sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Obediência e resignação

Obediência e resignação


 A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antiguidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifico e da renúncia carnal.

Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. Digo, apenas, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, por si só, horizontes que a multidão somente mais tarde verá, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um fim menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos à impulsão que vimos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Ai do espírito preguiçoso, ai daquele que cerra o seu entendimento! Ai dele! porquanto nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, lhe aplicaremos o látego e lhe submeteremos a vontade rebelde, por meio da dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa terá de, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouvido aos ensinos.
                                                                                                         - Lázaro. (Paris, 1863.)

Extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo  -  CAPÍTULO IX  -  BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO BRANDO E PACÍFICOS – item 8.

Pode ser lido também no endereço: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/principal.html

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Dinheiro

Elucidações de Emmanuel
Ano 7 - N° 350 - 16 de Fevereiro de 2014

Dinheiro

Abençoa o dinheiro para que o dinheiro te abençoe.

Em verdade, não temos nele a vida, mas em si mesmo se erige por valioso sustentáculo do progresso, sobre o qual a vida se aperfeiçoa.
 
Não é o amor; entretanto, suscita a simpatia e o reconhecimento em que, muitas vezes, o amor aparece em fontes de luz.
 
Não é a saúde; todavia, assegura o medicamento que combate a enfermidade.
 
Não é a paz; contudo, é fator de equilíbrio, promovendo o trabalho ou extinguindo muitos dos débitos que atormentam o espírito.
 
Não é a felicidade; no entanto, pode criar a felicidade a nosso favor, através do bem que é capaz de esparzir.
 
“Talvez… Talvez…”, dirás, com amargura de quantos viste no resvaladouro da delinquência por não saberem usufruí-lo com segurança e proveito.
 
De nossa parte, porém, tomamos a liberdade de perguntar se conheces todo o inventário:
das dores que o dinheiro suprime;
das lágrimas que enxuga;
das aflições que desfaz;
das empresas culturais que sustenta;
do reconforto que espalha;
das esperanças que semeia;
das boas obras que realiza;
das vidas que salva;
dos suicídios e delitos outros que consegue evitar;
das indústrias que incentiva e mantém;
das inteligências que aprimora; ou
das bênçãos de alegria que distribui.
 
Não censures a fortuna amoedada e nem condenes aqueles que a conservam, carregando responsabilidades e dirigindo-se a fins que ignoramos.
 
Na Terra o dinheiro é uma alavanca que a Divina Providência nos coloca nas mãos; manejando-a, tanto se pode marginalizar o coração nas trevas quanto edificar o luminoso caminho para a Vida Maior.
 
Dinheiro, em suma, vem de Deus, mas é forçoso reconhecer que a aplicação dele vem de nós.

 

Do cap. 6 do livro Diálogo dos Vivos, obra de autoria de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos diversos.
 
Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano7/350/emmanuel.html

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O Desafio da Educação

Marta Antunes de Moura

Doutrina Espírita: Filosofia, 

Ciência e Religião

Colunistas

28/01/2014 07h16 - Atualizado em 28/01/2014 07h24

O Desafio da Educação

A forma como representamos o mundo que nos rodeia interfere diretamente nos processos educativos, visto que, à medida que o conhecimento é ampliado, modifica-se a visão da realidade na qual nos encontramos inseridos, como se observa nos registros que se seguem. (1)
      1. Pré-história – o surgimento da escrita foi fator impactante e facilitador do ensino e da aprendizagem. As primeiras representações escritas aconteceram no neolítico, na Idade de Bronze, sob a forma de sinais e ideogramas que evoluíram para registros linguísticos simples, denominados cuneiformes. (2)
        2. Idade Antiga ou Antiguidade (4000 a 3500 a.C.) – os processos educativos mais relevantes ocorrem  na Mesopotâmia, Egito, Grécia e  Roma.  Eram elitizados e focados na solução dos problemas cotidianos. (2)
        3. Idade Média (século V a parte do século XV) – a educação, de responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, era de acesso difícil e restrito, priorizando-se o prestígio, a influência política e a riqueza dos alunos, integrantes da realeza, nobreza e do clero.  As escolas funcionavam anexas às catedrais e aos monastérios ou  em alguns mosteiros, onde se lecionavam as sete artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética, geografia, astronomia e música. (3) A metodologia do ensino resumia-se às extensas preleções de temas previamente preparados pelos religiosos, submetendo  alunos e professores a uma rígida e irracional disciplina, sobretudo quanto a horários, assiduidade, atitudes, comportamentos e avaliações da aprendizagem.
Neste horizonte de intolerância, contudo, surgem duas importantes  contribuições: a de Santo Agostinho (350-430 d.C.) que seguia o ideal platônico, defendia  a ideia de que a aprendizagem só pode ser satisfeita por Deus e recomendava  “(…) aos educadores jovialidade, alegria, paz no coração e ás vezes também alguma brincadeira” (4); e a de Thomas de Aquino (1224-1274 d.C.) que, rompendo o paradigma vigente, introduz debates em sala de aula, a fim de  “(…) evitar o tédio e despertar a capacidade de admirar e perguntar.” (5) A sua metodologia, então denominada Escolástica ou Escolasticismo (do latimscholasticus = que pertence à escola, instruído), favoreceu a criação de diversas universidades na Europa, como as de Paris, Oxford, Cambridge, Salerno, Bolonha, Nápoles, Roma, Pádua, Praga e Lisboa. (3)
  1.  Renascença (período situado entre século XV e o XVI) – a educação renascentista priorizava o estudo da filosofia grega, a matemática e as ciências da natureza. A exatidão do cálculo chegou até mesmo a influenciar o projeto estético dos artistas desse período. A razão foi eleita como a forma de adquirir conhecimento do mundo e das coisas.  (5)
     5. Idade Moderna (1453 a 1789) – o processo educativo passa por profundas modificações, sendo o ensino caracterizado pelo didatismo, adoção de diferentes  matérias (disciplinas) no currículo escolar e concedendo-se maior  liberdade aos alunos. São ideias advindas dos princípios da reforma protestante, da contrarreforma católica com a fundação da Companhia de Jesus, dirigida pela ordem jesuíta; do pensamento difundido pelo matemático René Descartes (1596-1650) — que cultuava a razão como o único instrumento da aprendizagem —, e do iluminista Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que  pregava um ensino mais leve e livre, de contato com a Natureza, distante das amarras das reforma protestante, da contrarreforma católica e dos exageros do racionalismo.  (6)
       6. Idade Contemporânea (após 1789) – predomina-se o culto à razão, resultante do amálgama de ideologias, princípios, métodos e recursos do tecnicismo e do didatismo, a maioria conflitante entre si. Mas, face o redesenhamento da sociedade, determinado pelas sucessivas e cumulativas descobertas científicas e inovações tecnológicas, associadas às revoluções liberais e às duas guerras mundiais  profundos abalos ocorrem na educação que, em decorrência,  é submetida a extenso e profundo desafio. (7)
Importa considerar que a Doutrina Espírita,  transmitida em 1857 com a publicação de O Livro dos Espíritos, conceitua educação como “(…) a arte de formar caracteres (…)” (8) que é, justamente, o sentido que os estudiosos atualmente estão propondo para a  construção do modelo educativo do milênio. Todavia, um dos maiores desafios da educação nos dias atuais é saber  enxergar a pessoa como um ser integral. E mais: que  o afeto, a ética e a moral devem, sim, governar o comportamento humano, em qualquer local e sob quaisquer circunstâncias. Hoje, sabe-se que não se pode  conceber um processo de ensino e aprendizagem que priorize apenas o intelectualismo e a razão. Este foi o erro de Descartes que, ao anunciar sua célebre frase “penso, logo existo”, estabeleceu. dicotomia entre o pensar e o existir, pois é quase impossível pensar e existir exclusivamente de forma racional, ignorando os sentimentos e as emoções. Rousseau, neste aspecto,  foi além ao afirmar que a principal característica que não pode faltar em um professor é a sua capacidade de educar o aluno para transformá-lo em um homem de bem, tal como orienta a Doutrina Espírita.
Outro desafio, não menos importante, está relacionado ao ambiente da  aprendizagem: sufocante e improdutivo no passado, ainda é reproduzido, no presente, em certas sociedades fechadas, sobretudo nas religiosas. Neste sentido, não podemos ignorar que o estudo desenvolvido no meio espírita ainda  apresenta características que lembram as práticas da escolásticas (não há um livre debate, pois este é preparado de acordo com as regras do didatismo, e nem todos os assuntos podem ser discutido); o estudo doutrinário ou apresenta perfil conteudista e racionalista, desenvolvido em cursos de longa duração. Trata-se de uma triste constatação porque toda e qualquer orientação espírita deveria, necessariamente, pesar  as consequências morais, referendadas pelo Evangelho de Jesus, e serem transmitidas de forma simples, ainda que apoiadas nos meios tecnológicas e nas dinâmicas pedagogias, utilizadas meramente como meios didáticos. Vemos, assim, que o.  ambiente de aprendizagem do Centro Espírita precisa ser repensado, estabelecendo-se um espaço de verdadeira interação sociocultural, acolhedor por excelência, mesmo que as condições ambientais sejam modestas. Ambiente em que a pessoa se sinta bem-vinda, respeitada, aceita, estimada, livre para participar dos encontros de estudos, sem constrangimentos e imposições, que desconsiderem as diferenças individuais e a diversidade cultural e econômica. Daí ser importante manter-se atento a estes esclarecimento de Allan Kardec: .
Todos falam da importância da educação, mas esta palavra é,  para a maioria, um significado excessivamente impreciso. (…) A educação é a arte de formar homens, isto é, a arte de neles fazer surgir os germes das virtudes e reprimir os do vício; de desenvolver sua inteligência e dar-lhes instrução adequada às necessidades. (…) Em uma outra palavra, o objetivo da educação consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais. (9)
Referências Bibliográficas
1 MORIN, Edgar. A religação dos saberes.  O desafio do século XXI. Trad. de Flávia Nascimento. 5.ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, cap. 1, pag.29-32.
2 Educação na Antiguidade. http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3920034
3 Educação  na Idade Média. www.brasilescola.com
4 GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas.São Paulo: Ática, 2008, cp.4, pág. 56.
5 ______, p. 58..
6 A História da Educação/Período Moderno http://www.pedagogia.com.br/historia/moderno.php Nascimento, Claudia T. A história da educação ao longo dos tempos… Uma viagem histórica. Parte V – a Educação contemporânea.
8 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 4 ed. Brasília: FEB, 2013, q. 685-a, pág.306.
9 RIVAIL, Hippolyte léon Denizard. Plano proposto para a melhoria da educação pública. Trad de  Albertina Escudeiro Seco. 1ª ed. Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2005, p. 11-12.

Coluna extraída do portal da Federação Espírita Brasileira, no endereço eletrônico:
http://www.febnet.org.br/blog/sem-categoria/o-desafio-da-educacao/

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sexo antes do casamento

Crônicas e Artigos
Ano 7 - N° 347 - 26 de Janeiro de 2014



WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, SP (Brasil)



Sexo antes do casamento

Certa vez alguém perguntou à inesquecível figura de Chico Xavier: – Chico, sexo antes do casamento é permitido?

O médium, com sua peculiar mineirice, respondeu: – Tudo é permitido, porém, sem amor nada vale a pena, nem sexo nem casamento.

A resposta de Chico é colossal, abrangente, pode ser aplicada tranquilamente em nossa vida nos mais variados assuntos.

Aliás, a resposta de Chico cabe perfeitamente aos pais cujo objetivo de vida principal se resume em galgar degraus na carreira profissional, conquistando pontos com a sociedade, mas perdendo pontos com a família e negligenciando deveres fundamentais pertinentes à educação dos filhos.

Ora, a atividade profissional e a dedicação do indivíduo a ela é fundamental, porquanto, lembrando Maslow, trabalho, a depender do ponto de vista, enquadra-se dentro das necessidades básicas da criatura humana. Sem o dividendo advindo dos labores de nossa profissão, como manter família, ou vulgarmente dizendo: Como trazer o pão de cada dia ao lar? E a alimentação é uma necessidade básica de todos. Por isso, afirmamos a importância da dedicação do profissional aos labores profissionais, contudo, sem exageros.

A propósito, interessante lembrar que as intensas vontades de consumir superestimadas pelas propagandas, pelo marketing e pela mídia de forma geral, ajudaram a construir os workaholics, as pessoas viciadas em trabalho.

Acrescente-se a isso o intenso clima de competição vigente no mundo atual, e pronto. Está formado o cenário perfeito para os malucos modernos! Viciados em trabalho, alucinados por competir, insaciáveis para mostrar suas qualidades, ou melhor, suas conquistas no âmbito puramente material, aos seus colegas ou, melhor dizendo, rivais.

Logo, com todos esses afazeres, naturalmente a família e os filhos são negligenciados. Com valores esquecidos e a educação dos filhos relegada a terceiros, quartos e quintos, a desorganização instala-se em toda a sociedade.

Sem valores como respeito, companheirismo, amizade e, principalmente, amor ao próximo, a violência em suas mais variadas vertentes - como o sentimento de posse, cobranças descabidas, pressões psicológicas e abusos de autoridade - infiltra-se na sociedade, trazendo consigo a desconfiança, o medo, as aflições e angústias que caracterizam criaturas perdidas, sem objetivos mais ousados no campo de seu desenvolvimento como seres humanos.

Em conversa com uma de minhas professoras, tomei nota de uma pesquisa elaborada por ela e realizada com crianças de 8 a 15 anos, matriculadas no ensino público e privado. Uma das perguntas da pesquisa:

– Trabalhar é legal? Justifique.

Oitenta por cento das respostas dos alunos fez corar, porque afirmavam que trabalhar não é legal, ocupa muito tempo, não deixando espaço para os filhos. 
Veja, caro leitor, a mensagem que os pais estão transmitindo aos seus filhos é negativa. O garoto quer o pai ao seu lado, soltando pipa, brincando de carrinho, contando histórias, sendo criança com ele, mas repreendendo na hora certa, ensinando, instruindo, orientando...

Importante, pois, refletir no que estamos ofertando aos nossos familiares e filhos. Será que queremos vê-los crescer e considerar natural ser, por exemplo, um workaholic?

Será que queremos instalar nos pequenos corações de nossos filhos a ideia de que o trabalho se resume apenas à atividade profissional, e é algo chato, que ocupa tempo e desagrega a família?

Por isso, lembrando o inesquecível Chico, pode-se afirmar que, sem amor nada vale a pena, nem mesmo trabalhar.

Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano7/347/wellington_balbo.html