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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Depressão: na periferia do assunto

Crônicas e Artigos
Ano 6 - N° 294 - 13 de Janeiro de 2013


RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)



Depressão: na periferia do assunto

“A depressão é semelhante à noite inopinada em pleno dia. É nuvem ameaçadora que tolda o sol. É tóxico que envenena lentamente as mais belas florações do ser.” – Joanna de Ângelis.

A revista VEJA, edição 2297 de 28 de novembro de 2012, traz uma reportagem de capa intitulada DEPRESSÃO – A PROMESSA DE CURA. No interior da revista, às páginas 152 a 159, encontramos uma reportagem com uma análise da utilização de uma substância anestésica – cetamina – como uma nova arma para o combate à depressão.

Como todos os interessados no assunto já conhecem, não podemos confundir os momentos de tristeza normais perante determinados fatos, tais como, a perda de um ente querido, um plano muito desejado que seja frustrado, uma determinada enfermidade temporária que nos atinja interferindo na nossa rotina, com a doença depressiva. Os momentos de tristeza passageiros não traduzem essa última exatamente porque nela – doença depressiva – a amargura permanece por período indeterminado, sendo capaz de grandes tragédias – o suicídio – quando não devidamente tratada. A doença depressiva atinge a elevada cifra de 20% da população mundial. De 30 a 40% dos pacientes não encontram alívio algum com os recursos terapêuticos desenvolvidos até hoje. E é aí que entra a nova tentativa com essa substância utilizada em anestesia humana e no animal, a cetamina. Da utilização em soldados americanos na década de 60, na guerra do Vietnã, a alucinógeno ilícito nos anos 90, acena-se com ela uma nova possibilidade de tratamento da depressão. O grande problema é que, seja qual for a medicação em uso, ela visa sempre ao efeito que se estampa no corpo físico, não atingindo a causa que está no Espírito imortal com as suas mazelas morais não resolvidas. Discutem a periferia do problema e ignoram o centro, exatamente como quem fala do efeito acreditando tratar-se da causa.

Recorramos a Joanna de Ângelis: “A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser, lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual.

A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico.

A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular caracteriza a gravidade do transtorno emocional.

Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e inarmonias perturbadoras na conduta psicológica.

A situação se torna mais grave quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a um estado depressivo com indução ao suicídio”. (Da obra: Amor, imbatível amor.)

Enquanto as medicações mais variadas percorrem o corpo físico na tentativa de solucionar o problema da depressão como de outras patologias graves, a consciência endividada cobra a si mesma a reparação do desequilíbrio em que alguém foi lesado. E sempre que lesamos a outrem recebemos o efeito bumerangue do mal praticado por livre e espontânea vontade. A consciência registra o fato e o submete ao porão do inconsciente acreditando ter deletado o fato criminoso. Nas futuras existências, por razões variadas, desse porão escapam fragmentos dos desequilíbrios praticados que passam a minar os dias daquela existência nova no corpo, mas velha em Espírito necessitado de obedecer ao alerta longínquo: vá e não peques mais. É o homem velho visitando o homem novo como o visitante não desejável, mas impossível de ser impedido. A nova substância em estudo – a cetamina – será a solução definitiva? Não acreditamos. Representará um curativo com gaze nova em feridas velhas. Feridas profundas abrigadas na consciência enferma perante si mesma. A cura definitiva de todo e qualquer mal que traga a dor ao ser imortal permanece nos ensinamentos que reverberam através dos séculos passados e dos tempos vindouros Daquele que estará conosco até a consumação dos séculos...


Extraída da Revista "O Consolador", no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano6/294/ricardo_forni.html