quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Maravilhoso e o Sobrenatural

“Mas o que é o maravilhoso, segundo vós? -- Aquilo que é sobrenatural. – E o que entendeis por sobrenatural? – O contrário às leis da Natureza. – Então conheceis tão bem essas leis que podeis marcar limites ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza, que elas não são ou não podem ser uma dessas leis.” (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo II)

       Conforme as indagações do Codificador da Doutrina Espírita no ano de 1860, levam-nos a refletir  se essas perguntas não nos cabe atualmente.

     O homem ignora a sua própria essência Divina, busca com insistências resultados para seu melhoramento e bem-estar naquilo que se manifesta extraordinariamente. Busca-se no maravilhoso, no sobrenatural aquilo que é de responsabilidade de seu esforço.

  E quando se trata das questões espirituais as coisas ficam mais complexas. É cultura que devamos deixar para os líderes religiosos de nossa confiança a profissão de resolver os nossos problemas íntimos para com Deus. Aguarda-se que uma oração, uma manipulação extraordinária em nossa intenção solucione as nossas pendências de consciência, nossas aflições...         Mas não é bem assim, conquanto a valiosa ajuda oferecida por esses líderes, que cumprem com seus esforços o papel que lhes é atribuído na organização humana, de consoladores e orientadores de almas; temos o dever de fazer a nossa busca, nossos questionamentos, buscarmos conhecimentos, analisarmos a nossa fé – não, a fé institucional com nomes próprios – mas a nossa fé com raciocínio, com entendimento.

  Para isto é imprescindível desvestirmos das ideias pré-estabelecidas sobre a nossa condição de ser “uniexistencial”, de uma única vida no corpo físico, e nos darmos o direito de pensar na condição “poliexistencial”, inumeráveis existências, buscando entender com isto a questão da reencarnação, retornar à carne muitas vezes, quanto for necessário à nossa evolução para Deus, ou seja: harmonização de nossa capacidade intelectiva e moral de conformidade com as Leis Divinas. Aí está a plenitude, o estado permanente de paz e felicidade, não existindo ociosidade contemplativa, mas sim trabalho espontâneo de conformidade com a Lei Suprema.


  Estamos distantes do estado pleno? sim; mas estamos no caminho. Tal trajetória percorreremos no dia a dia, embora os passos lentos pela falta de entendimento das questões espirituais demoramos ainda porque estamos com os olhos vendados, tateamos a realidade sem o discernimento necessário, e assim muitas vezes andamos em círculo, reproduzindo efeitos similares com nossas ações viciadas.


 Em vista dessas circunstâncias que precisamos meditar, aprofundar entendimento sobre a vida, o que vem depois da morte física, pois espiritualmente não existe morte, sendo que a vida espiritual nunca teve termo, apenas vivenciamos os mecanismos da reencarnação e da desencarnação, que são recursos evolutivos.


     Como ensina o Sr. Allan Kardec, não existe o maravilhoso, o sobrenatural, o que tem prevalecido é o nosso estado de ignorância sobre as leis naturais, das quais somos peça importante e Deus aguarda nosso despertar, vez que precisamos conquistar os nossos próprios méritos, através da vivência das Leis Divinas. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”


                                         Dorival da Silva

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