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domingo, 18 de agosto de 2019

O vazio existencial

O vazio existencial

Quando Sigmund Freud iniciou as suas pesquisas com pacientes histéricos especialmente, tornou-se o começo de uma das mais belas e oportunas interpretações da psique humana, dando lugar a uma verdadeira revolução cultural, desmistificando o sexo, suas funções e libertando-o da hipocrisia vitoriana que vigia triunfante.
Foi um período de inesperadas interpretações de transtornos emocionais e somatizações perturbadoras, que puderam ser tratados com cuidado, proporcionando existências menos turbulentas e desastrosas.
Embora a descoberta da libido sexual causasse surpresa e recebesse exagerado significado facultou mais amplas percepções e entendimento a respeito dos conflitos humanos.
Inevitavelmente, ocorreu um exagero na sua interpretação, principalmente por negar a realidade espiritual da humanidade.
Logo depois, Alfred Adler, discordando do mestre, iniciou as investigações nos conflitos da inferioridade humana, que culminaram na Psicologia individual e, com a cooperação de Karen Horney, formaram a Escola Neo-Freudiana.
Horney, ademais, discrepou das diferenças da psicologia de mulheres e de homens, afirmada por Freud e demonstrou que as mesmas resultam mais de fenômenos sociais e culturais do que da biologia.
Relativamente, ao mesmo tempo, Carl Gustav Jung afirmou que a libido, essa energia psíquica extraordinária, representa todas as forças da vida e não somente aquelas de natureza sexual. Procurou analisar as marcas antigas impressas no inconsciente e adotou a doutrina dos arquétipos, propiciando vida exuberante a todos aqueles que se encontram em conflitos desnorteantes.
Cada época da humanidade é assinalada pelas circunstâncias psicologicamente castradoras que respondem por enfermidades somatizadas perversas.
A ciência atual e a tecnologia de ponta proporcionam uma visão quase ilimitada sobre a existência do ser humano e enseja-lhe uma gama de informações que se multiplicam a cada momento, atormentando a cultura hodierna.
O conhecimento rápido e extremamente volumoso quão variado, não tem sido digerido de forma adequada e eis que surgem inquietadores a insatisfação, a frustração, ao lado do medo, da incerteza, do vazio existencial.
Vive-se a época do ter e do poder, do exibir-se e do desfrutar, sem a consequência da harmonia interior e do enriquecimento espiritual.
A aparência substitui a realidade e o importante não é o ser interior, porém o ego exaltado, que provoca inveja e competição no palco da ilusão.
De certo modo, foram perdidos o sentido existencial, o objetivo da vida, o foco transcendente da autorrealização. Em consequência, aumentam as patologias do comportamento e o banquete dos mascarados toma aspecto sombrio quando o álcool, a drogadição e o sexo desvairado passam a enlouquecer os grupos em depressão...
O avanço na direção do abismo na queda pelo suicídio, o abandono de si mesmo ou a violência desgovernada passam a ser a realidade indiscutível do processo de evolução social.
Tudo isso, como decorrência do vazio existencial que se apodera do indivíduo, porque não encontra apoio no sentimento de amor que vem desaparecendo a pouco e pouco do seu desenvolvimento moral.
*
A ambição pelas coisas de imediato significado tem substituído os valores realmente legítimos da emoção, quais sejam: a prece, a meditação, a solidariedade e o afeto.
Torna-se urgente o impositivo de uma alteração de conduta, buscando-se novos focos de interesse existencial, tais como: a conquista da paz, do trabalho de beneficência, da imortalidade.
O ser humano, graças ao seu instinto gregário, necessita de outrem, que contribui com recursos grandiosos, especialmente na área emocional da afetividade para a identificação de realizações em prol do progresso e do equilíbrio social, econômico, moral e ético.
A fraternidade, substituída pelo individualismo deve ceder o seu direcionamento para o conjunto, o todo, a convivência geral, incluindo a Natureza.
O desrespeito às forças vivas do Universo trabalha a favor da destruição do ser humano mais cedo ou tarde.
É imperioso que se trabalhe através da educação, por todos os meios ao alcance, em favor de objetivos sérios e bem estruturados para a existência.
Uma vida sem um sentido bem delineado, estimulador e doador de energias, torna-se apenas um fenômeno vegetativo que deve ser alterado para a dinâmica da autoconscientização.
Todos anelam e mantêm o desejo de liberdade, que somente adquire significado quando acompanhada pela responsabilidade em relação ao comportamento vivenciado, para que se não converta em libertinagem, conforme sucede neste momento em toda parte da civilização.
Esse desregramento, a leviandade com que são tratadas as questões de alto significado, quando atingem o fundo do poço, abrem espaço para governos arbitrários e cruéis que crucificam os países e os mantém sob injunções penosas, degradantes.
Desse modo, uma revisão de conceito em torno do existir é fundamental para preencher-se o íntimo de estímulos, mediante labores significativos e que produzam desafios contínuos.
Assim, o amor ao próximo, como decorrência do autoamor, faz-se terapia preventiva e curadora para quaisquer existências vazias, que se consomem na angústia, em sofrimentos indescritíveis.
Buscando-se a compreensão do sentido existencial que não se constitui de divertimentos ou fanfarronices, constata-se que os ideais do Bem são impostergáveis e ao entregar-se à sua conquista, mediante relacionamentos edificantes, nos quais a fraternidade se responsabilize pela construção do dever, consegue-se a vitória íntima.
Repentinamente, assim procedendo, cada qual que se dedique ao amor, à amizade sem jaça, descobrirá que essa é a meta a ser alcançada e o serviço de auxílio recíproco é o objetivo a que todos se devem dedicar.
A sociedade moderna tem necessidade de compreender que se renasce no corpo carnal para que seja alcançada a plenitude e não exclusivamente para as necessidades inferiores, as biológicas, conforme os estudos de Maslow em muito boa elaborada reflexão.
Assim sendo, a educação da libido freudiana, a superação do conflito de inferioridade adleriano, a compreensão profunda das neuroses, conforme Horney e a iluminação da sombra junguiana, ressurgem no conceito kardequiano, quando afirma que Fora da caridade não há salvação.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica da noite de 5 de setembro de 2018,
no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 13.5.2019.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Medicina reconhece obsessão espiritual

Código Internacional de Doenças (OMS) inclui influência dos Espíritos - Medicina reconhece obsessão espiritual

Por Dr. Sérgio Felipe de Oliveira*

A obsessão espiritual como doença-da-alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. 
No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: biológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado-de-transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.

O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (HOJE OBRIGATÓRIA) de Medicina e Espiritualidade.

Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

*Dr. Sérgio Felipe é médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP.

Extraído do FEB Boletim   -   Junho 2011 -  2ª Quinzena