quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Espiritismo & Evolução

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br 
Muriaé, MG (Brasil)

 
Rogério Coelho
Espiritismo & Evolução

O grande objetivo da evolução é ascender espiritualmente

“O Espiritismo nos leva a aprender a viver as dimensões humanas com equilíbrio e segurança, sem conflitos com a consciência de nossa natureza espiritual.”-  Adenáuer 
Novaes[1]

A vivência lúcida do Espiritismo nos induz a desembocar no delta do autoconhecimento, que, por sua vez, enseja a ação que alavanca a nossa evolução, como se fosse uma reação em cadeia...

Para que possamos demonstrar, e mais bem compreender esta questão, compulsemos as páginas finais do livro “Psicologia e Espiritualidade”, onde o confrade Adenáuer Novaes desenvolve o tema com muita propriedade:
(...) O ser humano deve cada vez mais tornar holístico o seu conhecimento sobre a vida, isto é, procurar ampliar sua visão sobre o mundo, acumulando o saber já alcançado. A cada dia deve perceber cada vez mais como as leis espirituais se processam, com o intuito de viver bem em sociedade...

O grande objetivo da evolução é ascender espiritualmente e isso se dá pelas aquisições dos paradigmas das Leis de Deus e da capacidade de distinguir emoções em si mesmo, quando estas ocorrem.  Esse conhecimento implica em saber e em vivenciar, em conhecer e praticar as Leis de Deus, através do amor à vida. Conhecem-se as leis pela convivência e participação social, mas conhecer não é saber, tanto quanto gostar de alguém não é amar. É preciso aprender a usar as Leis de Deus, como também a distinguir sentimentos.
O impacto de uma nova encarnação, o contato com o mesmo ou um novo grupo familiar, a constituição de novas relações, a reconstrução de uma nova identidade social, as transformações sociais, as pressões internas das memórias de vidas passadas, os desafios das provas e expiações, bem como a necessidade de progredir, levam o Espírito à tomada de atitudes e a comportamentos cada vez mais complexos, estabelecendo-se, no seu somatório, o que chamamos de personalidade integral.   Ela é o conjunto constituído de sua essência individual e das reações a essas motivações.   Por uma delas apenas não se pode reconhecer o nível de evolução em que se encontra o Espírito. 
   
O Espiritismo nos permite conhecer as Leis de Deus 

Um comportamento não é suficiente para revelar uma personalidade. A cada encarnação ele vai aprendendo algo mais acerca das leis de Deus, sendo-lhe sempre uma surpresa voltar ao corpo físico, e seu passado reencarnatório, então inconsciente, será como um propulsor latente, lembrando-lhe a todo o momento seu potencial já acumulado. Viverá movido por ele, pelos estímulos externos, pelo progresso inevitável e por sua vontade interna.  As provas e expiações por que tenha de passar estarão presentes a dinamizarem sua vida, não lhe permitindo ultrapassar uma fronteira sem o devido saber.

(...) Quando afirmamos que o Espiritismo nos permite conhecer as Leis de Deus, é preciso que entendamos que lei é um processo pelo qual o que é desconhecido se realiza, isto é, tudo que ocorre se dá dentro dos limites de leis. As leis de Deus, ou leis espirituais, dão sentido à vida. Leis são processos de criação e de materialização da própria vida.  Podemos dizer que as Leis de Deus, longe de serem apenas morais, são leis gerais ou espirituais, num sentido mais amplo, nas quais a vida acontece.

(...) O Espiritismo não é uma camisa de força para o comportamento humano. Por ser um saber que liberta, deve levar à felicidade e não ao degredo. Proibições não pertencem aos seus princípios, porém, assumir conscientemente responsabilidades pelos próprios atos representa norma de conduta espírita. O ser humano, em sua caminhada evolutiva, deve ter direito a escolhas, devendo buscar aquilo que lhe convém de acordo com seu momento de vida. As diretrizes básicas podem ser encontradas no Evangelho do Cristo.

(...) Conhecer-se é um processo que tem o limite da capacidade da consciência em reter o conteúdo a ser conhecido. A consciência é limitada, pois exclui, divide, discrimina, concentra e focaliza... Nossa vida consciente não é capaz de tudo perceber a respeito do Espírito. Mesmo o desencarnado, pertencente ou não a um plano espiritual mais elevado que o nosso, possui limitações quanto ao que sabe sobre si mesmo e sobre o universo do qual faz parte.  

