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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Crença e Descrença

                                                   Crença e Descrença 

Certamente, não desejo fazer um estudo abrangente sobre o tema crença e descrença, pois seria um trabalho extenso, digno de encher compêndios.  Mas, sim, tocar em alguns pontos que são de relevância para aqueles que se interessam por questões espirituais, sejam religiosos ou não religiosos. Vamos abordar Deus, Espírito, reencarnação e mediunidade. Não tenho a intenção de esgotar nenhum dos temas; contudo, o que for abordado, mesmo que superficialmente, estará fundamentado na Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.  

Quando refletimos sobre Deus, logo nos vem à mente: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.” Este é o princípio inicial da Doutrina Espírita, ou seja, sua base primordial. Sem essa fundamentação essencial, os demais princípios doutrinários não se sustentariam.   

Allan Kardec, educador excelente, soube bem prever os frutos que resultariam de fundamentar o Espiritismo na busca do ponto de maior relevância (Deus) para os estudos dessa nova ciência, que abriria os horizontes da compreensão espiritual para a humanidade. 

Crer ou não crer na existência de Deus é uma condição pessoal que deve ser respeitada. No entanto, analisar fundamentações sobre a Sua existência não é proibitivo.  

Quando abrimos os olhos em dia claro, podemos imaginariamente, perguntar: quem nos fornece a luz? Imediatamente, a resposta pode surgir: é o Sol. Essa resposta não está totalmente errada, mas merece um complemento: quem criou o Sol com a finalidade de fornecer a luz? Ainda podemos ir além, com os conhecimentos cósmicos existentes, considerando as luzes dos outros sóis e estrelas que a Astronomia cataloga com as suas pesquisas, por meio de equipamentos de alta tecnologia. Alçando um pouco mais nossa inquirição intima: quem formou esses astros, as constelações e as galáxias? Se existem, antes de existirem, Alguém precisaria estar presente para ordenar os princípios.  

Esse Alguém, o anterior a tudo, é o fulcro irradiador de inteligência e vontade, que ordenou os princípios de tudo. Esse é Deus! O Incriado.  

Independentemente das luzes que originam nos sóis e estrelas, existe a luz que se origina no próprio Espírito, sendo atributo deste a luminescência. Jesus Cristo ensinou: “Assim resplandeça a vossa luz (…)” (Mateus, 5:16). Todos os Espíritos possuem, em latência, o estado luminescente, sendo de sua responsabilidade desenvolvê-lo por meio do aperfeiçoamento moral e intelectual. Cabe-nos perguntar: quem criou os Espíritos e lhes conferiu os atributos necessários para o aperfeiçoamento?  Não há dúvida: foi Deus! O princípio universal.  

                                                       *                                                    

Todos somos Espíritos criados simples e ignorantes por Deus. Está ínsito na origem de cada Espírito todas as potencialidades a serem desenvolvidas ao longo das vivências, na trajetória dos tempos. A partir do desenvolvimento de cada individualidade espiritual, com as possibilidades do discernimento, o Espírito adquire certa autonomia, evolui e assume o seu livre-arbítrio. Desde sua origem, todos os Espíritos percorrem um caminho inevitável: alcançar a perfeição. Essa é a Lei do Progresso. Todos chegaremos a esse estado, pois é o que o Criador espera de sua criação espiritual.    

A rebeldia, a agressividade, o desrespeito ao próximo, as atrocidades e as imoralidades são reflexos do estado espiritual individual e coletivo em uma determinada fase da existência.  Esse período pode durar décadas, séculos e até de milênios.   Deus, contudo, concede a Seus filhos inúmeras oportunidades. Isso, porém, não significa que se pode agir como se deseja, sem limites. Tudo precisa ser ajustado, analisado, provado, resgatado e reparado, extraindo-se de cada experiência aprendizados que transformem as misérias morais em virtudes e entendimentos superiores, até alcançar a divinização.  

A experiência e a própria história mostram que toda ação traz consigo uma reação correspondente. Assim, toda realização voltada ao mal, à agressão ou a quaisquer feitos nocivos sempre resultará em dor, tanto para o indivíduo quanto para a coletividade que foi conivente com tais ações.  Existem responsabilidades pessoais e coletivas.  

A consciência é um juízo implacável. Por mais anônima seja uma ação má, seu autor não ignorará o próprio feito. No momento oportuno, seja durante uma vida no corpo ou no plano espiritual, surgirá a lembrança desse fato, perturbando sua tranquilidade. Esse incômodo marca o início dos ajustes indispensáveis diante da consciência. 

Havendo arrependimento, inicia-se um processo completo para modificar a trajetória do Espírito em busca da paz interior.  

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A reencarnação é um grande recurso restaurador do espírito humano. Trata-se de uma oportunidade de retornar à vida no campo material, em um novo corpo e com o esquecimento do passado. É mecanismo educacional para os Espíritos devedores.  

