sábado, 10 de setembro de 2016

O grande futuro

“Mas agora o meu reino não é daqui” – Jesus. (João, 18:36.)

Desde os primórdios do Cristianismo, observamos aprendizes que se retiram deliberadamente do mundo, alegando que o Reino do Senhor não pertence à Terra.

Ajoelham-se, por tempo indeterminado, nas casas de adoração, e acreditam efetuar na fuga a realização da santidade.

Muitos cruzam os braços à frente dos serviços de regeneração e, quando interrogados, expressam revolta pelos quadros chocantes que a experiência terrena lhes oferece, reportando-se ao Cristo, diante de Pilatos, quando o Mestre asseverou que o seu reino ainda não se instalara nos círculos da luta humana.

No entanto, é justo ponderar que o Cristo não deserdou o planeta. A palavra dEle não afiançou a negação absoluta da felicidade celeste para a Terra, mas apenas definiu a paisagem então existente, sem esquecer a esperança no porvir.

O Mestre esclareceu: – “Mas agora o meu reino não é daqui.”

Semelhante afirmativa revela-lhe a confiança.

Jesus, portanto, não pode endossar a falsa atitude dos operários em desalento, tão-só porque a sombra se fez mais densa em torno de problemas transitórios ou porque as feridas humanas se fazem, por vezes, mais dolorosas. Tais ocorrências, muita vez, obedecem a pura ilusão visual.

A atividade divina jamais cessa e justamente no quadro da luta benéfica é que o discípulo insculpirá a própria vitória.

Não nos cabe, pois, a deserção pela atitude contemplativa e, sim, avançar, confiantemente, para o grande futuro.


Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capitulo 133.

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Reflexão:  

O Reino de Jesus ainda não pôde ser instalado neste Mundo, porque não é um reino de materialidade, não se consubstancia no que é tangível, em atendimento às expectativas do materialismo reinante.  Esse reinado acontece no acolhimento, compreensão e vivência de Suas verdades, o que passa pela inteligência, pela razão e pelo sentimento. O que proporciona modificação profunda nos hábitos e formas de vida no Planeta.

A mensagem excelente legada por Jesus, mostrando as pegadas para se construir o Seu reino na Terra, não foi compreendida, tornou-se mote de disputas irracionais, de descrédito, de interesse mesquinhos,  de guerras hediondas, de multiplicação de credos exploradores da ignorância e da boa-fé e tantos outros desvios que a cegueira do homem foi capaz de produzir a título de fé, adoração, e tantas adjetivações e substantivações que se possa implementar. 

No entanto, a partir de 1857, com a publicação da Codificação Espírita, elaborada por Allan Kardec, que sistematiza as informações trazidas pelos Espíritos, através das comunicações mediúnicas, que no seu bojo amplia o entendimento dos registros dos Apóstolos de Jesus, mais especificamente àqueles de cunho moral, colhendo dos Espíritos Superiores as elucidações clarificadoras das verdades, com lógica.

Dessa forma, feita a revelação extraordinária a respeito do Mundo Espiritual pelos próprios Espíritos, dando conta de seus estados e de como a eles chegaram, revelando suas vivências quando no corpo físico, mostrando a correlação entre a vida que se vive no Mundo material e a que se vive no Mundo espiritual.  Mostrando que não há interrupção da vida, mas sim a sua continuidade, muito embora, em estado vibratório diferente, porque sem a indumentária física.

Revelou-se a reencarnação e a desencarnação, o entrar e o sair da carne, em cada retorno à matéria, num novo corpo, tratando-se de recomeço, oportunidade justa, para se refazer de desastres morais de vida passada, bem como aproveitar as experiências exitosas para ampliar em vivências mais complexas, sendo estas ferramentas evolutivas.

O Reino de Jesus, a ser erigido no íntimo dos seres humanos, aplicando suas lições, as regras do bem viver, em suas ações desde as menores até as grandiosas, sempre respeitando voluntariamente, conscientemente, o próximo, tanto como a Natureza, porque há uma interação com a Vida, com conhecimento de causa, embasada nas Leis Divinas, àquelas mesmas enunciadas por Jesus, quando lecionava aos Apóstolos.

O Cristo, não deserdou a Terra, apenas informou que não estava naquele momento aqui o Seu Reino, apenas se iniciara, seria preciso expor todo um planejamento que escoaria pelos tempos afora, que transcenderia todas as possibilidades de daquele tempo, além de estar as suas minúcias tão distantes dos homens mais aquinhoados de inteligência daquela época, como o próprio estágio da alma humana em relação a sua grandiosidade de Governador do Planeta Terra, desde a sua origem.

O Reino de Jesus terá lugar no Mundo quando os habitantes do Mundo se tornarem Cristãos verdadeiramente, enxergar o direito do próximo antes que o seu, exercer naturalmente o altruísmo, porque o egoísmo será algo que passou, caiu no esquecimento.  Guerra, não haverá mais possibilidades, pois ninguém deseja o que é do próximo, a ganância foi dominada. O domínio é a construção do melhor para todos. A paz é a busca permanente.  Quem se habilita permanecer? Jesus aguarda que todos façam os esforços imprescindíveis de autoeducação, moralização e espiritualização. 

O grande futuro é alvissareiro, para quem se propuser caminhar nas pegadas do Mestre Galileu!

                                                 Dorival da Silva