Colhendo a argumentação de Allan Kardec publicada na Revista
Espírita em outubro de 1866, que completará 146 anos neste ano, que apresenta
ensinamento tão atual, preciso, quanto lógico, como se tivesse escrevendo nos
dias que se correm. Assim, mostra por mais esses argumentos que o Codificador
da Doutrina Espírita revelou verdades, muito embora já estivessem postas para a
Humanidade, mas que se encontravam esparsas, por todo o tempo, nas diversas
filosofias, na própria ciência, nos credos diversos, juntando-as num feixe; organizado,
didaticamente esquematizado, para facilitar o entendimento, de quem tiver o
desejo de conhecer e se aprofundar na Terceira Revelação – promessa de Jesus: O
Consolador (1) – que vem levantar a cortina da obscuridade humana (2).
"Deus é ciência, a ciência está no homem e o homem
desconhece Deus.”
– Aracy Mattozo Almeida – abnegada trabalhadora da seara de Jesus.
Vamos fracionar a argumentação em cinco partes para
facilitar as leituras, em conta sua extensão para se transcrever na totalidade
numa página de blog, o que já foi
postada em outro momento, sem a apreciação que se pretendia e que é o objetivo
deste informativo.
(1) – João,
XIV: 15 a 17; 26)
(2) -- O
Livros dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A
Gênese, e o Céu e o Inferno.
Dorival da Silva
____________________________________________________
Os Tempos são Chegados
Os tempos marcados por Deus são chegados, dizem-nos de todos
os lados, nos quais grandes acontecimentos vão realizar-se para a regeneração
da Humanidade.
Em que sentido devem ser entendidas essas
palavras proféticas? Para os incrédulos não têm a menor importância. Aos seus
olhos não passam da expressão de uma crença pueril sem fundamento. Para a
maioria dos crentes elas têm algo de místico e de sobrenatural, que lhes parece
ser o precursor da perturbação das leis da Natureza. Essas duas interpretações
são igualmente errôneas: a primeira, por implicar na negação da Providência e
porque os fatos realizados provam a veracidade dessas palavras; a segunda, por não
anunciar a perturbação das Leis da natureza, mas a sua realização.
Procuremos-lhes, pois, o sentido mais racional.
Tudo é harmonia na obra da Criação, tudo revela
uma previdência que não se desmente nem nas menores, nem nas maiores coisas. Em
primeiro lugar, devemos afastar toda ideia de capricho inconciliável com a
sabedoria divina; em segundo lugar, se nossa época está marcada pela realização
de certas coisas, é que elas têm sua razão de ser na marcha geral do conjunto.
Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo
o que existe, está submetido à lei do progresso. Progride fisicamente pela
transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela depuração dos
Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois progressos se
seguem e marcham paralelamente, porque a perfeição da habitação está em relação
com o habitante. Fisicamente, o globo sofreu transformações, constatadas pela
Ciência, e que sucessivamente o tornaram habitável por seres cada vez mais
aperfeiçoados; moralmente a Humanidade progride pelo desenvolvimento da
inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que
se opera a melhoria do globo, sob o império das forças materiais, os homens a
isso concorrem pelos esforços de sua inteligência: saneiam regiões insalubres,
tonam mais fáceis as comunicações e a terra mais produtiva.
Esse duplo progresso se realiza de duas maneiras:
uma lenta, gradual e insensível; outra por mudanças mais bruscas, em cada uma
das quais se opera um movimento ascensional mais rápido, que marca, por
caracteres distintos, os períodos progressivos da Humanidade.
Esses movimentos, subordinados nos
detalhes ao livre-arbítrio
dos homens, são de certo modo fatais em seu conjunto, porque estão submetidos a
leis, como os que se operam na germinação, no crescimento e na maturação das
plantas, considerando-se que o objetivo da Humanidade é o progresso, não
obstante a marcha retardatária de algumas individualidades. Eis por que o
movimento progressivo algumas vezes é parcial, isto é, limitado a uma raça ou a
uma nação, outras vezes geral. O progresso da Humanidade se efetua, pois, em
virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são a obra eterna da
sabedoria e da presciência divinas, tudo quanto seja efeito dessas leis é o
resultado da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de
uma vontade imutável. Então, quando a Humanidade está madura para transpor um
degrau, pode-se dizer que os tempos marcados por Deus são chegados, como se
pode dizer também que em tal estação eles chegaram para a maturação dos frutos
e para a colheita.
Pelo fato de o movimento progressivo da
Humanidade ser inevitável, porque está na Natureza, não se segue que Deus a
isso seja indiferente, e que, depois de ter estabelecido leis, tenha entrado em
inação, deixando as coisas ir sozinhas. Suas leis são eternas e imutáveis, sem
dúvida, mas porque sua própria vontade é eterna e constante e seu pensamento
anima todas as coisas sem interrupção; seu pensamento, que tudo penetra, é a
força inteligente e permanente que mantém tudo na harmonia; se esse pensamento
deixasse de agir um só instante, o Universo seria como um relógio sem o pêndulo
regulador. Deus vela incessantemente pela execução de suas leis, e os Espíritos
que povoam o espaço são seus ministros encarregados dos detalhes, conforme as
atribuições relativas ao seu grau de adiantamento.
- continua –
ALLAN KARDEC
Revista Espírita, outubro
de 1866.
Nenhum comentário:
Postar um comentário