de 1954, pelo Espírito de Osias Gonçalves, que foi abnegado pastor evangélico no Brasil.

Mensagem copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço:

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Buscai, acima de tudo, o Reino de Deus e sua justiça...

Buscai, acima de tudo, 
o Reino de Deus
e sua justiça...

 
Álvaro Reis

Amigos, que Jesus nos mantenha em seu amor.


Não sabemos de outra felicidade maior que a vossa, porque ainda na carne sois preparados para a senda do Espírito, de maneira a que não vos desvieis do roteiro de luz.

O Espiritismo funciona em vossas experiências como intérprete das lições divinas, oferecendo soluções simples aos problemas complicados, satisfazendo indagações e decifrando enigmas, ao clarão da fé sem artifícios, capaz de guindar-vos às eminências do trabalho com o Se­nhor, sem a contenção muita vez abusiva de autoridades humanas, estranhas à vocação do Evangelho, e que, ao invés de vos garantirem a escalada, talvez até vos to­lhessem o direito de aprender, servir e experimentar.

Entretanto, crede que muito maior é a responsabili­dade que vos pesa nos ombros, porquanto o nosso irmão católico romano, em transpondo o limiar do túmulo, po­derá referir-se às peias mentais a que foi escravizado no culto externo, e o companheiro da Igreja Reformada alegará com justiça o insulamento a que foi constran­gido na clausura da letra.

Vós, porém, avançais a céu escampo, guardando co­nhecimentos evangélicos mais suscetíveis de plena iden­tificação com a Verdade, nutrindo-vos, desde agora, com os frutos sazonados da vida eterna.

A concepção real da justiça vos favorece mais clara visão do Universo e sabeis como ninguém que o Paraíso deve ser edificado gradativamente em nós mesmos, todos os dias.

Egressos da Igreja Reformada, lastimamos a impos­sibilidade de retroação no tempo, para reestruturar a conceituação do Testamento Divino e buscar, como acon­tece convosco, o supremo consolo da fé ajustada aos fun­damentos simples da vida, sem o férreo arcabouço das convenções humanas.

Desejávamos para nós mesmos o trato espontâneo e puro com a fonte viva da Boa-Nova, a fim de nos habi­litarmos às revelações maiores, pela regeneração de nos­sos próprios preceitos.

Ainda assim, não obstante os prejuízos do passado, rejubilamo-nos com a formação da vanguarda espírita-cristã, valoroso e pacífico exército de almas fervorosas que, pelos méritos da oração e do arrependimento, da boa-vontade e do serviço aos semelhantes, vem construindo no mundo precioso trilho de acesso a comunhão com Jesus.

Regozijamo-nos, como quem sabe que a fortuna do vizinho é também a nossa fortuna, e, se é possível deixar-vos uma lembrança amiga, em sinal de contentamento pelo primeiro contacto convosco, ofertamos aos vossos corações a palavra do Mestre Divino, nas anotações do Apóstolo Mateus, no capítulo 6, versículo 33, quando o Celeste Amigo nos adverte:
— «Buscai, acima de tudo, o Reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas ser-vos-ão acrescentadas.»

Recuando ao tempo de sua palavra direta, recorde­mos que a multidão perguntava sobre o comer, o beber, e o agasalhar-se...

Essas coisas, porém, cresceram com a civilização.

Não apenas pão do corpo, mas pão do espírito em forma de educação e paz.

Não apenas beber água, na ordem material, mas sor­ver o idealismo santificante de que o Mestre mesmo foi o excelso portador.

Não apenas o agasalhar-se com as vestes corruptí­veis que cobrem o corpo denso, mas o abrigar-se cada um de nós na alegria da consciência reta, para que o coração unido ao Cristo respire na inexpugnável cidadela do dever respeitado.

A significação dessa trilogia de verbos tão rotineiros no mundo é, hoje, como vemos, mais complexa.

Precisamos dessas coisas...

Essas coisas, que podemos também simbolizar como harmonia interior, tranquilidade doméstica, equilíbrio na vida pública e privada, compreensão para com os ami­gos, tolerância para com os adversários, dignidade nas provações e força para ultrapassar as nossas próprias fraquezas, são necessidades prementes que não podemos olvidar.

Mas para que essas coisas sejam acrescentadas à nossa vida, é indispensável procuremos o Reino de Deus e sua justiça, que expressam felicidade com merecimento.

Façamos o melhor, sentindo, pensando e falando o melhor que pudermos.

Honrando o Reino de Deus e sua justiça, o nosso Divino Mestre passou na Terra em permanente doação de Si mesmo...

Eis o padrão que nos deve inspirar as atividades, porque não nos bastará crer acertadamente e ensinar com brilho, mas, acima de tudo, viver as lições.

O Reino de Deus inclui todos os bens materiais e morais, capazes de serem incorporados ao nosso espírito, seja onde for, no entanto, importa merecê-lo por justiça e não apenas desejá-lo pela fé.

Amigos, temos agora conosco o programa certo. Atendamo-lo.

E que o Senhor nos reúna em valioso entendimento, para a obra de cooperação no Evangelho que nos cabe executar, é tudo o a que aspiramos de melhor para que o serviço do bem nos conduza ao Grande Bem com que nos acena o futuro.

Mensagem psicofônica recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier na noite de 25 de março de 1954. Álvaro Reis foi eminente pastor protestante em nosso país e sua palavra focalizou elevado tema evangélico, além de destacar a responsabilidade dos espíritas como detentores das interpretações mais avançadas do ensinamento de Jesus. A mensagem acima foi extraída do cap. 3 do livro Instruções Psicofônicas, transmitidas por Espíritos diversos por meio do médium Francisco Cândido Xavier.


Mensagem copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço: