O bem e o mal são energias na sua origem iguais, a
qualidade depende da vontade, da intenção, do impulso. A energia é neutra na
origem. Como se dá essa modificação, vez que, por si só, não pode se alterar da neutralidade, em se
tratando de elemento natural, sem razão, sem vontade?
Consequências
de uma intenção, de uma vontade, forças que imprimem ação à energia que carrega
a qualidade do impulso originário, para o bem ou o mal.
A intenção, a
vontade, o desejo são pertencimentos do espírito humano, sendo que o bem e o
mal somente ele pode realizar, porque possui a razão, tem consciência de si
mesmo, alimenta interesses imediatos e futuros, carrega o egoísmo e o orgulho, arca
com as responsabilidades do que advier de suas ações e assume a obrigação de
reparar, sempre que resultar em prejuízo de si mesmo ou de outrem. Considerando
que o bem não precisa de ser justificado e constituirá patrimônio inalienável.
É da natureza do
ser humano o discernimento entre o certo e o errado, considerando o estágio
evolutivo atual, mas qual é a base intima para a escolha entre um e outro? A
educação moral.
Allan Kardec,
o codificador da Doutrina Espírita, bem diz de qual educação se faz necessário
à transformação do indivíduo e da sociedade, como se registra no seu comentário
ao final do capítulo III -– Lei do Trabalho -– de O Livro dos Espíritos:
“(...). Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação
moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que
consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a
educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. (…)”.
O que também
precisa ser avaliado é a intenção do que se deseja realizar, no entanto, a
educação moral é a balizadora do que flui do ser pensante, pois são das
qualidades componentes do indivíduo que qualifica as suas ações e os seus
objetivos.
O embasamento
essencial da individualidade, a educação moral, deverá vir em primeiro lugar, as demais formações culturais e acadêmicas a ela se assentarão dando a
qualquer intenção a coloração dos valores morais que lhe são inerentes.
Assim
naturalmente se decide entre o bem e o mal, é a origem do impulso, como vê,
como sente e mede as responsabilidades do que se empreende, em relação a si
mesmo e os reflexos na sociedade e na natureza; ou se, o que está plasmado, na
intimidade, é a deseducação moral, o desrespeito a si e o não se importar com
os que estarão sob a influência da ação desejada, as consequências serão
desastrosas.
Na obra
“Diálogo com as Sombras”, no início do capítulo III, o escritor Hermínio C.
Miranda, faz um registro que vem auxiliar o entendimento do tema desta página,
no fragmento: “(...). Arrastado pela
emoção, o Espírito se desloca, num sentido ou noutro, caminhando para as trevas
de sofrimentos inenarráveis ou subindo para os planos superiores da realização
pessoal, segundo ele se deixe dominar pelo ódio ou se entregue ao amor. Esse
deslocamento o conduz a extremos de paixão, que o esmaga, ou a culminâncias de
devotamento, que o santifica, e, muitas vezes, em estágios ainda inferiores da
evolução, confunde-se em nós a realidade ódio/amor, e nos confundimos nela e
com ela, porque é comum tocarem-se os extremos.”.
Àqueles que se
mantêm conscientes de que são Espíritos, que viverão sempre, que suas qualidades são a soma de tudo o que cultiva e dá valor, que o estado de paz e
felicidade ou de perturbação é colheita de suas próprias semeaduras, então, não
podem se desculpar por qualquer deliberação que preveja resultado funesto,
porque cientes das graves consequências.
É o que falta
para grande parte da nossa sociedade atual, a educação moral, que norteia no
que se deve ou não fazer, e saber que tudo tem consequência, se não
imediatamente, logo mais adiante, surgirão os resultados das ações
inconsequentes.
Como dizem os
sábios: “é preciso que conheçamos o
escuro da noite para compreendermos o claro do dia”, é a verdade, pois sem
essa experiência não entenderíamos nem uma, nem a outra. No entanto, em se tratando dos tempos
modernos, com abundantes recursos tecnológicos que permitem a busca de
informações, além de obras literárias que demonstram os fatos e as realidades
da vida. Ainda, o grande volume de obras mediúnicas apresentar conceitos dos
planos de existência material e espiritual,
e, também, as narrações de
ocorrências da vida de Espíritos que deixaram a matéria e daqueles a ela
retornaram, mostrando as consequências de tal e qual vivência, relatando com
fidedignidade as próprias jornadas, que não deixam dúvidas
sobre qual o melhor caminho deveremos escolher em nossas próprias experiências.
O sofrimento é
parte da vida em evolução, mas grande parte pode ser evitado, porque existe
àqueles que são inerentes ao enfrentamento das experiências novas, dos desafios
do que não conhecemos, as inseguranças diante de decisão importante; mas
existem àqueles que advém da invigilância, da ganância, da vaidade, do orgulho,
do sensualismo, dos interesses exacerbados… que trazem consequências de todos os
matizes, com desgastes terríveis, que atingem também outras pessoas,
quando não uma coletividade inteira, que exigem tempo incontável para solução
de seus efeitos, dependendo da gravidade do que provocar, poderá percorrer por várias reencarnações.
Considerando
que o Criador está preparando seres para a eternidade e que deverão ser
indivíduos competentes, lúcidos e resolvidos, com clareza absoluta do que seja
o bem e o mal, sendo seus os méritos; pois vivenciaram as experiências e delas
retiraram o discernimento, sedimentado como virtude; e, considerando a máxima,
de que o Espírito não retroage no seu estado evolutivo; então, alcançada a
meta, o estado perfeito, jamais se darão por anjo decaído. A Humanidade Universal poderá contar com Seres plenos
em inteligência e virtude.
O bem e… O que
preferimos?
Dorival da Silva