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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Educação moral, um paradigma para o Espírito

 Educação moral, um paradigma para o Espírito 

Os seres humanos são os senhores das eras; mergulham, de tempos em tempos, nas carnes que se preparam com o fundir de gametas, o que se denomina reencarnação. Trazem nas suas bagagens os valores que são os resultados de seus esforços.  

Assim surgem como homem ou mulher no berço dos lares, vencem os primeiros tempos, o equipamento carnal se desenvolve e vai permitindo a manifestação do seu morador. Primeiramente reflexos instintivos, a inteligência se apresenta represada porque o cérebro ainda não consegue decodificar, e a composição osteomuscular e a cardiorrespiratória não estão prontas para obedecer à ordem da vontade comandante. 

Instalado adequadamente no seu instrumento de manifestação, que caminha pela infância, adolescência, sendo que na fase adulta está maturado, permitindo o seu uso na integralidade. Assim ocorreu em outras vezes sem conta, que por ora não se lembra.  

É questionamento corrente: por que não se lembrar das vidas passadas -- isto é complexo --, mas de uma forma apenas indicativa, pode-se dizer que o cérebro do corpo da presente existência somente tem a capacidade para decodificar as lembranças daquilo dos quais participou; recordações anteriores podem ocorrer através dos sonhos e alguns estados de emancipação da alma muito específicos, capazes de alcançar registros de vidas passadas. Sendo que a vida do Espírito é uma só, entrar ou sair da vida material é oportunidade evolutiva. Os fatos vivenciados de todos os tempos estão na mente, pertencente ao Ser espiritual, portanto, é elemento extracorpóreo. Não se recordar de fatos de vidas passadas é um recurso Divino em favor da criatura, para que possa se refazer de erros que lhe proporcionaram tormentos. Com o esquecimento, pode-se conviver novamente com os desafetos de outros tempos, que em muitas oportunidades estão dentro do lar. Há, no entanto, aqueles que, por comodidade, falta de interesse ou mesmo a impossibilidade de encontrar trabalho remunerado, vivem às expensas de seus idosos. Isso é uma vergonhosa inversão de valores, salvo as exceções.  

O senhor Kardec, ao analisar as respostas dos Espíritos às perguntas que formulou, traz um despertar para o presente século: “(...).  Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Esse equilíbrio, porém, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. (...).” 

Sem desprezar o conhecimento geral, com que Kardec contribuía grandemente como professor de notório saber de múltiplas matérias, observou que a educação moral se faria substancial na caminhada evolutiva da Humanidade. Ele explica sua compreensão da educação moral, que não pode ser oficializada. Veja como ele ensina: “(...), é o conjunto dos hábitos adquiridos.; -- frisamos: hábitos morais. 

Destacamos a frase: “Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria”. Vejamos que o Codificador, mesmo estando 163 anos de distância do nosso tempo, tinha a percepção e lançava olhar para o futuro, prevendo que a economia sofria e ressentia com a ausência da educação moral. Observemos o excesso de leis para controlar a evasão de impostos, a corrupção, a criminalidade, que cresce vertiginosamente, exigindo mais aparatos humanos, tecnologia e recursos financeiros na tentativa de conter o ilícito. No entanto, a conclusão dessa análise confirma que a educação moral eliminaria a maior parte desses desvios comportamentais que parecem ter se naturalizado. O freio do mal precisa estar presente em cada indivíduo. Assim, eliminaríamos a maior parte do aparato legal, poupando o Estado de gastos que poderiam ser direcionados para a melhoria da vida das pessoas. O excesso de leis para disciplinar comportamentos demonstra a ausência da educação moral dos indivíduos. 

A experiência mostra ser indispensável que os valores morais venham antes, para isso se faz imprescindível que o Espírito tenha adquirido em vidas passadas -- que se faz refletir na vida presente, o que acontece com muitos -- ; ou,  que,  desde o berço,  os pais deem exemplos com seus comportamentos, no linguajar, nas atitudes do dia a dia, nas preferências culturais, de igual importância a moralidade do ambiente onde terá seu desenvolvimento social; nos tempos da tecnologia, saber como conduzir a criança ao acesso dos entretenimentos virtuais, sendo que estes nem sempre apresentam compromisso com a educação moral do público infantil. 

Uma ferramenta de alta importância para formar o conjunto de hábitos moralizados é estudar, apreender, aprender e viver o Evangelho de Jesus, na sua pureza. Esses ensinamentos precisam estar na vida dos indivíduos desde os primeiros movimentos da existência. Tudo o que vier depois encontrará na intimidade do Ser um escudo, como se fosse uma vacina moral. Quando alguma ocorrência divergir do que é bom e nobre, não será acolhida, haverá repulsa, porque o estado vibracional da alma moralizada é discordante daquelas ainda imorais, ou de fatos, ou de circunstâncias também desse teor. 

Do prefácio da monumental obra: Educação - Um tesouro a descobrir², transcrevemos os excertos: “(...). ‘A Comissão não resistiu à tentação de acrescentar novas disciplinas, como o conhecimento de si mesmo e dos meios de manter a saúde física e psicológica, ou mesmo matérias que levam a conhecer melhor e preservar o meio ambiente natural. Contudo, os programas estão cada vez mais sobrecarregados. É necessário, pois, optar, com a condição de preservar os elementos essenciais de uma educação básica que ensine a viver melhor, através do conhecimento, da experiência e da construção de uma cultura pessoal.’    

