Espinhos na jornada cristã
O
pântano silencioso, às vezes, com águas tranquilas, guarda, na sua intimidade,
a vaza fétida e venenosa.
A
roseira que esplende de belas flores perfumadas, cobre as suas hastes com
espinhos pontiagudos.
Na
aparência, a água destilada e o ácido sulfúrico têm a mesma apresentação.
As
plantas carnívoras atraem as suas vítimas exalando suave e doce perfume...
O Sol, que aquece a vida e a mantém, é portador, também, dos raios infravermelhos e ultravioletas que danificam o organismo.
Sorrisos
de amabilidade também ocultam infames traições e crueldades.
A
calúnia, a perversidade, a perseguição, nem sempre se apresentam com as
características que lhes são peculiares, mantendo-se ocultas nos disfarces da
hipocrisia e da desfaçatez.
É
natural, portanto, que, na estrada sublime do Evangelho, estejam escondidos
espinhos que dificultam a marcha do viajor dedicado e tomado pelas emoções
superiores.
São
eles que testificam os valores de que o mesmo se encontra revestido, pois que,
se o seu devotamente não é autêntico, logo foge do compromisso, queixando-se de
dificuldades e de sofrimentos.
Quando
alguém elege o serviço de Jesus na Terra, pode ter a certeza de que a
incompreensão o segue empós, a inveja o atinge com as setas da calúnia e
da deslealdade, justificando-se de mil maneiras, a fim de ocultar a face
inferior que lhe é peculiar.
Todos
aqueles que foram fiéis ao Mestre, ao longo dos séculos, padeceram as injunções
penosas do caminho elegido para o acompanhar.
Não
apenas, porém, os servidores da Verdade, mas todos os indivíduos que se
destacam na comunidade pelos valores de nobreza e de dedicação à causa do Bem e
do progresso das demais criaturas, são convidados ao pagamento pela glória de
servir.
A sua caminhada é sempre marcada por dores inconcebíveis, por competições infames e por injunções inacreditáveis, especialmente no meio de quantos deveriam comportar-se de maneira diferente.
Sucede
que a Terra é ainda o mundo de provações e ninguém consegue avançar no rumo soberano
da Grande Luz sem vencer a sombra exterior, após haver superado a própria
sombra interior...
Por
essa razão é reduzido o número de pessoas dedicadas à construção da harmonia e
da fraternidade, sendo muito mais frequentes e expressivas aquelas que aderem
ao comodismo, à indiferença, à acusação indébita, à infâmia, de fendendo a sua
área de dominação.
Quando
se trata de uma revolução positiva e idealista, há uma recusa quase
generalizada, por parte daqueles que se encontram satisfeitos consigo, com suas
alegrias fisiológicas e interesses egotistas.
As ideias novas e progressistas incomodam e, além disso, os invejosos que não são capazes de superar os paladinos dos movimentos renovadores atacam-nos ferozmente, porque gostariam de estar no seu lugar, sem o conseguir.
° ° °
Sempre
encontrarás espinhos sob a areia fina da estrada ou pedrouços no terreno
a conquistar.
Desde
que te candidatas ao serviço do Mestre Jesus, não podes anelar por aquilo que
Ele rejeitou, embora sendo o Eleito de Deus.
Toda
a sua vida esteve sob acusações falsas, perseguições mesquinhas, injunções más,
forjadas pelos inimigos da Humanidade, que dela somente se beneficiam sem
qualquer contribuição favorável.
Que
te bastem as satisfações e prazeres da ação desempenhada e não os efeitos a que
deem lugar.
A
tarefa do semeador é distribuir as bênçãos de que se faz instrumento e seguir
adiante.
Quando
possível, deves erradicar a erva má que lhes ameace o desenvolvimento; quando
na condição de plântulas frágeis, resguardá-las das intempéries e dos inimigos
naturais, sem preocupar-te contigo.
Igualmente,
não guardes qualquer ressentimento em relação àqueles que se divertem com os
teus sofrimentos, que se comprazem com as tuas aflições na seara.
Eles
também não passarão incólumes, pois que a vereda é a mesma para todos.
Mesmo
agora, com sorrisos e esgares, aparentando felicidade, encontram-se enfermos,
sofridos, necessitados...
Todos
aqueles que se apresentam como privilegiados de hoje serão chamados aos testemunhos
de amanhã.
Quem hoje sofre, avança para as cumeadas da interação com o Pai, através do devotamento e da sinceridade dos seus atos.
Desse
modo, quanto mais diatribes te atirem, mais convicções, segurança adquires em
torno da excelência do trabalho ao qual te afervoras.
Teme,
porém, quando facilidades e aplausos te acompanharem no serviço. São muito
perigosos, porquanto constituem retribuição pelo que foi realizado, ou apenas
simulações e hipocrisias, e isso equivale a um tipo de pagamento à vaidade e à
presunção.
Desde
que trabalhas sob o comando do Mestre, a Ele cabem as bênçãos do futuro da tua
cooperação, e a ti a alegria de estares ao seu lado.
Todos
aqueles que o acompanharam, com exceção do discípulo amado, provaram os
rudes testemunhos, inclusive, o holocausto da própria vida.
Que
esperas, por tua vez?!
Resta-te,
somente, servir mais e melhor, consciente de que o teu grão de mostarda
é também valioso no conjunto da semeadura de luz.
Alegra-te,
pois, quando caluniado, vilipendiado, sem razão atual, porquanto, estarás
expungindo, o que representa uma verdadeira dádiva dos Céus.
Enquanto
alguns estão se comprometendo, tu caminhas te redimindo, pouco te importando
com a maneira pela qual isso acontece.
Tem,
pois, compaixão dos teus adversários e sê-lhes amigo desconhecido e maltratado.
São
poucos os seres humanos que desejam tornar-se amigos, servir durante a
caminhada, que lhes é rica de carências, pródiga de diversões e escassa de
abnegação.
° ° °
Onde
estejas, com quem te encontres, nunca deixes de assinalar a tua presença com a
ternura, a misericórdia, a alegria de amar e de servir.
As
pegadas mais fortes são aquelas transformadas em luzes que brilham apontando o
rumo de segurança.
Caso
tenhas coragem, após sofreres os acúleos da estrada, retira-os, a fim de
beneficiares todos aqueles que venham depois de ti.
Que
a tua dor não seja por eles experimentada, nem os teus suores de sofrimentos
íntimos derramem-se pelas faces dos futuros divulgadores do Infinito Amor.
Joanna de Ângelis
(Página psicografada pelo médium Divaldo
Pereira Franco, na manhã de 7 de
junho de 2012,
em Helsinque, finlância.) – Extraída da
Revista
Reformador, n° 2202-setembro 2012, da FEB