Conflito
“Acho então esta lei em mim: quando quero fazer o bem,
o mal está comigo.” – Paulo. (Romanos, 7:21.)
Os discípulos sinceros do Evangelho, à maneira de Paulo de
Tarso, encontram grande conflito na própria natureza.
Quase sempre são defrontados por enormes dificuldades nos
testemunhos. No instante justo, quando lhes cabe revelar a presença do Divino
Companheiro no coração, eis que uma palavra, uma atitude ligeira os traem,
diante da própria consciência, indicando-lhes a continuidade das antigas
fraquezas.
A maioria experimenta sensações de vergonha e dor.
Alguns atribuem as quedas à influenciação de espíritos
maléficos e, geralmente, procuram o inimigo no plano exterior, quando deveriam
sanar em si mesmos a causa indesejável de sintonia com o mal.
É indubitável que ainda nos achamos em região muito distante
daquela em que possamos viver isentos de vibrações adversas, todavia, é
necessário verificar a observação de Paulo, em nós próprios.
Enquanto o homem se mantém no gelo da indiferença ou na
inquietação da teimosia, não é chamado à análise pura; entretanto, tão logo
desperta para a renovação, converte-se o campo íntimo em zona de batalha.
Contra a aspiração bruxuleante do bem, no dia que passa,
levanta-se a pesada bagagem de sombras acumuladas em nossas almas desde os
séculos transcorridos. Indispensável, portanto, grande serenidade e resistência
de nossa parte, a fim de que o progresso alcançado não se perca.
O Senhor concede-nos a claridade de Hoje para esquecermos as
trevas de Ontem, preparando-nos para o Amanhã, no rumo da luz imperecível.
Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 136.
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Reflexão: Conquanto os conhecimentos dos homens nos dias atuais, sobre a questão espiritual permanecem os conflitos num processo íntimo em cada um
daqueles que se dão ao trabalho do autoconhecimento.
Conhecer-se
é se descobrir, desvendar um mundo novo, apesar da antiguidade, que atravessa
os milênios e milênios de vivências, com experiências negativas e grande
quantidade experiências positivas. São as negativas que nos incomodam mesmo
inconscientemente, porque surgem para a nossa realidade de agora como
tendências ou mesmo como aptidões que nos levam à realização negativa, se não
refletirmos antes de nossas decisões, para avaliarmos as possíveis
consequências, assim, com muito esforço, às vezes impedimos que nossa própria
"influenciação" perniciosa nos induza repetir atitude que nos leva ao
sofrimento.
Mesmo
assim, com esforço e medidas as consequências não evitamos a nova
queda, em muitos casos, porque a nossa resistência moral ainda é frágil,
inconsistente, apesar de tudo nos mostrar a inconveniência de tal ou tal
atitude. O que se verifica com muita clareza na questão da infidelidade
conjugal, o desrespeito àquilo que é direito comum, como as sonegações, a
vantagem desleal sobre o mais fraco...
Sabe-se que não se deve realizar esta ou aquela ação, no entanto, na ânsia de
repetir sensações, de prevalecer sobre outrem, na ilusão de poder, de uma
falsa elevação da autoestima, um engrandecimento de si mesmo, num achar vantajoso o
soerguimento da vaidade e do orgulho. Logo verá que o troféu que brilha por um
instante, desfaz-se logo depois, maculando irremediavelmente a
consciência. Isto porque infringiu lamentavelmente a Lei Divina, que está
na sua consciência¹.
Dessa forma, como meditamos e medimos as possíveis consequências,
sabíamos o que estávamos fazendo, aí a realidade para o Espírito é danosa,
porque não tem a justificativa da ignorância, foi algo premeditado, as
consequências serão sofrimentos que teremos que suportar por tempo que
somente nós mesmos poderemos por fim, com a decisão firme de renovação.
O grande antídoto ao
sofrimento da Alma é a evangelização, não aquilo que se deu por entender por
evangelização, o que não passa de muita falácia, repetições frasais,
comportamentos fingidos a título de santidade que não se adquiriu, com a
intenção de impressionar a outrem.
A evangelização é uma mudança profunda
da alma, estabelecendo em si a lucidez diante da vida, que não se encerra na
matéria, mas que transcende os seus limites, avançando para a Espiritualidade,
tendo na mensagem de Jesus um caminho norteador, o rumo, e não a barreira
psicológica do decorar e repetir verbalmente, com demonstrações excêntricas de
comportamento.
Os conflitos que nos surgem é ponto
para análise, reflexão e decisão, nem sempre atendendo nosso interesse, porque
o interesse predominante poderá estar sendo a repetição inconsciente de erros
de outras existências, que embora negativos nos deram satisfação.
Conflitos,
conflitos...
1. O Livro dos Espíritos, questão 621: Onde está escrita a Lei de Deus? "Na Consciência."