‘Finalmente, e trata-se, também neste caso, de uma realidade permanente, a tensão entre o espiritual e o material.  Muitas vezes, sem sequer se aperceber disso ou sem ter capacidade para o exprimir, o mundo tem sede de ideal ou de valores a que chamaremos morais, para não ferir ninguém. Cabe à educação a nobre tarefa de despertar em todos, segundo as tradições e convicções de cada um, respeitando inteiramente o pluralismo, esta elevação do pensamento e do espírito para o universal e para uma espécie de superação de si mesmo. Está em jogo -- e aqui a Comissão teve o cuidado de ponderar bem os termos utilizados -- a sobrevivência da humanidade.’” 

Os elementos morais cultivados se estabelecem exclusivamente na alma do indivíduo e se expressarão naturalmente em todas as suas ações, seja na vida física ou no mundo espiritual. Voltando em Jesus, vamos encontrar o ensinamento síntese dos Seus postulados: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (Mateus, 22:34 a 40.)³ .  O Mestre Nazareno tinha por objetivo esclarecer o Ser Espiritual, na sua individualidade, porque seu ensinamento precisaria ser apreendido e vivenciado, o que corresponde a educação moral da criatura, uma das razões que quase sempre exemplificou primeiro, para elucidar depois, quando necessário. O exemplo nem sempre exige esclarecimento, é dedutível por si mesmo.  

O grande problema da Humanidade está em compreender que a vida do corpo é finita, instável e sem garantia de duração, e que as consequências de seus atos permanecerão com os responsáveis até que seus efeitos sejam resolvidos -- estamos falando das ações negativas, imorais e corruptas… Os reflexos destas atitudes e seus desdobramentos recairão sobre os envolvidos, mesmo que a justiça dos homens não tenha percebido ou mesmo acobertado. Pois, existem muitas leis que não corroboram à justiça, são frutos da premeditação de interesses ilegítimos em detrimento do que seria justo e moral. Todos somos Espíritos e respondemos a uma única lei que não foge à justiça e à verdade, a Lei Divina, que se acha bem instalada na consciência de cada indivíduo, porém, adormecida pela ignorância ou entorpecida pelo egoísmo e o orgulho, que despertará no ambiente moral que cultiva.  

A educação moral estará presente e será a norteadora da qualidade de vida da Humanidade da Terra, sem se esquecer que ora se está no corpo, ora se está na espiritualidade, a Humanidade é a soma de todos os Espíritos ligados ao planeta Terra. Através do processo da reencarnação entramos na vida corporal e com a exaustão da carne retornamos ao mundo daqueles que deixaram a sua indumentária no túmulo.  

É um paradigma para o Espírito vencer a sua obscuridade particular, superar os preconceitos religiosos, os pensamentos materialistas “desconstrutivos” do frágil senso de espiritualidade do ser humano. A ausência da fé racional, a crença dependente de outrem, esquecendo-se ou ignorando-se ser senhor de si mesmo, responsável pela condução da própria vida. Ainda, sem se descurar de que vive em sociedade com seus iguais, e que o compromisso moral é contribuir com o próximo, “é amar o próximo como a si mesmo”, é resguardar o direito do outro, assim, garantindo o direito de todos, aí está o ângulo maior da educação moral, muito pouco percebido pelos habitantes da Terra.  

Inserimos como fecho desse trabalho a última parte dos argumentos de Allan Kardec sobre o tema tratado nas questões acima referidas: “Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? 

Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos. 4” 

                 -- “Sem educação moral ninguém tem segurança”

                              Dorival da Silva 

  1. O Livro dos Espíritos - Trad. de Guillon Ribeiro - FEB

  2. Educação - Um tesouro da descobrir - Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI - Jacques Delors - 6.ª ed.

  3. O Evangelho Segundo o Espiritismo - Trad. J. Herculano Pires - 43.ª ed.- LAKE

  4. O Livro dos Espíritos - Trad. de Guillon Ribeiro - FEB, final do esclarecimento das questões 685 e 685-a

    Nota: As obras de Allan Kardec, podem ser acessadas através do endereço:  https://kardecpedia.com/


sexta-feira, 31 de março de 2017

Suicídio




Suicídio
 

No suicídio intencional, sem as atenuantes da moléstia ou da ignorância, há que considerar não somente o problema da infração ante as Leis Divinas, mas também o ato de violência que a criatura comete contra si mesma, através da premeditação mais profunda, com remorso mais amplo.

Atormentada de dor, a consciência desperta no nível de sombra a que se precipitou, suportando compulsoriamente as companhias que elegeu para si própria, pelo tempo indispensável à justa renovação.

Contudo, os resultados não se circunscrevem aos fenômenos de sofrimento íntimo, porque surgem os desequilíbrios consequentes nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos de reajuste em existências próximas.

É assim que após determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reinternados no plano carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições.

Ser-nos-á fácil, desse modo, identificá-los, no berço em que repontam, entremostrando a expiação a que se acolhem.

Os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endocrínicas, tanto quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose(1)ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa.

Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma.

Junto de semelhantes quadros de provação regenerativa, funciona a ciência médica por missionária da redenção, conseguindo ajudar e melhorar os enfermos de conformidade com os créditos morais que atingiram ou segundo o merecimento de que disponham.

Guarda, pois, a existência como dom inefável, porque teu corpo é sempre instrumento divino, para que nele aprendas a crescer para a luz e a viver para o amor, ante a glória de Deus.

                                                Emmanuel. 
(1) Ictiose: dermatose caracterizada pela secura e aspereza da pele, a qual, por hipertrofia de sua camada córnea, se torna escamosa como a dos peixes. 
 


Do livro Religião dos Espíritos, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço: 
http://www.oconsolador.com.br/ano9/432/emmanuel.html