quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Há esperança...

                                                                    Há esperança...

No final do ano os meios de comunicação fazem retrospectiva dos fatos ocorridos, dando ênfase ao que foi relevante em cada mês, em maior parte são fatos desastrosos e muito doloridos para muitos, enxameando a sociedade de lembranças que revivem sofrimentos de feridas ainda não cicatrizadas.

Olhando para o futuro, como alguém que está em mar revolto, tal como náufrago rodeado por entulhos que se movem ao sabor do turbilhão e vagas impedem a visão do continente que parece destacar-se ao longe, como notícia de provável salvação.

No tumulto governativo, que se alinha à perturbação da inconstância dos ventos que sopram furiosos, sem preocupação com o essencial que em parte soçobra incontinenti, aos estertores ouve-se à distância que existe possibilidade de salvamento, a vacina.

Sempre há esperança que algo se suceda quando as alternativas conhecidas parecem se esgotarem, intuitivamente todos sabem que sempre haverá um depois, embora nem todos acreditem, porque desconhecem de que são Espíritos e um de seus atributos é viver para sempre.

Mas não se está sozinho! O mundo não está à matroca! Todos os conscientes não querem morrer por um vírus e não desejam isso para outrem. Muitos corpos morreram e outros também sofrerão com esse mal, mas não a totalidade da população do mundo.

Cada época tem suas lições, mas que não são nem para os corpos vivos e menos ainda para os mortos, mas para os seus ocupantes, ou para os ex-ocupantes, são vivências para os Espíritos que passam ou passaram pela experiência, considerando que na atualidade, direta ou indiretamente, toda a população do planeta vive expectativa de contaminação, então a lição é geral e de amplo aspecto.

É momento de reflexão, como tudo neste mundo passa, essa pandemia também irá embora, em algum momento a vacina estará à disposição de todos em que pese as divergências governamentais, tecnológicas, interesses políticos ou particulares, o progresso da humanidade independe dos mortais, conquanto ofereçam resistência, má vontade, incompetência, insuficiência...  Como uma avalanche o Progresso sempre superará os impedimentos, não há força capaz de contê-lo em seus passos. É Lei Natural, atemporal.

Os sofrimentos, as aflições das mais variadas sociedades da Terra são grandes; pura verdade, mas toda mudança comportamental, reajuste das concepções morais, aprimoramento governamental nos diversos níveis não ocorre sem a quebra das estruturas estabelecidas, àquelas forjadas na corrupção e na imoralidade. A mudança para uma Era Nova da sociedade do Mundo passa pela mudança do estado espiritual de cada indivíduo que compõe os residentes do Planeta.

Assim é a razão de morrer e nascer, nascer e morrer. Tudo o que ocorre entre um ponto e outro, sair e entrar, entrar e sair da vida material são vivências do Espírito, que se educa, se corrige, faz novo planejamento para se tornar melhor. Na sociedade é como engrenagem de grande maquinismo evolutivo, oferece o seu contributo e sofre as consequências. “A cada um segundo as suas obras.”

Sucumbindo o corpo, o Espírito reingressa no mundo de que veio com a inteireza de suas condições, sendo que,  de acordo com os seus créditos morais, libera-se dos constrangimentos da vida que acaba de deixar; vem-lhe ao encontro aqueles que são afins, ajudando na adequação ao novo momento da existência. O Espírito é sempre um ser existente, jamais deixará de sê-lo.

O período entre a morte do corpo e o reingresso em nova experiência física é denominado pela Doutrina Espírita de erraticidade, ou vida errante. Nesse estado, o Espírito já recomposto à nova condição, sendo seu desejo, poderá estudar, trabalhar, conquistar novos conhecimentos, desenvolver projetos e compor equipe para executar planejamentos coletivos dentro do seu nível de competência, inclusive auxiliar os seus amigos e parentes que estão ainda no corpo carnal, ajudando-os no que puder. Outros, que não tiveram vida regular, que preferiram o caminho dos vícios, da criminalidade, alimentaram o ódio, a vingança, a inveja, que planejaram o mal em qualquer circunstância, certamente estarão lutando com o resultado de suas preferências, até que a misericórdia Divina entenda de reingressar esses sofredores em corpos de carne e ambientes sociais compatíveis com suas necessidades de restabelecimento.