Se o Espiritismo vale para o além, valerá também para o aquém?

Chegará o momento em que a consciência que já se expandiu ao limite de sua capacidade, precisará transcender e buscar mudanças e transformações fundamentais para o próprio desenvolvimento psíquico. Ainda não conhecemos o funcionamento psíquico o suficiente para entender os processos quando o Espírito está liberto do corpo e em níveis evolutivos superiores, porém, é preciso entender que por julgarmos a partir do paradigma encarnado, sem similaridade para a necessária compreensão real, não conseguimos penetrar em sua totalidade.

Nossas escolhas na vida são também, e principalmente, consequência da visão de mundo que temos. Quanto mais ampliamos nossa percepção da realidade, mais opções de aprendizado vislumbramos. O desconhecimento da personalidade integral, do Espírito em sua totalidade, acarreta dificuldades no processo evolutivo, criando barreiras, provocando o prolongamento de situações repetitivas e, às vezes dolorosas...

(...) Embora o Espiritismo seja uma doutrina eminentemente consoladora de alcance moral, cabe-lhe também o caráter de implementadora da felicidade do ser humano, não só na vida futura, como Espírito desencarnado, como também ainda encarnado. Falar em felicidade na Terra não exclui a consciência de sua relatividade e da pequenez da vida material em relação à espiritual.  Mas, se o Espiritismo vale para o além, deve valer também para o aquém.

Vivenciar o Espiritismo não se trata apenas de exercitar práticas doutrinárias, muito embora possam elas ser imprescindíveis. Esse exercício serve como profilaxia e como aprendizagem, porém é necessário incorporar Verdades eternas que devem ser utilizadas na convivência social, nos diversos papéis da vida.

Nem sempre é clara ao Espírita a percepção de seu verdadeiro caminho. Muitas vezes ele confunde o seu com o de missionários, espíritos de escol, que trilham seu próprio destino, vivendo um processo pessoal que não deve ser imitado. Imitar o caminho do outro é distanciar-se do seu próprio. 

Somos embriões do amor de Deus... 

Certamente que o Espiritismo conseguirá levar o ser humano ao estado de felicidade que ele almeja, não apenas após a morte, mas ainda quando encarnado, por intermédio das transformações libertadoras que enseja. Esse talvez seja o grande trunfo para uma doutrina que se propõe à regeneração da humanidade.

O Espiritismo nos ensina a cultivar a semente do Bem em nós mesmos e no nosso próximo, não apenas como norma de conduta religiosa, mas como princípio de vida.   A vida nos apresenta processos que podem fortalecer esse princípio interno. Ensina-nos a doar energia à vida; a doar com desapego as coisas: um objeto, uma palavra ou uma oração; a sermos sempre agradecidos, primeiro às pessoas e depois à própria vida. Dessa forma crescemos e fazemos os outros crescerem. Mostra-nos que ser agradecido não implica apenas no gesto de manifestar retribuição, mas ser grato também sem que o outro o saiba. Leva-nos à descoberta da importância da empatia e da amorosidade para com as pessoas.

Somos embriões do amor de Deus, criados para desenvolver nossas potencialidades e para, conhecendo Suas Leis, ampliá-las e construir um mundo melhor. O Espiritismo vivenciado possibilita que, um dia, alcancemos isso.  Ele nos enseja o conhecimento e a descoberta da natureza essencial, singular, única e indecifrável do Espírito. Com ele começamos a penetrar nos intricados mecanismos da “psiquê” humana e da essência divina que se constitui o Espírito. Ele abre caminho para as ciências da Alma e para a decifração dos códigos que estruturam a vida; ele permite que nossa mente se liberte da casca do corpo físico, fazendo aparecer o fruto espiritual, livrando-nos dos preconceitos e medos que atrasam nossa marcha ascensional.

O Espiritismo é uma espécie de luneta com a qual se pode observar além das nuvens do corpo, a vida verdadeira e exuberante do Espírito. Ele nos possibilita alcançarmos a condição de seres evoluídos e preparados para o nosso futuro e eleva o ser humano da categoria de simples animal dotado de razão para a condição de Espírito, senhor das emoções.  

