quinta-feira, 21 de maio de 2015

Boas maneiras



  Boas maneiras

“E assenta-te no último lugar.” – Jesus. (Lucas, 14:10.)
O Mestre, nesta passagem, proporciona inolvidável ensinamento de boas maneiras.
Certo, a sentença revela conteúdo altamente simbólico, relativamente ao banquete paternal da Bondade Divina; todavia, convém deslocarmos o conceito a fim de aplicá-lo igualmente ao mecanismo da vida comum.
A recomendação do Salvador presta-se a todas as situações em que nos vejamos convocados a examinar algo de novo, junto aos semelhantes. Alguém que penetre uma casa ou participe de uma reunião pela primeira vez, timbrando demonstrar que tudo sabe ou que é superior ao ambiente em que se encontra, torna-se intolerável aos circunstantes.
Ainda que se trate de agrupamento enganado em suas finalidades ou intenções, não é razoável que o homem esclarecido, aí ingressando pela vez primeira, se faça doutrinador austero e exigente, porquanto, para a tarefa de retificar ou reconduzir almas, é indispensável que o trabalhador fiel ao bem inicie o esforço, indo ao encontro dos corações pelos laços da fraternidade legítima. Somente assim, conseguirá alijar a imperfeição eficazmente, eliminando uma parcela de sombra, cada dia, através do serviço constante.
Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entretanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens para cumprir a Lei.
Não assaltes os lugares de evidência por onde passares. E, quando te detiveres com os nossos irmãos em alguma parte, não os ofusques com a exposição do quanto já tenhas conquistado nos domínios do amor e da sabedoria. Se te encontras decidido a cooperar pelo bem dos outros, apaga-te, de algum modo, a fim de que o próximo te possa compreender. Impondo normas ou exibindo poder, nada conseguirás senão estabelecer mais fortes perturbações.

Extraída da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, capítulo 43. 

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Reflexão 
     Trazendo o tema, que é universal, para o estado de vivência do cotidiano, não é difícil constatar a distância que vai entre o que se vive e o entendimento proposto como o ideal do Espírito. A questão é de autoconhecimento. O que corresponde a olhar para si mesmo, não através do espelho, da fotografia, do filme; mas, numa interiorização na busca dos valores reais de nós mesmos, nem sempre satisfatórios.

        Somos o oleiro desse barro divino, cabe a cada um a obra realizada ou a realizar. A qualidade e a beleza dependem da experiência e do esforço de aprimoramento individual. A interiorização dessa busca ninguém poderá fazer por outrem. O que se exterioriza tem suas raízes na profundidade no "ser". Embora o egoísmo e o orgulho e suas ramificações deem coloração modificada propositalmente para a máscara que se quer mostrar. Para encantar ou enganar, iludindo-se, iludindo.
  
        Grande parte deseja a evidência, o reconhecimento. Quer o primeiro lugar. E imediatamente. Total ausência de autoanálise. Esse querer sem merecer é a ausência de valores cultivados. É desejar algo sem estrutura emocional amadurecida. É ignorar que evidência corresponde muita responsabilidade, angústias, preocupações e tem consequências.  Não importa o segmento da vida e em qualquer época. 

          É melhor assumir os últimos assentos; caso se tenha mérito as circunstâncias o colocarão na posição justa diante da vida, não importando onde esteja, sem ferir a harmonia emocional. 

           A vida é regida por Leis Naturais que se faz evidenciar a solicitude Divina para com a criatura, é perfeita, não falha. Somente não é governada pelo imediatismo, nem pelo faz de conta dos interesses mesquinhos. Somente a efetividade da conquista sobre si mesmo, somente a verdade é capaz de sensibilizar o reconhecimento dessa Lei. 

          Reflexão com base no texto acima: Boas Maneiras.

                                                       Dorival da Silva
                      


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Escravidão física... Escravidão moral

Entrevista
Ano 1 - N° 5 - 16 de Maio de 2007
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
Princesa Isabel com a faixa de imperatriz e, à direita, no juramento da Constituição perante o Senado imperial
J. Raul Teixeira:
"Saímos de um contexto de escravidão física dos homens de epiderme negra, para
 vermos toda a Terra chafurdada
 na escravidão moral"
 