Voltando à esperança, em que pese a miscelânea de desmandos governamentais, entendimentos divergentes sobre muitos fatos que levam o povo a sofrimentos diversos, não só pela pandemia existente, mas por tudo mais que se encontra em desequilíbrio na sociedade, prejudicando a possibilidade de vida harmônica, nada mais são que os resultados da própria desarmonia dos seus integrantes. Então, há esperança! Depende da conscientização de que sempre se encontrará, em qualquer época, a condição de vida que ajudou construir; pois, vai e volta, tanto no outro mundo, como aqui, sempre se deparará com a qualidade de suas próprias obras.

Não é difícil observar que num grupo nem todos sofrem o mesmo mal, do mesmo constrangimento de ordem econômico-financeira, nem os problemas sociais são idênticos, há sempre uma particularidade, o que corresponde à condição espiritual de cada indivíduo, mesmo na família consanguínea existe singularidade de toda ordem. 

Há esperança! Ninguém se extingue, apenas precisa vencer as suas mazelas, buscar o seu aprimoramento moral, espiritualizar-se. O Evangelho de Jesus mostra o caminho, embora não obrigue ninguém a segui-lo. O sofrimento, de qualquer ordem, é próprio do transeunte da vida, tanto como a paz e a felicidade são de sua conta, se para isso trabalhar.

Há esperança! Todos serão vencedores, quando se propuserem se vencer do egoísmo e do orgulho, da presunção e da ignorância, reconhecendo que pela sabedoria e a humildade serão reconhecidos senhores do Universo. Pandemias não existirão, pobreza, doenças e problemas sociais degradantes não se conhecerão, pois, somente as realizações nobres pulularão os pensamentos, divinizando cada vez em maior escala as consciências vencedoras de si mesmas.

Há esperança!...

                       Dorival da Silva

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Natal com Jesus

 

Natal com Jesus

Ele chegou devagarinho, como uma nuvem perfumada, de olores grandiosos, desconhecidos, mas excelentes.

Suas lições, gestos e ações não eram difíceis de compreender, os mais simples prontamente entenderam, no que tange as percepções do coração.

Os doutos, os portentosos não desejaram compreendê-Lo, não porque eram incapazes, mas preferiram empanar com perseguições, injúrias, violências, assassínios..., o que, na verdade, inconscientemente buscavam, no entanto, os esforços para se tornarem humildes de coração eram muito grandes diante de ilusórias conquistas que estavam habituados. 

A Nuvem colossal de valores morais, de fraternidade, de caridade, de gentileza continua envolvendo toda a Terra, tocando os sentimentos e as mentes.  

Seus efeitos são constantes para quem A busca, jamais abandonou criatura alguma, mesmo nos escaninhos mais remotos do Planeta. 

Força vigilante, atua na Alma. Não erra endereço, a conexão é vibracional, a linguagem é a do sentimento carregado de virtudes, de desejo transformador que não foge ao alvo crucial da vida, àquele da grande promessa do Nazareno, o Seu Reino. 

O Natal com Jesus é de todo o tempo, jamais alguém que O procure deixa de ser atendido, no entanto, atende no que se faz necessário e não naquilo que se deseja, porque o Seu Reino não é deste mundo, e o que Ele propõe, para depois desta vida aqui não existe referência, somente os corações humildes podem antever. 

Natal com Jesus, são todos os instantes que O encontramos, porque Ele sempre nos teve presente, mas não O percebíamos, pois, o Seu campo de atuação é na intimidade do Espírito. 

Antes não O encontrávamos, porque pretendíamos que estivesse ao alcance dos olhos, era mais fácil, cômodo, apenas o natal apresentado pelos interesses menores, apenas brilhos pueris, luzes de pouca duração, mas de grandes frustrações. 

