quarta-feira, 22 de abril de 2020

Mudamente...



"Mudamente..."

Algo mal que se expressa mudamente. Que transtorno tem trazido aos povos! Pessoas que se afastam dos seus familiares e amigos. Profissionais que querem trabalhar, mas temem o vírus que não se vê. Proteções que apaziguam o medo sem a certeza do contágio. Doentes declarados precisam aguardar, hospitais são esvaziados e outros construídos para aguardar os que ainda não estão, mas com certeza ficarão doentes, pois, silenciosamente o mal sinaliza e antecipa o futuro.

Os grandes males do Planeta aconteceram através de agressividades ruidosas para demonstrar força, tambores, farfalhar de espadas e escudos, gritos; tropel de cavalaria, a voz troante do canhão de pólvora, a esgrima de estúpidos cavaleiros; o roçar dos ares em asas apinhadas de mortíferos arranjos a despenharem-se sobre casas, hospitais, escolas levando terror e morte, ainda, a metralha disparada alhures.

Em tempos passados, epidemias que matavam largamente eram noticiadas pelo desespero de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, aos gritos, alardeando o pavor, vez que a morte era inevitável, considerando a inexistência de recursos médicos. 

Agora é diferente! 

Professores e escolares paralisados, lojas e armarinhos fechados, oficinas quietas, meios de comunicação em efervescência com opiniões e opiniões suas e de convidados para explicar, sugerir, orientar à exaustão, sem nada conclusivo e que estanque a enxurrada de...

Pesquisa disto e daquilo, testes, buscas de medicamentos, tentativas, achismos e promessas, interesses políticos e econômicos que se chocam, vaidades, egoísmos, medos, inseguranças, decretos que não são respeitados e doentes que se contam aos milhares e corpos mortos em número assustador.

E os exércitos?

Estão silentes, a luta não é de Nação contra Nação, mas das Nações contra o invisível, que não teme nenhuma arma bélica, mesmo as mais sofisticadas, as forças estão de um lado só e não veem a quem atacar, ou de quem se defender.

A arrogância dos poderios desceu à insignificância. Uma grande mão educadora semeia no Mundo as possibilidades do respeito ao outro, todos são de carne e osso, têm fome, sede e adoecem; faz compreender que a vida é uma construção e são peças a alfabetização, a cultura, a arte, a ciência, a espiritualização. Para a vida com dignidade de todas as gerações das sociedades é indispensável que quem sabe e pode mais colabore com o aprendizado dos menos sábios e limitados em recursos.

Os grandes males das eras passadas eliminaram a vida da Terra? Não. Estamos aqui.

Agora também não se extinguirá a vida do Planeta; como as tormentas antigas causaram modificação do pensamento, da cultura, da ciência, da filosofia... Também, o mal invisível que arrasa nesses dias, findo o seu tempo educativo, deixará atmosfera renovada com mudanças profundas nas relações humanas, pois deverá prevalecer a fraternidade e solidariedade entre os indivíduos e os povos.

Depois da perturbação viral a vida no Planeta será mais justa? A esperança que carregamos diz que sim. Temos confiança que Alguém que considera seus filhos, os habitantes da Terra, está no leme da nau que enfrenta as convulsões intestinas numa experiência que aponta para uma Nova Era, Um Novo Tempo.

O que podemos esperar?

                                         Dorival da Silva