O Espiritismo permite que nos conheçamos como Espíritos Imortais  

O ser humano evoluído é aquele que descobriu sua singularidade e trabalha em favor dos objetivos de Deus.

(...) Bem compreendido, o Espiritismo nos permite sair da fantasia de que a transformação pessoal é mágica ou deverá ser proporcionada instantaneamente por uma Entidade espiritual.  Retira-nos da condição de crianças imaturas para adultos conscientes de nossas responsabilidades para conosco e para com o mundo. Ele nos ensina a não nos tornarmos simples seguidores de líderes carismáticos e alienados do processo pessoal de crescimento espiritual. Não se apoia em pessoas, ídolos, ou em ideias cuja autoridade não se confirma pela Universalidade. É uma doutrina dinâmica que se permite releitura a cada época da humanidade [sem prejuízo de sua estrutura doutrinária, cujos pontos básicos estão monoliticamente firmados no Pentateuco Kardequiano].

Ensina-nos a nos humanizarmos antes ou ao mesmo tempo em que buscamos nos espiritualizar, para que não venhamos a dar passos tão largos que nossas pernas não possam alcançar; coloca-nos em condições de poder identificar nossos erros com seriedade e responsabilidade e a transcender a dialética maniqueísta bem/mal, alcançando a consciência das próprias ações com equilíbrio, assumindo as consequências naturais dela decorrentes. Auxilia a eliminar as culpas conscientizando-nos do valor pessoal de crescer com o próprio passado sem nos prendermos às suas amarras, porém assumindo os equívocos cometidos”.

Enfim, o Espiritismo permite que nos conheçamos – holisticamente – como Espíritos Imortais que somos e revela a Verdade cujo conhecimento nos liberta da cela estanque da ignorância e do egoísmo, onde vivemos por séculos incontáveis, e segundo Emmanuel, lá continuaríamos a viver se a misericórdia divina não nos tivesse enviado Jesus e Kardec para resgatar-nos.                                
 
[1] - NOVAES, Adenáuer Marcos F. de. Psicologia e Espiritualidade. 3ed.  Salvador: Lar Harmonia, 2003. p. 152-176.

Matéria extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano10/491/especial.html

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Entrevista de Divaldo Pereira Franco à TV Portuguesa

Entrevista de Divaldo Pereira Franco à TV Portuguesa

Entrevistadora – Entrevistar Divaldo Pereira Franco é uma grande honra. Divaldo é um homem que tem uma obra social com um peso enorme, no Brasil, que se dedica aos outros e tem ajudado muitas famílias.

Divaldo – É que o sentido da vida é servir. Quando  não servimos, ainda não aprendemos a viver. Quando a criatura humana descobre que a vida tem um sentido profundo, esse sentido se converte num ato de amor e, sem dúvida, como dizia Dostoiewski, a beleza e o amor salvarão o mundo.

Entrevistadora – É nisso que sempre acreditou e é por isso que tem sempre trabalhado?

Divaldo – Exatamente. Ao descobrir o Espiritismo, encontrei um mundo inteiramente novo. Pertencente a uma religião tradicional, tinha perguntas sem respostas. Essas perguntas faziam parte do meu cotidiano porque desde os quatro anos de idade eu via os Espíritos e acreditava que eram alucinações.
Mais tarde, informações indevidas asseveravam que se tratava de uma força do mal, demoníaca e isso me lançava grande conflito. Como pode o mal aconselhar o bem? Porque me aconselhavam o bem, uma vida reta, atitudes castas perante a vida e, sobretudo o ato de abnegação, em nome de Jesus Cristo, esse Ser incomparável que ainda deslumbra o mundo e, lentamente me apaixonei por Ele. Ao ler o Sermão da Montanha, encontrei respostas para todas as inquietações da minha alma e lembrei-me de Gandhi: Se todos os livros desaparecessem e ficasse apenas o Sermão da Montanha, não necessitaríamos de mais nada.
Então, imitando esses grandes vultos tentei ser útil e não faltaram colaboradores porque o mundo é bom, as pessoas são boas, estão mal informadas. Não existe a maldade, no sentido tácito; existem transtornos de natureza emocional, patologias. Então, aquele a quem consideramos mau é o indivíduo que perdeu o endereço de si mesmo. Ao perder o endereço de si mesmo, perdeu o endereço da vida e agride porque se agride e tendo medo de ser agredido por outros, se torna violento.
Diz a Organização Mundial da Saúde que a violência é um mal do Espírito, deve ser tratado o Espírito com amor, ternura e bondade.