Agora o Seu perfume nos impregnou, tomou conta de nossa consciência, envolveu nosso Espírito, com Ele comungamos diálogo sem palavras, mas compreensível.

Natal, Natal...! Quantas vezes o aniversariante não foi acolhido e nem lembrado em conta do materialismo anestesiante de nossa alma?

O melhor Natal é o silêncio da alma nobre, para ouvir Jesus pelas ondas do sentimento do bem. 

Todos podemos! Façamos silêncio. 

                                        Dorival da Silva

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Atenção nas sinalizações Divinas

 

Atenção nas sinalizações Divinas

 

“O mundo está repleto de mensagens e emissários, há milênios. O grande problema, no entanto, não está em requisitar-se a verdade para atender ao círculo exclusivista de cada criatura, mas na deliberação de cada homem, quanto a caminhar com o próprio valor, na direção das realidades eternas.”

 Trecho extraído da mensagem “Ouça-nos” da obra: Pão Nosso, capítulo 116, pelo Espírito Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, ano 1950, Editora FEB

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REFLEXÃO - Muitos estão indo para algum lugar. Outros estão andando em círculo. Ainda outros pisam no mesmo lugar. Poucos têm direção no rumo da plenitude espiritual. 

        Como informa o Espírito Emmanuel no trecho motivador deste escrito, “O mundo está repleto de mensagens e emissários, há milênios.”; como esses prepostos do Céu não podem fazer o que se precisa pela Criatura, todos os seus esforços são de sinalizações, para que haja a percepção, para isso exige a atenção do caminhante. 

Na antiguidade acreditava-se em muitos deuses, um deus para cada coisa ou circunstância; Moisés apresenta os Dez Mandamentos e firma a existência de um Deus único e diz à Humanidade tudo o que não se deve fazer (não matar, não cobiçar…); posteriormente Jesus, reafirma o Decálogo e revela o amor ao próximo, e ensina tudo o que se deve fazer para alcançar-se o reino dos Céus. O Mestre Nazareno, antevendo que o mundo não compreenderia de imediato a suas indicações, mesmo que, muitos as esqueceriam, além da possibilidade de as desvirtuarem na sua essência,  no interesse individual ou coletivo, fez promessa aos seus Apóstolos, representantes, naquele momento, da Humanidade dos tempos futuros, que rogaria ao Pai e Ele mandaria outro Consolador, para relembrar tudo o que ensinara, esclarecer o que não pôde ficar bem entendido e acrescentar o que Ele não teve condições de ensinar. Reconhecidamente: A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec é o cumprimento de Sua promessa.  Já não se trata da contribuição de uma única fonte, mas sim de instruções vazadas da espiritualidade para a sociedade terrena através da mediunidade de número grande de mensageiros prepostos do próprio Cristo. 

Quem vive com lucidez, planejando viagem a lugar distante e desconhecido colherá informações, estará certo da direção e tem objetivo a se cumprir; conquanto os riscos de percurso, no entanto, há clareza no que se pretende, certamente atingirá a pretensão.  No desenvolvimento da viagem não foram desprezadas as sinalizações das estradas, ou das cidades, dos aeroportos, hotéis, etc.  

 Viagem rumo a espiritualidade não pode descurar-se das sinalizações Divinas; colhendo, no fragmento de texto referido inicialmente: “O grande problema, no entanto, não está em requisitar-se a verdade para atender ao círculo exclusivista de cada criatura, mas na deliberação de cada homem, quanto a caminhar com o próprio valor, na direção das realidades eternas.”, de longo tempo o que se precisa para seguir para o maior objetivo é atentar para o que se sinaliza e é de conhecimento comum, pois, está colocado para o mundo há todo tempo. 

Não é possível que os emissários de Jesus venham ofertar verdades exclusivas ou revelar coisas excepcionais para esse ou aquele, em detrimento dos demais, no afã de salvação personalizada, trata-se, quem assim pensa, de presunção egoísta e orgulhosa, desse modo, permanecerá na escuridão da própria ignorância.  