Quase sempre temos algo que fizemos ou deixamos de fazer que nos traz incômodo à alma. Alguns cometeram crimes e maldades; outros foram infiéis, desleais, faltaram com a verdade, causando danos a outras pessoas. Também existiram aqueles que foram inconsequentes e irresponsáveis consigo mesmos e com outros, provocando prejuízos materiais e morais. Muitos foram administradores desleixados, causando desastres financeiros e emocionais a muitos que dependiam deles em seus negócios, levando-os à ruína.  

Quando se está no campo espiritual, revendo as consequências das ações que originaram nossas queixas e sofrimentos morais, percebemos também os impactos desses atos naqueles que prejudicamos, que, às vezes, nos cobram reparações e exigem justiça. Não há paz!    

Por isso, Deus proporciona oportunidades a Seus filhos em processo de elevação espiritual, por meio da reencarnação. Essa oportunidade é fruto de uma programação bem elaborada, que visa à possibilidade de conviver novamente com aqueles a quem fizemos algum mal, oferendo meios para sanar as dificuldades geradas pelas ações de vidas anteriores.   

A reencarnação é um recurso de evolução pelo qual todos que estão na Terra passam. Nas sociedades de todo o mundo, não existe ninguém que não seja a reencarnação de um Espírito. O planeta Terra é um lugar de provas e expiações para Espíritos pouco adiantados em moralidade e, portando, espiritualmente acanhados. Ainda há, na Terra, mais Espíritos com propensão ao mal do que ao bem; esta é a razão dos desequilíbrios sociais e dos sofrimentos existentes. 

Aceitar ou não a reencarnação não impede que ela exista. Trata-se de uma Lei Natural, que sempre ocorreu desde o surgimento do ser humano neste planeta.  

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A comunicação entre o mundo espiritual e material, que se verifica entre os Espíritos desencarnados e os encarnados, e vice-versa, ocorre por meio da mediunidade. Esse recurso, também chamado de sexto sentido em um aspecto amplo, encontra-se praticamente em todas as pessoas. No entanto, como esclarecido pela Doutrina Espírita, são denominados médiuns aqueles que possuem esse atributo bem caracterizado e o utilizam ostensivamente, isto é, em práticas conscientes, realizadas em reuniões bem estruturadas, dentro de princípios éticos e morais, em favor dos Espíritos reencarnados e desencarnados.  

Para o exercício da mediunidade de forma responsável, o médium que percebe suas potencialidades deve buscar o estudo para melhor entendimento desse fenômeno, sendo imprescindível a sua moralização.  

O exercício consciente da mediunidade, de forma segura, em grupos mediúnicos bem constituídos, proporciona condições para o esclarecimento de Espíritos em sofrimento, seja por ignorarem que já passaram pelo fenômeno da morte física, seja por trazerem problemas de culpa e preocupações familiares.  Além disso, entre tantas outras dificuldades apresentadas pelos Espíritos manifestantes, encontram-se pendências que lhes causam incômodos emocionais, sendo que, às vezes, se referem a reflexos das doenças que sofreram.  

O contato desses Espíritos em sofrimento com os recursos vibratórios dos médiuns, os esclarecimentos que couberem e a assistência oferecida pela equipe espiritual facultam alívio às suas dores e aflições, além da compreensão de seu estado, agora no outro lado desta vida.  

A mediunidade também permite, nesses mesmos grupos de trabalho, tratar das obsessões que causam situações bastante difíceis para os encarnados obsediados. Obsessão é a influência persistente e perniciosa de Espírito maléfico ou vingativo sobre uma pessoa. Isso pode ocorrer também sobre grupo de pessoas. 

Para o conhecimento e o exercício mais seguro da mediunidade, Allan Kardec, com a orientação de Espíritos Superiores, elaborou a obra O Livro dos Médiuns.  Este livro compõe o conjunto de obras básicas da Doutrina Espírita, sendo indispensável para quem deseja adquirir conhecimento na área da mediunidade.  

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Assim, faço alguns apontamentos sobre os fundamentos da Doutrina Espírita, referindo-me aos temas: Deus, Espírito, reencarnação e mediunidade.  

Desejo boa leitura e grandes reflexões. 

                                                   Dorival da Silva. 

 

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

segunda-feira, 1 de março de 2021

Mediunidade! Como entendê-la?


  Mediunidade! Como entendê-la? 

  

 A mediunidade é um sentido extrassensorial que permite a captação do pensamento e o sentimento de outro ser, mas não com os órgãos dos sentidos conhecidos, como a visão, a audição, o olfato.  Pode-se dizer que todas as pessoas a possuem em graus muito variados, pois, em algum nível, recebe influência espiritual. 


Essa influência espiritual acontece naturalmente e sem a percepção consciente daquele que a sofre. Essa ligação sempre terá a qualidade dos pensamentos do influenciado, seus gostos, a maneira de lidar com os problemas do dia a dia, o estado emocional e a condição moral. Esses são pontos relevantes, pois a ligação acontece por afinidade. 

