Mostrando postagens com marcador Sócrates. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sócrates. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de outubro de 2021

KARDEC E NAPOLEÃO

 KARDEC E NAPOLEÃO

 

Logo após o Brumário (9 de Novembro de 1799), quando Napoleão se fizera o primeiro Cônsul da República Francesa, reuniu-se, na noite de 31 de Dezembro de 1799, no coração da latinidade, nas esferas Superiores, grande assembléia, de espíritos sábios e benevolentes, para marcarem a entrada significativa do novo século.

Antigas personalidades de Roma Imperial, pontífices e guerreiros das Gálias, figuras notáveis da Espanha, ali se congregavam à espera do expressivo acontecimento.

Legiões dos Césares, com os seus estandartes, falanges de batalhadores do mundo gaulês e grupos de pioneiros da evolução hispânica, associados a múltiplos representantes das Américas, guardavam linhas simbólicas de posição de destaque.

Mas não somente os latinos se faziam representados no grande conclave. Gregos ilustres, lembrando as confabulações da Acrópole gloriosa, israelitas famosos, recordando o Templo de Jerusalém, deputações eslavas e germânicas, grandes vultos da Inglaterra, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas, sacrificadores das divindades olímpicas, renomados sacerdotes da Igreja Romana e continuadores de Maomet ali se mostravam, como em vasta convocação de forças da ciência e da cultura da Humanidade.

No concerto das brilhantes delegações que aí formavam, com toda a sua fulguração representativa, surgiam Espíritos de velhos batalhadores do progresso que voltariam à liça carnal ou que a seguiriam, de perto, para o combate à ignorância e a miséria, na laboriosa preparação da nova era da fraternidade e da luz.

No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência de suas almas, achavam-se Sócrates, Platão Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Tomás de Aquino, S.Luis de França, Vicente de Paulo, Joana D’Arc, Tereza d’Avila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Mílton, Cristóvão Colombo, Gutenberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Alighieri para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre; e, em planos menos brilhantes, encontravam-se, no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luís XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame Roland, André Chenier, Bailly, Camile Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e Rousseau.

Depois da palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram na direção do plano carnal e, em breves instantes, do seio da noite, que velava o corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custodia de esclarecidos mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes, confrontadas com as feéricas irradiações do palácio festivo.

Era um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam à vida espiritual, para a reafirmação de compromissos.

À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu característico.

Recebido por diversas figuras da Roma antiga, que se apressavam em ofercer-lhe apoio e auxilio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora preparada.

Entre aqueles que o seguiram, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades reencarnadas no Planeta, como Beethoven, Ampère, Fúlton, Faraday, Goethe, João Dálton, Pestalozzi, Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da independência do mundo.

Acanhados no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém-vindos banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.

O Primeiro-Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões, limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram, de modo diverso, como se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso infinito...

Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.

Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam sem seres humanos, nimbados de claridade celestial.

Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações...

Musicistas invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas.

A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.

Foi então que o corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se genuflexo, diante dele.

O celeste emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para o Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:

- Irmão e amigo ouve a verdade, que te fala em meu espirito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento...

César ontem, e hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da luz!

    Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!...

Aqui se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te acompanham nos conflitos da Farsália, de Tapso e de Munda, remanescentes das batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e expectação... Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos... Agora, porém, o Supremo Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que te não esqueças da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos iniciar.

Colocado pela Sabedoria Celeste na condição de timoneiro da ordem, no mar de sangue da Revolução, não olvides o mandato para o qual fostes escolhido.

Não acredites que as vitórias das quais fostes investido para o Consulado devam ser atribuídas exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor expressa-se nas circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem ambição e reger sem ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não arrojes aos precipícios da tirania e da violência!...

Indicado para consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo que descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do poder.

Não te fascines pela vaidade que buscará coroar-te a fronte... Lembra-te de que o sofrimento do povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil, é o preço da liberdade humana que deves defender, até o sacrifício. Não te macules com a escravidão dos povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus compromissos com o exclusivismo e com a vingança!...

Recorda que, obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e vale-te da oportunidade para santificar os excelsos princípios da bondade e do perdão, do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu glorificado sólio de sabedoria e de amor!

Se honrares as tuas promessas, terminará a missão com o reconhecimento da posteridade e escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas responsabilidades forem menosprezadas, sombrias aflições amontoar-se-ão sobre as tuas horas, que passarão a ser gemidos escuros em extenso deserto...

Dentro do novo século, começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra.

Novas concepções de liberdade surgirão para os homens, a Ciência erguer-se-á a indefiníveis culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro e o tráfico de criaturas livres e a religião desatará os grilhões do pensamento que, até hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem perdão!...

Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o Senhor te abençoe!...

                                             ***

Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias cortes resplandecentes, voltava para o Alto, a inolvidável assembleia se dissolvia...

O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito.

                                             ***

Em 3 de outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lião, mas o Primeiro-Cônsul da República Francesa, assim que se viu desembaraçado da influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne, confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando e, embriagado de poder, proclamou-se Imperador, em 18 de maio de 1804, ordenando a Pio VII viesse coroá-lo em Paris.

    Napoleão, contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente situado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro. 


-----------------------------------------------


Nota:   Inserimos a página acima em homenagem aos 217 anos de nascimento de Hippolyte Léon Denizared Rivail (1804) - Allan Kardec (1857), que consta da obra: Cartas e Crônicas, de Francisco Cândido Xaiver,  capítulo 28, pelo Espírito Irmão X. Mantivemos a ortografia original da época de sua publicação (1966). 


