sexta-feira, 25 de março de 2022

Depois da Morte haverá um Céu ou um Inferno?

 Depois da Morte haverá um Céu ou um Inferno? 

Lamentável ainda existir ignorância quanto as realidades da Vida, veja que grafamos Vida com letra maiúscula, porque não estamos falando da vida que morre, mas sim da Vida que não se extingue, que somos nós mesmos, a Alma ou o Espírito.  Assim, jamais morreremos, somos criação Divina, seus filhos, sua imagem e semelhança como Espírito, e não na configuração antropomórfica. Portanto, seres conscientes, dotados do livre-arbítrio, personalidade única no Universo, com construção representativa de qualidades conquistadas com esforços próprios 

Referimos à personalidade única, porque no Universo não se encontrará dois seres pensantes idênticos, com o mesmo estado de lucidez, vez que nos milênios de vivências as individualidades adquirem experiências distintas, e fazem registros muito particulares dessas aquisições, que formam a personalidade. Muito embora todos caminhem para a perfeição, o que não corresponde igualdade, mas, sim, a compreensão e vivência das Leis Divinas. 

Quando o conjunto orgânico perde a sua capacidade de funcionamento, com o exaurimento da energia vital, não há o que fazer, a disjunção celular será inevitável e todos os elementos químicos voltam ao laboratório natural. O Espírito residente perde esse domicilio carnal e fica livre no campo espiritual, se apresentando com um corpo sutil que estava com ele e fazia a conexão do Ser pensante com indumentária celular que permitia manifestação na matéria, o que nos postulados espíritas se denomina: perispírito. Assim, sempre terá uma forma circunscrita, apresentando-se quase sempre com as características da última encarnação.   

Como se vive e os interesses cultivados são determinantes para o como se viverá depois desta vida.  

O que se denominou Céu e Interno em tempos passados têm nos tempos modernos outros sentidos, embora, sejam distintivos de felicidade e sofrimento, também não são lugares circunscritos e, no caso do Inferno, não é definitivo.  

Mas, o que se conhece com as revelações da Doutrina Espírita não são figuras idealizadas para causar medo ou determinar premiação indevida, são situações verdadeiras, se àquelas caíram em descrédito, pois se distanciavam de uma lógica possível, as novas concepções estão embasadas na lógica inderrogável, além de comprovadas pelas manifestações dos próprios Espíritos que vivem nesses estágios. 

A esse respeito, o senhor Allan Kardec na obra: O Céu e o Inferno, na sua segunda parte, fez estudo abrangente sobre os diversos estágios de felicidade e de sofrimento, entrevistando dezenas de Espíritos, sob evocações, quando do trabalho de codificação do Espiritismo 

Quando Jesus ensina: “Onde estiver o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração¹.  O tesouro referido representa os interesses do homem, no que ele deposita maior valor, dá maior importância, aí estará sua atenção, seriam: vícios, exacerbação do trabalho ou a ociosidade, eterno lazer, fanatismo por acumular dinheiro e coisas; ou atenção à família, interesse nas questões sociais, assistência ao sofrimento alheio... 

Isso tem grande importância na nossa condição espiritual, pois enseja estarmos no Céu ou no Inferno, o que, na verdade, começa na atual existência; vez que após a morte do corpo o que continua é o Espírito. Feliz ou se infeliz, se vinculará à faixa de frequência vibratória espiritual correspondente ao seu estado. Não há erro e nem engano a respeito disso.  “A cada um segundo as suas obras².” 

Deus é Amor e Justiça. Suas Leis são inderrogáveis, por serem perfeitas. Assim, não faz negócio. Cometer erros deliberados, viver desregradamente, na expectativa de vir se arrepender e pedir perdão na hora da morte é de uma hipocrisia lamentável, uma infantilidade, uma premeditação.  Ainda, que a morte poderá ser imediata, como em acidente fortuito, um problema vascular ou infarto fulminantes, nem daria tempo para implementar esses cálculos.   

Todo arrependimento sincero é considerado como um ponto crucial para demarcar o início da solução de um problema de consciência, não importando a gravidade, mas depois será necessário corrigir o erro e ainda provar que não conseguirá reincidir. Se for sincero, que seja na hora da morte, ou, ainda, depois dela, pois a Vida terá continuidade, e o arrependimento é sempre muito importante, sendo que isso altera o estado do Espírito, dando-lhe esperança e o tornando receptivo às iniciativas do refazimento, que pedirão esforços. 

Jesus, leciona: “O reino de Deus não vem com aparências exteriores³.”  Se estabelece na consciência da Criatura, é um estado de Espírito.  

 O inferno, podemos considerar por analogia sendo o estado de consciência aviltado, pelos erros deliberados, vivenciados por muito tempo, é o estado de Espírito perturbado.  

Assim, numa condição ou noutra onde estiver, espiritualmente falando, a sua condição é análoga aos demais que formam tal ambiente. 

Quando todos tem consciência equilibrada, carregam o sentimento do bem, do belo, do útil, da bondade... Formam ambiência agradável, de alegria, expressando o estado de felicidade que ali se vive, sendo a soma da felicidade dos que se acham reunidos por afinidade vibratória desse jaez. Pode-se dizer que existe Céu ambiente pela soma dos Céus particulares.  