As sinalizações para a espiritualidade melhor estão colocadas com ênfase no Evangelho de Jesus, no conjunto as mensagens anotadas pelos Evangelistas, no entanto, num ponto qualquer dos ensinamentos mostra que é indispensável que cada caminheiro faça por si a sua parte, o que chama a atenção para a sinalização, observando: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.¹”, são ações, com respostas afirmativas, no entanto, não se trata do convencionalismo simplório de pretender algo e imediatamente ser atendido. Trata-se de forças da vida, como a semente que germinada mostra a árvore que surge e se presume os frutos que dará. O homem é o ser pensante e consciente, semente possuidora de vontade e liberdade de agir, precisa nortear os seus interesses espirituais, pois, somente ele poderá fazê-lo, porque tem recursos para se colocar na direção do próprio aprimoramento -- “Ajuda-te e o Céu te ajudará.”. 

Todo o caminho para a tal salvação tem sinalizações, a dificuldade está em ter “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”, como frisou o Mestre Nazareno. Se não realizar o trajeto da vida com os seus esforços e percepções, e a autopercepção, o reconhecimento do contributo das próprias conquistas, que mérito existirá. Plenitude de Espírito é soma de valores enobrecedores e um conglomerado de virtudes que levam o Ser aproximar-se da Fonte de Tudo, Deus. 

O trajeto evolutivo do Espírito com um corpo de carne, por tempo limitado, é um projeto, possuindo as sinalizações próprias e com capacidade para reconhecer àquelas que são comuns, importantes e indispensáveis, mas de senso a contemplar a todos os transeuntes desse Universo. 

Ninguém vem a este Mundo sem os recursos norteadores da vida, mas como tem autonomia para guiar-se, poderá andar nos passos da vaidade, do orgulho, da presunção… e não levantar os sentidos da Alma para ver as pegadas d’Aquele que conhece o caminho mais curto para Sua pátria de paz e felicidades. 

As sinalizações Divinas fazem a diferença! Atenção!

                       Dorival da Silva

 

1.    Mateus, VII: 7-11; e O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXV. 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Racismo, preconceito!? Por que ignorar isso?

 Racismo, preconceito!? Por que ignorar isso? 

      Para analisar esse assunto em profundidade, é preciso considerar que todos os homens do mundo são espíritos imortais em viagem sem fim na busca do estado de perfeição. Racismo, preconceito e todos os sectarismos e outros “ismos” referentes existem pela ignorância da própria essencialidade espiritual. 

A perseguição de uma raça de gente por outra, de um entendimento religioso por outro; ou, a intolerância de dissensão política ou, mesmo, de comportamento, não se justificam, se se tem conhecimento lúcido do “Ser”, que cada um é.  

Cabem os questionamentos adiante que ajudarão no entendimento: O que é o Ser humano?  “Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais unicamente difere por alguns matizes na forma exterior. Quanto ao mais, a mesma composição de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução. (...).”¹   

“Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma? Uma massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”²

“Que é a alma? Um Espírito encarnado.”³ 

“Que é a alma antes de unir ao corpo? “Espírito.”4  

Então, o Homem é um Espírito que está reencarnado num corpo, enquanto dá vida inteligente ao seu equipamento de carne, chama-se Alma. Diz-se: reencarnado, porque não é a primeira vez que encarna, ou seja, retorna à vida material em novo corpo. Quando se refere a “Homem” ou “Os Homens” está se referido à Humanidade, o que inclui os seres masculino e feminino (homem e mulher), sem nenhuma distinção de gênero, mesmo porque se trata de Espíritos que poderão reingressar no mundo num e noutro sexo. 

A consciência dessa realidade permite a retirada do véu que impedia o entendimento mais amplo da vida e suas razões.  Assim, o racismo e os preconceitos perdem a razão para existir, como a escuridão que se extingue à chegada da luz, o desfazer da ignorância de quem realmente se é, e a finalidade de estar neste mundo.

Com a reencarnação, agora bem entendida pela revelação dos Espíritos Superiores, condutores da Humanidade, não é possível que as mentes e corações conhecedores dessa verdade, que supera  as conjecturas outras, não compreendam a grandiosidade da justiça Divina para com seus filhos, mostrando que todos têm o mesmo direito diante de sua Lei. “Qual a finalidade da reencarnação? Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?”5.   

