quinta-feira, 11 de maio de 2017

Não as palavras

Não as palavras

“Mas em breve irei ter convosco, se o Senhor quiser, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude.” - Paulo. (I Coríntios, 4:19.)

   Cristo e os seus cooperadores não virão ao encontro dos aprendizes para conhecerem as palavras dos que vivem na falsa concepção do destino, mas sim dos que se identificaram com o espírito imperecível da construção evangélica.
      É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas.
   Muita vez, as criaturas menos favorecidas de faculdades orgânicas, qual o cego ou o aleijado, acreditam-se aniquiladas ou inúteis, ante conceituação dessa natureza.
    É que, comumente, se esquece o homem das obras de santificação que lhe compete efetuar no próprio espírito.
     Raros entendem que é necessário manobrar pesados instrumentos da vontade a fim de conquistar terreno ao egoísmo; usar enxada de esforço pessoal para o estabelecimento definitivo da harmonia no coração. Poucos se recordam de que possuem ideias frágeis e pequeninas acerca do bem e que é imprescindível manter recursos íntimos de proteção a esses germens para que frutifiquem mais tarde.
    É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade das vaidades”.
    Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.
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Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 72, publicado em 1951.

Reflexão:  O Apóstolo Paulo faz referência a circunstância que pode ser trazida para os dias atuais, como: “(...) não as palavras dos que andam inchados”.  Vê-se com frequência nos meios de comunicação se locupletarem dos ensinos Evangélicos, como se Jesus tivesse outorgado poder para quem se intitula representá-Lo pudesse torcer a essência dos ensinamentos a atender fins lucrativos, seja financeiro, de poder, de imagem... São os inchados de personalismo, o cristianismo a seu bel-prazer. “(...), mas a virtude”, a que Paulo de Tarso indica, onde está nesses tempos modernos? Há confusão sobre o que seja virtude, coloca-se neste prisma o falatório em torno das lições do Evangelho, os abundantes fatos miraculosos, que traem a atenção dos incautos, as exposições pessoais e coletivas a título de santidade...  Esquece-se que o verdadeiro virtuoso nem desconfia que o seja.

“É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas.”  O homem vê o ensinamento do evangelho como algo que norteia a materialidade de seus próprios feitos, no entanto, o trabalho de Jesus e de seus apóstolos e de todos os verdadeiros trabalhadores de Sua Vinha é para a espiritualização da Alma, com o desenvolvimento da inteligência e a conquista de virtudes, estas com a vivência do bem e da caridade, muitas vezes no silêncio e no anonimato. Como não se trata de construção material somente é possível se dar na intimidade espiritual.

Toda construção material é considerada na razão dos benefícios que poderá oferecer a muitos espíritos em evolução na vida de reencarnado para conquista também da sua espiritualização, dando oportunidade à conscientização da existência do Mundo Espiritual, tanto quando dos que através dela atende os mais enfraquecidos do caminho evolutivo, sendo o amor em ação.

“É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade das vaidades””. Para enunciar os ensinamentos de Jesus precisa respeitar a Sua autoria, Ele não veio trazer para o Mundo uma opinião, ou informação que poderá ser objeto de contradita, não!, Ele traz a verdade colhida na fonte que é Deus, em conta a sua grandiosidade intelectual e moral conquistada na esteira dos tempos, que se perde no infinito.

“Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.”  As construções externas que se observa nas comunidades, embora tenham o seu lugar, mas são materiais e passageiras, fáceis de se construir, no entanto, a mensagem do Evangelho de Jesus trata da construção interna do Espírito, àquela que permanecerá, proporcionando a paz e a felicidade permanentes.

Palavras são a expressão das qualidades da Alma que se manifesta, demonstrando um estado de consciência sublimado, ou não.

                                                  Dorival da Silva