sábado, 21 de abril de 2012

Tempos auspiciosos

O homem vive dois tempos ao mesmo tempo no transcurso pelo mundo objetivo.  Ao mesmo tempo em que vive a vida orgânica, realizando objetivamente, vivencia a vida espiritual em todos os minutos, sem que tenha percebido, cumulando valores, que serão base para a continuidade evolutiva da alma.  Não existe exceção, todos os indivíduos vivem os dois planos ao mesmo tempo.

Existem os que estão na criminalidade, outros nos caminhos da educação, outros no atendimento social, outros cuidando da saúde pública, assim há diversidade em todos os segmentos da organização humana.  Cada indivíduo, conquanto o tempo cronológico seja igual para todos, vive tempo exclusivamente seu. Não se considera nesta condição somente o nível intelectual e cultural, mas o estágio moral, conquistado pelo pelos esforços de superação das dificuldades particulares, acrescido da caridade real.


O potencial para a espiritualização do ser é existente em todos indistintamente, embora embotado para a percepção do portador, mas muito fronteiriço ao estado de consciência, é força que não se apresenta porque o foco da atenção está direcionado para atender aos interesses mais imediatos, geralmente calcados na vaidade e no orgulho exacerbados.

O indivíduo quer se colocar exteriormente em vantagens, estar em evidência para percepção de outrem, quer ser reconhecido pelos seus feitos materiais – apesar de que nesse estágio também proporciona progresso, muito embora esse não seja permanente e se extingue com suas finalidades.


Isto ocorre, dessa maneira, em vista persistir no direcionamento para os interesses objetivos; no entanto, diante de fato irremediável, como a ausência da saúde, ou a morte de ente querido, ou derrocada econômica; mesmo que se demore na revolta, contra tudo e todos, não deixará de verticalizar o seu interesse, buscando arregimentar recursos que não são materiais, pois que a necessidade que agora é emocional, é interior, não tem visibilidade e sim a busca de calmante para dores da alma, que não se amenizam com os meios e conquistas materiais.


Por isso, vive-se tempos auspiciosos quanto ao despertamento espiritual, mesmo considerado, aos olhos da maioria, momentos trágicos, diante de tantos conflitos, entre pessoas e consigo mesmo, entre grupos pelos seus interesses imediatos, ou de povos...; as dores e as consequências penosas nesses embates, mesmo que demorados, desaguarão na busca da espiritualização; que é uma fatalidade, pela origem, que todos têm que é a origem Divina.  Compreendam-se isto ou não, a meta do Espírito é  retornar ao Criador, de onde saiu simples e ignorante, pleno de conhecimento e entendimento, conquista das vivências nos tempos de cada indivíduo.  É com essa visão que se encontram os vários estágios evolutivos no mesmo grupamento social, com realizações das mais diversas, e estágios inúmeros de condições materiais, intelectuais e morais.


Há as convulsões sociais das mais variadas modalidades, enumeram-se as mortes por motivos banais, por vinganças, motivos passionais, autodestruição para destruir..., são os tempos, individuais ou coletivos, sofrem-se as consequências, expiam-se com as sequelas morais e provam-se em novas possibilidades se as lições tiradas dessas vivências estão consolidadas e se podem ir mais adiante, nas questões evolutivas. São os tempos de cada um e coletivos com suas derrotas e vitórias. 


Quanto mais se busca a espiritualização voluntariamente mais se distância das dificuldades inerentes à materialidade, apesar de se carregar ainda um mescla claro-escuro nesse tempo de transitoriedade, sendo que a vivência da essência espiritual bem compreendida leva à amenização do que está escuro com a ampliação do que é claro, que nada mais é que a prática do bem que aprimora o ser – como: “a caridade cobre uma multidão de pecados” (1) – é a iluminação espiritual daquele que luta para se burilar, tornando-se melhor, capaz de arregimentar recursos espirituais para alçar-se à faixa vibratória mais depurada, onde impera a felicidade real, àquela mesma citada por Jesus Cristo (2), que não é a deste Mundo.


Os tempos atuais são auspiciosos, cada um sofre o seu cadinho, mesmo parecendo um verdadeiro caos, nada mais é que processo de oportunidade aos Espíritos em desenvolvimento de suas potencialidades, exercendo o livre-arbítrio, construindo novos caminhos e desconstruindo outros que as experiências mostraram não serem os melhores, porque trouxeram dores e infelicidades, mas mostraram que existem outras possibilidades com resultados novos e melhores.
                                                                                              
                                                                                      Dorival da silva

(1)   I Pedro, 4-8) – (também traduzida por: “o amor cobre uma multidão de pecados).
(2)   – João, 14-27.