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quarta-feira, 23 de abril de 2025

O Amor Silente

                                                           O Amor Silente 

Fala-se muito de amor! O que é o amor? Onde está o amor?  

O amor é um sentimento-ação desprendido. É difícil de explicar. Um atributo espiritual dessa ordem que não se vê, não se ouve, somente se sente. Esse sentir é quantitativo, qualitativo e exclusivo em cada indivíduo.  

Ninguém poderá sentir o amor em intensidade e qualidade maiores do que as que oferece. Tampouco poderá oferecer o sentimento amoroso de que ainda não conquistou.  

Todos desejam ser amados; no entanto, nem todos desejam amar. Grande parte dos indivíduos não pensa em amar, mas somente ser amada. É o império do egoísmo reinante nas sucessivas gerações -- uma das razões do grande sofrimento existente no mundo.  

Recordando um Espírito amigo da humanidade¹, que ensina ser a Natureza o grande exemplo de amor -- de amor atuante, em outras palavras. As sementes desfazem-se de sua película protetora e realizam grande esforço para vencer as camadas de terra que as sobrepõem, a fim de alcançar a luz solar e oferecer silenciosamente seus frutos, não importando a quem beneficiar.  

Nesse mesmo pensar, caem chuvas sobre terras de pessoas dignas e honestas, tanto quanto sobre terras pertencentes a criminosos e déspotas, oferecendo oportunidade de produçãoNo Universo, os astros, em número incontável e em grupos imensuráveis, percorrem caminhos distintos e em velocidades fantásticas, sem se entrechocarem, sem perturbarem as coexistências universais de suas naturezas. Essa ordem e harmonia são a ação do amor desprendido. Produz-se no silêncio, realiza-se numa ordem harmônica, e somente seus efeitos são percebidos. A fonte desse amor universal todos sabem: “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas-- é Deus! ² 

Os habitantes da Terra, em boa parte, têm o desejo de fazer amor. Total irreflexão: não é possível fazer um sentimento. Embora o sentimento do amor já se encontre em cada indivíduo -- em estado latente, desde sua origem --, ainda não se compreendeu que somente o seu exercício voluntário e persistente poderá revesti-lo do potencial transformador de seu próprio estado espiritual.  

Tudo deve ser realizado com amor, mas isso depende da existência desse sentimento desenvolvido naquele que se propõe realizar algoRealizar com amor é ter clareza do que se faz, vislumbrar seus efeitos e respeitar o direito dos outros.  

O sentimento amor é incompatível com tudo o que não deriva dele. A simpatia, a compreensão, a bondade, o perdão e todos os sentimentos tendentes ao bem fluem do amor. Mas a inveja, o ódio, o rancor, a vingança e tudo o que caminha na direção do mal são a sua ausência. Somente a mudança íntima, sincera e voltada para o bem é capaz de despertar o amor que dormia adormecido, mas existia no ser que tinha preferência para o que lhe era avesso.  

Isso me faz lembrar de algum escrito de Chico Xavier³ que devemos ser como o algodão que envolve em maciez a pedra que o atingeessa é uma possível imagem material do amor, assim entendo.  

Deus, sendo todo amor e bondade, oferece os seus atributos -- dos quais as criaturas nem imaginam a existência -- num silêncio eterno, que se manifesta em todo o Universo.  

Onde percebermos o belo, o harmônico, assim como a alegria e felicidade verdadeiras, estamos contemplando o amor que sorri para quem ama. No entanto, isso não será percebido por aquele em quem o sentimento do amor não vibra na alma. É preciso ter olhos de ver, ouvidos de ouvir e alma amorosa para sentir. 

O amor existe em cada indivíduo, como a semente que precisa acordar e vencer as camadas que a cobrem até apresentar os seus frutos. Todos os Espíritos do Universo surgiram da Fonte Incriadaque é o fulcro do amor impregnados com tal sentimento, num princípio de riqueza a ser desenvolvido, para que o mérito lhes pertença.  Tudo isso, num silêncio profundo dos tempos.  

Amor silente! 

                                   Dorival da Silva. 

¹ Meimei (Espírito), na mensagem: Melodia do Silêncio (14), da obra: Instruções Psicofônicas, psicografia de Francisco Cândido Xavier (10-06-1954).

² O livro dos Espíritos, questão 1, Allan Kardec. 

³ Chico Xavier, Francisco Cândido Xavier, médium espírita, tinha como mentor o Espírito Emmanuel, psicografou cerca de 450 obras, de Espíritos diversos, nasceu em 1910 e desencarnou em 2002.  


quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Perdão!

                                                                          Perdão! 

O perdão é algo de que todos neste mundo precisam. Mas, afinal, o que é o perdão? Os livros religiosos de todos os credos se referem ao perdão.  Quem comete algum erro contra alguém, um equívoco, às vezes pede perdão, quase sempre pró-forma, por hábito, mas, exatamente, não sabe o que isso representa em circunstâncias mais graves.  

Quem não conhece o significado real dessa palavra também não tem ideia das consequências de não perdoar quando se é ofendido, agredido ou maltratado. Devolver a ofensa, o que se denomina vingança, não é o melhor caminho, pois poderá gerar dores e aflições piores que o fato originador da situação.  Caso não faça nada contra o ofensor, mas guarde a mágoa, a revolta, e constantemente fica ressentindo o mal como se o momento de desgosto ainda estivesse ocorrendo, isso traz o adoecimento do indivíduo.  As relembranças dolorosas geram uma massa fluídica negativa no ambiente psíquico, que se potencializa com a insistente revivência, refletindo no emissor suas próprias emanações.     