Quando em desalinho e perturbado, perturba; e os demais dessa comunidade por afinidade vibratória oferecem o que têm, os desarranjos morais, estabelecendo ambiente vibratório de baixo padrão, refletido no contexto replica o mal-estar em todos ali congregados. O que se pode dizer tratar-se de ambiente infernal.  

Somente nós mesmos poderemos construir o Céu que desejamos ou Inferno que não queremos. “A cada um segundo as suas obras².” 

                                         Dorival da Silva 

 

  1. 1. Mateus, 6:21   

  1. 2. Romanos, 2:6 

  1. 3. Lucas, 17:20 

 




quinta-feira, 10 de março de 2022

Guerra, por quê?

 Guerra, por quê? 

A guerra em qualquer tempo é o ápice do desequilíbrio em algum ponto do tecido social. Sempre haverá perdas, dores, aflições, desesperos...  Ela não tem origem nem nos montes, nem nas montanhas, no mar, no rio, nem no vegetal e nem no mineral. Somente é possível originar-se nos sentimentos dos homens. Com base em interesse de posse ou de poder, assim, o egoísmo enfileira os seus sequazes: o orgulho, a vaidade, a ganância, a ilusão, o fascínio de ser vencedor.  

Na Doutrina Espírita, Allan Kardec, fez questionamentos a esse respeito aos luminares Espíritos que lhe responderam através da mediunidade, mais precisamente pela psicografia, como segue: Qual a causa que leva o homem à guerra? “Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito do mais forte, daí por que, para eles, a guerra é um estado normal. (...)" Que se deve pensar daquele que promove a guerra em benefício próprio? “Esse é o verdadeiro culpado. Precisará de muitas existências para expiar todos os assassínios dos quais foi a causa, pois responderá por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição. (2)”. 

Nesses tempos modernos, onde a comunicação instantânea se estendeu por todo o Planeta, a movimentação das pessoas pelos recantos do Mundo se dá em curtíssimo espaço de tempo, o comércio e as movimentações financeiras são realizadas instantaneamente, o que justifica a agressividade contra essa ou aquela população? Se todas são interligadas pelas relações negociais de interesse comum, nas jornadas esportivas, nos desastres naturais, que os povos se socorrem (como se deu com a pandemia do COVID19), nos suprimentos de víveres quando de escassez causada por fenômenos climáticos em alguma região da Terra.  

Como informa a primeira questão colocada acima, “Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. (...)”; generalizada? Não. É uma pequena parte de integrantes do contexto que está ávida a querelas. Não sabe ceder, não acolhe ideias que não comunguem com os seus interesses, mesmo vendo se tratar de inconveniências. A sua opinião precisa prevalecer sobre tudo e todos, não importando os argumentos utilizados, por mais estapafúrdios que sejam, dando-se o direito de distorcer a realidade, impondo mentiras, convencimento sob força bélica ou prisão arbitrária para sustentar “verdades-mentiras”, com que pretende ludibriar a própria consciência.    

Ninguém pode se enganar propositadamente para realizar o mal e daí tirar vantagens, mesmo que ilusórias, porque a intenção do mal, ainda que o propósito não tenha sido levado a efeito, precisa ser restabelecido diante da Lei de Deus.  É nódoa impregnada na consciência. O mal não se efetivou porque não houve oportunidade ou foi impedido. A Lei sabe, está na consciência. 

Deus, Amor e Justiça, perdoa sempre o infortunado criminoso. No entanto, a sua Lei é justa, exige do infrator a reparação, o resgate e a prova de que não conseguirá cometer os mesmos desatinos, visto que aprendeu a amar o próximo. Isso poderá demorar muito tempo, às vezes séculos de experiências dolorosas, observe a resposta da segunda pergunta de Allan Kardec no início da página: Que se deve pensar daquele que promove a guerra em benefício próprio? “Esse é o verdadeiro culpado. Precisará de muitas existências para expiar todos os assassínios dos quais foi a causa, pois responderá por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”  Não se trata de argumento vazio ou evasivas, ou, ainda, retórica, trata-se de verdade (esse ensinamento espiritual foi publicado em 18.04.1957), e é válido para todos os tempos – fluiu dos Orientadores Espirituais da Humanidade. 

Pode-se alegar questão do livre-arbítrio, é verdade, no entanto, verdadeiro é que o livre-arbítrio é composto de: discernimento e responsabilidade. Sempre que se invadir o direito do próximo responderá pelas consequências, seja imediatamente ou em tempos futuros quando a consciência se fizer mais lúcida, quando puder avaliar a sua responsabilidade diante do fato. Isso poderá se dar em outra ou outras vidas.  

Nada que foi desajustado na Casa do Pai ficará sem harmonização por quem o provocou, o infrator.  Para isso, faz-se necessário a paz de espírito, somente aquele que resgatou e pagou suas dívidas encontra paz de espírito e poderá se harmonizar com a paz Divina.  A felicidade real depende desse estado espiritual.  

Para que a guerra Se os esforços de paz oferecem resultados favoráveis ao espírito imediatamente, quando que a beligerância causará esforços dolorosos por tempo longo e indeterminado.  

Por que a guerra?  Que destrói e causa tanta dor, que exigirá reparação também pela dor ou pela caridade, que não se efetivará com menor esforço e não se realizará sem aflições.  

Guerra, por quê? 

                                              Dorival da Silva 

 

  1. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, tradução: Evandro Noleto Bezerra, questão 742. 

  1. Idem, questão 745.