Há exatamente 119 anos, no dia 13 de maio de 1888, Princesa Isabel assinava a Lei Áurea: estava decretada a Abolição da Escravatura no Brasil, evento que teve contra si grandes e poderosos interesses, sobretudo dos fazendeiros de café de Minas Gerais e São Paulo e dos latifundiários do Nordeste, mas que resultou de uma nova ordem de idéias, iniciada na Europa e frutificada nas Américas.
Homens ilustres, como Nabuco, Patrocínio e Bezerra de Menezes, lutaram pela abolição, cuja importância, pouco mais de um século depois, não pode ser desprezada a pretexto
de que as dificuldades econômicas e sociais ainda persistem no país e atingem, em maior profundidade, os descendentes dos antigos escravos.
Nesta entrevista, o conhecido orador espírita professor J. Raul Teixeira, de Niterói, RJ, analisa a questão do racismo e da escravidão em nosso País, reconhecendo que a Lei Áurea, apesar dos muitos e graves problemas sociais que promoveu, constituiu o primeiro passo, a fim de que "outros passos viessem depois, mais importantes".
A seguir, a entrevista concedida por Raul Teixeira:
"Todos os movimentos de libertação
das almas têm sempre relevantes
ascendentes espirituais"
– Muitos Centros Espíritas repelem as comunicações mediúnicas dos chamados "pretos velhos", por medo de que isso os confunda com a prática umbandista. Você é favorável a essa discriminação?
Raul – Os Centros Espíritas, comprometidos com a Doutrina Espírita, não costumam nutrir preconceitos em relação a quaisquer Espíritos, em suas sessões mediúnicas, que têm por escopo, exatamente, o atendimento e o entendimento fraterno a todos os desencarnados que se comuniquem. O que não deveremos esquecer é que a reunião mediúnica, orientada pelo Espiritismo, obedece a uma "nobre e suave disciplina evangélica", iniciando-se com a maturidade e equilíbrio dos médiuns e passando pela não permissão de excessos dispensáveis. Assim, não sou favorável a discriminações, mas, sim, à lucidez espírita diante de quaisquer Entidades.
– Pesquisa divulgada pela revista Veja aponta a existência de racismo em nosso país. Existe racismo também no movimento espírita?
Raul – Considerando-se que o problema do racismo é um problema de mentalidade obtusa e de pequenez interior, não entendo que haja racismo em nosso movimento espírita, mas admito a sua existência em indivíduos que, de fato, não representam o Movimento.
– Os escravos podiam andar bem vestidos, mas andavam sem sapatos: andar calçado era, no Império, privilégio dos alforriados. Estabelecida a Abolição, a ascensão dos ex-escravos à cidadania foi freada em toda a parte. Ambos os fatos demonstram que o racismo era o elemento central da ordem sócio-econômica que conduziu a transição da escravidão ao trabalho livre. O mundo melhorou desde então? Somos menos racistas atualmente?
Raul – É perceptível que o mundo melhorou. Somos menos racistas, pelos próprios fenômenos sócio-educacionais, pela imposição da vida moderna, pelos progressos das leis que, sendo frutos dos caracteres, influem, igualmente, sobre eles.
– Recente estatística informa que 38% de todos os africanos deportados da África, em três séculos e meio de escravidão nas Américas, vieram para o Brasil. Quem eram esses Espíritos?
Raul – Informam-nos os Benfeitores da Vida Maior que esses Espíritos eram indivíduos que portavam débitos graves perante a Consciência Cósmica, carecendo, assim, de se submeterem a processos reeducacionais de profundidade. Deveriam se reajustar no árduo labor do amanho da terra e da geração do progresso, exercitando paciência e amor, resignação e fé ardente. Os abusos dos senhores escravos, embora estivessem nas faixas de possibilidades de que ocorressem, correm por conta do livre-arbítrio mal aplicado, pelo que são responsáveis.
– Qual o significado espiritual da escravatura no Brasil? Sua abolição, a última registrada no planeta, teve ascendentes espirituais relevantes?
Raul – Os africanos que para o Brasil vieram, desde o século XVI, arrancados da velha África, deveriam, em razão de velhos comprometimentos sócio-morais, contraídos por diversas partes do Velho Mundo, resgatar por meio de árduo trabalho a liberação das suas consciências, sob o amparo do Cristo. Entretanto, o livre-arbítrio dos dominadores, que poderiam ter sido rígidos instrutores, empreiteiros do progresso, fê-los tornarem-se cruéis exploradores, instigadores de revoltas indescritíveis. É todo um largo processo histórico, político, espiritual, merecendo mais acurados estudos e análises mais arejadas. Todos os movimentos de libertação das almas e dos processos planetários, significando conquistas evolutivas de realce, têm sempre relevantes ascendentes espirituais, em razão de toda uma programação dos Guias do Orbe, que, em nome de Jesus, trabalham pelo mais intenso desenvolvimento do mundo.
"A verdadeira data comemorativa das lutas
dos negros, no Brasil, deveria ser o dia 20 de
novembro, dia do Zumbi dos Palmares"
– Os negros brasileiros que se destacam nos diversos setores das artes, da literatura e da política consideram o Dia Nacional do Negro no Brasil não o dia 13 de maio, mas, sim, aquele em que morreu Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, cuja organização e funcionamento são destacados por documentos holandeses e por Humberto de Campos na obra "Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho". Qual é a sua avaliação dessa escolha?
Raul – Sendo a existência do Quilombo dos Palmares, àquela época, o mais audacioso e importante esforço pela libertação, e tendo em Zumbi, que era sobrinho de Ganga Zumba e de Gana Zola, o substituto do primeiro tio à frente do Quilombo, na condição de seu último chefe, penso que a verdadeira data comemorativa das lutas dos negros, no Brasil, de fato, deveria ser o dia 20 de novembro, dia do Zumbi dos Palmares, símbolo de intrepidez nessa luta que prossegue, em outros níveis, até o presente.
