Aborto (III)
Considerando a
atualidade, precisamos ter ciência de que é imprescindível nascermos de novo.
Sem a existência do pai e da mãe não há como produzir corpos humanos. A
equipagem reprodutiva feminina, que custodia a formação orgânica do ser humano até
o nascimento e dispõe o recurso de aleitamento e os cuidados que garantem o
início da jornada corporal, é intransferível por natureza e irrecusável
contributo à Vida.
A formação de
um corpo no útero feminino constituindo-se um ser humano, funciona como um
caminho de passagem, onde um ser espiritual integrará a população com a
indumentária que aí se construirá pela sua influência, na qualidade de
modelador da massa carnal, que nesse ambiente é formada pelas células sexuais
que se fundiram.
É necessário
considerar que antes do corpo existe um ser espiritual que irá modelar tal
estrutura em gestação, com os fatores que atenderão ao seu planejamento; em que
pesem as características genéticas herdadas dos pais. Assim, o corpo em formação não pertence à mãe
e sim ao Espírito em retorno à vida carnal. A mulher oferece o seu tributo à Vida, na
condição de coautora com a Providência Divina, dando oportunidade
transformadora do estado daquele que nascerá para o mundo, tirando a mãe o
proveito evolutivo das experiências que se darão no transcorrer da existência.
Na Lei Natural,
sendo os Homens (a Humanidade) Criaturas, e sabendo que os atributos de Deus
são: a perfeição, o amor e a justiça, dessa forma, todas as circunstâncias para
se nascer estão sob a mais justa condição.
A lei civil de
nenhuma Nação pode derrogar a Lei Divina, sob nenhum aspecto; pode, no entanto,
infringir a Lei Natural, o que cedo ou tarde apresentará a consequência para os
responsáveis e a coletividade que enganosamente se “beneficiou” desse
arranjo aos seus interesses imediatistas.
Campanhas
ideológicas para a interrupção da gravidez em qualquer fase da vida do
nascituro, ou da vida cronológica da mãe, não encontram justificativa diante da
consciência. Há, no entanto, uma situação em que se admite a realização do
aborto, quando verdadeiramente as conclusões médicas testificam que a mãe tem
risco de morte, em virtude da gestação, sendo preferível que a mãe continue a
sua jornada. “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a
sacrificar-se o que já existe.¹”
A reencarnação
é caminho evolutivo mais eficaz para aprendizado e solução de problemas
estabelecidos pelo Espírito em outra vida.
O aborto é o obstáculo promovido pelo egoísmo, o desrespeito a si mesmo
e desconsideração com a Divindade. Todos somos Espíritos e dependemos de
renascer para continuarmos o caminho do progresso.
“Jesus respondeu (à Nicodemos):
Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito,
não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é
nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário
vos é nascer de novo²”.
O aborto é impedimento ao retorno
de nossos amores, que vêm do mundo espiritual, e, possivelmente, de alguns
desafetos. Estes estariam juntos de nós para aprender a amar. Por nossa vez,
aprenderíamos a amá-los. Impedir que o Espírito renasça é criar
dificuldade para o nosso retorno, quando estivermos na espiritualidade
necessitados da reencarnação. O progresso espiritual é obra da solidariedade
entre as Criaturas. Hoje somos pais, ocorrendo a morte deste
corpo, poderemos renascer como netos, bisnetos, tetranetos, ou em outra
geração. Mas, se barrarmos essa possibilidade não haverá porta para o retorno
entre os que amamos. Assim, renasceremos entre estranhos que nenhum afeto
guarda por nós e nos abandonarão em qualquer lugar, deixando-nos na dependência
da boa vontade de outros estranhos que, possivelmente, nos criarão, ou seremos
cuidados em algum estabelecimento de apoio à criança desamparada.
O marido, o
companheiro, o parceiro assume responsabilidade severa diante da consciência se
incentivar ou ser indiferente ao aborto do feto que se encontra em desenvolvimento
no ventre da esposa, da companheira, da parceira, em qualquer estágio. O pai assume idêntico compromisso ao da mãe
para salvaguardar a vida do filho concebido. Não importa o estado civil, não
adianta alegar que o ato sexual se deu em encontro fortuito ou casual, porque
no campo da vida não cabe a inconsequência e o descomprometimento, sempre se
precisará fazer o ajuste com a consciência, os fatos não se apagam.
Ninguém,
que por opinião, sugestão, procedimento e facilitação ao aborto fique sem
responsabilidade diante da Consciência Cósmica.
Tudo é registrado na Alma, segundo a interferência e intenção no caso.
Assume as consequências do que disso resultar. Terá que se ressarcir à própria
consciência, que não se calará.
Caso a consciência
esteja adormecida ou insensível, não tardará despertar, mesmo que após o
térmico da vida deste corpo, quando o Espírito estiver no campo espiritual,
onde não há engano e nem subterfúgios a títulos de ilusórias
justificativas.
Vê-se na
imprensa instantânea deste tempo moderno, notícias de legisladores que propõem
a legalização do aborto, governos que permitem e outros que impedem, embora a
decisão de manutenção da gravidez ou sua interrupção é por conta da mulher, ou
desta e seu cônjuge. Cientes, porém, que nada fica encoberto aos olhos de Deus.
Uma das razões
de estarmos no mundo é aproveitarmos a oportunidade evolutiva de existirmos num
corpo. A outra, tão importante como esta, é oportunizar o nascimento de outros
Espíritos para as experiências adequadas às suas condições e necessidades
espirituais. Futuramente através de seus corpos ou de seus descendentes nos proporcionarão
o retorno em nova existência terrena para a caminhada evolutiva imprescindível.
Todos os
Espíritos no estágio evolutivo que nos encontramos na Terra necessariamente terão
que reencarnar vezes sem conta até que adquiram elevação espiritual que os
desobriguem de retornar à vida material. Assim, todos precisam respeitar a Lei
de Progresso, lei inderrogável, pois, é Divina, portanto, imutável.
“Nascer,
viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.³”
Preferência à
Vida, sempre! Aborto nunca!
Dorival da
Silva
1.
O Livro dos Espíritos, questão 359
2. João 3:5-7
3.
Dólmen
de Allan Kardec, livro
“Allan Kardec” vol. III, cap. 3, item 2. “A desencarnação” – Zêus Wantueil
e Francisco Thiesen
Outras páginas que tratam desse tema publicadas neste “blog”:
https://draft.blogger.com/u/1/blog/posts/6111272247005520446?pli=1&q=Aborto%20na%20Argentina
https://espiritismoatualidade.blogspot.com/2018/08/aborto-em-debate-publico-o-que.html
https://espiritismoatualidade.blogspot.com/2017/03/microcefalia-nao-e-pena-de-morte.html
https://espiritismoatualidade.blogspot.com/2016/09/aborto-criminoso_23.html
https://espiritismoatualidade.blogspot.com/2016/09/proposta-para-legalizacao-da.html
https://espiritismoatualidade.blogspot.com/2014/05/aborto-delituoso.html
https://espiritismoatualidade.blogspot.com/2012/06/aborto.html
https://espiritismoatualidade.blogspot.com/2012/08/aborto-ii.html