Entrevistadora – É tão bonito tudo aquilo que a vida tem lhe ensinado. Mas, como descobriu o Espiritismo? Realmente começou muito cedo, aos quatro anos tinha as primeiras manifestações. Levou tempo para que sua mãe percebesse o que estava acontecendo com você? Você consegue explicar aos nossos espectadores o que é Espiritismo, o que é perceber um Espírito, sentir uma Entidade?

Divaldo – Allan Kardec foi o mestre francês que propôs a palavra Espiritismo. Sempre houve a palavra Espiritualismo, essa abrangência de crenças na Imortalidade da alma e em Deus. E ele então, ao apresentar o resultado das suas investigações, estabeleceu que o Espiritismo é uma Ciência que estuda a origem, a natureza, o destino dos Espíritos e as suas relações com o mundo corporal.
Em todas as épocas, desde o período paleontológico, que se veem Espíritos. São eles que nos vêm dizer que a vida continua. As religiões são metodologias pedagógicas para nos ensinar a encontrar o equilíbrio e, naturalmente, cada uma de acordo com o seu fundador.
Allan Kardec estabeleceu que essa Ciência é também uma Filosofia. Quem de nós não perguntou: Por que eu sofro? Por que há pessoas más que progridem e outras boas que não logram nada? Qual a razão do meu infortúnio? As doenças terríveis e devastadoras, os fenômenos teratológicos, a riqueza, a miséria são interrogações que as velhas doutrinas do esoterismo denominavam como reencarnação. Mas, também, por que os mortos vêm falar conosco? Para demonstrarem que a vida continua.
O Espiritismo estuda todos esses fenômenos, hoje ditos paranormais, metapsíquicos e outras denominações, para dizer que são fenômenos naturais, apenas não são de todo o momento.
Nós possuímos um sistema nervoso específico. E foi descoberto, pelos russos, que aqueles neurônios que eram considerados lixo, são detentores de praticidade e, além dos cinco sentidos, temos outros sentidos, a intuição, a clarividência, a clariaudiência, o profetismo.

Entrevistadora – Nós temos todos?

Divaldo – Todos, é uma dependência apenas de um exercício. Allan Kardec o Codificador, o homem que nos propôs a Doutrina, estabelece que é uma faculdade paranormal dentro da nossa normalidade e todos temos a sensibilidade.
A intuição feminina é tão tradicional que mesmo os homens céticos respeitam. Quando a mulher diz uma coisa, têm muito cuidado. Os sonhos premonitórios, os fenômenos de aparição na Bíblia, no Corão, no Zenda-Avesta, e todas as obras tradicionais das religiões demonstram que existe algo e que conseguimos captar.
Nesta época da Cibernética, temos sensores que estão em nossa glândula pineal, no nosso Sistema Nervoso Central e nas glândulas endócrinas.

Entrevistadora – Agora, nos dias de hoje, ainda bem que fala nesta época da Cibernética porque estamos numa fase em que as pessoas estão num momento de muito desespero. Aqui em Portugal, muito em virtude  da crise econômica que se tem vivido, as pessoas estão desorientadas, com muito pouca esperança, com uma visão, às vezes, bastante indevida de vida, sem saber para onde caminhar. Eu pergunto o que a Doutrina Espírita poderá dizer a essas pessoas? Que mensagem você nos pode passar?

