Os Cristãos professantes das religiões tradicionais admitem a existência da alma. Recomendam a alma a Deus, fazem orações pelos seus mortos – ressalvadas as exceções. É prova da crença na continuidade da vida do “ser” que deixa a vida material. Mas o que é a alma depois da morte do corpo físico? Já que se denota a certeza de que a vida não se extinguiu, apenas o corpo perdeu a sua vitalidade, não mais apresenta condições para a manifestação da alma que ali demonstrava a sua inteligência, o seu sentimento, sua emoção...
Como esclarece Allan Kardec, alma e espírito são denominações que diferem apenas para distinguir o “ser” que está envolto por um corpo físico (encarnado), daquele “ser” que está sem o corpo físico (desencarnado). Essas são as diferenças.
Com este entendimento, todos os que assumem a condição de Cristãos, porque creem no Cristo e buscam aplicar em suas vidas as lições de Jesus, não podem perder de vista que a vida tem continuidade depois da chamada morte do corpo físico. Portanto, todos que estão investidos de um corpo físico, tanto quanto os que já o deixaram, são Espíritos.
Certas divergências não têm permitido maiores esclarecimentos à maioria dos Cristãos, em virtude da ausência de reflexão mais profunda sobre aquilo que é primordial, uma vez que a vida não cessa, há continuidade, e essa é muito mais intensa que o estágio no corpo físico – este que é muito limitador para a manifestação da alma.
Quais divergências? a)- A não aceitação da comunicabilidade dos Espíritos é uma das situações inibidoras do conhecimento sobre a vida espiritual. Como se vive no outro lado da vida? Quais são suas atividades? São felizes ou infelizes? Como ficam as famílias? b)- A pré-existência do Espírito à concepção de um novo corpo, já que a Doutrina Espírita certifica a existência da vida depois da morte física no campo espiritual, aguardando por tempo indefinido, para nova concepção e construção de novo organismo físico, em nova programação;
c)- Outra divergência é a da reencarnação – reinvestir-se de nova matéria, em um novo corpo – (que não é a mesma coisa que ressurreição, que dá a ideia de retornar na mesma matéria, no mesmo corpo habitado em existência passada), o que não é possível. Assim, enumeramos algumas divergências de entendimento, embora existam outras.
Complementando a alínea “c” acima, por que não é possível o “Ser” espiritual retornar a habitar o mesmo corpo físico? A própria ciência demonstra que, com o fenômeno da morte física, ocorre a decomposição dos elementos constitutivos da organização corpórea, que retornam à sua condição de origem na natureza, ou seja: o cálcio, o fósforo, o oxigênio... que irão compor outros organismos: vegetais, animais, hominais e, ainda -- aqueles que permanecerão por longo tempo na atmosfera -- poderão compor e recompor muitas outras constituições orgânicas, ilimitadamente; dessa forma, como recomporiam o mesmo organismo, depois de muito tempo, para servir ao mesmo espírito ou alma?
Aceitando ou não a comunicabilidade dos Espíritos, sua pré-existência ao corpo físico e a reencarnação, todos os mecanismos evolutivos da humanidade não deixarão de existir, porque são leis naturais e a humanidade já se submete a esses recursos desde a sua criação.
De sã consciência, será que é possível imaginar uma pessoa com uma vida física de 5, 10, 50 ou mesmo de 100 anos apresentar-se ao mundo com um nível de inteligência elevado, como se tem visto, tendo apenas alguns poucos anos para adquiri-la, considerando uma única existência? Já que a Espiritualidade mais evoluída dá notícia de que os Espíritos vinculados à Terra são o resultado de muitos milênios e muitas reencarnações, com seus erros e acertos. “Todos somos Espíritos."
Dorival da Silva
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