Mostrando postagens com marcador animal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador animal. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O fenômeno da morte


O fenômeno da morte

Presente e constante na existência humana, o fenômeno da morte constitui uma fatalidade da qual ninguém consegue eximir-se.
Ocorrendo a cada momento nas células, que também se renovam, ocasião chega em que a anóxia cerebral se encarrega de parar as funções do tronco encefálico, interrompendo a ocorrência biológica da vida física.
Todos os seres que nascem morrem, dando prosseguimento ao milagre da vida em outra dimensão, aquela de onde tudo procede.
O objetivo essencial da existência física, em consequência,  é a construção e a vivências dos valores éticos responsáveis pelo progresso incessante do Espírito até o momento em que alcança a plenitude.
Mesmo nos reinos vegetal e animal, o processo de nascimento e morte obedece à planificação do desenvolvimento evolutivo da essência divina presente em tudo e em toda parte como fundamental manifestação da vida.
Desde quando criado o ser, o deotropismo atrai-o com força dinâmica inescapável...
Ao atingir a fase do instinto, desenham-se-lhe no psiquismo, pelas experiências, os pródromos da razão, passo gigantesco no rumo da angelitude.
Fixar os valores que dignificam e elevam, que o libertam das heranças grosseiras da fase antropológica primitiva, torna-se-lhe, portanto, imposição inevitável que o arrasta no rumo da ascese, que se lhe constitui meta a ser conquistada.
Passo a passo, experiência após vivência, a ânsia de alcançar a paz e a sabedoria estimula-o ao prosseguimento, mesmo quando sob ações penosas do sofrimento, decorrente da desatenção e da rebeldia ante as leis que regem o universo.
Parte integrante do Cosmo, essa unidade minúscula que é o ser humano, à semelhança de uma micropartícula que forma a unidade atômica, deve manter a sua constância sob o comando da consciência lúcida que reflete o estágio em que se encontra.
As ocorrências desastrosas por falta de discernimento, por teimosia dos instintos agressivos, retardam-lhe a marcha, sem dúvida, porém, não impedem que ocorram novas oportunidades vigorosas em provações ou expiações pungitivas que se encarregam de corrigir as anfractuosidades morais e os desvios comportamentais, impondo a conduta correta como a solução adequada para o equilíbrio e o bem-estar.
Viver é automático, porém, bem viver, selecionando as questões que promovem os sentimentos e a inteligência em níveis mais elevados, para a conquista da sabedoria, deve ser o objetivo de máxima importância para todo viajante na indumentária carnal.
Sócrates, totalmente lúcido e decidido a demonstrar a sua grandeza moral em fidelidade a tudo quanto ensinou e viveu, recebeu a morte como um grande bem.
Instado a fugir por Críton, que houvera organizado um plano audacioso com os seus demais amigos, surpreendeu-se e o repreendeu, demonstrando que as leis, mesmo quando injustas, devem ser obedecidas, de modo que a sociedade aprenda a estabelecer códigos de nobreza.
Caso fugisse, evidenciaria que era realmente o que dele diziam os inimigos, especialmente aqueles que o levaram ao tribunal com infâmias grosseiras.
E sofismando a respeito da existência, qual fizeram antes os juízes, anuiu com tranquilidade à sentença infame, demonstrando que a existência física é uma experiência de iluminação e não uma pousada para o prazer infinito.
Buda, de igual maneira, despedindo-se dos discípulos que aguardavam mais informações, a fim de darem continuidade à divulgação dos seus pensamentos, informou que lhes legava o dharma – a ordem universal imutável – e, serenamente abandonado por muitos que antes o assistiam, silenciou a voz e retornou à pátria da imortalidade.
Jesus é o exemplo máximo, porque no auge dos sofrimentos pôde pronunciar frases que assinalariam com vigor a sua despedida, desde o perdão aos crucificadores que não sabiam o que estavam fazendo (Lucas, 23:34), até entregar a mãezinha aos cuidados do discípulo amado e este ao seu carinho (João, 19:26-27), rompendo os laços da consanguinidade terrestre em favor da fraternidade universal.
Foi mais além, dialogando com o ladrão que lhe suplicava ajuda e socorrendo-o com a resposta da sublime esperança da sua entrada no reino dos Céus (Lucas, 23:43), assim que se desvencilhasse das asperezas dos erros, e se cumprisse tudo para quanto viera, num inolvidável silêncio após o tudo consumado(João, 19:30).
Logo mais, porém, retornava em júbilo na madrugada esplendente de sol e de beleza, confirmando a imortalidade e o triunfo da vida sobre contingência material, de modo que os amigos e quantos outros que o viram pudessem superar a injunção corpórea e voar nos rumos do Infinito.
Francisco de Assis, sofrido pela ingratidão de alguns dos melhores companheiros, ferido e maltratado, sem forças nem resistências orgânicas, exauriu-se lentamente, cantando sempre até o último hausto, a ponto de ser censurado por tanta alegria...
Todos aqueles que descobriram a imortalidade enfrentaram o fenômeno da consumpção dos tecidos orgânicos com estoicismo e naturalidade, alegrando-se com o término da tarefa terrestre abraçada, de modo a retornarem vitoriosos ao grande Lar de onde partiram no rumo do planeta terrestre.

*

Reflexiona diariamente a respeito da tua partida em direção à imortalidade, preparando-te, a fim de que não te fixes em interesses mesquinhos retentivos da retaguarda material.
Treina o pensamento em considerações constantes em torno da desencarnação, porquanto ela chegará, talvez, quando menos a esperes.
Se tiveres a felicidade de enfermar por longo prazo, diluindo os liames retentivos do corpo físico, isto será uma bênção.
Mas se fores convocado repentinamente, deixa-te conduzir com alegria, certo de que viverás.
Nada obstante, prepara-te conscientemente para enfrentar esse fenômeno terminal, agradecido ao corpo que te vem servindo de instrumento para a evolução, bem como a tudo quanto te ocorre na atual conjuntura evolutiva.
 
                                                                    Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de
2 de junho de 2014, na residência de Dominique e
Armandine Chéron, em Vitry-sur-Seine, França.
Em 8.12.2014.
A mensagem acima foi copiada do sítio:
http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=287

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A Ciência em Kardec - Parte 1

NUBOR ORLANDO FACURE                                              
lfacure@uol.com.br                                            
Campinas, SP ( Brasil)

Nubor Orlando Facure

A Ciência em
Kardec
Parte 1

Na segunda metade do Século XIX, quando Allan Kardec codificou a Doutrina Espírita, a Ciência humana recebia o trabalho gigantesco de sábios ilustres, Espíritos de elevada estatura que vieram até nós para modificar nossa compreensão sobre importantes fenômenos da natureza. O método científico já estava discutido e divulgado por filósofos da estatura de Descartes e Bacon. Agora, a experimentação iria se estabelecer como a melhor forma de produzir conhecimento.
Vale a pena fazermos uma revisão histórica desse momento vivido por Kardec e pinçarmos, nos seus textos, a contribuição que a Doutrina Espírita estava trazendo para a Ciência naquela época. Com o que conhecemos hoje, temos certeza de que o cientista daquele século não tinha informações suficientes para compreender tudo o que estava sendo revelado mediunicamente para Allan Kardec. Fica, também, a certeza de que até aos dias de hoje ainda não temos alcance para abrangermos cientificamente toda a obra da codificação. Há nela informações que a Ciência humana levará tempo para confirmar e compreender. 

O obscurantismo medieval 

O século de Kardec estava saindo definitivamente do ranço obscurantista que dominava a Ciência da época. Até o final da Idade Média acreditava-se que a “idade da Terra” não passava de 4.600 anos; que os fósseis não tinham nenhuma ligação com o nosso passado; que o homem fora criado num paraíso que ele desrespeitou comendo o fruto proibido e, mesmo assim, ainda ocupava um lugar privilegiado entre todos os seres criados por Deus; que a vida podia nascer na água empoçada ou no meio de roupas velhas; que a madeira se queimava pela presença nela de um “flogístico”; que a eletricidade era tida como um fluido que podia se deslocar obedecendo a forças de atração e repulsão, assim como a água se desloca dos lugares mais altos para os mais baixos; que a luz se deslocava pelo Éter; que a matéria era formada por substâncias, umas elementares outras complexas, que se misturavam obedecendo a leis de afinidade ainda desconhecidas; que algumas substâncias, chamadas de “orgânicas”, só poderiam ser produzidas pelos organismos vivos; que os corpos pesados caíam em decorrência de sua tendência de ficar na Terra.         