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Cuidados


Cuidados

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã, cuidará de si mesmo”. - Jesus. (Mateus, 6:34.)
Os preguiçosos de todos os tempos nunca perderam o ensejo de interpretar falsamente as afirmativas evangélicas.
A recomendação de Jesus, referente à inquietude, é daquelas que mais se prestaram aos argumentos dos discutidores ociosos.
Depois de reportar-se o Cristo aos lírios do campo, não foram poucos os que reconheceram a si mesmos na condição de flores, quando não passam, ainda, de plantas espinhosas.
Decididamente, o lírio não fia, nem tece, consoante o ensinamento do Senhor, mas cumpre a vontade de Deus. Não solicita a admiração alheia, floresce no jardim ou na terra inculta, dá seu perfume ao vento que passa, enfeita a alegria ou conforta a tristeza, é útil à doença e à saúde, não se revolta quando fenece o brilho que lhe é próprio ou quando mãos egoístas o separam do berço em que nasceu.
Aceitaria o homem inerte o padrão do lírio, em relação à existência na comunidade?
Recomendou Jesus não guarde a alma qualquer ânsia nociva, relativamente à comida, ao vestuário ou às questões acessórias do campo material; asseverou que o dia, constituindo a resultante de leis gerais do Universo, atenderia a si próprio.
Para o discípulo fiel, agasalhar-se e alimentar-se são verbos de fácil conjugação e o dia representa oportunidade sublime de colaboração na obra do bem. Mas basear-se nessas realidades simples para afirmar que o homem deva marchar, sem cuidado consigo, seria menoscabar o esforço do Cristo, convertendo-lhe a plataforma salvadora em campanha de irresponsabilidade.
O homem não pode nutrir a pretensão de retificar o mundo ou os seus semelhantes de um dia para outro, atormentando-se em aflições descabidas, mas deve ter cuidado de si, melhorando-se, educando-se e iluminando-se, sempre mais.
Realmente, a ave canta, feliz, mas edifica a própria casa.
A flor adorna-se, tranquila; entretanto, obedece aos desígnios do Eterno.
O homem deve viver confiante, sempre atento, todavia, em engrandecer-se na sabedoria e no amor para a obra divina da perfeição.



Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 152. Obra publicada em 1951.

--------------------------------------------------------------------------
Reflexão: Desde a antiguidade,  a partir de Sócrates, depois Jesus, e modernamente o advento da Doutrina Espírita, o homem percebia a verdade possível nas tradições, depois nos Evangelhos do Mestre Galileu, agora nos chega a orientação da Espiritualidade Superior para o encaminhamento à melhoria dos povos destes tempos.

Os tempos modernos apresentam conforto e facilidades materiais, conquanto desconfortos e dificuldades morais e espirituais.  Porquê? Há confusão no entendimento da vida, ainda não se compreende a existência da reencarnação, quer dizer, estar novamente investido de um corpo de carne para se viver uma nova experiência no Mundo material. 

Esse entendimento facilita a compreensão de que se vive vida material, num corpo de carne, ao mesmo tempo se vive uma vida espiritual, sendo que uma interfere na outra, considerando que sempre é a vida do Espírito que permanece quando o corpo perde sua vitalidade por infinitas circunstâncias e morre. 

O conforto e as facilidades permitidas pelas tecnologias são motivações para a geração pelo ser humano de uma ilusão de estar bem, porque suas necessidades materiais estão bem atendidas, apresentando um estado de felicidade ilusório. Produzindo necessidades acessórias e desnecessárias, muitas vezes fantasiosas, perdendo-se tempo e energia preciosos para a economia da vida.

O trânsito do espírito humano pela experiência da reencarnação é algo extraordinário para a evolução do Espírito, se souber aproveitar o tempo que a vida do corpo permite. 

A realidade é que todos os momentos da vida na Terra precisam ser entendidos como uma produção de melhoria da condição espiritual, o que, possivelmente, não se obterá no usufruto permanente de confortos materiais, mesmo que conquistados pelos meios lícitos. É justo que se utilize dos confortos conquistados, mas que não seja isto o objetivo principal da vida, pois, assim, causa um amolentamento da vontade para superar os obstáculos que são imprescindíveis ao melhoramento da vida espiritual.

É bom que façamos reflexões sobre a vida que levamos, se estamos alimentando ilusão, se estamos nos apresentando com valores que ainda não conquistamos, isto é fingimento, é ilusão, desaparecerá no primeiro teste de veracidade, restando a frustração. 

A morte do corpo, o deixar a carne, a desencarnação, não livrará ninguém da verdade, porque descortinará a consciência, mostrando a verdadeira posição do indivíduo diante da vida. 

Como aponta a mensagem inicial: "Depois de reportar-se o Cristo aos lírios do campo, não foram poucos os que reconheceram a si mesmos na condição de flores, quando não passam, ainda, de plantas espinhosas".

É hora de despertar!

                                                          Dorival da Silva

  



quinta-feira, 16 de junho de 2016

Exaltação ao Livro Espírita

Exaltação ao Livro Espírita

Repositório feliz da trajetória histórica da Humanidade, o livro é o silencioso mensageiro dos tempos, apresentando os fastos das culturas do passado e as narrativas sobre homens e mulheres que desfilaram pelas páginas das diferentes épocas e jazem hoje amortalhados, porém vivos, aguardando ser consultados.

Desde as escritas rupestres às estelas de pedras, às argilas, papiros, pergaminhos, tábuas, peles de animais até o momento grandioso da descoberta do papel, a partir dos sinais toscos e informes até às letras e caracteres bem definidos, as mensagens vivas referindo-se às glórias e misérias da humanidade passaram através dos seus registros de uma para outra geração, eternizando os acontecimentos.

Foi ele que auxiliou o desenvolvimento da razão humana e contribuiu decisivamente para a conquista do conhecimento, abrindo mais amplos e grandiosos espaços para o pensamento.

Imortalizado através dos evos, alcançou este momento relevante de tecnologia insuperável, permanecendo insubstituível.

Não obstante a glória da ciência virtual, ele prossegue oferecendo contribuição própria indispensável ao processo de evolução das criaturas.

Perpetuando o pensamento oriental, rico de sabedoria e de mística, na Grécia e em Roma preservou para o futuro a genialidade de Trucídides, de Ésquilo, de Hesíodo, de Sócrates, de Platão, de Aristóteles, de Hipócrates, de Leucipo, de Epicuro, de Heródoto, de Pitágoras, de Homero, de Cícero, de Ovídio e de incontáveis mensageiros de Deus e do progresso para auxiliarem o ser humano no avanço inevitável para a aquisição da sabedoria.

Posteriormente, em diferentes períodos, fez-se a alavanca para impulsionar a cultura, tornando-se responsável pelos momentos grandiosos das decisões magnas da sociedade.
Através de Shakespeare ou de Charles Dickens, de Dante Alighieri ou de Voltaire, de Teresa de Jesus, a santa de Ávila, ou de Jean Jacques Rousseau, de Sór Juana Inés de la Cruz ou do Marquês de Beccaria penetrou no bojo das criaturas humanas e fez desmoronar as masmorras da ignorância ou construiu-as na emoção de muitos, assinalando profundamente cada época.

Graças a Goethe através de Os sofrimentos do jovem Werther, induziu ao suicídio inúmeros adolescentes frustrados afetivamente que se identificavam com o drama da infeliz personagem, sulcando vidas com amargura. O mesmo aconteceu com Tolstoi, no seu Anna Karenina, de que se arrependeria dolorosamente mais tarde...

No entanto, noutros momentos desencarcerou milhões de vidas quando se apresentou como fonte geradora de esperanças no formato de Obras espirituais em todas as culturas, culminando em O Novo Testamento, que retrata o maior momento da História.

Apesar da missão sublime de que se encontra investido, nem sempre aqueles que o escrevem dão-se conta da sua significação e objetivo.

Por isso, no livro espírita encontramos a mensagem de vida eterna desvestida de sortilégios e dogmatismos, refletindo a transparente claridade da Vida exuberante.

Foi Allan Kardec quem o brindou com eloqüente entusiasmo e imbatível coragem, lutando contra os preconceitos e as paixões servis ao apresentar em Paris, em 1857, o Espiritismo, despido de sofismas e silogismos, das complexidades de sistema e dos conflitos de escolas filosóficas através de O Livro dos Espíritos hoje patrimônio da Humanidade.

Contendo as questões mais palpitantes do pensamento histórico analisadas pelos Imortais, é síntese de sabedoria em todos os sentidos, que as conquistas da ciência contemporânea vêm confirmando a cada dia.

Escrito com clareza meridiana e acessível aos diferentes níveis culturais, tem resistido às revoluções das diversas ideologias sem sofrer qualquer prejuízo de conteúdo ou de forma, transcorridos cento e quarenta e quatro anos quase após a sua publicação.

Base de sustentação da Doutrina Espírita, desdobra-se em outros que são fundamentais para a compreensão do ser, do destino, da dor, dos objetivos essenciais, quais sejam: O Livro dos MédiunsO Evangelho segundo o Espiritismo,O Céu e o Inferno e A Gênese em incomparável harmonia entre a ciência, a filosofia e a religião, unindo a razão ao sentimento, a ética à moral, o pensamento à emoção, como ninguém dantes o conseguira.

Graças a esse conjunto estrutural, desdobra-se em novos livros de orientação e consolo, de esclarecimento e debate, de informações valiosas e de revelações incomuns, dignificando a vida e todos os seres que habitam a Terra, por elucidar que o processo evolutivo é inestancável, a todos facultando a glória da plenitude.

Por essas razões, exaltamos o livro espírita, nele encontrando Jesus descrucificado e libertado dos mitos com que O ocultaram através dos tempos, retornando ao planeta, a fim de erguê-lo na escala dos mundos e impulsioná-lo no rumo do Pai.
Vianna de Carvalho 
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, na noite de 24 de janeiro de 2001, em Salvador, Bahia.
Esta mensagem poderá ser acessada na origem através do endereço:

 
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=77


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O fenômeno da morte


O fenômeno da morte

Presente e constante na existência humana, o fenômeno da morte constitui uma fatalidade da qual ninguém consegue eximir-se.
Ocorrendo a cada momento nas células, que também se renovam, ocasião chega em que a anóxia cerebral se encarrega de parar as funções do tronco encefálico, interrompendo a ocorrência biológica da vida física.
Todos os seres que nascem morrem, dando prosseguimento ao milagre da vida em outra dimensão, aquela de onde tudo procede.
O objetivo essencial da existência física, em consequência,  é a construção e a vivências dos valores éticos responsáveis pelo progresso incessante do Espírito até o momento em que alcança a plenitude.
Mesmo nos reinos vegetal e animal, o processo de nascimento e morte obedece à planificação do desenvolvimento evolutivo da essência divina presente em tudo e em toda parte como fundamental manifestação da vida.
Desde quando criado o ser, o deotropismo atrai-o com força dinâmica inescapável...
Ao atingir a fase do instinto, desenham-se-lhe no psiquismo, pelas experiências, os pródromos da razão, passo gigantesco no rumo da angelitude.
Fixar os valores que dignificam e elevam, que o libertam das heranças grosseiras da fase antropológica primitiva, torna-se-lhe, portanto, imposição inevitável que o arrasta no rumo da ascese, que se lhe constitui meta a ser conquistada.
Passo a passo, experiência após vivência, a ânsia de alcançar a paz e a sabedoria estimula-o ao prosseguimento, mesmo quando sob ações penosas do sofrimento, decorrente da desatenção e da rebeldia ante as leis que regem o universo.
Parte integrante do Cosmo, essa unidade minúscula que é o ser humano, à semelhança de uma micropartícula que forma a unidade atômica, deve manter a sua constância sob o comando da consciência lúcida que reflete o estágio em que se encontra.
As ocorrências desastrosas por falta de discernimento, por teimosia dos instintos agressivos, retardam-lhe a marcha, sem dúvida, porém, não impedem que ocorram novas oportunidades vigorosas em provações ou expiações pungitivas que se encarregam de corrigir as anfractuosidades morais e os desvios comportamentais, impondo a conduta correta como a solução adequada para o equilíbrio e o bem-estar.
Viver é automático, porém, bem viver, selecionando as questões que promovem os sentimentos e a inteligência em níveis mais elevados, para a conquista da sabedoria, deve ser o objetivo de máxima importância para todo viajante na indumentária carnal.
Sócrates, totalmente lúcido e decidido a demonstrar a sua grandeza moral em fidelidade a tudo quanto ensinou e viveu, recebeu a morte como um grande bem.
Instado a fugir por Críton, que houvera organizado um plano audacioso com os seus demais amigos, surpreendeu-se e o repreendeu, demonstrando que as leis, mesmo quando injustas, devem ser obedecidas, de modo que a sociedade aprenda a estabelecer códigos de nobreza.
Caso fugisse, evidenciaria que era realmente o que dele diziam os inimigos, especialmente aqueles que o levaram ao tribunal com infâmias grosseiras.
E sofismando a respeito da existência, qual fizeram antes os juízes, anuiu com tranquilidade à sentença infame, demonstrando que a existência física é uma experiência de iluminação e não uma pousada para o prazer infinito.
Buda, de igual maneira, despedindo-se dos discípulos que aguardavam mais informações, a fim de darem continuidade à divulgação dos seus pensamentos, informou que lhes legava o dharma – a ordem universal imutável – e, serenamente abandonado por muitos que antes o assistiam, silenciou a voz e retornou à pátria da imortalidade.
Jesus é o exemplo máximo, porque no auge dos sofrimentos pôde pronunciar frases que assinalariam com vigor a sua despedida, desde o perdão aos crucificadores que não sabiam o que estavam fazendo (Lucas, 23:34), até entregar a mãezinha aos cuidados do discípulo amado e este ao seu carinho (João, 19:26-27), rompendo os laços da consanguinidade terrestre em favor da fraternidade universal.
Foi mais além, dialogando com o ladrão que lhe suplicava ajuda e socorrendo-o com a resposta da sublime esperança da sua entrada no reino dos Céus (Lucas, 23:43), assim que se desvencilhasse das asperezas dos erros, e se cumprisse tudo para quanto viera, num inolvidável silêncio após o tudo consumado(João, 19:30).
Logo mais, porém, retornava em júbilo na madrugada esplendente de sol e de beleza, confirmando a imortalidade e o triunfo da vida sobre contingência material, de modo que os amigos e quantos outros que o viram pudessem superar a injunção corpórea e voar nos rumos do Infinito.
Francisco de Assis, sofrido pela ingratidão de alguns dos melhores companheiros, ferido e maltratado, sem forças nem resistências orgânicas, exauriu-se lentamente, cantando sempre até o último hausto, a ponto de ser censurado por tanta alegria...
Todos aqueles que descobriram a imortalidade enfrentaram o fenômeno da consumpção dos tecidos orgânicos com estoicismo e naturalidade, alegrando-se com o término da tarefa terrestre abraçada, de modo a retornarem vitoriosos ao grande Lar de onde partiram no rumo do planeta terrestre.

*

Reflexiona diariamente a respeito da tua partida em direção à imortalidade, preparando-te, a fim de que não te fixes em interesses mesquinhos retentivos da retaguarda material.
Treina o pensamento em considerações constantes em torno da desencarnação, porquanto ela chegará, talvez, quando menos a esperes.
Se tiveres a felicidade de enfermar por longo prazo, diluindo os liames retentivos do corpo físico, isto será uma bênção.
Mas se fores convocado repentinamente, deixa-te conduzir com alegria, certo de que viverás.
Nada obstante, prepara-te conscientemente para enfrentar esse fenômeno terminal, agradecido ao corpo que te vem servindo de instrumento para a evolução, bem como a tudo quanto te ocorre na atual conjuntura evolutiva.
 
                                                                    Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de
2 de junho de 2014, na residência de Dominique e
Armandine Chéron, em Vitry-sur-Seine, França.
Em 8.12.2014.
A mensagem acima foi copiada do sítio:
http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=287

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Jesus Cristo, mito ou realidade?

ANDRÉ LUIZ ALVES JR.
locutorandreluiz@hotmail.com
Curitiba, PR (Brasil)
André Luiz Alves Jr.


Jesus Cristo, mito ou realidade?

Frequentemente me deparo com o questionamento de alguns leitores acerca da existência de Jesus. "Não há registros concretos que comprovem a passagem do Nazareno na Terra", eles alegam. Para alguns, Cristo não seria uma personalidade histórica, mas sim uma figura mitológica criada em algum momento no passado.

O assunto é capaz de instigar discussões acaloradas e merece um estudo aprofundado, haja vista que tais questionamentos desafiam quase um terço da população mundial (2 bilhões de cristãos) e, também, a história da humanidade.  

O Surgimento do Cristo Mitológico Jesus nunca foi uma unanimidade e este fato não é novidade para ninguém. Desde o início de suas pregações Ele encontrou ferrenhos oponentes. Na medida em que seu ministério crescia, as investidas dos antagonistas se tornavam cada vez mais violentas, resultando em sua prisão e crucificação. Mesmo após o padecimento de Jesus no calvário, a perseguição aos cristãos continuou, mas nem sempre de forma violenta. Algumas centenas de cristãos foram martirizados nos circos romanos, outros ridicularizados pelos intelectuais que tentavam dissuadir o cristianismo. Os mais esclarecidos disseminaram a ideia de que Jesus foi uma figura mitológica, ou seja, nunca existiu. Mas, apesar dos esforços contrários, o movimento cristão resistiu e se perpetuou.

Quase dois milênios se haviam passado e por volta do ano de 1790, na era do Iluminismo francês, pensadores como Constantin François Volney e Charles François Dupuis ressuscitaram a ideia de que Jesus havia sido criado. Essas opiniões ficaram conhecidas como o "Mito de Cristo" ou "Jesus Mítico" (inexistência da figura de Jesus).

O Iluminismo foi um movimento cultural racionalista criado com o intuito de reformar o conhecimento herdado da tradição medieval. Esse conhecimento, até então, era ditado pela imperiosa Igreja romana, daí o surgimento da teoria do Mito de Cristo. Era uma forma de confrontar a razão e a fé.

Jesus Mítico não se propagou como apostavam os iluministas, a religiosidade da grande massa era maior. Apesar de não ganhar força, a teoria polêmica ainda é levantada por céticos na era moderna. Em 2002, o italiano Luigi Cascioli processou a Igreja por acreditar que aquela instituição alimentava a mentira da existência de Jesus. A ação judicial, após percorrer todas as instâncias, foi arquivada por falta de provas. 

Confrontando as ideias anticristãs - A primeira argumentação de um cético é a de que não há provas concretas da vida do Nazareno. "Jesus não deixou escrito sequer uma frase, não há vestígios arqueológicos e documentais que comprovem sua vida e seu apostolado", alegam.

Se analisarmos a questão por esse prisma, veremos que Sócrates, por exemplo, também não documentou suas ideias, mas nem por isso deixou de ser um dos maiores e mais conhecidos filósofos da antiguidade, pois seus pensamentos foram anotados e difundidos por seus discípulos, dentre eles, Platão. Exatamente como aconteceu com Jesus e seus apóstolos.

Vejamos outros questionamentos levantados pelos não cristãos: 

1) Relatos Bíblicos: Os mais religiosos rebateriam as críticas relacionadas a Jesus referenciando o Novo Testamento, entretanto, para os opositores do Nazareno, a Bíblia não é um registro histórico aceitável. A justificativa seria que os quatro evangelhos canônicos teriam sido formulados muito depois da crucificação do Salvador. Além disso, dois dos evangelistas (Lucas e Marcos) sequer conheceram o Carpinteiro de Nazaré, portanto suas escrituras são baseadas em relatos de terceiros. Outro aspecto relevante do ponto de vista anticristão é de que os pergaminhos originais foram editados diversas vezes pela Igreja, até chegar ao formato atual, além de terem sido copiados e traduzidos para outros idiomas, o que pode adulterar significativamente a essência dos textos.
De fato, existem contradições entre os evangelhos do Novo Testamento, todavia a existência de Jesus é uma unanimidade entre eles, inclusive nos evangelhos apócrifos (que não estão na Bíblia). Boa parte dos estudiosos acredita que menos de 20 por cento do que lemos nos evangelhos são os dizeres originais do Messias. Nem mesmo os pesquisadores mais incrédulos refutam a ideia de o "Filho de Deus" ser um personagem histórico.

2) Conspiração Romana: Para alguns teólogos, a criação da história de Jesus teria sido uma estratégia política dos romanos para pacificar os ataques violentos dos judeus que viviam na Palestina da época. Essa argumentação é contraditória, pois a sociedade romana era politeísta e socialmente segregada. A personalidade Nazarena (que defendia um único Deus misericordioso e a igualdade entre os homens) diverge das convicções religiosas e sociais daquela civilização. Os Deuses da mitologia romana eram temperamentais e um patrício jamais aceitaria ser comparado a um escravo.

3) A construção do mito pelos cristãos primitivos: Outro argumento levantado é que o Mito Jesus fora criado pelos cristãos pioneiros. Seria possível um grupo de modestos trabalhadores idealizar uma personalidade grandiosa como Jesus? E como um mito poderia ter atravessado períodos históricos sem ser esquecido? É improvável que grande parte da humanidade viveria todo esse tempo acreditando em uma figura alegórica. Se Jesus não existiu, deve-se imaginar como um mito poderia alterar tanto a história da humanidade.

Evidências históricas sobre Jesus - Antes de mais nada, é necessário responder à seguinte indagação: O que difere uma figura mitológica de uma personalidade histórica?
Para os historiadores comprovarem a existência de um personagem histórico é necessário buscar três razões primárias: documentos de historiadores antigos,impacto histórico e outras evidências históricas e arqueológicas. Convenhamos, essas lacunas são inteiramente preenchidas por Cristo. 

Documentos de Historiadores: O primeiro documento histórico que apresentaremos é intitulado "Antiguidades Judaicas", do ano 93 d.C, de autoria do historiador Flávio Josefo, nascido poucos anos após a crucificação de Jesus:

“Naquele tempo viveu Jesus, um homem santo, se ele pode ser chamado de homem, pois realizou trabalhos poderosos, ensinou os homens, e recebeu com prazer a verdade. E ele foi seguido por muitos judeus e muitos gregos [...]"(Flávio Josefo - Antiguidades Judaicas)

Para os historiadores modernos, Flávio Josefo é considerado uma importante referência sobre a história de Jesus por ser um estudioso considerado imparcial, ou seja, não pertenceu ao movimento cristão, o que evidencia a existência do Cristo histórico.

Outro historiador referenciado é o romano Gaio Suetônio Tranquilo. Este também possui grande credibilidade em função de suas biografias sobre os doze Imperadores Romanos, de Júlio César a Domiciano. A obra denominada De Vita Caesarum, escrita provavelmente durante o período de Adriano, faz menção sobre os cristãos:

"Nero infligiu castigo aos cristãos, um grupo de pessoas dadas a uma superstição nova e maléfica.(Gaio Suetônio - De Vita Caesarum)

Por último e não menos importante, vamos encontrar Cornélio Tácito, nascido 25 anos antes da crucificação de Jesus e que também cita o enviado de Deus em seu último trabalho histórico de nome "Anais":

"Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à extrema punição [i.e crucificação] por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judeia, onde o problema teve início, mas também em toda a cidade de Roma." (Cornélio Tácito - Anais)

Além desses historiadores mencionados existe a confirmação de pelo menos 19 escritores seculares antigos que fizeram referência a Jesus como uma pessoa real. As fontes que aludem ao Messias são inúmeras. Existem mais livros sobre Ele do que qualquer outra personalidade histórica, o que seria impossível para uma figura mitológica.

Impacto Histórico: É evidente o impacto que a personalidade Nazarena causou na história da humanidade. Poderíamos enumerar uma centena deles, a começar pelo calendário ocidental, que é contado a partir de seu nascimento na Terra. Nosso tempo é dividido em antes de Cristo (a.C) e  depois de Cristo (d.C), este fato por si só dispensa explicações.

Outras evidências: Vários especialistas em história (e que não se comunicam entre si) utilizam-se das mesmas fontes para afirmar que Jesus é uma figura real. Os estudiosos defendem que o Messias fora, na pior das hipóteses, um pregador judeu da Galileia. Entre os mais descrentes, Ele era visto como um curandeiro carismático, um filósofo, ou um reformista igualitário. Esses argumentos convergem com as ideias de religiões não cristãs, dentre elas o Judaísmo, principal religião na época de Jesus.

A corrente dominante do judaísmo rejeita a proposta de Jesus ser o Messias, por não ter nem realizado as profecias messiânicas do "Tanach", nem apresentar as qualificações pessoais do Messias, o que não contradiz sua existência. Os judeus reconhecem em Jesus um bom judeu, que transmitiu os ensinamentos religiosos, éticos e morais que recebeu do Judaísmo.

Outra doutrina religiosa importante na região da peregrinação do Cristo é o Islamismo. O Islã considera Jesus um mensageiro de Deus e o Messias enviado para guiar as tribos de Israel através de novas escrituras, o Evangelho. A crença no Nazareno, e em todos os outros mensageiros de Deus, faz parte dos requisitos para ser um muçulmano. O Alcorão menciona o nome de Jesus vinte e cinco vezes, mais do que o próprio Maomé, e enfatiza que Jesus foi também um ser humano mortal que, tal como todos os outros profetas, foi escolhido de forma divina para divulgar a mensagem de Deus.

A ampla documentação da vida de Jesus por escritores da época, seu profundo impacto histórico e a evidência tangível e confirmadora da história persuadiram os estudiosos de que Jesus de fato existiu.

Jesus para o Espiritismo - Inúmeras obras espíritas descrevem a vida de Cristo e seu extraordinário legado, a começar pelos livros da codificação. As referências partem da própria espiritualidade:

625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? Vede Jesus. Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.  (Allan Kardec - O Livro dos Espíritos.)

Para a Doutrina Espírita, Jesus é o modelo e guia, o Espírito mais evoluído que o Criador enviou à Terra, para servir de referência aos homens ainda imperfeitos, como demonstrado no trecho acima, retirado da obra base do Espiritismo.

Outro opúsculo que destaca a existência de Jesus como figura histórica surgiu por meio da psicografia do médium brasileiro Chico Xavier. O livro "Há Dois Mil Anos", do autor espiritual Emmanuel, retrata a história de uma de suas reencarnações, quando viveu como senador romano nos tempos de Jesus. Publius Lentulus Cornelius é o autor da famosa carta endereçada a César descrevendo a figura de Jesus. Talvez essa seja a única referência documentada da fisionomia de Cristo.

Emmanuel ainda oferece ao mundo mais um livro rico em detalhes históricos a respeito de Jesus. "Paulo e Estêvão" é uma narrativa da vida de Saulo de Tarso, um juiz do sinédrio que perseguia os cristãos e que, após uma visão de Jesus às portas da cidade de Damasco, converteu-se à doutrina do Cristo, mudando o nome para Paulo de Tarso e tornando-se um dos maiores apóstolos do Cristianismo.

Paulo, após a sua conversão, desenvolveu um trabalho extraordinário, levando a palavra de Jesus para as comunidades que ainda não conheciam o Mestre. Fundou igrejas e escreveu suas famosas epístolas. Alguns historiadores defendem que suas cartas foram os primeiros registros elaborados referenciando a vida do Carpinteiro de Nazaré.

O convertido de Damasco não conheceu Jesus pessoalmente, mas se tornou muito próximo de Simão Pedro e outros apóstolos que forneceram anotações e dados importantes sobre Ele. Pelo menos seis das treze epístolas atribuídas a Paulo tiveram sua autenticidade comprovada pelos historiadores, o que remete à veracidade de um Jesus Histórico.

Para o Espiritismo não há dúvidas de que Jesus foi uma personalidade real, que passou pela Terra para demonstrar, com seus exemplos, o caminho para o progresso moral. As opiniões contrárias constituem as diferenças da individualidade de cada Espírito, mas cedo ou tarde os incrédulos reconhecerão sua importância, como Emmanuel reconheceu:

[...] encontras, hoje, um ponto de referência para a regeneração de toda a tua
vida. Está, porém, no teu querer o aproveitá-lo agora, ou daqui a alguns
milênios. 
(Jesus dialogando com Publius Lentulus, no livro Há dois mil anos, psicografia de Chico Xavier.) 

Referências: 
Anais - Cornélio Tácito.
Antiguidades Judaicas - Flávio Josefo.
A Pesquisa do Jesus Histórico - Giuseppe Segalla.
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec.
Há Dois Mil Anos - Chico Xavier pelo Espírito de Emmanuel.
Paulo e Estêvão - Chico Xavier pelo Espírito de Emmanuel.


Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano8/362/especial.html 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A Ciência em Kardec - Parte 2 e final

NUBOR ORLANDO FACURE                                              
lfacure@uol.com.br                                            
Campinas, SP ( Brasil)

Nubor Orlando Facure

A Ciência em
Kardec
Parte 2 e final

 

Percepção da dor e visão

Nós já sabemos desde o século passado quais são os neurônios envolvidos na percepção da dor e das imagens visuais. O neurologista conhece todo o trajeto percorrido pela sensação de uma espetada na pele e que provoca dor. A mesma coisa para os objetos registrados pela retina e que o cérebro codifica em imagem. O que nós já sabemos, também, é que todo esse trajeto de vias nervosas representa apenas uma pequena percentagem nos dois fenômenos, a percepção de dor e a visão dos objetos.
Nos dois casos, o mais importante é o processo mental que interpreta a dor e que dá significado às imagens. Dizem os neurologistas que esse fenômeno mental depende de uma série de fatores. A maneira como expressamos a nossa dor e damos significado ao que estamos vendo está fortemente ligada à nossa cultura, à personalidade, às experiências anteriores, às memórias, ao ambiente. Na verdade, tanto a dor como a visão são processos mentais interpretativos, ou, como dizem neurologistas mais liberais, tudo não passa de “uma opinião pessoal”.
É surpreendente o que podemos aprender n´O Livro dos Espíritos, que nos ensina como esses dois fenômenos afetam o espírito: “A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa”. “A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo... porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores” (O Livro dos Espíritos, pergunta 257).
Quanto à visão (perguntas 245, 246 e 247), “ela reside em todo ele. Veem por si mesmos, sem precisarem de luz exterior. Como o Espírito se transporta aonde queira, com a rapidez do pensamento, pode-se dizer que vê em toda parte ao mesmo tempo”.
A Neurologia deverá confirmar no futuro essas duas informações que Kardec nos legou para estudo. Precisará, inicialmente, considerar a mente como sinônimo de alma. 
O tempo 
Na teoria mecanicista de Newton, o tempo era considerado uma grandeza absoluta, caso contrário, os cálculos que mediam as distâncias entre os planetas dariam errados. Einstein, entretanto, perverteu essa relação, propôs a relatividade do tempo, aumentando a precisão dessas medidas.
Independente das proposições científicas, os filósofos sempre conjeturaram sobre a natureza do tempo. Henri Bergson deu-nos a afirmação poética de que “o Tempo da consciência não é o mesmo Tempo da Ciência”. Para o senso comum, todos nós já constatamos que o passar do tempo é circunstancial. Basta esperar o ano para os alunos da escola, os meses para a mulher grávida, os dias para quem paga o aluguel, as horas para quem marcou um encontro, os minutos para o trem passar e os milésimos de segundos para a Fórmula 1.
A Neurologia vê a noção de tempo como uma experiência nitidamente mental, ocupando diversas áreas do cérebro ao mesmo tempo.
Kardec recebeu dos Espíritos a informação de que “o tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo é presente” (A Gênese, cap. VI, item 2). Precisamos destacar esta afirmação de consequências e complexidade extraordinárias: para o Espírito tudo é presente. 
As propriedades da matéria 
Em O Livro dos Espíritos (perguntas 29 a 34) ficamos sabendo sobre a existência de um só elemento primitivo que dá origem a todas as propriedades da matéria. Estando presos à realidade material do nosso mundo, conseguimos identificar as propriedades químicas e físicas da matéria grosseira que compõe nossa dimensão física. Entretanto, o elemento primitivo (fluido cósmico), que se expande por todo universo, tem propriedades especiais que ainda não conhecemos e que dão à matéria a capacidade de experimentar todas as modificações e adquirir todas as propriedades. Dizem então os Espíritos “que tudo está em tudo”.
Só assim poderemos entender as expressões extraordinárias dos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos, quando as leis de ponderabilidade são pervertidas. Uma pedra, tão sólida como a conhecemos, pode atravessar um telhado e se acomodar dentro de um armário fechado. São essas mudanças nas propriedades da matéria que o fluido cósmico realiza e que a Ciência ainda não conhece, por ignorar os princípios de sua atuação.
Ainda não temos alcance, também, para compreendermos a extensão da ligação espiritual que esse fluido universal permite à matéria submeter-se ao pensamento de Deus. Em A Gênese (capítulo II) dizem os Espíritos que “cada átomo desse fluido, se assim nos podemos exprimir, possuindo o pensamento, isto é, os atributos essenciais da divindade e estando o mesmo fluido em toda parte, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude”. “A natureza inteira está mergulhada no fluido divino.” 
O pensamento criativo e as ideias fixas 
O imaterialismo de Berkeley (Donald George Berkeley, filósofo irlandês, 1685-1753) propunha que o “existir não é mais do que ser percebido”. “A matéria só existe quando percebida.” “As percepções visuais não são de coisas externas, mas simplesmente ideias na mente.” Sócrates afirmava que “as coisas existem em virtude de como as percebemos”. Em O Livro dos Espíritos (pergunta 32) os Espíritos ensinam que as qualidades dos corpos (“os sabores, os odores, as cores, as qualidades venenosas ou salutares”) só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las. É bem assim que a Neurologia de hoje compreende a percepção que fazemos de um objeto que atinge nossos sentidos.
Propostas da atualidade estão afirmando que a matéria só se manifesta como interação mental. Entretanto, os neurologistas ainda não conseguem compreender a natureza da criação mental, a não ser quando um comportamento expressa uma resposta a um estímulo sensorial. O pensamento intuitivo ou o pensamento abstrato estão longe de qualquer experimento laboratorial.
Na doutrina espírita aprendemos que o pensamento procede do Espírito, fonte de energia criadora que usa o cérebro como instrumento de suas ideias.
No campo do pensamento os Espíritos acrescentaram conhecimento inédito e tão extraordinário que até hoje a Ciência sequer tem instrumentos para estudá-lo. Dizem os Espíritos que o pensamento atua sobre o fluido universal criando nele “imagens fluídicas”, o pensamento se reflete no nosso envoltório perispirítico, como num espelho, e aí de certo modo se fotografa.
“Esse fluido (perispirítico) não é o pensamento do Espírito; é, porém, o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo quem o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido” (A Gênese, capítulo II, item 23).
Daí a gravidade de nos escravizar a pensamentos persistentes que nos aprisionam; a desejos que nos perturbam; a vinganças que não se justificam; a ódios que não se apagam; a paixões que nos desequilibram; a projetos que não temos alcance. São todas elas “ideias fixas” que se “materializam” em nossa esfera mental, criando “ideias-formas”, “imagens fluídicas”, “miasmas mentais” que justificam as inúmeras expressões de neuroses e psicoses comuns na psicopatologia humana. 
Vitalismo 
Para Cláudio Galeno, médico do século II, existiriam forças de atração e repulsão para manterem os órgãos em funcionamento. Para ele, a vida seria mantida por um elemento imaterial denominado pneuma vital, situado no coração, difundindo-se pelo sangue existente nas veias. No cérebro, ele é transformado em pneuma animal, permitindo reagirmos aos estímulos dos sentidos e, no fígado, em pneuma natural com a propriedade de assimilar os alimentos. As teorias de Galeno foram aceitas por mais de 12 séculos.
No início do século XVI Georg Stahl reviveu o vitalismo defendendo a existência de uma “alma sensitiva” necessária para a manutenção da vida. Nessa ocasião Stahl sofreu uma ferrenha oposição das teorias mecanicistas defendidas principalmente por Frederich Hoffman. Excluindo a existência da alma, Hoffman via nos processos vitais apenas fenômenos de fermentação de substâncias e combustão de gases, explicando, assim, a digestão e a respiração.
A doutrina espírita revive com força o vitalismo. Ensina que existe um elemento imaterial que mantém a vida na matéria orgânica (O Livro dos Espíritos, perguntas 60 a 67) e, “sem falar do princípio inteligente, que é questão à parte, há na matéria orgânica um princípio especial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital” (A Gênese, capítulo X, item 16). 

O sonambulismo 

Na atualidade o sonambulismo já não desperta o mesmo interesse e prestígio que desfrutava no tempo de Kardec. Tratados com casuística volumosa foram escritos por Ambrose-August Liébeaut, Abade Faria e Charles Richet. A escola de Charcot em Paris o acolhia como forma de terapia em suas pacientes histéricas.
Kardec dá notícia de ter estudado o sonambulismo em todas as suas fases durante 35 anos (O Livro dos Espíritos, Introdução). Nessa mesma obra ele escreve várias páginas fazendo um “resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista”. Deixa claro que “para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um fenômeno psicológico, é uma luz projetada sobre a psicologia. É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se mostra a descoberto”.
Nesse resumo Kardec discorre sobre o sonambulismo natural e o magnético e destaca a clarividência como um atributo da alma, permitindo ao sonâmbulo ver em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se. Nessa visão a distância, “o sonâmbulo não vê as coisas de onde está o seu corpo, como por meio de um telescópio. Vê-as presentes, como se achasse no lugar onde elas existem, porque sua alma, em realidade, lá está” (O Livro dos Espíritos, questão 455). 

O sono e os sonhos 

Já conhecemos muito da fisiologia do sono. Ele ocorre em ritmos com determinados padrões que são identificados pelo eletroencefalograma. A idade, o sexo, o ambiente, a alimentação, a profissão são parte dos inúmeros fatores que interferem na quantidade e na qualidade do sono. Já sabemos quanto ele nos faz falta, mas ainda não podemos dizer tudo sobre o motivo por que realmente precisamos dormir. Os sonhos estão nitidamente ligados às experiências vividas no decorrer do dia, têm relação íntima com a aquisição de memórias, mas, também, desconhecemos o seu real significado.
Freud afirmava ter percebido que seus pacientes o procuravam não só para fazerem suas queixas, mas, também, para lhes relatar seus sonhos. Isso lhe despertou a ideia de que os sonhos teriam algum sentido oculto. Seu livro “A interpretação dos sonhos”, de 1900,  desencadeou a mais extraordinária revolução sobre a mente humana. Os sonhos revelam um conteúdo insuspeitado, já que sinalizam desejos contidos no inconsciente.
Platão em sua “República” antecipara-se a Freud ao afirmar que no sono a alma tenta retirar-se das influências externas e internas e que são expressos, nos sonhos, desejos que geralmente não se expressam no estado de vigília.
Kardec, em O Livro dos Espíritos inicia o capítulo sobre a Emancipação da Alma estudando o sono e os sonhos. Os Espíritos esclarecem que durante o sono a alma se vê liberta parcialmente do corpo e “entra em relação mais direta com os Espíritos”. Nessas circunstâncias pode a alma manter contato com Espíritos familiares que a orientam e aconselham e tomam conhecimento do seu passado e algumas vezes de seu futuro. Esse é um campo para futuras investigações que precisam ser desenvolvidas e confirmadas no meio espírita. 
Tributo necessário 
Abordamos catorze tópicos de interesse científico relevante extraídos de duas obras básicas da codificação espírita. Após um século e meio algumas das suas afirmações aguardam aprovação da Ciência oficial, enquanto outras estão se confirmando gradativamente. De algum tempo para cá, o meio espírita vem-se dedicando mais sistematicamente ao estudo do Espiritismo como ciência, aliado ao seu conteúdo filosófico e às suas consequências morais. Só assim conseguiremos que a Ciência humana registre o nome de Allan Kardec como um de seus grandes vultos. É um tributo que precisamos prestar-lhe pelo legado científico que ele nos deixou.
 
Nubor Orlando Facure é médico neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro de Campinas-SP. Ex-professor catedrático de Neurocirurgia na Unicamp (Universidade de Campinas), é escritor e expositor espírita.

O texto foi extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano7/337/especial.html