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quinta-feira, 10 de julho de 2014

A ingratidão dos filhos e os laços de família



A ingratidão dos filhos e os laços de família

A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos, mas a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso. É, em particular, desse ponto de vista que a vamos considerar, para lhe analisar as causas e os efeitos. Também nesse caso, como em todos os outros, o Espiritismo projeta luz sobre um dos grandes problemas do coração humano.

Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no Espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança; a alguns dentre eles, porém, mais adiantados do que os outros, é dado entrevejam uma partícula da verdade; apreciam então as funestas consequências de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções boas. Compreendem que, para chegarem a Deus, uma só é a senha: caridade. Ora, não há caridade sem esquecimento dos ultrajes e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio.

Então, mediante inaudito esforço, conseguem tais Espíritos observar os a quem eles odiaram na Terra. Ao vê-los, porém, a animosidade se lhes desperta no íntimo; revoltam-se à ideia de perdoar, e, ainda mais, à de abdicarem de si mesmos, sobretudo à de amarem os que lhes destruíram, quiçá, os haveres, a honra, a família. Entretanto, abalado fica o coração desses infelizes. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários.

Se predomina a boa resolução, oram a Deus, imploram aos bons Espíritos que lhes deem forças, no momento mais decisivo da prova.

Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se.

Qual será o seu procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O incessante contato com seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a viver. É como se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte de certas crianças e que parecem injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há podido provocar semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário se torna volver o olhar ao passado.

Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do Espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.

Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu.

Imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! Abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei com vós mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas, oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.

A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana.

Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixar se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão. Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranquila a consciência. À amargura muito natural que então lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor.

Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. É um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega.

De todas as provas, as mais duras são as que afetam o coração. Um, que suporta com coragem a miséria e as privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, pungido da ingratidão dos seus. Oh! Que pungente angústia essa! Mas, em tais circunstâncias, que mais pode, eficazmente, restabelecer a coragem moral do que o conhecimento das causas do mal e a certeza de que, se bem haja prolongados despedaçamentos da alma, não há desesperos eternos, porque não é possível seja da vontade de Deus que a sua criatura sofra indefinidamente? Que de mais reconfortante, de mais animador do que a ideia que de cada um dos seus esforços é que depende abreviar o sofrimento, mediante a destruição, em si, das causas do mal? Para isso, porém, preciso se faz que o homem não retenha na Terra o olhar e só veja uma existência; que se eleve, a pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a Justiça infinita de Deus se vos patenteia, e esperais com paciência, porque explicável se vos torna o que na Terra vos parecia verdadeiras monstruosidades. As feridas que aí se vos abrem, passais a considerá-las simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família se vos apresentam sob seu aspecto  real. Já não vedes, a ligar-lhes os membros, apenas os frágeis laços da matéria; vedes, sim, os laços duradouros do Espírito, que se perpetuam e consolidam com o depurarem-se, em vez de se quebrarem por efeito da reencarnação.

Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o fazem no Espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas.

Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos progressos que realizaram. Mas como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso. Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar.

Acolhei-os, portanto, como irmãos; auxiliai-os, e depois, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo alguns náufragos que, a seu turno, poderão salvar outros.

 Santo Agostinho. (Paris, 1862.)

Extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 9.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Mundo em Transição



Vivemos num mundo de expiação e provas, o que quer dizer que o mal predomina entre a sua população. Na continuidade do tempo, o próximo estágio será o de regeneração – onde as almas que ainda têm o que expiar adquire novas forças, repousando das fadigas da luta. (1) Como e quando se dará essa mudança?  Se existe uma transição fatos serão notados. Alguma coisa se modificará. Algo novo deverá surgir.

O Planeta na sua constituição física também é um elemento vivo.  Sofre modificações constantes, evolui incessantemente.  Considerando os habitantes, centrando análise somente nos seres humanos, tudo se dá em dinamismo frenético. Nenhuma pessoa é exatamente igual no próximo minuto em relação ao que era no minuto anterior, mesmo dormindo.  Há modificações intermináveis na estrutura física e há vibrações inexplicáveis, por ora, na estrutura espiritual.

Existe o reflexo de uma estrutura na outra, mas sempre prevalece a espiritual, vez que esta carrega a inteligência, a vontade e a consciência.  O ser espiritual sobrevive à matéria, no entanto, precisa dela para sua experimentação.  No atendimento às suas necessidades desenvolve a inteligência e para conviver com seus iguais -- em melhores condições -- cria ambiente de confiança, de segurança, através do respeito aos outros, desenvolvendo o sentimento e a emoção, suportando e sendo suportado, avançando e recuando em seus ímpetos, dominando o orgulho e o egoísmo.

Por isso se nasce muitas vezes, para vivências e ajustes, vive-se no ambiente que construiu ou ajudou a fazê-lo, sofrendo as consequências do que  implementou direta ou indiretamente.  É a escola da vida.  Aprendendo com as suas próprias construções, experimentando o resultado de seus próprios feitos. Seja na vida presente ou futura, o ser pensante, o ser espiritual é o mesmo, sempre reencontra com suas obras.