Divaldo – Vale a pena confiar na vida porque a vida muda. As alternativas entre hoje e amanhã são inesperadas. O Espiritismo é Doutrina de consolo.
Imagine a perda de uma pessoa querida, o desespero, e a certeza de que a vai reencontrar. Saber que ela volta e continua guiando-nos. Mas esse desespero que nos assalta é fruto de uma cultura ética devastadora que nos ensinando espiritualismo somente trabalhou pelo capitalismo.
Somos pessoas eminentemente individualistas, sexistas, consumistas e, quando esses três fatores, ou um deles não corresponde, desesperamo-nos. Mas, se olharmos um pôr do sol, a nascente do dia, o sorriso de uma criança, uma flor que desabrocha, a natureza e nos olharmos, voltaremos para Deus.
Para nossa crise existencial é necessário não apenas crer no que toca. A Física Quântica nos diz que tudo quanto vemos é invisível. Antes era necessário ver para crer, agora é necessário crer para ver. Essa crise é mais do indivíduo que vai somada a outro indivíduo e atinge a coletividade.
Na hora em que me torno melhor, o mundo se melhora. Na hora em que  passo a confiar, ter não é tão importante.  É mais importante ser, adquirir um estado de equilíbrio emocional e considerar esses valores nos valores que eles têm, não lhes dar um valor ultrapassado, daqueles que é a base da vida: Eu só serei feliz se...Por que se...? Eu sou feliz e me tornarei mais feliz quando lograr tal ou qual meta, que nem sempre é a felicidade, porque depois ela se converte e se reverte.
O Espiritismo nos diz: Muito bom ânimo. A vida é feita de transformações, nosso corpo, em cada segundo, perde trinta milhões de hemácias e nascem trinta milhões de hemácias. A cada sete anos, o corpo é inteiramente novo. Um homem ou mulher de setenta anos já teve dez corpos, então, tudo isso faz parte do nosso processo de autoiluminação.
Se entronizamos Deus, não importa que Deus seja, só há um, aquela Causa Criadora, a Natureza, o Cosmo....

Entrevistadora – Chamemos do que quisermos...

Divaldo – Pouco importa. Os nomes são apenas designações mas, nos voltarmos para esta crença: Eu sou filho de Deus, eu valho a pena, eu tenho que realizar algo, a minha vida tem sentido, por mínimo que seja. Como ninguém existe tão autossuficiente que não necessite de outrem, então, nasce o amor.

Entrevistadora – Por outro lado, a única pessoa que nos vai fazer seguramente companhia ao longo de toda a vida somos nós próprios.

Divaldo – Nós próprios estamos conosco.

Entrevistadora – Nós. Exatamente. Teremos sempre a nossa companhia até o fim.

Divaldo – Por isso temos que nos amar.

Entrevistadora – Exatamente.

Divaldo – O que me fascina na Filosofia de Jesus, entre outros, é o primeiro mandamento: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Se nós não nos amamos como iremos amar a outrem? Serão paixões, serão manifestações da libido, desejos, ansiedades. Quando nasce esse autoamor, nós nos aprimoramos interiormente, adquirimos beleza, os nossos olhos brilham e a vida se torna muito menos dolorosa do que as fitas negras do pessimismo.

Entrevistadora – Agora, eu ficaria lhe ouvindo durante dez horas... Está para acontecer um Congresso muito importante, um Congresso de três dias, quer explicar que Congresso é esse?

Divaldo – Esse Congresso reúne mais de quarenta países onde os espíritas estamos procurando entender os enigmas da vida e tornar a sociedade mais pródiga, mais generosa, mais compassiva, mais honesta, porque a nossa ética é do individualismo, é do interesse pessoal e quando temos esse interesse pessoal, o interesse da coletividade desmaia. Estaremos reunidos para poder apresentar teses espíritas e, sobretudo, o direito à vida, alegria de viver. Temos o dever de estar alegres, a maior dádiva da vida é a vida.

Entrevistadora – Não podemos maltratá-la.

Divaldo – Não temos o direito de maltratarmo-nos. Vamos encontrar uma vida exuberante, de dentro para fora.
O Congresso está reunindo quase quarenta países para discutirmos os temas que dizem respeito à grande problemática da atualidade, acompanhando a ciência, situar a ciência dentro do contexto da religião, fazer a religião científica e uma ciência religiosa.

Entrevistadora – Percebem porque esse Congresso é tão importante. Reúne mais de quarenta países, vêm grandes nomes a esse Congresso, um dos nomes mais importantes, sem dúvida, Divaldo Franco. Aliás, assim que se soube da sua vinda a Portugal, imediatamente se juntaram as Instituições e as pessoas que poderiam assistir, porque efetivamente é um homem que já fala por si.
Eu gostei muito de recebê-lo aqui. Acho que é uma pessoa muito especial. Ainda bem que escreve tantos livros e que escreve da forma que escreve, porque a sua mensagem consegue chegar tão longe.
Desejo-lhe muita saúde e felicidades.

Divaldo – Muito obrigado. Desejo-lhe também muitas bênçãos porque seu nome me é muito popular, como em Portugal e também no Brasil. Muita felicidade.