A reencarnação, que é uma Lei Divina, que todos estão submetidos, resolve a questão do racismo…  Os indivíduos que compõem a atual sociedade, passada essa experiência -- toda geração passa --, retornando à vida espiritual, quando terão condições para analisar as consequências da existência terminada, às suas e da sociedade da qual participou, verão quais necessidades que lhes incomodam e novas programações de retorno à carne serão preparadas, na busca da solução dos seus incômodos espirituais.  

Assim, com as revisões que as análises e estudos no mundo espiritual proporcionam ao Espírito, de acordo com os novos propósitos, individuais e coletivos, buscam o reingresso na vida material, possivelmente, em muitos casos, por escolha própria, em posição reversa a da vida anterior; se eram negros poderão ser brancos, se eram do sexo masculino poderão envergar a estrutura feminina, se foram pobres encontrarem o caminho da riqueza. Não sendo essa alternância uma regra fixa, pois que existe o livre-arbítrio, mas o Espírito, estando fora da matéria tem visão mais ampla, vê as melhores possibilidades para vencer as suas deficiências, limitações, e os problemas de consciência. Embora no novo corpo não lembre as suas resoluções anteriores, mas estas estão no Espírito, e elas fluem através das tendências e da intuição. É possível observar isso no dia a dia das pessoas, como as habilidades inatas, que se apresentam sem nunca nesta existência ter feito treinamento para determinado fim, no entanto, demonstram facilidades para tais e tais tarefas. 

Racismo e preconceito são heranças de educação deformada, resultado da ignorância e do orgulho, que geram o ódio e a vingança, como são sentimentos que estão no Espírito, e não se sabe quando originou e nem em que circunstância, mas existe como uma nuvem invisível que magoa uns, ao mesmo tempo, atiça outros; todos digladiam, sendo vítimas do mesmo mal. Certamente os racistas de hoje são os mesmos que envergaram indumentária carnal que representava a raça que odeiam, e vice-versa. O sentimento está no Espírito. A única solução é o entendimento de que todos são Espíritos, que caminham para a libertação das peias, entre outras, aqui se trata do racismo e dos preconceitos de maneira geral. A decisão primeiramente é particular, íntima, depois os gestos e atitudes novos refletem na sociedade. Quando a maior parte da população estiver livre de tais amarras o Mundo já será outro, muito melhor, porque os Espíritos estão mais adiantados. 

Sem a educação moral, àquela que se adquire no berço, a educação de família, como preconiza Allan Kardec, será muito difícil aguardar que a escola regular e a justiça formal possam resolver tais problemas. Jesus, o Cristo, ensina: “Ame o seu próximo com si mesmo.”6 Grande parte dos racistas e preconceituosos conhecem a máxima do Mestre Nazareno, no entanto, sobre  as verdades espirituais não bastam estar informado, é preciso que se torne uma realidade internalizada na Alma, e reflitam nos gestos e atitudes no seu contexto de vida. Indivíduo evangelizado desconhece sentimentos racistas e preconceituosos. 

A Doutrina Espírita tem como máxima: “Fora da caridade não há salvação”7.  Desrespeito a quem quer que seja é faltar com a caridade. Agressividade para com os outros, o primeiro agredido é o próprio agressor. Tudo na vida é via de duas mãos. “É dando que se recebe.”, recita São Francisco.

      Com um pouco de boa vontade não é difícil perceber os equívocos da vida, depende do foco preferencial. 

      O eixo principal desses males é o orgulho e a insensatez.  

                                               Dorival da Silva

  1. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, capítulo X, item 26, Allan Kardec, FEB, tradução de Guillon Ribeiro

  2. Questão 136-b, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, tradução de Evandro Noleto Bezerra.

  3. Questão 134, idem.

  4. Questão 134-a, idem.

  5. Questão l67, idem.

  6. Mateus, 22:39.

  7. Capítulo XV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Karde, LAKE, tradução de J. Herculano Pires.


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Carrasco

 Carrasco

Reunião pública de 20/3/59
Questão nº 913

    Verdugo invisível, onde se lhe evidencie a influência, aparecem a rebeldia e o azedume, preparando a perturbação e a discórdia.