  

Quando se fala de mediunidade ostensiva, refere-se àquela que as pessoas têm consciência de sua condição e atuam produtivamente. Essas pessoas são dotadas de predisposição orgânica para a comunicação com o mundo espiritual, muito embora os fatos mediúnicos sejam espirituais.   


A pessoa que tem essa capacidade denomina-se médium, pois atua como uma ponte que interliga o mundo espiritual e o material, transmitindo mensagem de algum teor. Ela também pode transmitir recursos vibratórios de diversas qualidades, desde as mais grosseiras até a mais sublimadas. 


A mediunidade existe desde que  o homem apareceu na Terra. Os registros da antiguidade comprovam a sua existência, que se configura nas lendas de variadas épocas, nas mitologias, nas religiões, seitas e credos antigos que se utilizavam dos pítons e pitonisas, magos e adivinhos... 

  

Sendo a mediunidade neutra, a qualidade estará na condição moral de quem a exerce, levando em consideração como a utiliza e a intenção. 


A responsabilidade pelas consequências de seu uso recai inteiramente sobre o médium. Trata-se de ferramenta de alto significado para benefício de quem a possui, visando o seu progresso com a solução de pendências morais que se arrastam de outra existência (reencarnação). Eladeve ser exercida com caridade, como demonstrou Jesus (que nada tinha a ressarcir às Leis Universais) em sua passagem pela Terra, o que foi confirmado por seus Apóstolos. 

  

A mediunidade está em toda a população, portanto, em todas as religiões, seitas, entre os crédulos e incrédulos. Ela tem muitas variáveis, podendo-se até dizer que são infinitas, porque corresponde à personalidade de cada sensitivo. 

 

Sendo um sentido, além dos demais conhecidos na constituição física, a mediunidade poderá ser utilizada consciente ou inconscientemente para o bem ou para o mal, de acordo com as disposições daquele que a possui, sua formação moral e seus interesses...  


É preciso estudar, compreender, desvestir-se de preconceitos em relação à mediunidade, pois trata-se de um excelente recurso evolutivo  entregue pelo Criador à criatura para seu benefício. O indivíduo tem a liberdade de como usá-la, sabendo que todo talento vindo da Divindade é para o bem. No entanto, o homem tem o livre-arbítrio e poderá utilizá-la a seu bel-prazer, colhendo frutos doces ou amargosos.  


A mediunidade está presente na criança, no adulto, no idoso e no doente, em estágios dos mais diversos, correspondendo ao estado moral do indivíduo. 


A Doutrina Espírita, organizada por Allan Kardec, inclui entre as suas Obras Básicas O Livro dos Médiuns, lançado em 15.01.1861, há 160 anos. Este livro aborda profundamente  o tema da mediunidade, ensinando sobre as suas possibilidades, bem como os riscos para os médiuns que não possuem o conhecimento necessário para o seu exercício e vivência. 


Quem reencarna com a mediunidade ostensiva tem compromissos sérios a serem solucionados; não se trata de nenhum privilégio. O médium tem a obrigação de aperfeiçoar-se, oferecendo contribuição colaborativa para aqueles que precisam de orientação espiritual, socorro nas obsessões, entendimento da vida do Espírito e da relação da sociedade dos reencarnados com os que estão livres no campo espiritual. É importante levar os aprendizes à compreensão de que a vida não termina com a morte do corpo e que o Espírito nunca se extinguirá.  


A abnegação é o farol do médium consciente de sua tarefa, compreendendo que não se tratar de carreira remunerada aos moldes de uma profissão, mas a gratuidade de seus esforços é a riqueza acumulada na alma de valores espirituais que são definitivos na eternidade. 

  

Existem muitos médiuns que, quase sempre, desconhecem serem portadores de mediunidade. Muitos estão nos presídios, manicômios, organizações criminosas e, ainda, outros se arrastam pelos vícios e comportamentos esdrúxulos, aviltando a sociedade com seus maus exemplos e influências perniciosas.

  

Também existem aqueles que sabem serem médiuns e comercializam o seu uso, comprometendo a sua consciência.  


A orientação do Evangelho de Jesus a respeito desse tema, é: “Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido” (Mateus, 10:8.).  

  

Nesse tempo de grande comoção, com a pandemia (Covid-19) que se espalha por quase todos os recantos do mundo, é importante deixar os preconceitos de lado, compreender que todos são Espíritos e que estão na vida terrena para conquistar novas luzes para a consciência. 


É imprescindível conhecer-se, saber de seus recursos espirituais, seus valores, colocar em prática seus talentos, buscar conhecimento e libertar-se de peias e medos que prendem os passos evolutivos, pela falta de pequenos esforços pessoais. 


“Jesus é o Sol para todas as almas do mundo, um guia seguro, mas para contemplar o  seu fulgor, é preciso abrir as vistas espirituais.”   

  

                          Dorival da Silva