Início das descobertas  

Na época de Kardec a Ciência ainda não produzira seus grandes avanços tecnológicos. Até 1834 uma das maiores descobertas feita por um cientista tinha sido o para-raios desenvolvido por Benjamim Franklin.
Entretanto, as Leis fundamentais que permitiriam o nascimento da Ciência moderna já tinham sido descobertas:
Galileu conseguiu comprovar a teoria heliocêntrica de Copérnico e enunciava as primeiras Leis do movimento.
Newton descobrira a matemática da gravidade, explicou o vaivém das marés, a oscilação do pêndulo, a queda dos corpos, a órbita dos astros, e fragmentou a luz sugerindo sua propagação por partículas.
Lavoisier começara a esclarecer a química da respiração e estabelecera leis de conservação da matéria.
Charles Lyell iniciou o estudo da estratificação de áreas geológicas expandindo a idade da Terra em alguns milhares de anos.
Cuvier inaugurava os estudos da paleontologia. 
Na filosofia, René Descartes introduzira a reflexão, analisou a conveniência da dúvida, destacou a importância do pensamento racional e separou o estudo do corpo e da alma.
Vessálius revolucionou a anatomia do corpo humano que ele dissecava como uma máquina cujas peças podiam ser desmontadas à semelhança dos relógios e dos moinhos.
Mesmer defendeu a existência do magnetismo animal e fez surgir o sonambulismo provocado.
Galvani se encantara com a eletricidade nas patas de uma rã e Volta descobriu a química que produziria a eletricidade numa pilha rudimentar.
Na Inglaterra, o filósofo Francis Bacon ensinara como observar e experimentar com a natureza, reunindo os fatos, organizando as ideias e produzindo leis gerais a partir do raciocínio indutivo. 
Vultos iluminados 
Curiosamente, no mesmo momento em que a espiritualidade inspirava Kardec na produção do seu grande trabalho espiritual, a humanidade recebia pela mão de cientistas excepcionais um volume considerável de descobertas no campo das Ciências da matéria.
Charles Darwin e Alfred Wallace divulgaram seus trabalhos sobre a origem e a evolução das espécies.
Richard Virchow, patologista alemão, afirmava que toda célula viva provém de outra célula.
Na Inglaterra, Faraday ampliou nossos conhecimentos sobre a eletricidade e Maxwell reuniu em suas leis a eletricidade e o magnetismo, conseguindo incluir a luz entre os fenômenos eletromagnéticos.
No laboratório de fisiologia, na França, Claude Bernard descobriu a importância da estabilidade dos elementos químicos do sangue e Louis Pasteur iniciou suas pesquisas com a fermentação, invalidou a geração espontânea e, mais tarde, inaugurou a vacinação contra a raiva.
Em 1804, Franz Gall revolucionou a interpretação do cérebro criando a frenologia (citada por Kardec na Revue Spirite de julho de 1860, p. 198, Frenologia e fisiognomia) e em 1864 Paul Broca descobriu a área do cérebro relacionada com a fala. 
Tópicos de Ciência em Kardec 
