A revista VEJA, edição 2297 de 28 de novembro
de 2012, traz uma reportagem de capa intitulada DEPRESSÃO – A PROMESSA DE CURA.
No interior da revista, às páginas 152 a 159, encontramos uma reportagem com uma
análise da utilização de uma substância anestésica – cetamina – como uma nova
arma para o combate à depressão.
Como todos os interessados no assunto já conhecem,
não podemos confundir os momentos de tristeza normais perante determinados
fatos, tais como, a perda de um ente querido, um plano muito desejado que seja
frustrado, uma determinada enfermidade temporária que nos atinja interferindo na
nossa rotina, com a doença depressiva. Os momentos de tristeza passageiros não
traduzem essa última exatamente porque nela – doença depressiva – a amargura
permanece por período indeterminado, sendo capaz de grandes tragédias – o
suicídio – quando não devidamente tratada. A doença depressiva atinge a elevada
cifra de 20% da população mundial. De 30 a 40% dos pacientes não encontram
alívio algum com os recursos terapêuticos desenvolvidos até hoje. E é aí que
entra a nova tentativa com essa substância utilizada em anestesia humana e no
animal, a cetamina. Da utilização em soldados americanos na década de 60, na
guerra do Vietnã, a alucinógeno ilícito nos anos 90, acena-se com ela uma nova
possibilidade de tratamento da depressão. O grande problema é que, seja qual for
a medicação em uso, ela visa sempre ao efeito que se estampa no corpo físico,
não atingindo a causa que está no Espírito imortal com as suas mazelas morais
não resolvidas. Discutem a periferia do problema e ignoram o centro, exatamente
como quem fala do efeito acreditando tratar-se da causa.
Recorramos a Joanna de Ângelis: “A nostalgia reflete
evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes que
não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito,
que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser, lamentando, sem dar-se
conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual.
A depressão é sempre uma forma patológica do estado
nostálgico.
A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da
fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não
conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações
aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado
crepuscular caracteriza a gravidade do transtorno emocional.
Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão
orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como
seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais
irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e inarmonias perturbadoras na
conduta psicológica.
A situação se torna mais grave quando se acerca de
uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece
que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área,
embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a um
estado depressivo com indução ao suicídio”. (Da obra: Amor, imbatível
amor.)
Enquanto as medicações mais variadas percorrem o
corpo físico na tentativa de solucionar o problema da depressão como de outras
patologias graves, a consciência endividada cobra a si mesma a reparação do
desequilíbrio em que alguém foi lesado. E sempre que lesamos a outrem recebemos
o efeito bumerangue do mal praticado por livre e espontânea vontade. A
consciência registra o fato e o submete ao porão do inconsciente acreditando ter
deletado o fato criminoso. Nas futuras existências, por razões variadas, desse
porão escapam fragmentos dos desequilíbrios praticados que passam a minar os
dias daquela existência nova no corpo, mas velha em Espírito necessitado de
obedecer ao alerta longínquo: vá e não peques mais. É o homem velho
visitando o homem novo como o visitante não desejável, mas impossível de ser
impedido. A nova substância em estudo – a cetamina – será a solução definitiva?
Não acreditamos. Representará um curativo com gaze nova em feridas velhas.
Feridas profundas abrigadas na consciência enferma perante si mesma. A cura
definitiva de todo e qualquer mal que traga a dor ao ser imortal permanece nos
ensinamentos que reverberam através dos séculos passados e dos tempos vindouros
Daquele que estará conosco até a consumação dos séculos...
Extraída da Revista "O Consolador", no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano6/294/ricardo_forni.html