    Mostra-se na alma que lhe ouve as pérfidas sugestões, à maneira de fera oculta a atirar-se sobre a presa.

    Assimilando-lhe a faixa de treva, cai a mente em aflitiva cegueira, dentro da qual não mais enxerga senão a si mesma.

    E assim dominada, a criatura, ao pé dos outros, é a personificação da exigência, desmandando-se, a cada instante, em reclamações descabidas, incapaz de anotar os sofrimentos alheios. Pisa nas dores do próximo com a dureza do bronze e recebe-lhe as petições com a agressividade do espinheiro, expelindo pragas e maldições. Onde surge, pede os primeiros lugares e, se lhos negam, à face das tarefas que a previdência organiza, não se peja de evocar direitos imaginários, condenando, sem análise, tudo quanto se lhe expõe ao discernimento. Desatendida nos caprichos particulares com que se aproxima dos setores de luta que desconhece, mastiga a maledicência ou gargalha o sarcasmo, lançando lodo e veneno sobre nomes e circunstâncias que demandam respeito. Se alguém formula ponderações, buscando-lhe o ânimo à sensatez, grita, desesperada, contra tudo o que não seja adoração a si mesma, na falsa estimativa dos minguados valores que carrega no fardo de ignorância e bazófia.

    E, então, a pessoa, invigilante e infeliz, assim transformada em temível fantasma de incompreensão e de intransigência, enrodilha-se na própria sombra, como a tartaruga na carapaça, e, em lastimável isolamento de espírito, não sabe entender ou perdoar para ser também perdoada e entendida, enquistando-se na inconformação, que se lhe amplia no pensamento e na atitude, na palavra e nos atos, tiranizando-lhe a vida, como a enfermidade letal que se agiganta no corpo pela multiplicação indiscriminada de perigosos bacilos.

    Atingido esse estado d’alma, não adota outro rumo que não seja o da crueldade com que, muitas vezes, se arroja ao despenhadeiro da delinquência, associando-se a todos aqueles que se lhe afinam com as vibrações deprimentes, em largas simbioses de desumanidade e loucura, formando o pavoroso inferno do crime.

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    Irmãos, precatai-vos contra semelhante perseguidor, vestindo o coração na túnica da humildade que tudo compreende e a todos serve, sem cogitar de si mesma, porque esse estranho carrasco, que nos alenta o egoísmo, em toda parte chama-se orgulho.

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       Página extraída da obra: Religião dos Espíritos, pelos Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 20, 1960, FEB (Trata de assunto relativo à questão 913 – que será transcrita na parte final da reflexão --, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, publicado em 18.04.1857)

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REFLEXÃO: A página acima de Emmanuel tem mais de sessenta anos e suas verdades são atuais, mas precisamos verificar que os usos e costumes desta época proporcionam ampliar os entendimentos, ou, pelos menos, análise dos novos comportamentos. 

O contexto atual nas questões comportamentais, econômicas, políticas, sociais, psicológicas, tecnológicas, educacionais… são muito diferentes, embora tenha suas raízes fincadas no meado do século passado.  Há uma distensão dos segmentos daquela geração, com progresso nos diversos setores: o transporte e a comunicação ficaram mais rápidos, o setor da saúde evoluiu grandiosamente, a assistência social multiplicou em muito sua contribuição, a política se sofisticou, a educação -- num aspecto amplo, que envolve a educação de família -- , conquanto a sua evolução, permitiu mescla  personalística, exacerbando comportamentos inadequados, tais como: a violência, o desrespeito aos mais velhos e aos “diferentes”, ênfase aos modos viciantes... 

Apesar de evolução significativa notada em todos os setores da vida, existe um em particular, que embora tenha se ampliado, não foi na melhor direção, o que precisaria rumar para a verticalização moral, ou seja, buscar a harmonização com as regras de bem viver trazidas ao mundo por Jesus, o Nazareno. 

Ele, o Senhor, ensina bem viver na existência em que está posto na vida de um corpo, e bem viver sem a existência deste, porque a vida na sua essência não sofre interrupção, mas as consequências boas ou não permanecerão com toda força, sendo que cada individualidade não poderá, em tempo algum, fugir de sofrer os resultados de si mesmo, por isso o ensinamento: “a cada uma segundo as suas obras”.

O Mentor de Chico Xavier, na mensagem inicial fala de um determinado carrasco, a lição é abrangente, sendo atemporal e alcança todos os tipos comportamentais, pois, trata do espírito humano, e aponta a sua pedra de tropeço evolutivo. 

A base inspirativa do tema, foi o estudo da questão 913 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, em reunião na sede da Comunhão Espírita Cristã, de Uberaba (MG), em 23-03-1959, transcrita adiante: Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? ‘Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade.   Ele neutraliza todas as outras qualidades’”.

Com os recursos que anotamos acima, deixamos ao leitor a liberdade de sua reflexão sobre si mesmo, o meio onde vive, ainda, sobre as relações sociais, políticas, religiosas e científicas sob seu interesse, considerando que cada um tem a liberdade de olhar para a direção que mais condiz com o seu estado de interesse, no entanto, não deveremos esquecer a máxima do Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, resumidamente.

                                         Dorival da Silva


Nota 2: As obras de Allan Kardec estão disponíveis para consulta no endereço:  https://kardecpedia.com/

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

De que modo?


De que modo? 

“Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?– Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 4:21.) 

Por vezes, o apóstolo dos gentios, inflamado de sublimes inspirações, trouxe aos companheiros interrogativas diretas, quase cruéis, se consideradas tão-somente em sentido literal, mas portadoras de realidade admirável, quando vistas através da luz imperecível. 

Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações. 

Emissários abnegados do devotamento celestial espalham socorro santificante em todas as épocas da Humanidade. A História é demonstração dessa verdade inconteste. 

A nenhum século faltaram missionários legítimos do bem. 

Promessas e revelações do Senhor chegam aos portos do conhecimento, através de mil modos. 

Os aprendizes que ingressaram nas fileiras evangélicas, portanto, não podem alegar ignorância de objetivo a fim de esconderem as próprias falhas. Cada qual, no lugar que lhe compete, já recebeu o programa de serviço que lhe cabe executar, cada dia. Se fogem ao trabalho e se escapam ao testemunho, devem semelhante anomalia à própria vontade paralítica. 

Eis por que é possível surja um momento em que o discípulo ocioso e pedinchão poderá ouvir o Mestre, sem intermediários, exclamando de igual modo: 

– “Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?” 

 

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Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 152, Editora FEB, 1950. 

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Reflexão: As interrogações do apóstolo Paulo percorreram os séculos e poucos as ouviram, e diminuto número propôs resposta efetiva, silenciando a maioria, e mantendo o estado que motivou as questões, restou a “vara”, numa escolha surda.  

“Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações.”Os esforços de Jesus, como Mestre e Guia da Humanidade, nunca deixaram de existir, no entanto, há interpretação inadequada de seus ensinos, por uma quase viciação comportamental, de que suas mensagens são para serem ouvidas nos Templos, criando uma ambiência de alegria, que energizam os ouvintes e os empolgam por alguns momentos, logo depois, passadas as euforias voltam à mesmice, demonstrando que a essência modificadora apenas circulou pela superfície da Alma. 

Cada indivíduo é a própria despensa para guardar os valores divinos trazidos para o mundo, pelo Guia Maior, de forma que ilumine o Ser de dentro para fora, o que corresponde a dizer que a atmosfera desse ambiente está limpa das mazelas e escuridades de outras épocas, porque com esforço enorme eliminou-as, substituindo-as pelas verdades que se estocam e se fazem representar nas ações e comportamentos cristãos.  