Vamos fazer agora uma coleta de informações científicas em duas obras da codificação – O Livro dos Espíritos (1857) A Gênese (1868). A Ciência de hoje está a um século e meio distante dessas obras e só agora começamos a atinar com a importância dos seus textos. Vamos abordar apenas alguns poucos tópicos que nos pareceram instrutivos. 
A origem do Universo - Na época de Kardec a Ciência não tinha qualquer proposta para a origem do Universo. Foi só em 1927 que a teoria da grande explosão – o Big Bang –  começou a ser enunciada. Uma grande concentração de energia, surgida do nada, teria provocado, há 13 ou 15 bilhões de anos, a explosão que produziu toda a matéria contida no Universo. Um efeito popular dessa teoria é que ela sugere um início para o mundo em que vivemos e satisfaz a visão teológica dos que admitem o momento bíblico da Criação quando “Deus fez a luz”.
Mais recentemente, a física quântica introduziu o conceito de antimatéria e levantou a possibilidade de existir outros Universos além da realidade física em que transitamos.
Nas lições que os Espíritos nos deixaram, a criação é eterna, renova-se permanentemente, e nossa inteligência não está em condições de apreender qualquer início para o Universo – “não desapareceu essa substância donde provêm as esferas siderais; não morreu essa potência, pois que ainda, incessantemente, dá à luz novas criações e incessantemente recebe, reconstruídos, os princípios dos mundos que se apagam do livro eterno” (A Gênese cap. VI, item 17).         
Elementos do Universo - A Ciência de hoje vive alguns dilemas contraditórios. Só admite a existência da matéria, enquanto suas mais recentes teorias propõem que o que existe é energia e a matéria é uma de suas transformações. Não aceita a existência de um mundo imaterial, mas reconhece a necessidade da mente para a percepção da realidade física. E não sabe de onde se origina essa energia nem consegue ter certeza do que é a mente.
Na Filosofia, as substâncias do Universo foram sempre uma preocupação importante. Tales de Mileto considerava que tudo procede da água. Empédocles adotou os quatro elementos, que passaram a fazer parte do conhecimento ocidental por dois milênios – a terra, a água, o ar e o fogo. Tomás de Aquino acrescentou-lhes uma substância espiritual. René Descartes considerava dois elementos – o res cogitans (o sujeito pensante) e o resextensa (o objeto, a matéria). Espinoza falava em apenas uma substância e Leibnitz criou a ideia de infinitas mônadas, sendo a Alma a maior dessas mônadas.
Para a Doutrina Espírita existem “dois elementos, ou, se quiserem, duas forças regem o Universo: o elemento espiritual e o elemento material. Da ação simultânea desses dois princípios nascem fenômenos especiais” (A Gênese, Introdução). Acrescenta, ainda, que “não há, em todo o Universo, senão uma única substância primitiva” – o fluido cósmico universal. 