Entrevista concedida em 6.10.2016.
Mensagem extraída do endereço:

 http://www.divaldofranco.com.br/noticias.php?not=445

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Bezerra de Menezes

Filhos, o Senhor nos abençoe. Efetivamente, as vossas responsabilidades no plano terrestre vos concitam a trabalho árduo no que se refere à implantação das ideias libertadoras da Doutrina Espírita a que fomos trazidos a servir.

Em verdade, nós outros, os amigos desencarnados, até certo ponto, nos erigimos em companheiros da inspiração, mas as realidades objetivas são vossas, enquanto desfrutardes as prerrogativas da encarnação.

Compreendamos que a vossa tarefa na divulgação do Espiritismo é ação gigantesca, de que não vos será lícito desertar.

Nesse aspecto do assunto, urge considerarmos o impositivo da distribuição equitativa e plena dos valores espirituais, tanto quanto possível, em benefício de todos.

Devotemo-nos à cúpula, uma vez que, em qualquer edificação o teto é a garantia da obra, no entanto, é forçoso recordar que a estrutura e o piso são de serventia preciosa, cabendo-lhes atender à vivência de quantos integram no lar a composição doméstica.

Em Doutrina Espírita, encontramos a Terra toda por lar de nossas realizações comunitárias e, por isso mesmo, a cúpula das ideias é conclamada a exercer a posição de cobertura generosa e benéfica em auxílio da coletividade.

Não vos isoleis em quaisquer pontos de vista, sejam eles quais forem.

Estudai todos os temas da humanidade e ajustai-vos ao progresso, cujo carro prossegue em marcha irreversível.

Observai tudo e selecionai os ingredientes que vos pareçam necessários ao bem geral.

Nem segregação na cultura acadêmica, nem reclusão nas afirmativas do sentimento.

Vivemos um grande minuto na existência planetária, no qual a civilização, para sobreviver, há de alçar o coração ao nível do cérebro e controlar o cérebro, de tal modo que o coração não seja sufocado pelas aventuras da inteligência.

Equilíbrio e justiça.

Harmonia e compreensão.

Nesse sentido, saibamos orientar a palavra espírita no rumo do entendimento fraternal.

Todos necessitamos de luz renovadora.

Imperioso saber conduzi-la, através das tempestades que sacodem o mundo de hoje, em todos os distritos da opinião.

Congreguemo-nos todos na mesma formação de trabalho, conquanto se nos faça imprescindível a sustentação de cada um no encargo que lhe compete.

Nenhuma inclinação à desordem, a pretexto de manter coesão, e nenhum endosso à violência sob a desculpa de progresso.

Todos precisamos penetrar no conhecimento da responsabilidade de viver e sentir, pensar e fazer.

Os melhores necessitam do Espiritismo para não perder o seu próprio gabarito nos domínios da elevação.

Os companheiros da retaguarda evolutiva necessitam dele para se altearem de condição.

Os felizes reclamam-lhe o amparo, a fim de não se desmandarem nas facilidades que transitoriamente lhes enfeitam as horas.

Os menos felizes pedem-lhe o socorro, a fim de se apoiarem na certeza do futuro melhor.

Os mais jovens solicitam-lhe os avisos para se organizarem perante a experiência que lhes acena ao porvir e os companheiros amadurecidos na idade física esperam-lhe o auxílio para suportar com denodo e proveito as lições que o mundo lhes reserva na hora crepuscular.

Tendes convosco todo um mundo de realizações a mentalizar, preparar, levantar, construir.

Não nos iludamos.

Hoje dispondes da ação, no corpo que envergais; amanhã seremos nós, os amigos desencarnados, que vos substituiremos na arena de serviço.

A nossa interdependência é total.

Ante a imortalidade, estejamos convencidos de que voltaremos sempre à retaguarda para corrigir-nos, retificando os erros que tenhamos, acaso, perpetrado. Mantenhamo-nos vigilantes.

Jesus na Revelação e Kardec no Esclarecimento resumem para nós códigos numerosos de orientação e conduta.

Estamos ainda muito longe de qualquer superação, à frente de um e outro, porque, realmente, os objetivos essenciais do Evangelho e da Codificação do Espiritismo exigem ainda muito esforço de nossa parte para serem, por fim, atingidos.

Reflitamos: sem comunicação não teremos caminho.