“Emissários abnegados do devotamento celestial espalham socorro santificante em todas as épocas da Humanidade. A História é demonstração dessa verdade inconteste.”  Nunca O Mestre Nazareno deixou de estar junto a esta Humanidade, como Diretor de estabelecimento de muitos departamentos, atribui a prepostos qualificados em cada segmento a tarefa de orientar adequadamente aqueles que têm “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”. Vejamos que jamais a Divindade ultrapassa o direito de cada personalidade, por isso o livre-arbítrio, algo imutável. Em vista disso, todos temos a liberdade de acolher as orientações superiores da vida quando estivermos prontos e desejarmos.  

Há a pretensão de se conduzir à própria maneira, apoiado no orgulho e no egoísmo, que tomam conta da dependência íntima, irradiando-se nas ações do dia a dia, às vezes montando grandes coisas, mas que não fogem à sua origem, espraiando os mesmos teores, inflamando outros com pendores correlatos, servindo ao poder e as riquezas que enchem os olhos do mundo materialista. Assim, como máquina que não respeita nada além do próprio combustível vaidoso e ególatra, seus resultados são o pisar incessantemente nos fracos, o desrespeito aos justos; e busca inflar os desajustados com os seus desajustes na ânsia pelos resultados das empreitadas materialistas, não se importando com as imoralidades, nem mesmo com as teses esdrúxulas, de visível prenúncio de desastres futuros.   

“A nenhum século faltaram missionários legítimos do bem. 

 ‘Promessas e revelações do Senhor chegam aos portos do conhecimento, através de mil modos’.”  Jesus, por muito amar, sempre destinou homens e mulheres exponenciais da dedicação,  de valores morais e conhecimentos conquistados através de esforços ingentes, em outros tempos, que retornam em pequenas comunidades ou mesmo de expressão multinacional para despertar os que espiritualmente dormem, embora com os olhos abertos e até incandescentes pelas volúpias do que está fora, mas que não atende o ser que está dentro que ainda não se descobriu, pois, não dá tempo e valor ao que é primordial para ele, ele mesmo.  

“Os aprendizes que ingressaram nas fileiras evangélicas, portanto, não podem alegar ignorância de objetivo a fim de esconderem as próprias falhas. Cada qual, no lugar que lhe compete, já recebeu o programa de serviço que lhe cabe executar, cada dia. Se fogem ao trabalho e se escapam ao testemunho, devem semelhante anomalia à própria vontade paralítica.”   Todos nós que praticamos a mensagem de Jesus somos egressos do materialismo, que muitas vezes nos tenta com suas lascívias prazerosas a queda, portanto, não podemos esquecer que a luta deve ser constante para não ceder aos desejos que nos assanham as lembranças perniciosas que outrora nos deram prazer. O objetivo é a vitória sobre nós mesmos, pois somente assim podemos nos libertar das amarras da materialidade, substituindo-as pela conquista de virtudes que nos permitirá ingressar em outras paragens que nos afastarão cada vez mais das lembranças danosas, liberando o Espírito para missões complexas, embora realizadoras.  

“Eis por que é possível surja um momento em que o discípulo ocioso e pedinchão poderá ouvir o Mestre, sem intermediários, exclamando de igual modo: 

– “Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?”    

 

A má vontade, os vícios comportamentais, o desejo irrefreável de poder, o absurdo desejo de acumular bens e valores, sempre com a sensação de nada possuir; sobrepõem-se com o peso da força econômica e autoridade sem base moral -- que deveria ser calcada na benevolência e compreensão que os demais indivíduos têm os mesmos direitos e necessidades suas --, trarão seus efeitos, “a vara”.   

Relutar para não ir ao encontro da harmonia da Lei Divina, de amor e justiça, é preparar o próprio flagelo, pois a consciência não nos liberará do seu julgamento, exigirá reparo, cobrará provação, e não ficará satisfeita enquanto não nos tornarmos lídimos moralmente, de Espírito puro como o lírio, não importa em qual terreno finca suas raízes, mas oferece a sua brancura a Deus.  

– “Que quereis? (...)?”. 

 

                                      Dorival da Silva