– Em 18 de abril de 1857, 31 anos antes da assinatura da Lei Áurea, "O Livro dos Espíritos" já ensinava que a escravidão é contrária à natureza e um abuso da força. Para os Espíritos, o homem que se vale da escravidão é sempre culpado. Só os ignorantes, aqueles que desconhecem o Cristianismo – dizem os Espíritos – é que podem contar com fatores atenuantes diante da prática desse abuso. Estará aí, nessa exploração abusiva, injusta e cruel, a fonte dos males morais e materiais que se têm abatido com todo o vigor sobre a nação brasileira? A culpa por tantos desmandos, pelo arbítrio, pelo tratamento desumano, que caracterizaram o sistema escravista, é uma dívida do País ou apenas de alguns brasileiros que se envolveram diretamente com o tráfico e o uso de escravos?
Raul – Não podemos olvidar que múltiplos senhores e senhoras de escravos, além de tantos que tiraram proveito dessa prática espúria, acham-se reencarnados de novo sobre o solo do Brasil, a fim de quitarem, por meios diversos, os pesados ônus da lesa-fraternidade e da lesa-humanidade dos períodos escravagistas do nosso País. Tendo sido parte da legislação do País aceita pelos governos e pelo povo, em geral, é notório o comprometimento com o escravismo, que, sem dúvida, repercute hoje sobre a consciência da vida nacional, até que se hajam transformado, com amor e trabalho, as energias viciadas que ainda marcam o psiquismo do Brasil.
– Como conciliar a existência da escravidão no Brasil com o fato de este país ter sido colonizado sob a égide do Cristianismo e com o título, que Humberto de Campos (Espírito) lhe atribui, de coração do mundo e pátria do Evangelho?
Raul – O Cristianismo do Cristo muito se distingue do cristianismo dos cristãos. Assim é que tantos abusivos atos foram e são cometidos em nome do Cristianismo, sem que se especificasse tratar-se do segundo. Na alusão de Humberto de Campos encontramos a mesma gravidade da previsão de Jesus, ao afirmar que a Terra seria o mundo renovado do porvir, quando no mundo encontramos, ainda, toda sorte de loucuras, guerras e materialismo, e que, como o Brasil, espera no tempo as possibilidades de alcançar o seu destino traçado no Mais Além.
"A Lei Áurea terá promovido muitos e graves
problemas sociais, mas representou o primeiro passo, a
fim de que outros viessem depois, mais importantes"
– Qual tem sido o papel da raça negra na construção da nacionalidade?
Raul – Representa, nos alicerces culturais do Brasil, abençoada contribuição para a elaboração dos fatores étnicos das gentes brasileiras, além de ter contribuído para o espalhamento das crenças espirituais, em suas ligações com a Natureza, o que bem demarca o sentimento espiritualista do povo.
– Como é a atuação do negro no movimento espírita brasileiro?
Raul – Como a de qualquer outro indivíduo, uma vez que no Movimento Espírita não há lugar para isolamentos ou participações especiais de quaisquer raças. Somos todos espíritas e, por isso, devemos trabalhar pela própria redenção, negros, brancos, vermelhos ou amarelos.
– Discute-se ainda hoje este problema: a Lei Áurea, ao lançar no mercado um contingente enorme de criaturas desacostumadas a viver em liberdade e sem qualificação profissional, não teria a importância que as comemorações de seu centenário pretendem dar-lhe. Qual a sua opinião a respeito?
Raul – Pensando historicamente, a Lei Áurea terá promovido muitos e graves problemas sociais, em razão dos elementos apontados na sua pergunta, e outros vários. Porém, mesmo com os dramas que aturdiram a tantos ex-escravos, agora libertos, tais como o drama da desqualificação profissional da maioria, das represálias de ex-senhores que não os aceitavam mais em seus latifúndios, ainda que fosse até se arrumarem melhor, etc., entendemos que o primeiro passo estava dado, a fim de que outros passos viessem depois, mais importantes. Deveremos, assim, valer-nos dessa conquista legal, para a legitimação, ampliação e conscientização das liberdades do ser humano, a fim de que se torne útil, no cumprimento dos seus deveres de criatura realmente livre.
– Que é que falta para que os descendentes da raça negra possam ter os mesmos direitos e a mesma participação que os brancos desfrutam em nossa sociedade atual?
Raul – Creio que, enquanto estivermos dando um excessivo valor às diferenças raciais, a tendência será a perpetuação dos desregramentos emocionais vigentes, à semelhança das violências entre estouvados que torcem por times diferentes, admitindo que o seu seja sempre o melhor. Os descendentes da raça negra, devidamente conscientizados pelo lar, pela escola, de que no Brasil a legislação não sustenta qualquer tipo de racismo, e aprendendo que não deverá valorizar qualquer racismo individualista ou grupal, mas que deverá pautar sua vida na dignidade, no trabalho nobre, na participação consciente e ativa nos variados episódios e segmentos da sociedade, estará laborando para que seja respeitado como ser humano, independente da sua raça.
O entendimento e respeito às Leis de Deus, que regem a vida das criaturas da Terra, em muito clarificará entendimentos para que não nos atropelemos, gerando ou mantendo qualquer nível de preconceito. A educação cristã, o entendimento espírita, acerca da reencarnação, a firmeza de propósitos no bem, enquanto na convivência social, certamente é o de que carecemos para desmantelar as edificações extra-oficiais do racismo, do preconceito e seus sequazes.
Hoje, infelizmente, saímos de um contexto de escravidão física dos homens de epiderme negra, para vermos toda a Terra, brancos, negros e outras raças, chafurdada no mais tremendo processo de escravidão que podemos conhecer: a escravidão da alma aos vícios e desequilíbrios, o que constitui a escravidão moral. Unamo-nos, todos, de todas as raças, para conjurar esse flagelo terrível, sob a luz das lições do nosso Mestre Jesus, com a bússola que nos enseja a Doutrina Espírita.