Estudemos e revisemos todos os ensinos da Verdade, aprendendo a criar estradas espirituais de uns para os outros.

Estradas que se pavimentem na compreensão de nossas necessidades e problemas em comum, a fim de que todas as nossas indagações e questões sejam solucionadas com eficiência e segurança.

Sem intercâmbio, não evoluiremos; sem debate, a lição mora estanque no poço da inexperiência, até que o tempo lhe imponha a renovação.

Trabalhemos servindo e sirvamos estudando e aprendendo. E guardemos a convicção de que, na bênção do Senhor estamos e estaremos todos reunidos uns com os outros, hoje quanto amanhã, agora como sempre.


Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, recebida em 6 dez. 1969 e publicada em Reformador, abr. 1977. (Extraída o livreto: Orientação à Comunicação Social Espírita, FEB, 2ª edição – 9/2013, pág. 13/15)

Iniciação mediúnica

Iniciação mediúnica

Assinalas contigo o fenômeno mediúnico e ante as emoções diferentes que te invadem o mundo íntimo, experimentas a perturbação e a dor...

Em vista disso, rogas orientação e socorro. Não olvides, porém, que o problema reside em ti mesmo e que não te reajustarás sem a própria cooperação.

O médico poderá ser competente e caritativo, entretanto não dispõe de recursos para salvar o enfermo que não deseja curar-se.

Se pretendes equilíbrio e segurança, antes de tudo, através da oração, solicita à Divina Providência te auxilie a policiar a própria mente, sustentando o bem a teu próprio favor.

Em seguida, trabalha na extensão desse mesmo bem, quanto estiver ao teu alcance, porque todos os processos de obsessão, quase sempre nascidos da força mediúnica inconsciente, crescem na medida de tuas horas inúteis.

Assim sendo, ainda mesmo com sacrifício cumpre teus deveres no lar ou no círculo de trabalho em que o Senhor te situou a existência, empregando o cérebro e o coração naquilo que possas realizar de melhor. E, além das obrigações naturais que te enriquecem a luta, refugia-te no estudo nobre e na caridade incansável, alavancas seguras de tua libertação.

O livro edificante opera o saneamento da alma, descerrando-te os mais elevados caminhos da Terra e o serviço prestado desinteressadamente ao próximo ampara-te com os valores da simpatia, angariando-te as bênçãos do Céu.

O doente a quem ajudas será remédio em tuas feridas e o desesperado a quem reconfortas será consolo em teu coração.

Não reclames do Cristo o milagre de teu reajuste. Pede ao Mestre Divino te conceda serviço e entendimento, para que restaures a ti próprio, enfileirando-te entre os servidores leais da luz.

Não te queixes dos adversários e perseguidores desencarnados. Eles são nossos próprios companheiros, afetos do nosso “ontem”, que deixamos à retaguarda, em muitas circunstâncias, envenenados por nossas próprias ações destrutivas.

Se aguardamos proteção e carinho dos benfeitores que se erguem na Altura, acima de nós, como fugir ao concurso aos nossos irmãos menos felizes, que sofrem, dementados, entre a delinquência e a miséria, para que se retirem do tenebroso vale das sombras, ao qual, muitas vezes, se arrojaram com o impensado impulso de nossas mãos?

Oferece-lhes, assim, o teu exemplo vivo na paciência e na abnegação, na fé e na caridade, na tolerância e no dever dignamente cumprido, para que leiam em tua vida a cartilha da própria transformação.

Não basta, pois, desenvolver a mediunidade que trazes, latente. É indispensável te aprimores, através do trabalho e da prece, com bases na fraternidade e no estudo, para que te faças operário do Cristo com que o Cristo possa contar.

Não percas tempo, entre o anestésico do desânimo e o fel da lamentação.

Devotemo-nos ao bem de todos, aprendendo e auxiliando, amando e servindo sempre.

Ser “médium” significa ser “medianeiro”.

Não vale, desse modo, apenas guardar o título. É imprescindível a nossa expansão no discernimento e no mérito, na compreensão e na bondade, com utilidade para os outros e aperfeiçoamento de nós mesmos, que nos habilitem a ser devotados artífices do amor e fiéis mensageiros da luz.

                                                 Emmanuel

Do livro Temas da Vida, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Esta mensagem também pode ser acessada através do endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano10/489/emmanuel.html