Cada um de nós possui autonomia
É hora de nos libertarmos de concepções antigas. Desde a antiguidade sempre a educação presente nas sociedades foi separatista, considerando o valor que era atribuído à profissão que os indivíduos escolhiam ou lhes era imposta. Geralmente, a escolha ou imposição se dava em virtude do ganho financeiro, do destaque na sociedade ou do poder político. Isso, visando ao poder de influência de grupo familiar, a princípio, preservando e ampliando o seu poderio econômico e financeiro.
Situação que se perpetuou. Incutindo assim, em muitas gerações, esse conceito de trabalho mais importante uns em detrimento de outros. Em tempo mais recuado era de muita importância para as famílias abastadas que existisse entre os seus: um médico ou um advogado e um clérigo. Depois, com a ampliação das possibilidades de os indivíduos frequentarem a academia nos seus variados segmentos mudou-se esse padrão, mas a concepção antiga permaneceu. A visão geral é a que proporciona melhores possibilidades de ganho e destaque no seu meio de atuação.
Será que desta forma é possível ter uma sociedade justa? Sempre vivendo para buscar o melhor ganho financeiro, o melhor destaque social e outras relevâncias de seus interesses, como se somente isso importasse, atendendo a uma visão materialista reinante! Se isso é importante, devemos perguntar a nós mesmos, até quando isso nos servirá? Será até amanhã? Será uma década? Ou…? Do que preciso para viver? E depois desse amanhã? Depois dessa década? Ou…? O que virá? Será que compreendemos bem a razão de estarmos num processo de vida corporal temporário?
Não se busca condenar a tradição, mas sim compreendê-la. Agora estamos no tempo de novo entendimento, novas buscas e perspectivas de futuro. Mas, existe o depois deste futuro que se almeja, o que vem depois desta vida. A perspectiva de novo futuro, daquele que permanecerá depois de tudo, a vida essencial.
Todos os diplomas, todos os bens de família, de grupos econômicos, as riquezas materiais de todas as modalidades do total da geração de seu tempo ficarão onde estiverem. E os seus antigos detentores, como estarão? Quais riquezas de que estarão investidos?
Ao refletirmos sobre a nossa existência além da vida física, aí avançamos o limite de entendimento para além do túmulo. Nesse ponto os nossos corpos cessam suas finalidades e somos nós mesmos que avançamos, com as riquezas de que fomos capazes de acumular em nós mesmos, são os valores morais e intelectuais. Esses valores compõem o patrimônio espiritual. Trata-se de um estado vibratório. Tem, intrínseco, o seu valor, que pode ser positivo ou negativo, conforme a forma como se conquistou tais valores.
Considerando essa autonomia de vida, seja em que condição for, não podemos repassar de nosso patrimônio nenhuma parte de responsabilidade a ninguém, seja boa ou ruim. Existe uma lei natural que regula tudo isso. O que se denomina a Lei de Deus. Essa lei está incrustrada em nós mesmos. Uma das razões que Jesus-Cristo ensinou: “A cada um segundo as suas obras. Mateus, 16:27 – Em outras palavras."
Com isso, a vida pede sempre a reflexão diante de qualquer circunstância, mesmo que tenhamos recebido sugestão de terceiro, até mesmo se formos constrangidos a certas decisões, precisamos ter cautela, porque a decisão final é nossa e suas consequências nos acompanham. É certo que, quem sugeriu algo imoral ou criminoso, tanto quem pretendeu o constrangimento para levar alguém a uma decisão de mesmo sentido, mesmo que não consigam os intentos, eles carregarão consigo a mácula da má intenção. Assim, sempre seremos os responsáveis pelo que é bom e útil, bem como pelo que é contrário a isso.
Com isso, todas as profissões úteis precisam ter os seus exercícios reconhecidos, vez que compõem o tecido de opções da vida. Cada atividade serve ao todo. As melhorias nas atividades sociais dependem da qualidade de cada uma das partes. Razão para a boa formação de cada indivíduo, sob os aspectos intelectuais e morais.
Sendo a nossa vida infinita, a vida espiritual, e que carrega em si todas as experiências, sendo que seremos felizes ou infelizes em razão dessas, faz-se necessário cuidado com a atual existência no corpo. Isso, leva-nos a ser mais seletivos em tudo o que o mundo nos oferece. Requer reflexão e decisões bem conscientes de que não somos daqui, estamos aqui temporariamente, com o objetivo de conquistarmos qualidades, sendo estas de valores positivos para a vida. Devemos considerar que tudo o que demandar de seus efeitos quando negativos teremos que corrigi-lo a qualquer tempo, atrasando a nossa viagem para um estado melhorado. A consciência não tergiversa, não cede, não mente, ela exige a harmonização com a verdade e com a justiça, porque ali está inscrita a Lei Maior.
A autonomia de que estamos falando é uma construção de autoridade sobre si mesmo, de autoconhecimento. Não se trata de egoísmo. Na verdade, é a verdadeira postura da humildade. Saber exatamente o que se é. O que pode fazer. Que contributo pode oferecer ao todo. Ter visão de futuro, o futuro infinito, pois tem consciência de que sempre existirá e tem compromisso com a Humanidade. Assim, entendemos, a visão crística de Jesus-Cristo.
Quem conquistou a autonomia espiritual é harmônico em tudo que realiza, propõe e ensina. Essa condição faz parte de sua natureza. Reportamo-nos novamente a Jesus-Cristo, como maior exemplo que se conhece, Ele é assim!
Também podemos buscar a autonomia que Ele nos demonstrou.
Dorival da Silva