quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Que fazemos do Mestre?


Que fazemos do Mestre?


“Que farei então de Jesus, chamado o Cristo?” - Pilatos. (Mateus, 27:22.)

   Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de singular importância.
   Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?
   Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as aspirações de menor esforço.
   Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, através da qual façam mostruário permanente de personalismo inferior.
   Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação dos desvarios a que se entregam, a distância do trabalho digno.
   Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação de pães para o estômago.
   Outros se acercam dEle, buscando atormentá-lo, à maneira dos fariseus arguciosos, rogando “sinais do céu”.
   Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, suplicando bênçãos, crendo e descrendo ao mesmo tempo.
   Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, ao modo de Judas, examinando o melhor caminho de estabelecerem a própria dominação.
   Vários corações observam-no, com simpatia, mas, na primeira oportunidade, indagam, como a esposa de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes.
   Outros muitos o acompanham, estrada a fora, iguais a inúmeros admiradores de Galiléia, que lhe estimavam os benefícios e as consolações, detestando-lhe as verdades cristalinas.
   Alguns imitam os beneficiários da Judéia, a levantarem mãos-postas no instante das vantagens e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho.
   Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta solenemente quanto ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o, com despreocupação do dever e da responsabilidade.
   Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação no Pentecostes, segue-o sem condições até à morte.
   Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro, colocando-se a caminho da redenção, através de impedimentos e pedradas, até ao fim da luta.
   Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xaiver, capítulo 100, (1.951).


Ciência

A ciência está deixando muita gente atônita e acomodada.
O conforto que a ciência traz ao mundo é necessário. A ciência também está a serviço de Deus, porém, até o ponto em que trabalha para o verdadeiro bem das criaturas.
Não deixa a ciência se transformar numa geladeira para os seus sentimentos.
A tendência dos povos é avançar com a Técnica, entretanto, não esqueça a ciência maior e definitiva. A ciência do Absoluto chama-se Amor.
Por um princípio lógico e matemático, as qualidades positivas da alma geram tranquilidade de consciência e abrem espaços ao Progresso.

Mensagem extraída da obra: Minutos de Luz, pelo Espírito Pastorino, psicografa por Ariston S, Teles, capítulo 54.

Reflexão: Qual era o objetivo principal da missão de Jesus? Podemos imaginar que é o aprimoramento moral do Homem, melhorar as condições espirituais dos espíritos vinculados ao planeta Terra.
   Quanto à inteligência, esta se desenvolve pelas próprias necessidades de melhoria da manutenção da vida, do poder, da vaidade, do orgulho...
   Quanto ao desenvolvimento moral, isto é muito mais complexo, porque depende de uma concessão consciente do homem, arrefecendo o egoísmo, que ficou ávido e poderoso com o desenvolvimento da inteligência, as conquistas das ciências, dos confortos, dos comodismos pelas facilidades com que se conduz a manutenção da vida orgânica.
   Busca-se cada vez mais o conforto, mesmo diante da doença, vez que se viciou com a comodidade diante da vida do corpo físico.  Doença de várias etiologias, geradas pelo próprio conforto em excesso, o uso exacerbado de consumo e prazeres ou de preocupação em manter as fontes de recursos para suportar as extravagâncias.
   Doenças psicológicas, neurológicas, emocionais, causadas, não só, mas em parte significativa pelo vazio existencial, mostrando uma existência muito materialista, esquecendo-se do enriquecimento espiritual, com a conquista de valores morais.
   Pretende-se, diante de situações adversas nas questões econômicas e financeiras, nas situações de precariedade da saúde, soluções miraculosas, imediatistas, com pouco esforço, como é comum num hábito vicioso de conforto exacerbado, espera-se o “milagre”, que corresponde a um privilégio, que alguém resolva prontamente o problema, o que com boa vontade de alguém se pode apenas remediar.
    Tratando-se do ser humano, corresponde a tratar-se de espírito reencarnado, que está num corpo material, este que perde vitalidade progressivamente até findar-se as suas energias vitais, por muitas circunstâncias, seja por acidente, envelhecimento...
   A Ciência desenvolver-se-á infinitamente com a finalidade de ajudar o desenvolvimento da alma humana, desafiará sempre a inteligência, no entanto, para se conseguir o equilíbrio exigirá o desenvolvimento do sentimento, o aprimoramento moral, porque aí está o objetivo da vida através da reencarnação.  Sempre as Leis Naturais, dentre elas a Lei de Progresso, levarão fatalmente o homem, no que concerne, principalmente, o Espírito, o ser pensante fora da matéria, ao aprimoramento intelectual e moral, que são faculdades interdependentes.
   Pilatos não sabia o que fazer com Jesus, “e o que fazemos do Mestre?”. Há dois mil anos não havia a ciência desenvolvida como hoje, e as inteligências, com as exceções devidas, eram obtusas com relação aos dias atuais, mas moralmente como nos encontramos? Seríamos capazes de entender a Sua mensagem e com todas as facilidades dos tempos modernos realizarmos em nosso favor os esforços para o aprimoramento moral e espiritual? Salvando-nos da nossa própria insensatez?
   “Que fazemos do Mestre?”

                                   Dorival da Silva.