A vida Dois momentos do século passado marcaram definitivamente nossa compreensão sobre a vida. A conferência sobre “O que é vida?” que Erwin Schroedinger proferiu em fevereiro de 1943 em Dublin e a publicação de Francis Crick e James Watson de seus estudos relativos à descoberta do DNA em 25 de abril de 1953 – “o oitavo dia da criação”.

O genial físico Erwin Schroedinger propôs que a hereditariedade seria transmitida por um cristal aperiódico, o que permitiria seu estudo com métodos radiológicos. A partir daí, Crick e Watson descobriram a química da dupla hélice que contém nossos genes. Schroedinger sugeriu, também, que a vida exige um aporte externo de energia para conservar sua baixa entropia, o que corresponde a uma alta organização. A termodinâmica dos seres vivos pressupõe a ordem a partir da desordem.

O Espiritismo ensina que a matéria orgânica assume propriedades especiais quando nela atua o “princípio vital”. É no fluido cósmico universal que reside o princípio vital que tem a capacidade de dar “origem à vida dos seres e a perpetua em cada globo” (A Gênese, cap. VI, item 18). É nessa matéria “vitalizada” pelo princípio vital que irá se desenvolver o “princípio inteligente”. 
A origem do homem - O homem atual é classificado como uma espécie única denominada Homo sapiens. Ele habita a Terra há cerca de 200 mil anos e é procedente da evolução de hominídeos e outras espécies do gênero Homo cujos achados fósseis já se contam às dezenas.
Há duas correntes que tentam explicar a presença da nossa espécie em lugares tão variados da Terra. Para alguns, nós tivemos uma origem única em território africano e para outros é possível que tenhamos tido origem em diversos pontos do globo. Kardec aborda a origem do homem no capítulo XI de A Gênese e sugere que o corpo humano teria tido origem em diversos pontos da Terra; quanto ao Espírito humano, ele se desenvolveu tanto no planeta como migrou de outros mundos do nosso Universo.         
A origem e evolução das espécies - Charles Darwin publicou “A origem das espécies” dois anos após a primeira edição de O Livro dos Espíritos. Darwin sugere a evolução biológica para explicar a variedade das espécies, enquanto Kardec apresenta a evolução espiritual como princípio fundamental para justificar os propósitos da vida.
Darwin veio comprovar que todas as espécies vivas têm uma origem comum. O homem deixa de ser criatura que já nasce pronta nos jardins do Éden, para percorrer junto com todas as outras espécies a mesma  árvore da vida, obedecendo no percurso de milênios a transformações adaptativas.
Já ensinam, claramente, os Espíritos superiores que orientavam Kardec, que “o Espírito não chega a receber a iluminação divina que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização” (A Gênese, cap. VI, item 19).   
Ideias inatas - Essa discussão esteve provocando os filósofos durante milênios. Platão considerava que a alma, ao nascer, já traz conhecimentos que adquiriu no mundo das ideias. No mito da caverna ele sugere que nossa vida material é apenas o reflexo de um mundo verdadeiro pré-existente, e fonte de todo conhecimento. Seu discípulo Aristóteles atribuía o aprendizado à experiência e acreditava que todo conhecimento provém dos sentidos. John Locke também via a mente como uma “tábula rasa”. René Descartes, pelo contrário, defendia a existência de ideias que nos são inatas, como a noção de Deus, as ideias matemáticas e as verdades eternas.
Atualmente essa polêmica envolve, principalmente, a biologia e a neuropsicologia. A descoberta dos genes permitiu-nos conhecer mais profundamente a extensão das nossas heranças e a discussão se estabeleceu em torno de quanto nosso conhecimento é aprendido através da experiência e quanto os genes programam nossos comportamentos. O dilema ganhou fama dividindo ambientalistas e geneticistas na expressão “nature versus nurture” (ambiente versus hereditariedade; aprendizado versus instinto). Nos dias de hoje, ninguém mais duvida da participação tanto dos genes como da estimulação do ambiente na produção do conhecimento.
Na questão 218–a, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta se a teoria das ideias inatas não seria apenas uma quimera. Os Espíritos nos ensinaram que “os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da matéria, o Espírito sempre os tem presentes. Durante a encarnação, esquece-os em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso. Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente”. (Continua na próxima edição desta revista.) 
 

Nubor Orlando Facure é médico neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro de Campinas-SP. Ex-professor catedrático de Neurocirurgia na Unicamp (Universidade de Campinas), é escritor e expositor espírita.

Texto extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano7/336/especial.html
 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Fragilidade humana