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Coluna extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço:  http://www.oconsolador.com.br/5/entrevista.html

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Nem todos os que dizem: “Senhor! Senhor!”

Nem todos os que dizem: “Senhor! Senhor!” — entrarão no Reino dos Céus

            Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica, será comparado a um homem prudente que construiu sobre a rocha a sua casa. Quando caiu a chuva, os rios transbordaram, sopraram os ventos sobre a casa; ela não ruiu, por estar edificada na rocha. Mas aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica, se assemelha a um homem insensato que construiu sua casa na areia. Quando a chuva caiu, os rios transbordaram, os ventos sopraram e a vieram açoitar, ela foi derribada; grande foi a sua ruína.
                                                           -- Jesus (Mateus, 7:24 a 27; Lucas, 6:46 a 49.)
                                                               Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVIII, item 7

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Reflexão

         O Grande Pedagogo, Jesus, utilizava das figuras e ideias comuns da vida cotidiana para que houvesse acolhimento pelas pessoas comuns do povo e fosse base de assentamento de verdades que transformariam a humanidade no transcurso dos tempos.
         A casa sobre a rocha, tratava-se de figura forte e levava as pessoas uma verdade fácil de se constatar pela observação e a experiência normal da vida. Uma lógica irrefutável.
         Com o andar dos séculos, com a ampliação do entendimento trazida pela Doutrina Espírita, fácil é perceber que Jesus falava da alma humana, do ser essencial. Toda a sua atenção é voltada para o foco de maior importância no Universo, o Espírito. Todo ser pensante é um Espírito. O máximo da criação Divina. O aprimoramento consciente desse foco essência era e continua sendo o objetivo de todos os Seus esforços.
         A figura da casa sobre a pedra ou areia mostra a questão das escolhas, da lucidez ou insensatez, da criatura que transita pela vida.  A forma de construção corresponde à condição espiritual de que se porta, sendo o Espírito livre para suas decisões. A lição é orientação límpida para quem quer ver. Faça-se como quiser, mas as ocorrências da vida apresentarão e demonstrarão a qualidade das deliberações. Não faltarão as tempestades e ventos na vida de cada um, se a sua casa estiver bem edificada com bases sólidas na grandeza moral, no exercício da caridade, na tolerância, na paciência e demais virtudes, aquelas provarão a firmeza da construção e passarão, deixando a “bonança”.
           Caso a mansão tenha sido edificada na areia: da insensatez, da imoralidade de toda ordem, da fé vacilante e do egoísmo e orgulho acerbos, os ventos também soprarão e as águas dos tempos novos sobre ela abaterão e sobrará ruína. Ruína é a alma esfacelada pelo sofrimento por ter perdido todas as oportunidades que estiveram ao seu alcance. Não terá do que reclamar, a não ser de si mesma.
            Jesus, o Grande Mestre, jamais desiste do aluno renitente no mal, surdo aos conselhos, no entanto não deixará de permitir os Anjos da dor, que oferecerão o medicamento adequado para os cegos que não querem ver a verdade tão claramente apresentada.
             A paz interior, o reino dos céus, é conquista individual.
                                                                    
                                                                 Dorival da Silva