Chega um momento que tanto o Planeta como os habitantes sofrem uma modificação de maior intensidade, um ciclo novo, porque tudo evolui, é da Lei de Progresso. Esta ocorre independente da vontade ou entendimento de qualquer criatura.

A transição da Terra para a condição de mundo regenerado está em andamento, muitos de seus moradores, com milênios de experiência e que não mais se enquadram nas condições do novo ambiente, porque renitentes no mal e sem expectativa de modificação moral dentro desse novo contexto, serão exilados para mundo em início de trajetória evolutiva, como este Orbe foi em era recuada, aos tempos do homem da pedra lascada. 

Toda reformulação, em qualquer coisa estabelecida, requer um revolução, um remover das coisas antigas prestáveis ou não, que gera incômodo aos envolvidos, como numa reforma de casa, e como todos os habitantes da Casa-Terra estão comprometidos nessa melhoria, então todos sofrem os seus efeitos, cada um à sua cota de comprometimento.

O tempo passa, dos desarranjos e dos desconfortos da reforma ninguém se importa mais, se estiverem residindo em morada mais bonita, confortável e feliz, mesmo que essa demora trabalhosa e de muito sacrifício seja de décadas ou séculos.  O importante é a conquista dos recursos morais suficientes para merecer a moradia feliz.  Quem não se propuser à conquista de valores através dos esforços no bem e preferir a renitência no mal, naturalmente se elege para buscar paragem correspondente à sua condição. Não será mais no planeta Terra.  Sempre haverá a oportunidade do recomeço em algum lugar. Deus é misericórdia.  Oferece o que é justo ao aprimoramento de seus filhos.

A transição para a Nova Era está em andamento, quem tem olhos de ver...

(1)   -  O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III, item 4 – Allan Kardec


                                                                                 Dorival da Silva
                                                                               
           

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Aborto (II)


Em outro artigo falamos sobre a descriminalização do aborto pelo Superior Tribunal Federal (para os casos de anencefalia), não temos a pretensão de analisar a questão jurídica; mas, sim a situação espiritual que é de muita importância a sua compreensão para que, mesmo que os Códigos Legais autorizem,  não venhamos a nos comprometer espiritualmente;  vez que as leis dos homens atendem situações sociais e buscam a ordenação de fatos tangíveis dentro da  estrutura de sua influência, não alcançando a continuidade da vida além do túmulo.  No entanto, a existência da alma é infinita.

Mesmo sob o prisma da legalidade, será que estaremos livres das consequências no campo moral – a nossa consciência --, se deliberarmos pelo aborto, ou a eutanásia, ou a pena de morte?  Ledo engano. 

Fiquemos, por ora, com a análise do aborto. Considerando que o único caminho para corrigirmos erros que nos confrange a intimidade é o retorno no campo de ação onde ocorreram os infaustos, ou seja, a convivência com os credores, os desafetos.  Para isto, se faz necessário um véu sobre o passado, o esquecimento de quem fomos e com quem convivemos e cometemos desajustes.  Enganamos, ludibriamos, falseamos, assassinamos...   São muitas vidas, muito fizemos de errado...   O egoísmo,  sempre o  mantivemos como imperativo em nós mesmos.  Tudo é meu!

As oportunidades dadas pelo Criador à criatura são inúmeras,  sendo que as responsabilidades são medidas de acordo com a capacidade de discernimento. E os pais são coautores com Deus, oferecendo seus recursos biológicos, os gâmetas, para a formação do corpo para um ente espiritual que irá utilizá-lo na nova experiência e expiação, junto de seus credores, embora não se lembre exatamente do que fez ou lhe fizeram. Ficam os pendores, que se manifestam no transcorrer do desenvolvimento da criança, demonstrando sinais de maldade, agressividade ou de generosidade, aptidões diversas...  Têm os pais o dever de corrigir as que se apresentam negativas e incentivar as positivas, através da educação, àquela que se diz “de berço”.

A ligação da alma se dá no momento da concepção, porque a alma possuindo  o elemento modelador do futuro instrumento de manifestação, o corpo físico,  o preparará de acordo com as suas necessidades; muito embora, a ação natural do automatismo genético,  por atavismo,  àquela está atrelado sofrendo a sua influência.

Em virtude disso, a anencefalia é a condição em que o Espírito se apresenta, em virtude de atitude deliberada contra si mesmo, como, possivelmente, ter destruído seu cérebro com arma de fogo, em suicídio, deixando em grande estado de desarranjo vibratório o órgão espiritual, correspondente no físico  ao cérebro  material destruído, em vida passada.

Os pais e demais envolvidos têm comprometimento com tal fato pretérito, que agora têm a oportunidade de reparação, caso não venham a desistir da materpaternidade de expiação, curando suas feridas morais com  dedicação,  renúncia de si mesmos, através da doação de amor, amando sem nenhum outro propósito que não seja amar, mesmo que seja por um período muito curto,  para solucionar problema espiritual que pode, de outra forma, perdurar por séculos, como esclarece a Doutrina Espírita.

 Dorival da Silva