Persistindo a ausência do perdão, o ofendido continuará conectado mentalmente ao ofensor, levando o seu estado de ódio àquele que lhe magoou. Caso ele também mantenha pensamento negativo em relação ao que se acha ofendido, assim se forma uma corrente mental indestrutível, que se autoalimenta de forças deletérias.  Somente quando uma das partes mudar esse padrão vibratório será possível cessar essa ligação. Com isso, a vida de tal parte, a que perdoou, ou pelo menos mudou suas disposições em relação à outra, começa a apresentar uma melhora vibratória, sentindo-se intimamente melhor.  

Caso a pessoa com uma carga de ressentimento ou ódio de alguém venha a sofrer a morte física e ainda não tenha conseguido nem pensar no perdão, é uma infelicidade!  Pois esses sentimentos continuam com ela, pois lhe pertencem.  Se era o motivo de sua infelicidade, continuará infeliz.  

Então, o que é o perdão? Caso fôssemos analisar filosoficamente, existiria várias argumentações, embora bem fundamentadas, não atenderiam nosso objetivo aqui. Falando de maneira simples, o perdão é uma autorização do ofendido a si mesmo para renunciar todos os ímpetos próprios dos instintos de conservação, que através milênios evoluíram também para o ódio, a vingança...  Mas, agora estamos em outros tempos. A razão precisa estar presente em cada momento da vida e não se pode esquecer que somos seres emocionais. Mais ainda, precisamos estar cientes de que somos espíritos eternos e sempre prestaremos contas à nossa consciência.  Agora temos recursos espirituais para ajudar a discernir a inferioridade ou a dificuldade apresentada pelo agressor e compreender isso, porque em certas ocasiões precisamos da compreensão de outros, quando também temos nossos momentos de infelicidade.  

Diante de ameaça à nossa integridade física, podemos nos defender? Sim, podemos. Se possível, que as divergências sejam solucionadas sem agressividade física ou moral. Caso necessário a intermediação judicial, que a utilize. Mas não permitir que a discordância ou até mesmos o despotismo da outra parte movimente em nós o ódio ou desejo de vingança é essencial. É preciso oferecer a outra face, como ensinado por Jesus Cristo.  O perdão dispensado a alguém nem sempre conserta a confiança quebrada, pelo menos em um curto prazo. O exercício da tolerância é inevitável.  

Quando Jesus dá resposta a Pedro sobre o perdão, tem uma importância para a humanidade muito mais relevante do que se poderia imaginar. Vejamos o texto: "Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." (Mateus, 18:21 e 22).  É bom termos em mente que o Senhor ensinava aos espíritos encarnados e aos desencarnados, de todos os tempos. Podemos verificar seus efeitos em várias obras mediúnicas que narram fatos ocorridos com grupo de pessoas, mostrando as experiências que tiveram na vida corporal e posteriormente na vida espiritual, e em alguns casos, o desdobramento em nova existência física desses indivíduos.  

Em reuniões mediúnicas, das quais participamos semanalmente, parte considerável das dificuldades dos espíritos comunicantes é a falta de perdão. No fundo dos problemas estão os desajustes familiares, traições, infidelidade conjugal, despotismo, indiferença, os desajustes por viciações diversas, feminicídios... Essas circunstâncias, às vezes, ultrapassam um tempo que não podemos avaliar. Em algumas situações, é possível situar o tempo da ocorrência em que os personagens permanecem vivendo e revivendo os fatos objetos dos sofrimentos apresentados. -- Em que ano o senhor ou senhora está vivendo? 18.., 19... Passou um, dois ou mais séculos! Para outros, se passaram décadas.  Uns procuram culpados, outros estão fechados em si mesmos, em ressentimentos profundos. Alguns estão sempre fugindo de perseguidores, carregam a culpa do que fizeram escondidos contra terceiros.   Outros sofrem com a ruína da família, que não souberam cuidar, em virtude da intolerância.  Enfim, sempre a falta do perdão na origem dos problemas. Muitos deram muita importância ao que não tinha nenhum valor, apenas o orgulho ferido, que, cultivado, cresceu e multiplicou seus efeitos nefastos nas vidas que estavam sob o alcance de seus efeitos. Há uma expressão atribuída ao espírito Emmanuel, mentor de Chico Xavier, que representa muito bem esses fatos: "Basta um minuto de invigilância para séculos de regate."    

Jesus, o maior psicólogo, sabia de tudo isso e muito mais. Ele lançava para a humanidade as sementes do perdão das ofensas como elemento neutralizador de sofrimentos que podem exigir tempo longo até que surja a oportunidade para a solução. Até que isso se dê, quanto tempo se perdeu e quanto sofrimento foi suportado?  O perdão incondicional no momento da ofensa evita muito sofrimento.  Para o orgulhoso que não perdoa agora, mesmo que se passem décadas ou séculos, será o perdão de quem o ofendeu e o perdão para si mesmo que irão modificar o seu estado espiritual. Deus, que é Amor e Justiça, concede benefício a qualquer disposição de mudança para o bem. Assim, mesmo que o espírito sofredor ainda não consiga perdoar o ofensor, pelo menos admitir a possibilidade do perdão já é um avanço que se considera, dando-lhe o crédito à possibilidade de evoluir para o perdão definitivo.   Não perdoar as ofensas dos outros também é um erro.  As consequências espirituais mostram isso.  

Sobre o perdão, existe muito mais o que dizer. No entanto, fiquemos por aqui.  Em outro momento, iremos tratar desse assunto com foco nos desdobramentos na presente vida das pessoas. 

Perdão! "Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." 

                                        Dorival da Silva 

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo: