Mediunato
Todo aquele que consegue exercer a mediunidade com
elevação, engrandecendo-se e alçando-a aos nobres cimos da vida, no
cumprimento da gloriosa missão de ser instrumento do Divino Pensamento,
alcança, na Terra, a excelência do mediunato.
Dever
de grande abrangência, a sua desincumbência revela-se difícil pelos
impositivos de que se reveste, pelos sacrifícios que impõe e pelas
dificuldades a superar.
Poucos discípulos da verdade se hão entregado com
a necessária abnegação, graças
à qual, ao largo do tempo, o homem se doa em espírito de serviço à
humanidade, com tal renúncia de si mesmo, que ultrapassa a sua condição para
lograr o apostolado mediúnico, o mediunato.
A
princípio, são os fortes apelos para a edificação pessoal, a plenitude
psíquica e emocional, acalmando as necessidades materiais e superando as
fraquezas delas decorrentes, para depois, experimentando as superiores
satisfações do espírito, imolar-se por amor, na execução das atividades a que
se sente convocado.
Nesse
caminho atulhado de pedrouços, os desafios se sucedem, ameaçadores, ao mesmo
tempo ferindo e macerando os audaciosos transeuntes que põem os olhos nas
metas à frente e buscam alcançá-las. Não se trata de um empreendimento fácil
ou de curto prazo, antes, de uma realização prolongada, na qual são
enfrentados os perigos que procedem da inferioridade, que teima em
permanecer, dominadora.
Definido
o rumo e aceito o compromisso, torna-se mais factível a vitória, ganhando-se,
dia-a-dia, o espaço que medeia entre a aspiração e o objetivo.
Zoroastro,
o grande reformador, nascido na Média, não descansou enquanto não concluiu a
missão para a qual reencarnou.
Buda,
o Sábio e Solitário dos Sákias, entregou-se com
total renúncia ao ministério de reformar a religião adulterada pelo
formalismo brâmane, e, não se detendo diante dos impedimentos que o afligiam,
permanece fiel até o momento final.
Pitágoras,
inspirado pelos espíritos, colocou-se a serviço da verdade, tornando-se
responsável pela descoberta das matemáticas, geométricas e astronômicas,
deixando um rastro luminoso na história.
Sócrates
e Moisés, Isaías e Daniel, entre outros, foram exemplos de missionários que,
no mediunato, atingiram as mais elevadas expressões do intercâmbio espiritual
em favor da humanidade.
Posteriormente,
João Batista e João Evangelista se fizeram expoentes da mediunidade gloriosa,
demonstrando o poder da imoralidade sobre as vicissitudes humanas.
Acima, porém, de todos eles, Jesus-Cristo fez-se o
Médium de Deus e tornou-se insuperável como Fonte Inspiradora para os homens
de todos os séculos.
Perseguido
e macerado, sob injunções dolorosas mais se ligava ao Pai, em Quem hauria
forças para o Messianato a que se ofereceu, preferindo a coroa do martírio à
falaciosa grandeza terrena.
Depois
dEle, outros servidores da Sua Seara, profundamente vinculados à vida
espiritual e aos desencarnados com os quais confabulavam, exerceram o
mediunato de forma eloquente, imolando-se todos por amor ao bem geral e
certos da vitória final sobre as fugazes condições terrenas.
Com o
espiritismo, o exercício do mediunato tornou-se mais acessível, em se
considerando as diamantinas claridades que projeta nos emaranhados e
sombrios mistérios da vida, especialmente sobre a realidade do
além-túmulo, onde nascem as estruturas do ser e se encontram a sua origem e o
seu destino final.
Trazendo
de volta, à atualidade, o profetismo hebreu e helênico, os fenômenos que
constituíram a glória das civilizações passadas, deu-lhes um sentido novo,
perfeitamente concorde com as conquistas do hodierno conhecimento, de modo a
impulsionar o homem em direção do autodescobrimento e da razão pela qual se
encontra no mundo físico.
Em uma
ligeira análise, explicam-se, à luz da revelação espírita, a inspiração do
Homero, cujos Cantos procediam de ignotas e nobres regiões
espirituais;
de
Virgílio, sintonizando com as entidades elevadas, e sendo também considerado
profeta;
de
Dante, que demonstrou possuir superiores faculdades mediúnicas, graças às
quais manteve permanente contato com os espíritos;
de
Torquato Tasso, que, em contínuo intercâmbio espiritual e inspirado por
Ariosto, aos dezoito anos compôs o seu Renaud, concluindo a
célebre Jerusálem Libertada, que é a obra máxima da sua vida
extraordinária...
E
quantos outros, médiuns inspirados ou psicógrafos, audientes ou sonambúlicos,
que se deixaram conduzir pelos guias da humanidade, a fim de apressarem a
obra do progresso terrestre?!
Comunicações
indiretas como insólitas hão despertado a consciência humana para a realidade
espiritual do ser, a todos conclamando para a ação do bem, da justiça e do
amor.
No mediunato, entretanto, o servidor atinge o seu
momento supremo, deixando de manter a personalidade dominadora, para que o
Cristo nele se manifeste e habite, conforme declarou o médium de Tarso,
na sua doação total à causa da verdade: - “Já não sou eu o que vivo, mas é o
Cristo que vive em mim.”
Espírito: Vianna de Carvalho,
psicografia do Médium:
Divaldo P.
Franco – Médiuns e Mediunidades.
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