O invólucro material, em razão da sua pesada estrutura, bloqueia muitas faculdades que são inerentes ao Espírito, quando esse reencarna no orbe terrestre. 
Valores éticos e condutas saudáveis adormecem nos painéis do inconsciente atual, tornando-se necessário especial treinamento para transformar os seus vestígios, em forma de tendências, em manifestações lúcidas que possam assomar à consciência. 
Nada obstante, em razão das heranças do primarismo, com mais amplitude expressam-se, predominando, de alguma forma, em sua natureza animal. 
Arraigadas, as paixões primevas fazem-se mais difíceis de serem eliminadas, por haverem criado automatismos que se tornam hábitos aceitos e de contínuo praticados. 
Denominem-se todos os indivíduos quantos assim se encontram como seres fisiológicos, pela característica dominante dos instintos básicos, não direcionados os sentimentos, ainda, para a razão que os pode transformar, facultando-lhes substituição pelas emoções, num estágio superior de reflexão e de comportamento com objetivos relevantes. 
O ego vigoroso libera a sombra que o segue e as heranças morais doentias dominam-no, permitindo o prolongamento do estágio primitivo. 
Costuma-se justificar a falência dos compromissos elevados com o velho chavão de que a carne é fraca, concedendo-lhe predomínio no direcionamento da conduta moral. 
O ser humano é a essência que comanda a máquina orgânica, que se lhe submete, na exceção compreensível dos fenômenos do automatismo biológico, devendo a mesma conceder-lhe direcionamento equilibrado. 
Se o Espírito ainda permanece adormecido no campo da sua consciência, sem empreender o esforço para o despertamento, repete as existências físicas em um círculo vicioso, sem maior proveito, até quando as Leis da Vida impõem-lhe as expiações retificadoras. 
A reencarnação tem, pois, por objetivo essencial proporcionar o desenvolvimento ético-moral do ser profundo, liberando-o das anfractuosidades primitivas que lhe impedem expressar em plenitude. 
O diamante bruto guarda a estrela refulgente na sua intimidade, e, para libertá-la, sofre a lapidação. 
Como decorrência dessa condição primária, o ser humano que se permite a condição, aceitando-a, sempre é frágil diante dos desafios, tombando na vala do erro, do crime e da perversidade em que mais se compromete. 
Aquele, porém, que se trabalha, elegendo a trilha saudável do bem proceder, faz-se indivíduo psicológico, porque nele destacam-se as manifestações do equilíbrio ético, dos valores dignificantes, da sábia manifestação mental, dos instrumentos conhecidos como virtudes. 
A busca das virtudes e a sua consequente incorporação no cerne do ser é a meta que deve ser vivenciada, facultando o estado numinoso, de conquista do reino dos céus.
*   *   *
Surpreendes-te com a degradação de companheiros que se apresentam com boa compostura exterior, sem a real vivência de tudo quanto aparentam no seu aspecto formal. 
Produzem-te desencanto as defecções morais dos amigos nos quais confias, não correspondendo às qualidades que tipificam o cidadão correto. 
Ralam-te os sentimentos os comportamentos inadequados, soezes, daqueles que sorriem e mentem, afagam-te e traem-te, expressam-te amizade e censuram-te pelas costas. 
A fragilidade humana é responsável por esses acidentes espirituais dos viajores desprovidos das riquezas interiores. 
Esses amigos ainda não conseguem conduzir-se em segurança no patamar da honradez. 
A paixão e a atração onzenária continuam seduzindo-os e arrastando-os aos desvãos da desonestidade. 
Em consequência, sintonizam com outros Espíritos infelizes que os assessoram, seus cômpares talvez de ontem, mas que os aguardarão amanhã após a sua desencarnação. 
Não te constituam motivo de desânimo, porque, em contrapartida, outros Espíritos nobres movimentam-se ao teu lado, sustentando-te os esforços e os ideais de beleza e de vida. 
O mau exemplo de alguns deve servir-te de lição para que porfies nos compromissos elevados que abraças. 
Apieda-te dos desonestos, dos desertores, dos que enganam, considerando as resistências morais frágeis que se permitem com a concordância da consciência anestesiada. 
Despertarão mais tarde açodados pela culpa, seguidos pelas suas vítimas clamando por justiça. 
Ninguém foge de si mesmo.
Aqueles que sempre transferem as responsabilidades dos seus deslizes aos outros, não se conhecem, e, na sua insânia, acreditam-se vítimas, apresentam-se como sendo perseguidos. 
No âmago do ser, porém, eles sabem, eles vivem despidos de aparências enganosas perante a sua razão. 
De tua parte, faze-te forte, embora a condição humana, porquanto cada qual torna-se o que cultiva, o que aspira, aquilo por que luta. 
Supera as tentações de qualquer natureza pelo bem proceder e jamais te arrependerás. 
A traição do infiel não pode produzir-te dano, porque ele é quem carrega a responsabilidade do ato infeliz. 
Nunca te facultes o ressentimento em relação aos que te enganam e te vilipendiam, porque estarias vitalizando-lhes a maldade, dando-lhes a atenção que eles desejam. 
Há temperamentos humanos ardentes e de efêmera duração. Assemelham-se ao fogo, que se nutre do combustível que consome, tudo reduzindo a cinzas, quando acaba a chama e o calor.
*   *   *
Há temperamentos humanos suaves como a água gentil em delicada corrente, que dá vida, sustenta-a e permanece fluindo. 
Comparando-os, na sua condição evolutiva, são seres fisiológicos e psicológicos, respectivamente. 
Cabe-te adotar a melhor conduta em tua existência, que te fará arder, aniquilando-te, ou nutrir, vitalizando-te e seguindo sempre contigo. 
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em sessão mediúnica de
2 de maio de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
Salvador, Bahia.

Em 3.12.2012.

Mensagem  extraída  do site: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=310